quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

JOSÉ AFONSO (ZECA AFONSO) - CANTOR E MÚSICO - MORREU EM 1987 - 23 DE FEVEREIRO DE 2022

 

José Afonso

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
José Afonso
Informação geral
Nome completoJosé Manuel Cerqueira Afonso dos Santos
Nascimento2 de agosto de 1929
Local de nascimentoAveiroPortugal Portugal
Morte23 de fevereiro de 1987 (57 anos)
Gênero(s)Música tradicionalMúsica de intervenção
Período em atividade1960 - 1987
Página oficialhttp://www.aja.pt/

José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos (Aveiro2 de agosto de 1929 — Setúbal23 de fevereiro de 1987), foi um cantor e compositor português. É também conhecido pelo diminutivo familiar de Zeca Afonso, apesar de nunca ter utilizado este nome artístico. É o autor de Grândola, Vila Morena que foi utilizada pelo Movimento das Forças Armadas para confirmar que a Revolução do 25 de Abril estava em marcha.

Biografia

Vida pessoal e formação

Azulejo em Coimbra: Nesta casa viveu o trovador da liberdade José Afonso, O Zeca.

José Afonso, que também ficou conhecido como Zeca Afonso, nasceu no dia 2 de Agosto de 1929, na freguesia da Glória no concelho de Aveiro. De uma família burguesa, era filho do juiz José Nepomuceno Afonso dos Santos, e da sua mulher, Maria das Dores Dantas Cerqueira, professora da instrução primária; ele beirão, natural do Fundão, ela minhota, de Ponte de Lima.[1][2][3][4]

Viveu em Aveiro até aos três anos, numa casa do Largo das Cinco Bicas, com a tia Gé e o tio Chico, bem como com seu irmão João Cerqueira Afonso dos Santos (1927), futuro advogado, pai de dois dos seus sobrinhos (João Namora Afonso dos Santos, médico, e Mário Namora Afonso dos Santos, arquitecto). [2] Precisamente, aos três anos de vida foi levado para Angola, onde o pai havia sido colocado como delegado do Procurador da República, em 1930, e onde nasceria, em Silva Porto, a sua irmã Maria Cerqueira Afonso dos Santos, mãe de seus sobrinhos, também músicos: João Afonso Lima e António Afonso Lima.[2][3]

A relação física com a natureza causou-lhe uma profunda ligação ao continente africano, que se reflectirá pela sua vida fora. As trovoadas, as florestas e os grandes rios atravessados em jangadas escondiam-lhe a realidade colonial.[5]

Em 1937 regressa a Aveiro, mas parte no mesmo ano para Moçambique, onde se reencontra com os pais e os irmãos em Lourenço Marques.[2][3]

No ano seguinte, volta para Portugal, indo viver em Belmonte, com o tio Filomeno, que ocupava o cargo de presidente da Câmara. Completa a instrução primária nesta localidade, vivendo em pesado ambiente salazarista, em casa do tio, sendo forçado a envergar o traje da Mocidade Portuguesa.[3][2][5]

Em 1939 os seus pais foram viver para Timor, onde seriam cativos dos ocupantes japoneses durante três anos, entre 1942 e 1945. Durante esse período, Zeca Afonso não teve notícias dos pais.[4]

Frequentou o Liceu Nacional D. João III e a Faculdade de Letras de Coimbra, e integrou o Orfeon Académico de Coimbra e a Tuna Académica da Universidade de Coimbra; já nesta altura, se revelou um intérprete especialmente dotado na canção de Coimbra, tendo assimilado o ambiente de mudança que, naquela altura, se estava a começar a manifestar naquela localidade. Em 1948 completa o Curso Geral dos Liceus, após dois chumbos.[4][2][3]

Conhece Maria Amália de Oliveira, uma costureira de origem humilde, com quem vem a casar em segredo, dada a oposição da família. Continua na vida associativa, fazendo viagens com o Orfeão Académico de Coimbra e com a Tuna Académica da Universidade de Coimbra, ao mesmo tempo que integra a equipa de futebol da Académica. Em 1949 inscreve-se no curso de Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Volta a Angola e Moçambique, integrado numa comitiva do Orfeon Académico de Coimbra.[4][3][6]

Carreira profissional, artística e política

Do início da carreira docente até à Década de 1960

Em Janeiro de 1953 nasce-lhe o primeiro filho, José Manuel. Para sustentar a sua família, Zeca Afonso dá explicações e faz revisão de textos no Diário de Coimbra. Pela mesma altura grava o seu primeiro disco, Fados de Coimbra. Tem grandes dificuldades económicas, como refere em carta enviada aos pais em Moçambique. Ainda antes de terminar o curso, é-lhe permitido leccionar no Ensino Técnico.[3][7]

