sexta-feira, 18 de março de 2022

DIA MUNDIAL DO SONO - 18 DE MARÇO DE 2022

 

Sono

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disambig grey.svg Nota: Este artigo é sobre sono em humanos. Para sono em não-humanos, veja Sono em animais não-humanos.
Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Sono (desambiguação).
Sono está associado a relaxamento dos músculos e perceção reduzida de estímulos do ambiente.

Sono (do latim somnus, com o mesmo significado) é um estado ordinário de consciência, complementar ao da vigília (ou *estado desperto), em que há repouso normal e periódico, caracterizado, tanto no ser humano como nos outros vertebrados, pela suspensão temporária da atividade perceptivo-sensorial e motora voluntária.

Ao dizer-se complementar, em conjugação com ordinário, quer-se significar tão somente que, na maioria dos indivíduos (com destaque, aqui, para os humanos), tais estados de consciência alternam-se, complementando-se ordinária, periódica e regularmente.

O estado de sono é caracterizado por um padrão de ondas cerebrais típico, essencialmente diferente do padrão do estado de vigília, bem como do verificado nos demais estados de consciência. Dormir, nesta acepção, significa passar do estado de vigília para o estado de sono. No ser humano, o ciclo do sono era formado por cinco estágios, mas atualmente são quatro, pois os estágios N3 e N4 fundiram-se em N3, e duram cerca de noventa minutos (podendo chegar a 120 minutos).[carece de fontes] Ele se repete durante quatro ou cinco vezes durante o sono. Do que se tem registro na literatura especializada, o período mais longo que uma pessoa já conseguiu ficar sem dormir foi de onze dias.

Os fins e os mecanismos do sono ainda não são inteiramente claros para a ciência, mas são objeto de intensa investigação.[1][2]

Introdução

Uma criança adormecida.

Pode definir-se sono como "um período de repouso para o corpo e a mente, durante o qual a volição e a consciência estão em inatividade parcial ou completa".[3] Já Friedman (1795-1827) definiu sono como "sendo o desencadear deliberado de uma alteração ou redução do estado consciente, que dura muitíssimo, em média 8 horas (…) tendo início sensivelmente à mesma hora, em cada período de 24 horas, e (…) resultando, geralmente, em sensação de energia física, psíquica e intelectual restabelecida".

Existem várias definições do sono apresentadas por diferentes autores, e, no geral, complementam-se umas às outras.

O sono é importante para a recuperação da saúde em situação de doença,[4] enquanto a privação deste pode afetar a regeneração celular assim como a total recuperação da função imunitária.

O total de horas de sono para uma pessoa adulta está normalmente entre as sete e as oito horas.[5]

O ciclo do sono

Um ciclo do sono dura cerca de noventa minutos, ocorrendo quatro a cinco ciclos num período de sono noturno. Oito horas é o ideal para dormir. Segundo LAVIE (1998, 45), o número de ciclos por noite depende do tempo do sono, acrescentando, ainda, que "o sono de uma pessoa jovem é, habitualmente, composto por quatro ou cinco desses ciclos, com tendência à redução com o avançar da idade". No entanto, o padrão comum varia entre quatro a cinco ciclos.

Durante o sono, o indivíduo passa, geralmente por ciclos repetitivos, começando pelo estágio N1 do sono NREM, progredindo até o estágio N3, regride para o estágio N2, e entra em sono REM. Volta de novo ao estágio N2 e assim se repete novamente todo o ciclo.

Nos primeiros ciclos do sono, os períodos de NREM (mais concretamente o estágio N3) têm uma duração maior que o REM. À medida que o sono vai progredindo, o estágio N3 começa a encurtar e o período REM começa a aumentar. Na primeira parte do sono predomina o sono REM, sendo os períodos REM mais duradouros na segunda metade.

O sono, oposto à vigília (estágio W) divide-se em dois tipos fisiologicamente distintos:

  • NREM (Non Rapid Eye Movement ou "Movimento Não Rápido dos Olhos"); e
  • REM (Rapid Eye Movement ou "Movimento Rápido dos Olhos").

