sexta-feira, 20 de maio de 2022

VASCO DA GAMA CHEGA À ÍNDIA EM 1498 - 20 DE MAIO DE 2022

Descoberta do caminho marítimo para a Índia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Vasco da Gama na chegada à Índia, ostentando a bandeira usada nos Descobrimentos: as armas de Portugal e a cruz da Ordem de Cristo, patrocinadores do movimento de expansão iniciado pelo Infante D. Henrique.
Pintura de Ernesto Casanova

descoberta do caminho marítimo para a Índia é a designação comum para a primeira viagem realizada da Europa à Índia pelo Oceano Atlântico, feita sob o comando do navegador português Vasco da Gama durante o reinado do rei D. Manuel I, entre 1497 e 1498. Considerada uma das mais notáveis viagens da Era dos Descobrimentos, consolidou a presença marítima e o domínio das rotas comerciais pelos portugueses.

Preparação da viagem

O projeto para o caminho marítimo para a Índia foi delineado pelo rei português D. João II como medida de redução dos custos nas trocas comerciais com a Ásia e tentativa de monopolizar o comércio das especiarias. A juntar à cada vez mais sólida presença marítima portuguesaD. João II almejava o domínio das rotas comerciais e expansão do reino de Portugal que já se transformava em Império. Porém, o empreendimento não seria realizado durante o seu reinado. Seria o seu sucessor, D. Manuel I que iria designar Vasco da Gama para esta expedição, embora mantendo o plano original.

Porém, este empreendimento não era bem visto pelas altas classes. Nas Cortes de Montemor-o-Novo de 1495 era bem patente a opinião contrária quanto à viagem que D. João II tão esforçadamente havia preparado. Contentavam-se com o comércio da Guiné e do Norte de África e temia-se pela manutenção dos eventuais territórios além-mar, pelo custo implicado na expedição e manutenção das rotas marítimas que daí adviessem. Esta posição é personificada na personagem do Velho do Restelo que aparece, n'Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões, a opor-se ao embarque da armada.

O rei D. Manuel não era dessa opinião. Mantendo o plano de D. João II, mandou aparelhar as naus e escolheu Vasco da Gama, cavaleiro da sua casa, para capitão desta armada. Curiosamente, segundo o plano original, D. João II teria designado seu pai, Estêvão da Gama, para chefiar a armada; mas a esta altura tinham ambos já falecido.

A 8 de Julho de 1497, iniciava-se a expedição semi-planetária que terminaria dois anos depois com a entrada da nau Bérrio rio Tejo adentro, trazendo a boa-nova que elevaria Portugal a uma posição de prestígio marítimo.

Contexto

Preste João
por Diogo Homem, 1558, na Biblioteca Britânica
Mapa do suposto reino de Preste João como sendo a região da Etiópia.

As especiarias eram, desde sempre, consideradas o ouro das Índias. A canela, o gengibre, o cravo, a pimenta e açafrão eram produtos difíceis de obter, pelos quais se esperavam caravanas e mercadores experientes vindos do Oriente.

Um mercador de Lisboa descreve a rota terrestre da especiaria da seguinte forma:

Desta terra de Calecute vai a especiaria que se come em Portugal e em todas as províncias do Mundo; vão também desta cidade muitas pedras preciosas de toda a sorte. Aqui carregam as naus de Meca a especiaria e a levam a uma cidade que está em Meca que se chama Jeddah. E pagam ao grande sultão o seu direito. E dali a tornam a carregar em outras naus mais pequenas e a levam pelo Mar Ruivo a um lugar que está junto com Santa Catarina do Monte Sinai que se chama Tunis e também aqui pagam outro direito. Aqui carregam os mercadores esta especiaria em camelos alugados a quatro cruzados cada camelo e a levam ao Cairo em dez dias; e aqui pagam outro direito. E neste caminho para o Cairo muitas vezes os salteiam os ladrões que há naquela terra, os quais são alarves e outros.
Aqui tornam a carregá-la outra vez em umas naus, que andam num rio que se chama o Nilo, que vem da terra do Preste João, da Índia Baixa; e vão por este rio dois dias, até que chegam a um lugar que se chama Roxete; e aqui pagam outro direito. E tornam outra vez a carregá-la em camelos e a levam, em uma jornada, a uma cidade que se chama Alexandria, a qual é porto de mar. A esta cidade de Alexandria vêm as galés de Veneza e de Génova buscar esta especiaria, da qual se acha que há o grande sultão 600 000 cruzados; dos quais dá, em cada ano, a um rei que se chama Cidadim 100 000 para que faça guerra ao Preste João.

