Isaac
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Isaac | |
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Profeta, Segundo Patriarca Hebraico, Pai de Israel, Antepassado patriarcal | |
Nascimento | Canaã |
Morte | Canaã |
Veneração por | Judaísmo Cristianismo Islão |
Padroeiro | Túmulo dos Patriarcas, Hebrom |
Portal dos Santos |
Isaac ou Isaque ( /ˈaɪzək/;[1] Hebraico: יִצְחָק, Moderno Yitsẖak Tiberiano Yiṣḥāq, ISO 259-3 Yiçḥaq, "ele vai rir"; em iídiche: יצחק, Yitskhok; em grego clássico: Ἰσαάκ, Isaak; em latim: Isaac; em árabe: إسحاق ou em árabe: إسحٰق[note A] ʼIsḥāq) assim como descrito na Bíblia Hebraica, foi o único filho de Abraão com sua esposa Sara e foi o pai de Esaú e Jacó. Isaac foi um dos três patriarcas israelitas. Segundo o livro de Gênesis, Abraão tinha 100 anos quando Isaac nasceu e Sara já havia cessado o período fértil.
Isaac foi o único patriarca bíblico cujo nome não foi mudado e também o único que não deixou Canaã. Comparado com Abraão e Jacó, a história de Isaac relata poucos incidentes em sua vida. Morreu quando tinha 180 anos, tornando-se o patriarca de vida mais longa.
Etimologia
O nome Isaac é uma transliteração do termo hebraico Yiṣḥāq que significa literalmente "Ele ri/vai rir."[2] Textos ugaríticos que datam do século XIII a.C. referem-se ao sorriso benevolente da divindade cananeia El.[3] Gênesis, no entanto, atribui o riso aos pais de Isaac, Abraão e Sara, ao invés de El. De acordo com a narrativa bíblica, Abraão caiu sobre seu rosto e riu quando Elohim comunicou a notícia do eventual nascimento de seu filho. Riu porque Sara havia passado da idade de ter filhos; tanto ela como Abraão eram velhos e adiantados em idade. Mais tarde, quando Sara ouviu três mensageiros do Senhor renovar a promessa, riu-se consigo pela mesma razão. Sara, entretanto, negou que o tivesse feito quando Elohim questionou Abraão sobre isso.[4][5]
Biografia
Relatos de Isaac a partir do Livro de Gênesis
O nome Isaac é mencionado 80 vezes em Gênesis.
Nascimento
Foi profetizado ao patriarca Abraão que ele teria um filho e que seu nome seria Isaac.[6]Abraão era da idade de 100 anos quando seu filho nasceu com sua primeira esposa Sara. Embora fosse o segundo filho de Abraão, foi primeiro e único filho de Sara.
Pertencendo à casa de Abraão, Isaac foi circuncidado no oitavo dia de seu nascimento, a fim de estar em conformidade com a aliança do Senhor.
No dia em que Isaac foi desmamado, Sara viu Ismael zombando e pediu ao marido que banisse Agar e Ismael para que Isaac fosse seu único herdeiro. Abraão estava hesitando, mas, à ordem de Deus, ouviu o pedido de sua esposa.
Sacrifício de Isaac
Conforme se lê na narrativa bíblica contida no livro de Gênesis, principal fonte de informação sobre a religião judaica e os patriarcas das tribos de Israel, Abraão estava em Quiriate-Arba (atualmente Hebrom) quando, por uma ordem de Deus, viajou com Isaac para oferecê-lo em sacrifício sobre o monte Moriá (localizado dentro dos limites da cidade de Jerusalém). Estudos das Universidades de Harvard [7] e Cambridge [8] debatem sobre a tradição judaica de ter sido neste mesmo local que, mais tarde, o rei Salomão edificaria o primeiro Templo de Jerusalém [9], como se lê no texto bíblico de 2 Crônicas 3:1 [10]. Considerando-se a sequência textual da narrativa e a geografia local envolvida, visto que as duas cidades estão situadas cerca de apenas 29km uma da outra [11], a morte de Sara parece ter ocorrido nesta época. De acordo com os textos de Gênesis, ela deu luz a Isaac aos 91 anos [12] e morreu aos 127 anos [13], portanto, Isaac teria 36 anos de idade, ou menos, na época da viagem de três dias até o monte do sacrifício. Conforme o relato que se encontra no capítulo 22 do livro bíblico, Abraão edificou um altar sobre o monte para ali realizar o sacrifício [14]. Não obstante, ao amarrar Isaac ao altar e preparar-se para matá-lo com um cutelo, no último momento Abraão foi impedido por um anjo de Deus, que lhe mostrou um carneiro preso pelos chifres em um arbusto próximo. Abraão, então, sacrificou o animal em lugar de seu filho [15].