Sono NREM

O sono NREM (ou não-REM) ocupa cerca de 75% do tempo do sono e divide-se em três períodos distintos conhecidos como estágios N1, N2, e N3.[6]

  • Estágio N1:

Começa com uma sonolência. Dura aproximadamente cinco minutos. A pessoa adormece. É caracterizado por um EEG semelhante ao do estado de vigília. Esse estágio tem uma duração de um a dois minutos, estando o indivíduo facilmente despertável. Predominam sensações de vagueio, pensamentos incertos, mioclonias das mãos e dos pés, lenta contração e dilatação pupilar. Nessa fase, a atividade onírica está sempre relacionada com acontecimentos vividos recentemente.

  • Estágio N2:

Caracteriza-se por a pessoa já dormir, porém não profundamente. Dura cerca de cinco a quinze minutos. O eletroencefalograma mostra frequências de ondas mais lentas, aparecendo os complexos K, e os fusos de sono. Nessa fase, os despertares por estimulação táctil, fala ou movimentos corporais são mais difíceis do que no anterior estágio. Aqui a atividade onírica já pode surgir sob a forma de sonho com uma história integrada.

  • Estágio N3:

Esse estágio tem a duração de cerca de quinze a vinte minutos, inicialmente, seguidos por quarenta minutos de sono profundo. É muito difícil acordar alguém nessa fase de sono. Depois, a pessoa retorna ao início do terceiro estágio (por cinco minutos) e ao segundo estágio (por mais quinze minutos). Entra, então, no sono REM.

Este estágio NREM do sono caracteriza-se pela secreção do hormônio do crescimento em grandes quantidades, promovendo a síntese proteica, o crescimento e reparação tecidular, inibindo, assim, o catabolismo.[7] O sono NREM tem, pois, um papel anabólico, sendo essencialmente um período de conservação e recuperação de energia física.

Estágios antigos

  • Estágio N4:

Antigo estágio mais tardio do sono, muito similar ao antigo estágio 3, o que, bibliográfica e cientificamente, resultou na assimilação de ambos em um único estágio, o N3.

Sono REM

sono REM (estágio R) caracteriza-se por uma intensa atividade registrada no eletroencefalograma (EEG) seguida por flacidez e paralisia funcional dos músculos esqueléticos. Nesta fase, a atividade cerebral é semelhante à do estado de vigília. Deste modo, o sono REM é também denominado por vários autores como sono paradoxal, podendo mesmo falar-se em estado dissociativo.

Nesta fase do sono, a atividade onírica é intensa, sendo sobretudo sonhos envolvendo situações emocionalmente muito fortes.

É durante essa fase que é feita integração da atividade cotidiana, isto é, a separação do comum do importante. Estudos também demonstram que é durante o REM que sonhos ocorrem. A fase representa 20 a 25% do tempo total de sono e surge em intervalos de sessenta a noventa minutos. É essencial para o bem-estar físico e psicológico do indivíduo.

Funções

Restauração

O organismo humano se recupera fisicamente durante o sono, curando-se e removendo resíduos metabólicos que se acumulam durante os períodos de atividade. Essa restauração ocorre principalmente durante o sono de ondas lentas, durante o qual a temperatura corporal, a frequência cardíaca e o consumo de oxigênio no cérebro diminuem. O cérebro, em especial, requer sono para restauração, enquanto no resto do corpo esses processos podem ocorrer durante o despertar quieto. Em ambos os casos, a taxa reduzida de metabolismo permite processos restauradores compensatórios.[8][9]

Processamento de memória

É amplamente aceite que o sono deve apoiar a formação da memória de longo prazo e, geralmente, aumentar o aprendizado e as experiências anteriores. Entretanto, seu benefício parece depender da fase do sono e do tipo de memória.[10]