Dos mercados de Veneza e Génova só então eram espalhadas para toda a Europa estas especiarias, acrescidas imensamente no seu custo, e sem chegada garantida. Em 1453, com a tomada da cidade de Constantinopla pelos Otomanos, as trocas comerciais de Veneza e de Génova ficaram muito reduzidas. O proveito dos portugueses em estabelecer uma rota marítima, portanto praticamente isenta de assalto — não obstante, coberta de perigos no mar —, mostrava-se recompensador e esboçava no futuro um grande rendimento à Coroa. Portugal iria ligar diretamente as regiões produtoras das especiarias aos seus mercados na Europa.

Cerca do ano de 1481, João Afonso de Aveiro, ao fazer exploração do reino de Benim, colhera informações acerca de um quase lendário príncipe Ogané, cujo reino situava-se muito para o Oriente do de Benim. Seria cristão e gozava de grande veneração e poder. Dizia-se em Benim que o reino de Ogané distava vinte luas de andadura, o que, segundo o relato de João de Barros, corresponderia a duzentas e cinquenta léguas.

As importantes rotas comerciais da seda e das especiarias, bloqueadas pelo Império Otomano em 1453 com a queda de Constantinopla e do Império Bizantino, motivaram a procura de um caminho marítimo pelo Atlântico, contornando África.

Animado com tais notícias, D. João II enviou, em 1487, Frei António de Lisboa e Pedro de Montarroio para colherem no Oriente novas informações que permitissem localizar o Preste João, ao qual parecia corresponder, afinal, a descrição que lhe chegava desse príncipe Ogané. Mas a missão desses enviados não passou de Jerusalém, porque esses dois portugueses desconheciam a língua árabe e por isso temeram continuar, e regressaram a Portugal.

Com muito cuidado e segredo preparou dois novos homens da sua confiança, Afonso de Paiva, de Castelo Branco, e Pêro da Covilhã. Iniciando caminho por ValênciaBarcelonaNápolesRodesAlexandriaCairoAdem. Aqui se deveriam separar para destinos diferentes: Afonso de Paiva para a Etiópia e Pêro da Covilhã para a Índia. Nenhum dos homens voltou, mas as informações que D. João necessitava retornaram ao reino e serviriam de base de sustentação à eventual épica aventura marítima que se avizinhava.

O plano de viagem teria então que prever a segurança da rota. Para isso seria necessário instalar feitorias ao longo do caminho, e criar fortalezas. A missão caberia ao capitão da armada que ia munido de muitos presentes e equipamento para desbravar os mares e atestado de diplomacia e perseverança para criar elos com os monarcas desconhecidos que eventualmente encontrasse pelo caminho.

Mas já não seria no reinado de D. João que este empreendimento, com forte oposição da corte, seria iniciado, mas sim no de seu sucessor, D. Manuel I que não partilhava da opinião geral e via nas rotas marítimas uma boa — senão a melhor — forma de dominar o comércio com o Oriente.

A armada

NauCapitãoPilotoMestreEscrivão
São GabrielVasco da GamaPêro de AlenquerGonçalo ÁlvaresDiogo Dias
São RafaelPaulo da GamaJoão de CoimbraJoão de Sá
BérrioNicolau CoelhoPêro EscobarÁlvaro de Braga
Navio de
mantimentos
Gonçalo NunesAfonso Gonçalves  

Entre os mareantes, incluíam-se dois intérpretes, Fernão Martins e Martim Afonso de Sousa, e dois fradesJoão Figueira e Pêro da Covilhã. Ao todo, as tripulações perfaziam 170 homens.