Na esfera física, este episódio parece ter servido como um teste da fé e obediência de Abraão a Deus e não como um sacrifício real, pois a própria promessa de Deus de que Abraão teria incontáveis descendentes a partir de Isaac [16] já implica neste raciocínio, não obstante, é interessante notar dois outros pontos a respeito. Primeiro, o sacrifício de crianças foi violentamente proibido por Deus na lei mosaica, conforme se lê no livro de Levíticos capitulo 20 [17], portanto, contrário senso seria este mesmo Deus desejar o sacrifício real de Isaac. Segundo, há o relato da fé de Abraão de que Deus ressuscitaria seu filho depois do sacrifício ou de que outra resolução haveria pois, no versículo 5 do capítulo 22 de Gênesis, diz aos seus servos que ele e o filho iriam ao monte sacrificar e depois voltariam [18].
Já no aspecto metafísico ou espiritual, há quem defenda que neste episódio tudo o que ocorreu com Isaac simbolizaria o que é conhecido em teologia cristã como o sacrifício vicário de Jesus Cristo, ou seja, seu sacrifício na cruz para morrer substituindo os seres humanos de sofrerem a morte eterna como condenação pelo pecado individual de cada um [19]. Assim, nesta simbologia ligada com a vida de Isaac estaria implícita a condição ''sine qua non'' de crer em Jesus Cristo como Filho de Deus e Salvador do mundo para obter salvação eterna [20]. Tal linha de interpretação teológica do Cristianismo defende que o cânone bíblico conteria diversos pontos mostrando Isaac como uma alegoria de Cristo [14]. De fato, dentre outras analogias possíveis têm-se que: tanto ele quanto Jesus Cristo (sendo Deus-Filho) eram filhos únicos, muito amados por seus pais e que nasceram mediante uma gestação miraculosa; em ambos os casos o lugar do sacrifício era um monte [8] e eles chegaram até lá cavalgando um jumento; ambos carregaram sobre as costas a madeira do seu sacrifício, ou seja, a lenha para o altar e para a cruz, respectivamente; ambos se permitiram serem mortos, e sem reclamar, pois Isaac era um jovem adulto e Abraão era 100 anos mais velho, portanto seria fácil ele fugir. Por outro lado, tanto o Antigo Testamento [21] quanto o Novo Testamento [22] descrevem que o Cristo foi oprimido e afligido sem abrir a sua boca [23]. Em ambos os casos, a libertação da morte se deu no terceiro dia.
Noutra linha, ligeiramente diferente, há estudiosos [15] defensores de que a morte de Jesus Cristo na cruz estaria simbolizada em Isaac apenas até o momento imediatamente antes do sacrifício no altar. Depois a simbologia passaria a recair sobre o cordeiro, que foi utilizado por Abraão como substituto do seu filho (cordeiro é o filhote do carneiro com até 1 ano de idade). Corroboraria com essa ideia [20], por exemplo, a passagem neo-testamentária onde o profeta João Batista declara ter Jesus Cristo servido por Cordeiro de Deus para pagar pelos pecados do mundo [24].