Enquanto dormimos, o hipocampo se reativa inesperadamente produzindo atividades como essa enquanto estamos acordados. Ele envia dados para o córtex, que responde por sua vez. Essa troca é frequentemente acompanhada por um momento de silêncio chamado "onda delta" e depois por ação rítmica chamada "eixo do sono". As ondas delta emitidas enquanto dormimos não são períodos generalizados de silêncio durante os quais repousa o córtex, como descrito há décadas na literatura científica. Em vez disso, eles isolam conjuntos de neurônios que desempenham um papel essencial na formação da memória a longo prazo. Durante as ondas delta, o córtex não é totalmente silencioso, mas alguns neurônios permanecem ativos e formam conjuntos. O pequeno número de neurônios que são ativados quando todos os outros ficam quietos pode realizar cálculos essenciais enquanto protegido de possíveis distúrbios. As reativações espontâneas do hipocampo determinam quais neurônios corticais permanecem ativos durante as ondas delta e revelam a transmissão de informações entre as duas estruturas cerebrais. Além disso, as assembleias ativadas durante as ondas delta são formadas de neurônios que participaram na aprendizagem de uma tarefa de memória espacial durante o dia. Juntos, esses elementos sugerem que esses processos estão envolvidos na consolidação da memória.[11]

Distúrbios

Existem vários distúrbios do sono, tais como:

polissonografia pode ajudar a diagnosticar os distúrbios do sono.

Fatores ambientais

Segundo Phipps (1995) o sono é uma das muitas ocorrências biológicas que tem lugar à mesma hora, cada 24 horas.

A necessidade diária de sono varia, não só de indivíduo para indivíduo (variação interindividual), como também no mesmo indivíduo (variação intraindividual) de dia para dia.

Existem vários factores que contribuem para a alteração do padrão de sono, nomeadamente factores físicos, socioculturais, psicológicos, ambientais e outros. Segundo um estudo efetuado por DLIN e colaboradores (citados por THELAN, 1996), dentro do ambiente temos então:

  • Ruído: o ruído pode ser visto como um perigo ambiental que cria desconforto e pode interferir com o sono e repouso do doente, uma vez que activa o sistema nervoso simpático cuja estimulação é responsável pelo estado de vigília ou alerta do indivíduo.
  • Luz: muitas pessoas apresentam um nível de sensibilidade elevado à luz, sendo por isso facilmente perturbadas durante o sono mesmo que seja uma luz de pouca intensidade. Na literatura científica, a presença e ausência de luz estão correlacionadas à modulação do ciclo sono-vigília.
  • Temperatura: tendo em conta que a temperatura corporal atinge o seu pico ao final da tarde ou princípio da noite e depois vai baixando progressivamente, atingindo o ponto mais baixo ao início da manhã, uma diminuição ou um aumento da temperatura ambiente faz, geralmente, acordar a pessoa ou cria-lhe um certo desconforto que o impossibilita de dormir.
  • Sonho ou pesadelo: Geralmente o sonho, ou pesadelo começa a interferir o sono quando a pessoa já está a bastante tempo adormecida. Os dois fatores podem ser bastante responsáveis pela perda de sono.[carece de fontes]

Também podem ocorrer "sensações" de fuga ou luta durante os últimos estágios do sono NREM, como ouvir o som do despertador tocando, o choro do bebê ou um chamado pelo seu nome.[12]

Sono maçónico

Existe na maçonaria a palavra sono como terminologia para designar o estado dos maçons que optaram por ficar dormentes.[13]

Mitologia

O sono, na Mitologia Grega, é atribuído ao deus Hipnos[14] e os sonhos, a seu filho, Morfeu.[15]