Os marinheiros dispunham de cartas de marear onde estava marcada toda a costa africana conhecida até então, de quadrantesastrolábios de vários tamanhos, de regimentos e de tábuas com cálculos — como as tábuas astronómicas de Abraão Zacuto —, de agulhas e prumos. Um dos navios transportava exclusivamente mantimentos para três anos: biscoitosfeijão, carnes secas, vinhofarinhaazeitesalmouras e outras coisas de botica. Estava previsto o reabastecimento contínuo ao longo da costa de África. A viagem à Índia foi realizada por três naus e um navio de mantimentos. Nessas três naus ia um capitão, um piloto. No navio de mantimentos ia só um capitão. Nas duas naus ia também um escrivão. Na primeira nau ia um mestre.

A viagem

Caminho percorrido pela expedição (a preto). Nesta figura também se pode ver, para comparação, o caminho percorrido por Pêro da Covilhã (a laranja) separado de Afonso de Paiva (a azul) depois da longa viagem juntos (a verde).

Iniciava-se, assim, a expedição a 8 de Julho de 1497. A linha de navegação de Lisboa a Cabo Verde foi a habitual e no oceano Índico é descrita por Álvaro Velho: «rota costeira até Melinde e travessia directa deste porto até Calecute». Durante esta expedição foram determinadas latitudes através da observação solar, como refere João de Barros.

Relatam os Diários de Bordo das naus muitas experiências inéditas. Encontrou esta ansiosa tripulação rica fauna e flora. Fizeram contacto perto da baía de Santa Helena com tribos que comiam lobos-marinhosbaleias, carne de gazelas e raízes de ervas; andavam cobertos com peles e as suas armas eram simples lanças de madeira de zambujo e chifres de animais; viram tribos que tocavam flautas rústicas de forma coordenada, o que era surpreendente perante a visão dos negros pelos europeus. Ao mesmo tempo que o escorbuto (carência de vitamina C) se instalava na tripulação, cruzavam-se em Moçambique com palmeiras que davam cocos.

Apesar das adversidades de uma viagem desta escala, a tripulação mantinha a curiosidade e o ânimo em conseguir a proeza e conviver com os povos. Para isso reuniam forças até para assaltar navios em busca de pilotos. Com os prisioneiros, podia o capitão-mor fazer trocas, ou colocá-los a trabalhar na faina; ao rei de Mombaça pediu pilotos cristãos que ele tinha detido e assim trocou prisioneiros. Seria com a ajuda destes pilotos que chegariam a Calecute, terra tão desejada, onde o fascínio se perdia agora pela moda, costumes e riqueza dos nativos.

Sabe-se, por Damião de Góis, que durante a viagem foram colocados cinco padrões: São Rafael, no rio dos Bons Sinais; São Jorge, em Moçambique, Santo Espírito, em Melinde; Santa Maria, nos Ilhéus, e São Gabriel, em Calecute. Estes monumentos destinavam-se a afirmar a soberania portuguesa nos locais para que outros exploradores não tomassem as terras como por si descobertas.

Chegada a Calecute

Em 17 de Maio de 1498, a frota alcançou Kappakadavu, próxima a Calecute, no actual estado indiano de Kerala[1], ficando estabelecida a rota no oceano Índico e aberto o caminho marítimo dos Europeus para a Índia.

As negociações com o governador local, Samutiri Manavikraman RajáSamorim de Calecute, foram difíceis. Os esforços de Vasco da Gama para obter condições comerciais favoráveis foram dificultados pela diferença de culturas e pelo baixo valor das suas ofertas -no ocidente era hábito os reis presentearem os enviados estrangeiros, no oriente esperavam ser impressionados com ricas ofertas. As mercadorias apresentadas pelos portugueses mostraram-se insuficientes para impressionar o samorim e os representantes do samorim escarneceram das suas ofertas, simultaneamente os mercadores árabes aí estabelecidos resistiam à possibilidade de concorrência indesejada.