O Livro de Jasher, um apócrifo que relata de forma paralela o Pentateuco e que tem sua existência citada em Josué 10:13 e II Samuel 1:18, relata, com mais detalhes, o sacrifício de Isaac. No capítulo 22, lemos que Ismael, irmão de Isaac, estava se vangloriando pela circuncisão que havia realizado a pedido de Deus. Isaac respondeu, dizendo: " - Por que tu te gabas sobre isso, sobre um pouco de tua carne que tu tiras de teu corpo, sobre o que o Senhor ordenou a ti? Como vive o Senhor, o Deus de meu pai Abraão, o Senhor deveria dizer ao meu pai, toma teu filho Isaac e trazê-lo até uma oferta antes de mim, eu não iria abster-se, mas eu ia com alegria a ele aderir.
E o Senhor ouviu a palavra que falou Isaac a Ismael. E parecia bom aos olhos do Senhor. E ele pensou para tentar Abraão nesta matéria, e o dia chegou quando os filhos de Deus veio e colocou-se perante o Senhor, e Satanás também veio com os filhos de Deus diante do Senhor e propôs ao Senhor que ele provasse Abraão, com o argumento de que há 37 anos, desde que Isaac havia nascido, Abraão não oferecia sacrifício a Deus e havia se esquecido Dele.
O livro relata ainda que Ismael ficou feliz pelo sacrifício de Isaac, já que imaginou que ficaria com toda a herança de Abraão, Satanás por sua vez tenta Isaac e Abraão no caminho do sacrifício, mas é repreendido por Abraão, após Satanás ver que seus planos não deram certo, ele se dirige a casa de Abraão na forma de um velho e diz a Sarah que Abraão havia oferecido Isaac em sacrifício, Sarah fica extremamente feliz por eles terem cumprido a palavra de Deus, mas fica também extremamente triste por perder seu filho e diz: "ó meu filho, Isaac, meu filho, O que eu tinha morrido nesse dia, em vez de ti.". Algum tempo depois Satanás retorna a Sarah e desmente a morte de Isaac, nesse momento Sarah é tomada de uma alegria tão grande que sua alma sai de seu corpo e ela morre.
Vida em família
Quando Isaac tinha 40 anos, Abraão enviou Eliezer, seu servo, até a família de seu sobrinho Betuel na Mesopotâmia para encontrar uma esposa para Isaac. Eliezer escolheu Rebeca. Após muitos anos de casamento, Rebeca ainda não tinha dado à luz e acreditava-se ser estéril. Isaac orou por ela incessantemente e ela concebeu. Rebeca deu à luz gêmeos, Esaú e Jacó. Isaac tinha 60 anos de idade quando seus dois filhos nasceram. Isaac favorecia Esaú e Rebeca favorecia Jacó.
Ocupação
Com 75 anos de idade, Isaac mudou-se para Beer-lahai-roi após a morte de seu pai. Devido a fome no local, retirou-se para o território dos filisteus de Gerar, onde seu pai viveu anteriormente. Esta terra ainda estava sob o controle do Rei Abimeleque, como foi nos dias de Abraão. Isaac como seu pai, também enganou Abimeleque sobre sua esposa afirmando que ela era sua irmã. Voltou a todos os poços que seu pai cavou e viu que todos estavam entulhados e tapados com terra. Os filisteus fizeram isso depois que Abraão morreu. Tão logo, Isaac desenterrou e cavou mais poços até Bersebá, onde fez um pacto com Abimeleque, assim como nos dias de seu pai.