Ver também

Wikiquote
Wikiquote possui citações de ou sobre: Sono

Referências

  1.  Bingham, Roger; Terrence Sejnowski, Jerry Siegel, Mark Eric Dyken, Charles Czeisler, Paul Shaw, Ralph Greenspan, Satchin Panda, Philip Low, Robert Stickgold, Sara Mednick, Allan Pack, Luis de Lecea, David Dinges, Dan Kripke, Giulio Tononi (2007). «Waking Up To Sleep» (Several conference videos). The Science Network. Consultado em 25 de janeiro de 2008
  2.  «Aas Net | Aas Net»www.aasnet.org (em inglês). Consultado em 23 de fevereiro de 2017
  3.  DORLAND citado por ROPER; LOGAN; TIERNEY, 1993, 466
  4.  Fontaine, Briggs e Popoe-Smith (2001)
  5.  Ricardo Teixeira (novembro de 2008). «Afinal, devemos dormir quantas horas por dia?». Jornal Conversa Pessoal no Portal do Senado do Brasil. Consultado em 8 de agosto de 2012
  6.  «2015 Intensive Scoring Review Course: Sleep Stage Scoring - American Academy of Sleep Medicine (AASM) - em inglês»AASM (em inglês). Consultado em 24 de outubro de 2016
  7.  (cf. BOLANDER, 1998)
  8.  Raymond Cespuglio, Damien Colas, & Sabine Gautier-Sauvigné, "Energy Processes Underlying the Sleep Wake Cycle"; Chapter 1 in Parmeggiani & Velluti (2005).
  9.  Gümüştekín K, Seven B, Karabulut N, Aktaş O, Gürsan N, Aslan S, Keleş M, Varoglu E, Dane S (2004). «Effects of sleep deprivation, nicotine, and selenium on wound healing in rats»International Journal of Neuroscience (Submitted manuscript). 114 (11): 1433–1442. PMID 15636354doi:10.1080/00207450490509168. Consultado em 10 September 2018Cópia arquivada em 23 October 2018 Parâmetro desconhecido |url-status= ignorado (ajuda); Verifique data em: |acessodata=, |arquivodata= (ajuda)
  10.  Plihal, Werner, & Born, Jan. (1997). Effects of early and late nocturnal sleep on declarative and procedural memory. Journal of Cognitive Neuroscience, 9(4), 534-547.
  11.  «How our memories stabilize while we sleep?»Tech Explorist (em inglês). 21 de outubro de 2019. Consultado em 21 de outubro de 2019
  12.  Corpo e Saúde, Seleções do Reader's Digest
  13.  «Sono, Dicionários de Termos Maçónicos, Sol Brilhando». Consultado em 6 de junho de 2014. Arquivado do original em 16 de maio de 2014
  14.  «Hypnos»Wikipedia, the free encyclopedia (em inglês). 9 de setembro de 2016
  15.  «Morpheus (mythology)»Wikipedia, the free encyclopedia (em inglês). 29 de agosto de 2016

Ligações externas

JACQUES MOLAY - ÚLTIMO GRÃO MESTRE DA ORDEM DOS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS - MORREU EM 1314 - 18 DE MARÇO DE 2022

 

Jacques de Molay

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Jacques de Molay
Jacques De Molay, o último Grão-Mestre da Ordem dos Templários, em representação do século XIX. Hoje não existe nenhum retrato seu feito em vida.
Nome completoJacques de Molay
Nascimento1243/1244 ou 1249/1250
MolayFrança
Morte18 de março de 1314
ParisFrança
NacionalidadeBorgonhês (pois o território não pertencia ao Reino da França à época em que Jacques de Molay nasceu)
OcupaçãoCavaleiro e último grão-mestre da Ordem dos Templários

Jacques de Molay, por vezes também chamado Tiago de Molay,[1] (em latimIacobus Burgundus; em francêsJacques de Molay; (Pronúncia: [ʒak də mɔlɛ] Jak Demolé); Molay1244 — Paris18 de março de 1314) foi um religioso e militar francês, e o último grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários.[2] Nascido em Molay, pertencia a uma família da pequena nobreza francesa. É hoje o patrono da Ordem DeMolay.[3]

Biografia

Nascido em Molay, comuna francesa atualmente localizada no departamento de Alto SonaFrança,mas à época o vilarejo pertencia ao Condado da Borgonha. Muito pouco se sabe sobre sua infância e adolescência; aos seus 21 anos de idade, como muitos filhos da nobreza europeia, de Molay entrou para a Ordem dos Cavaleiros Templários, organização sancionada pela Igreja Católica para proteger as estradas entre Jerusalém e Acre, importante porto no mar Mediterrâneo.

Nobres de toda a Europa enviavam os filhos para serem cavaleiros templários, e isso fez com que a Ordem passasse a ser muito rica e popular em todo o continente europeu e Oriente Médio.