A perseverança de Vasco da Gama fez com que se iniciassem, mesmo assim, as negociações entre ele e o samorim, que se mostrou agradado com as cartas de D. Manuel I. Por fim, Vasco da Gama conseguiu obter uma carta ambígua de concessão de direitos para comerciar, comprovatória do encontro que dizia:

Vasco da Gama, fidalgo da vossa casa, veio à minha terra, com o que eu folguei. Em minha terra, há muita canela, e muito cravo e gengibre e pimenta e muitas pedras preciosas. E o que quero da tua é ouro e prata e coral e escarlata.

Os portugueses acabariam por vender as suas mercadorias por baixo preço para poderem adquirir pequenas quantidades de especiarias e jóias para levar para o reino. Contudo a frota acabou por partir sem aviso após o Samorim e o seu chefe da Marinha Kunjali Marakkar insistirem para que deixasse todos os seus bens como garantia. Vasco da Gama manteve os seus bens, mas deixou alguns portugueses com ordens para iniciar uma feitoria.

Regresso a Portugal

Vasco da Gama apresenta a D. Manuel as primícias da Índia
Biblioteca Nacional de Portugal, c.1900

A 12 de Julho de 1499, depois de mais de dois anos do início desta expedição, entra a caravela Bérrio no rio Tejo, comandada por Nicolau Coelho, com a notícia que iria emocionar Lisboa: os portugueses chegaram à Índia pelo mar. Vasco da Gama tinha ficado para trás, na ilha Terceira, preferindo acompanhar o seu irmão, gravemente doente, renunciando assim aos festejos e felicitações pela notícia.

Das naus envolvidas, apenas a São Rafael não regressou, pois teria sido queimada por incapacidade de a manobrar, consequência do reduzido número a que se via a tripulação no regresso, fruto das doenças responsáveis pela morte de cerca de metade da tripulação, como o escorbuto (carência de vitamina C), que se fez sentir mais afincadamente durante a travessia do oceano Índico. Apenas 55 dos 148 homens que integravam a armada sobreviveram à viagem.

Vasco da Gama retornava ao país em 29 de Agosto e seria recebido pelo próprio rei D. Manuel I com contentamento que lhe atribuía o título de Dom e grandes recompensas. Fez Nicolau Coelho fidalgo da sua casa, assim como a todos os outros, conforme os serviços que haviam prestado.

D. Manuel I apressa-se a dar a notícia aos reis de Espanha, numa exibição orgulhosa do feito e para avisar, simultaneamente, que as rotas seriam doravante exploradas pela Coroa Portuguesa.

Há notícia de um mercador italiano que espalhou por Florença a boa-nova:

Descobriram 1800 léguas de novas terras além do Cabo da Boa Esperança, cujo cabo foi descoberto no tempo do rei João. O capitão descobriu uma grande cidade muralhada , com muito boas casas de pedra, no estilo mourisco, habitada por mouros da cor dos indianos. O capitão desembarcou aqui e o rei deu-lhe um piloto para cruzar o golfo.

O mercador referia-se a Melinde.

Com a abertura da rota marítima para as Índias Orientais, os venezianos, que controlavam o comércio do Mediterrâneo, passariam a comprar pimenta dos portugueses, pela metade do preço que pagavam aos árabes no Egito. A quebra do monopólio veneziano do comércio de especiarias na Europa e a consequente baixa nos preços das especiarias contribuiu para o desenvolvimento comercial do continente. [2]

Ver também

Referências

Bibliografia

  • Furtado, Celso (2005). Formação Econômica do Brasil 32 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 238 páginas

Ligações externas

DIA DA MARINHA - 20 DE MAIO DE 2022

 

Marinha

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
âncora de cepo, o emblema quase universal da marinha.

marinha é o conjunto das organizações e dos meios (pessoal, equipamentos, infraestruturas e outros recursos) dedicados às atividades marítimas, sobre tempo de guerra ou paz.