Primogenitura
Isaac envelheceu e ficou cego. Chamou seu filho Esaú para ele apanhar alguma caça, a fim de receber a bênção de Isaac. Enquanto Esaú estava caçando, Jacó, depois de ouvir o conselho de sua mãe, enganou seu pai cego propositadamente passando-se por Esaú e, assim, obteve a bênção de seu pai, de tal forma que Jacó tornou-se herdeiro principal de Isaac e Esaú foi deixado numa posição inferior. Isaac enviou Jacó na Mesopotâmia para escolher uma mulher de sua própria família. Depois de 20 anos trabalhando para Labão, Jacó voltou para casa, e reconciliou-se com seu irmão gêmeo, posteriormente ele e Esaú enterram seu pai quando ele morreu com 180 anos de idade.[25]
Árvore genealógica
Terá | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sara | Abraão | Agar | Harã | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Naor | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ismael | Milca | Ló | Iscá | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ismaelitas | 7 filhos | Betuel | 1ª filha | 2ª filha | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Isaque | Rebeca | Labão | Moabitas | Amonitas | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Esaú | Jacó | Raquel | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Bila | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Edomitas | Zilpa | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Lia | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
1.Rúben 2.Simeão 3.Levi 4.Judá 9.Issacar 10.Zebulom 11.Diná | 7.Gade 8.Aser | 5.Dã 6.Naftali | 12.José 13.Benjamim | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Referências
- ↑ Wells, John C. (1990). Longman pronunciation dictionary. Harlow, England: Longman. p. 378. ISBN 0582053838
- ↑ Strong's Concordance, Strong, James, ed., Isaac, Isaac's, 3327 יִצְחָק 3446, 2464.
- ↑ Encyclopedia of Religion, Isaac.
- ↑ Singer, Isidore; Broydé, Isaac (1901–1906). «Isaac». In: Singer, Isidore; Adler, Cyrus; et al. Jewish Encyclopedia 🔗. New York: Funk & Wagnalls. Consultado em 13 de outubro de 2011
- ↑ Hirsch, Emil G.; Bacher, Wilhelm; Lauterbach, Jacob Zallel; Jacobs, Joseph; Montgomery, Mary W. (1901–1906). «Sarah (Sarai)». In: Singer, Isidore; Adler, Cyrus; et al. Jewish Encyclopedia 🔗. New York: Funk & Wagnalls. Consultado em 13 de outubro de 2011
- ↑ Ronald F. Youngblood, Nelson's Illustrated Bible Dictionary: New and Enhanced Edition, Thomas Nelson Inc, USA, 2014, p. 542
- ↑ Kalimi, Isaac (1990). «The Land of Moriah, Mount Moriah, and the Site of Solomon's Temple in Biblical Historiography». The Harvard Theological Review. 83 (4): 345–362. ISSN 0017-8160
- ↑ ab SCHEIN, SYLVIA (1984). «BETWEEN MOUNT MORIAH AND THE HOLY SEPULCHRE: THE CHANGING TRADITIONS OF THE TEMPLE MOUNT IN THE CENTRAL MIDDLE AGES». Traditio. 40: 175–195. ISSN 0362-1529
- ↑ 2 Cronicas 3:1
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- ↑ Ltd, rome2rio Pty. «De Hebrom para Jerusalém - Existe uma maneira de chegar ao seu destino: linha 381 ônibus». Rome2rio. Consultado em 1 de agosto de 2020
- ↑ Genesis 17:
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- ↑ ab Wiersbe, Warren W. (2009). Comentário Bíblico Wiersbe Velho Testamento. Rio de Janeiro: Geográfica Editora LTDA. p. 56-57. 688 páginas
- ↑ ab Oh, Abraham (8 de abril de 2016). «Canonical understanding of the sacrifice of Isaac: The influence of the Jewish tradition». HTS Teologiese Studies / Theological Studies. 72 (3): 7 pages. ISSN 2072-8050. doi:10.4102/hts.v72i3.3000
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- ↑ ab Wiersabe, Warren W. (2009). Comentário Bíblico Wiersabe Novo Testamento. Rio de Janeiro: Editora Geográfica LTDA. p. 232; 256. 912 páginas
- ↑ Isaias 53:7
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- ↑ McNair, Stuart Edmund (1982). Guia do Pregador. São Paulo: Milenium Distribuidora Cultural LTDA. p. 236. 456 páginas
- ↑ Agostinho, Santo (31 de julho de 2017). Confissões. [S.l.]: Editora Vozes Limitada
- ↑ Jewish Encyclopedia, Isaac.