Em 1298, Jacques de Molay foi nomeado grão-mestre dos templários (assumiu o cargo após a morte de seu antecessor, Teobaldo Galdino), uma posição de poder e prestígio. Mas passou por uma difícil situação: as Cruzadas não estavam atingindo seus objetivos. O anticristianismo sarraceno derrotou as Cruzadas em batalhas, capturando algumas cidades e portos vitais dos cavaleiros templários e dos hospitalários (outra ordem de cavalaria). Restou apenas um único grupo do confronto contra os sarracenos.

Os templários resolveram, então, se reorganizar e readquirir sua força. Viajaram para a ilha de Chipre, esperando que a população se levantasse em apoio à outra Cruzada. Em vez de apoio público, os cavaleiros atraíram a atenção dos poderosos senhores feudais, muito deles seus parentes, pois para se entrar na ordem teria de se pertencer à nobreza.

Em 1305, o rei da França Filipe IV, o Belo (r. 1285–1314) resolveu obter o controle dos templários para impedir a ascensão da ordem no poder da Igreja Católica. O rei era amigo de Jacques de Molay devido ao parentesco deles; o delfim Carlos, mais tarde Carlos IV (r. 1322–1328),era afilhado de Jacques. Mesmo sendo seu amigo, o rei de França tentou juntar a ordem dos Templários e a dos Hospitalários, pois sentiu que as duas formavam uma grande potência econômica e sabia que a Ordem dos Templários possuía várias propriedades e outros tipos de riqueza.

Sem obter o sucesso desejado, de juntar as duas ordens e se tornar um líder absoluto, o então rei de França armou um plano para acabar com a Ordem dos Templários. Chamou o nobre francês Esquino de Floyran com a missão de denegrir a imagem dos templários e de seu grão-mestre, e como recompensa receberia terras pertencentes aos templários logo após derrubá-los. O ano de 1307 marcou o começo da perseguição aos cavaleiros. Apesar de possuir um exército com cerca de 15 000 homens, Jacques foi a França para o funeral de um membro feminino da realeza francesa e levou consigo alguns cavaleiros. Logo foram capturados na madrugada de 13 de outubro por Guilherme de Nogaret, homem de confiança do rei Filipe IV.

Durante sete anos, Jacques de Molay e os cavaleiros aprisionados na masmorra sofreram torturas e viveram em condições subumanas. Enquanto isso, Filipe IV gerenciava as forças do papa Clemente V (1305–1314) para condenar os templários e suas riquezas e propriedades foram confiscadas e dadas a proteção do rei. Mesmo após três julgamentos Jacques manteve sua lealdade para com seus amigos e cavaleiros, recusando-se a revelar o local das riquezas da Ordem e denunciar seus companheiros.

Em 18 de março de 1314, Jacques de Molay foi levado à Corte Especial. Como evidências, a corte dependia de confissões forjadas, supostamente assinadas pelo grão-mestre. Desmentiu as confissões, sob as leis da época a pena por desmentir era a morte.

Foi julgado pelo Papa Clemente V, e assim como Jacques de Molay o cavaleiro Guido de Auvérnia desmentiu sua confissão e ambos foram condenados. Filipe IV ordenou que ambos fossem queimados naquele mesmo dia. Durante sua morte na fogueira intimou aos seus três algozes, a comparecer diante do tribunal de Deus, amaldiçoando os descendentes do então rei de França.

Grão-mestrado

Jacques de Molay assume o grão-mestrado da ordem em 1298, não se sabendo no entanto a data exata da sua eleição. Eleito em detrimento de outra figura de peso dentro da ordem, Hugo de Pairaud, sobrinho do visitador do templo em França.

O inicio do seu mestrado é marcado pela ação a favor de uma nova cruzada, desenvolvendo uma campanha diplomática na França, CatalunhaInglaterra, nos estados da península Itálica e nos Estados Pontifícios. Esta campanha visou não só resolver problemas internos da ordem, problemas locais, como disputas entre a ordem e bispos, e também pressionar as coroas e a igreja a uma nova cruzada.