A marinha subdivide-se em:

  • Marinha de guerra ou Armada (caso de Guerra Naval): organização militar responsável e encarregada da defesa e policiamento naval de um país, quer em ambiente marítimo quer nos ambientes fluvial, lacustre e aéreo - marítimo ou aéreo - naval. A sua acepção mais recente tem origem no mercantilismo medieval português;[1]
  • Observação: se torna responsável em caso de guerra naval, pela Marinha Mercante estabelecendo chefias-navais. Em alguns países, esse estado de guerra, faz - se necessário o denominado de "estandarte de guerra", [carece de fontes] muda a bandeira em alguns países a nível da Armada e, em alguns casos do próprio país quando "Guerra Total Nacional";[carece de fontes],
  • Marinha mercante: conjunto das organizações - navais encarregue e dos meios civis em tempo de paz; e dedicados às atividades marítimas - navais, de características fluviais e lacustres. Além de incluir as atividades portuárias e auxiliares comuns aos seus vários ramos navais, a marinha mercante subdivide-se em:
    • Marinha de comércio ou Transporte (em tempo de guerra): que reúne os meios dedicados ao transporte de mercadorias (equipamentos, em tempo de guerra) e de pessoas (soldados, em tempo de guerra);
    • Marinha de pesca: que reúne os meios dedicados à pesca;
    • Marinha de recreio (espionagem, em tempo de guerra): que reúne os meios dedicados ao desporto e outras atividades de recreativas.

Marinha de guerra

Força naval multinacional, incluindo navios das marinhas de guerra dos EUA, França, Itália, Reino Unido e Países Baixos.
Marinheiros da Marine nationale francesa, usando uma mistura dos uniformes branco e azul.
Fragata NRP Corte Real da Marinha Portuguesa.
Walrus da Koninklijke Marine neerlandesa.
Marinheiros e marinheiras do serviço naval australiano.
Navio de operações anfíbias USS Essex da Marinha dos EUA liderando uma flotilha.
Navio de guerra de minas HMS Älvborg da Marinha sueca.
Desembarque de marines britânicos.

A marinha de guerra é o ramo, das forças armadas de uma nação, especializado na condução da guerra naval e anfíbia. Conforme o país, a marinha de guerra pode ser designada, alternativamente, por termos como "armada", "marinha militar" ou "força naval". Nalguns países, tornou-se comum referir-se à marinha de guerra, simplesmente como "marinha", ainda que este termo, verdadeiramente e no sentido lato, inclua também a marinha mercante (isto é, a marinha não militar).

O objetivo estratégico ofensivo de uma marinha de guerra é o da projeção de forças em áreas para lá da costa do seu país, no sentido de controlar as linhas de navegação, transportar tropas ou atacar os navios, portos e instalações costeiras inimigas. Já o objetivo estratégico defensivo de uma marinha de guerra é o de dissuadir ou neutralizar a projeção de forças navais por parte de um inimigo.

História

Ver artigo principal: Guerra naval

A guerra naval foi criada a partir do momento em que o homem lutou entre si, a partir de embarcações aquáticas. A organização, a tática e os meios empregues na guerra naval foram evoluindo ao longo dos termos, acompanhando evolução militar e náutica. O futuro da armada:foi durante a primeira guerra mundial que o poder marítimo atingiu sua máxima importância. Acredita-se que o poder marítimo inglês tenha decidido a guerra.

Operações

Guerra das Malvinas foi o último grande confronto naval dos tempos modernos e o maior desde a Segunda Guerra Mundial. Normalmente, a marinha de guerra de um país opera a partir de uma ou várias bases navais instaladas na sua própria costa, ou na costa de países aliados. Uma base naval é um porto especializado em operações navais, que incluiu, normalmente, docas para as embarcações de guerra, alojamentos para as tripulações desembarcadas, oficinas de reparação naval, depósitos de combustível e paióis de munições. Em tempo de guerra, podem ser instaladas bases avançadas temporárias, em pontos estratégicos, para melhor poderem ser apoiadas as operações navais. As maiores potências navais aperceberam-se que lhes é vantajosa a obtenção de direitos de utilização de bases navais fora do seu território nacional, em áreas de interesse estratégico.

Os navios da marinha de guerra podem realizar operações independentes ou integradas em grupos de navios, que podem ser desde pequenas flotilhas de navios de um único tipo até grandes frotas navais compostas por navios especializados em várias áreas. O comandante de uma força naval desloca-se e exerce o seu comando a partir de um navio-chefe, que, normalmente, é o navio mais poderoso do grupo. Antes do desenvolvimento das telecomunicações por rádio, as ordens do navio chefe eram transmitidas, aos restantes navios da força naval, por bandeiras de sinais. Durante a noite eram utilizados sinais de luzes. Estas, mais tarde, foram substituídas por emissores de rádio, mantendo-se os sinais de luzes para quando era necessário o silêncio rádio.

Uma marinha de guerra oceânica (conhecida também pelo termo em Inglês "blue water navy" - literalmente "marinha de água azul") é aquela que é organizada e equipada de modo a ter a capacidade de operar afastada das águas costeiras do seu país. Este tipo de marinha de guerra possui navios capazes de operar por longos períodos de tempo no mar alto, bem como uma capacidade logística para os apoiar nessa operação. As marinhas oceânicas mais poderosas dispôem de navios propulsados a energia nuclear que podem operar quase ilimitadamente, uma vez que não precisam de ser abastecidos de combustível.

Em contrapartida, uma marinha costeira e fluvial (conhecida por "brown water navy" - "marinha de água castanha") dispôe de uma capacidade para operar nas águas costeiras, em rios e em lagos, áreas de operações, normalmente, inacessíveis aos grandes navios de guerra oceânicos.

Ultimamente, tem sido também utilizado o termo "green water navy" ("marinha de água verde") para designar as marinhas de guerra que mantêm alguma capacidade de intervenção oceânica, mas sem disporem de grandes navios como porta-aviões ou do apoio logístico suficiente para poderem desenvolver grandes operações autónomas.

Tradições

As diversas marinhas de guerra seguem um grande número de tradições, algumas delas comuns a todas elas, outras mais específicas.

A tradição mais básica é a de que uma embarcação de guerra, sob comando de um oficial, é referida sempre como "navio" e nunca como "barco". Quase todos os navios de guerra são baptizados como um nome próprio, sendo comum o uso de nomes de personalidades nacionais, de marinheiros ilustres, de temas marinhos ou de antigos navios históricos. Os nomes dos navios de algumas marinhas de guerra incluem um prefixo que identifica o navio como lhe pertencendo. Alguns dos prefixos mais antigos, ainda em uso, são o HMS da Royal Navy britânica, significando Her Majesty's Ship (Navio de Sua Majestade) - igualmente usado pela Marinha Sueca onde significa Hennes Majestäts Skepp -, o USS da Marinha dos EUA, significando United States Ship (Navio dos Estados Unidos) , o NRP da Marinha Portuguesa, significando "Navio da República Portuguesa" , o ARA da Armada Argentina, significando Armada de la República Argentina (Armada da República Argentina) e o HrMs da Koninklijke Marine neerlandesa, significando Harer Majesteits (de Sua Majestade).

Uma tradição comum a quase todas as marinhas é o uniforme naval, que é muito semelhante em quase todas elas, apesar das diferenças nacionais. O uniforme de gala de quase todas as marinhas baseia-se no uniforme introduzido pela Royal Navy, em meados do século XIX. Normalmente existe um uniforme azul - usado na estação fria - e um uniforme branco - usado na estação quente. É também tradicional, usar uma mistura dos uniformes azul e branco, nas estações intermédias.

Outra tradição em vigor em diversas marinhas é a do sino de bordo. Antigamente, este sino servia para marcar a passagem do tempo e bordo. Era também utilizado para emitir sinais de aviso de nevoeiro, sinais de alarme e em cerimónias. Atualmente o sino em mantido em muitos navios de guerra para efeitos, meramente cerimoniais, sendo dado muito cuidado ao seu polimento.

Quando alguma personalidade importante entra a bordo de um navio de guerra, a mesma é saudada por um apito. O apito era, originalmente, usado para a transmissão de ordens a bordo, que não poderiam ser ouvidas se transmitidas oralmente.

Um navio de guerra costuma prestar saudações através de salvas de artilharia. O número de salvas disparadas indicava a importância da personalidade que era saudada.