Organizou a partir da ilha de Chipre ataques contra as costas egípcias e síria para enfraquecer os mamelucos, providenciando apoio logístico e armado ao Reino Arménio da Cilícia, e também intentou uma aliança com o Canato da Pérsia, sem resultados visíveis.

Outro assunto discutido durante o seu mestrado foi a fusão entre as duas maiores ordens militares, a dos Templários e a dos Hospitalários. A Ordem do Templo, com a perda de Acre,começava a ser questionada quanto à razão da sua existência. As suas funções de proteger os peregrinos e de defender a Terra Santa tinham cessado quando se retiraram para a ilha de Chipre. Em maio de 1307 em Poitiers, Jacques de Molay junto do papa Clemente V apresentou uma defesa contra a fusão e ela não se realiza.

A prisão e o processo

Jacques de Molay foi sentenciado à morte, em 1314, sendo queimado na Ilha da Cidade, em Paris

Dia 13 de outubro de 1307 no Reino da França, os templários foram presos em massa por ordem de Filipe IV, o rei de França. O grão-mestre Jacques de Molay é capturado em Paris. Imediatamente após a prisão, Guilherme de Nogaret proclama publicamente nos jardins do palácio real em Paris as acusações contra a ordem.

Esta manobra régia impedira o inquérito pontifício pedido pelo próprio grão-mestre, o qual interno à Igreja, discreto e desenvolvido com base no direito canônico, emendaria a ordem das suas faltas promovendo a sua reforma interna.

A prisão, as torturas, as confissões do grão-mestre (De Molay nunca confessou as acusações como menciona anteriormente), criam um conflito diplomático com a Santa Sé, sendo o papa o único com autoridade para efetuar esta ação. Depois de uma guerra diplomática face ao processo instaurado contra a ordem entre Filipe, o Belo e Clemente V, chegam a um impasse, pois estando o grão-mestre e o preceptor da Normandia, Godofredo de Charnay sob custódia dos agentes do rei, estão no entanto protegidos pela imunidade sancionada pelo papa e absolvidos não podendo ser considerados heréticos.

Placa assinalando o lugar da execução de Jacques de Molay, na Ilha da Cidade, em Paris: Neste local, Jacques de Molay, último Grão-Mestre da Ordem dos Templários, foi queimado, em 18 de março de 1314

Em 1314, o rei pressiona para uma decisão relativa à sorte dos prisioneiros. Já num estado terminal da sua doença, com violentas hemorragias internas que o impedem de sair do leito, Clemente V ordena que uma comissão de bispos trate da questão. As suas ordens seriam a salvação dos prisioneiros ficando estes num regime de prisão perpétua sob custódia apostólica e assegurando ao rei que a temida recuperação da ordem não será efetuada. Perante a comissão, Jacques de Molay e Godofredo de Charnay proclamam a inocência de toda a ordem face às acusações dirigidas a ela, a comissão para o processo e decide consultar a vontade do papa neste assunto.

Ao ver que o processo estava ficando fora do seu controle e estando a absolvição da ordem ainda pendente, Filipe IV, o Belo, decide um golpe de mão para que a questão templária fosse terminada. Ordena o rapto de Jacques de Molay e de Godofredo de Charnay, então sob a custódia da comissão de bispos, e ordena que sejam queimados numa fogueira na Ilha da Cidade, pouco depois das vésperas, em 18 de março de 1314.

Com isso Jacques de Molay passou a ser conhecido como um símbolo de lealdade e companheirismo, pois preferiu morrer a entregar seus companheiros ou faltar com seu juramento.

Teatro e cinema

No cinema o ator francês Gerard Depardieu interpretou De Molay no filme Os Reis Malditos (2005).

No teatro, o ator brasileiro John Vaz interpretou De Molay no espetáculo Jacques de Molay: O Fim da Ordem do Templo, em turnê pelo Brasil.

Ver também

  • Pont Neuf - Ponte em Paris onde se encontra o marco do local de sua execução

Referências

  1.  Demurger 2002, p. 189.
  2.  «Jacques de Molai». Consultado em 18 de março de 2014
  3.  «Biografia de Jacques DeMolay no site da Ordem DeMolay». Consultado em 18 de março de 2017

Bibliografia

Ligações externas

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