Navios de guerra

Ver artigo principal: Navio de guerra
Ver também: Artilharia naval

Antigamente os navios da marinha de guerra destinavam-se apenas ao combate. Eram projetados para resistir a danos e para infligir danos nas embarcações adversárias, só levando os abastecimentos estritamente necessários para a sua operação - não levando, portanto, carga. Tornou-se comum, também, que navios construídos para o transporte de carga - como os galeões ou os navios mercantes armados da Segunda Guerra Mundial - fossem adaptados a navios de combate, com a instalação de armamento.

Couraçado Yamato, da Marinha Imperial Japonesa. Integrou a classe Yamato (que também incluía seus navios "irmãos" Musashi e Shinano) e, foi maior navio de guerra já construído.

Mais recentemente, as marinhas de guerra passaram a dispor de navios não combatentes, destinados a apoiar a esquadra. Estes incluem os navios hidrográficos, navios de transporte de tropas e os navios de reabastecimento.

Até início do século XIX, os navios de combate dividiam-se em três categorias principais: navios de linhafragatas e bergantins. Os navios de combate modernos são, geralmente, divididos nas seguintes categorias: porta-aviõescruzadorescontratorpedeiros (destroyers), fragatascorvetasnavios patrulhanavios de guerra de minassubmarinos e navios de operações anfíbias. Existem também outros navios de apoio que incluem os navios hidrográficos, os navios-escola e os navios de reabastecimento.

Os navios de guerra atuais são significativamente mais rápidos do que nas épocas anteriores, graças aos sistemas de propulsão muito mais aperfeiçoados. A eficiência das máquinas melhorou também em termos da redução do consumo de combustível e da redução do número de pessoas necessárias para as operar.

Embarcações menores

As marinhas de guerra também dispõem de embarcações menores, não comandadas por oficiais - normalmente, de reduzida autonomia - destinadas a serem usadas na proximidade das bases ou dos navios principais. Algumas dessas embarcações são as lanchas de desembarque, os hovercrafts, as vedetas de transporte de pessoal, os botes de borracha e as lanchas de salvamento.

Organização naval

Cada navio de uma marinha de guerra constitui uma unidade naval. O agrupamento de várias unidades navais, sob o comando de um oficial designado, constitui uma força naval. Tradicionalmente, o maior tipo de força naval era a armada ou frota, sob o comando de um almirante. A frota dividia-se em esquadras e, estas, subdividiam-se em divisões. As unidades navais de menor porte agrupavam-se em forças navais designadas "flotilhas" ou "esquadrilhas". Hoje em dia, estes termos são usados sobretudo para designar agrupamentos administrativos de unidades navais que não constituem forças navais operacionais.

Atualmente, para efeitos operacionais, as unidades navais agrupam-se em forças navais temporárias designadas "grupos-tarefa" (TG - task groups), normalmente sob o comando de um oficial superior. Por sua vez, os grupos-tarefas podem agrupar-se em forças navais maiores, designadas "forças-tarefa" (TF - task forces), sob o comando de um oficial general e que normalmente incluem grandes navios de combate - como porta-aviões ou navios de assalto anfíbio - e uma série de navios de apoio logístico.

Patentes e graduações navais

Tal como nos exércitos, o pessoal naval está organizado em três grandes grupos: os oficiais, os sargentos (mestragem) e os praças (marinhagem). As designações dos postos da marinha de guerra - sobretudo a dos de oficial - são, no entanto, normalmente diferentes das dos postos dos exércitos.

Variando, de país para país, os postos dos oficiais designam-se, do de mais alta para o de mais baixa patente:

  1. Almirante da Armada / almirante da Frota
  2. Almirante
  3. Vice-almirante
  4. Contra-almirante
  5. Comodoro
  6. Capitão de mar e guerra / capitão de navio de linha / capitão
  7. Capitão de fragata / comandante
  8. Capitão de corveta / capitão-tenente / tenente-comandante
  9. Primeiro-Tenente
  10. Segundo-Tenente
  11. guarda-marinha
  12. suboficial

Os postos de sargento ou de mestragem designam-se, genericamente:

  1. Suboficial / mestre
  2. Sargento / contramestre
  3. Subsargento / guardião

Os postos de praça ou de marinhagem são:

  1. Cabo
  2. Marinheiro
  3. Grumete

Independentemente do posto que detêm, é tradição que os oficiais generais tenham o tratamento de "almirante", os oficiais superiores o de "comandante" e os subalternos o de "tenente". Tradicionalmente, o oficial segundo-comandante de um navio tem o título de "imediato".

Infantaria de marinha

Ver artigo principal: Infantaria de marinha

Já as forças navais do Império Romano incluíam legionários embarcados que se destinavam a realizar ações de abordagem. Estes legionários recebiam, essencialmente, uma instrução de combate terrestre, não estando habilitados a operar um navio. Mais tarde, na época da marinha à vela existiam soldados embarcados com funções semelhantes.

Em 1537, a Espanha criou o Terço da Armada, a primeira unidade do mundo de infantaria de marinha. O Terço da Armada era uma unidade de infantaria, especialmente treinada para guarnecer os navios de guerra e realizar operações de desembarque anfíbio. Unidades deste tipo foram criadas por outros países, ficando conhecidas por termos como "fuzileiros navais", "marines" ou "infantaria naval".

As forças de infantaria de marinha de alguns países ganharam capacidades para a realização de operações, não apenas a partir de navios e perto da costa, mas mesmo no interior de terra. O exemplo mais flagrante disto é o Marine Corps dos EUA, que se separou quase inteiramente da marinha, tornando-se num ramo independente das forças armadas.

Aviação naval

Ver artigo principal: Aviação naval
Navio de passageiros Costa Fortuna.
Navio de pesca Albatun II.
Veleiros TuigaLulworth e Cambria numa regata.

Muitas marinhas de guerra incluem um ramo de aviação naval que opera aeronaves em apoio das forças navais. Essas aeronaves desempenham diversos tipos de missões, desde a proteção aérea das forças navais até à busca e salvamento no mar. A aviação naval pode dividir-se em aviação embarcada - que inclui os helicópteros e os aviões que operam a partir de porta-aviõesporta-helicópterossubmarino porta-aviões ou de outros navios - e a aviação costeira - com aeronaves marítimas operadas a partir de bases em terra.

Marinha mercante

Ver artigo principal: Marinha mercante

A marinha mercante é, essencialmente, a marinha não militar. Engloba todas as organizações, meios e pessoal destinado à realização das atividades marítimas, fluviais ou lacustres de âmbito civil. Estas atividades são essencialmente económicas - como a pesca e os transportes - mas podem também incluir atividades de caráter científico ou de lazer.

A atividade da marinha mercante está regulamentada por leis nacionais e por convenções internacionais, sobretudo no que diz respeito à certificação do pessoal marítimo, à segurança dos navios e à proteção das espécies marítimas contra a pesca excessiva.

A organização da marinha mercante - sobretudo, no que diz respeito à organização interna a bordo dos navios maiores - segue modelos de hierarquia semelhantes aos da marinha de guerra. Tal como na marinha de guerra, o pessoal organiza-se nas categorias de oficiais, mestragem e marinhagem.

A marinha mercante inclui as organizações - como autoridades marítimas e portuárias - reguladores dos transportes marítimos e das das pescas, as instituições de ensino e formação náutica, os armadores e agências de navegação, as organizações de gestão logística portuária e as instituições de investigação marinha.

A marinha mercante, inclui a marinha de comércio, a marinha de pesca e a marinha de recreio.

Marinha de comércio

Ver artigo principal: Transporte marítimo

A marinha de comércio é o ramo da marinha mercante dedicado, essencialmente, à atividade de transporte de carga e de passageiros, através do mar, dos rios, dos lagos e dos canais.

Marinha de pesca

Ver artigo principal: Pesca

A marinha de pesca é o ramo dedicado à atividade da pesca marítima e fluvial.

Marinha de recreio

Ver artigo principal: Náutica de recreio

A marinha de recreio é o ramo dedicado às atividade de turismo e de lazer, no mar, nos rios e nos lagos. Também é conhecida como "náutica de recreio".

Ver também

Ligações externas

  1.  Marx, vol. III, p. 327

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