Cumpriu, de 1953 a 1955, em Mafra e Coimbra, o Serviço Militar Obrigatório; pouco depois, começa a lecionar, passando, sucessivamente, por MangualdeAlcobaçaAljustrelLagos, e Faro.[3] Iniciou as suas funções como professor em Lagos no dia 29 de Outubro de 1957, na Escola Comercial e Industrial Vitorino Damásio.[8][2]

Em 1956 é colocado em Aljustrel e divorcia-se de Maria Amália. Em 1958 envia os filhos para Moçambique, que ficam ao cuidado dos avós. Entre 1958 e 1959 é professor de Francês e de História, na Escola Comercial e Industrial de Alcobaça.[4][3]

Apesar das exigências da sua profissão, não esqueceu as suas ligações a Coimbra, onde gravou o seu primeiro disco, em 1958[9] Foi influenciado pelas correntes de mudança que se faziam sentir naquela localidade, e pelo convívio com figuras como António Portugal, Flávio Rodrigues da SilvaManuel AlegreLouzâ Henriques, e Adriano Correia de Oliveira, que marcou especialmente a sua obra Coimbra[10]

Do período de intervenção social até à expulsão do ensino

Participa, frequentemente em festas populares e canta em colectividades, lançando, em 1960, o seu quarto disco, Balada do Outono. Em 1962 segue atentamente a crise académica de Lisboa, convive, em Faro, com Luiza Neto JorgeAntónio BarahonaAntónio Ramos Rosa. Começa a namorar com Zélia, natural da Fuzeta, com quem virá a casar.[11][4][3]

Segue-se uma nova digressão em Angola, com a Tuna Académica da Universidade de Coimbra, no mesmo ano em que vê editado o álbum Coimbra Orfeon of Portugal. Nesse disco José Afonso rompe com o acompanhamento das guitarras de Coimbra, fazendo-se acompanhar, nas canções Minha Mãe e Balada Aleixo, pelas violas de José Niza e Durval Moreirinhas (1937-2017).[11][12]

Segue-se um período de 6 anos, 1962 a 1968 em que Zeca inicia o seu período musicalmente mais rico, criando as primeiras músicas de intervenção. É nesse período que conhece o seu amigo e guitarrista Rui Pato, um jovem estudante de Medicina, com quem grava 49 temas e percorre todo o país em dezenas de espectáculos em colectividades operárias, associações de estudantes, cineclubes, por toda a parte onde era chamado para utilizar a sua canção como arma contra a ditadura salazarista. Durante esse período, sempre delegou o acompanhamento e os arranjos das suas músicas a Rui Pato.[4][13]

Em 1963 termina a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas, com uma tese sobre Jean-Paul Sartre, intitulada Implicações substancialistas na filosofia sartriana.[3]

No mesmo ano são editados os primeiros temas de carácter vincadamente político, Os Vampiros e Menino do Bairro Negro — o primeiro contra a opressão do capitalismo, o segundo, inspirado na miséria do Bairro do Barredo, no Porto — integravam o disco Baladas de Coimbra, que viria a ser proibido pela Censura.[14][6] Os Vampiros, juntamente com Trova do Vento que Passa (um poema de Manuel Alegre, musicado por António Portugal e cantado por Adriano Correia de Oliveira) viriam a tornar-se símbolos de resistência anti-Salazarista da época.[4][14]

Realiza digressões pela SuíçaAlemanha e Suécia, integrado num grupo de fados e guitarras, na companhia de Adriano Correia de OliveiraJosé Niza, Jorge Godinho, Durval Moreirinhas e ainda da fadista lisboeta Esmeralda Amoedo.[3]

Em Maio de 1964 José Afonso actua na Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, onde se inspira para fazer a canção Grândola, Vila Morena. A música viria a ser a senha do Movimento das Forças Armadas no golpe de 25 de Abril de 1974, permanecendo como uma das músicas mais significativas do período revolucionário. Ainda naquele ano são lançados os álbuns Cantares de José Afonso e Baladas e Canções.[9][7][4]

Ainda em 1964, José Afonso estabelece-se em Lourenço Marques, com Zélia, reencontrando os filhos do anterior casamento. Entre 1965 e 1967 é professor no Liceu Pêro de Anaia, na cidade da Beira, e em Lourenço Marques. Colabora com um grupo de teatro local, musicando uma peça de Bertolt BrechtA Excepção e a Regra. Manifesta-se contra o colonialismo, o que lhe causa problemas com a PIDE, a polícia política do Estado Novo. Em Moçambique nasce a sua filha Joana, em 1965.[3][9][15]

Residiu, entre 1964 e 1967, em Moçambique, acompanhado pelos dois filhos e pela sua companheira, Zélia, tendo ensinado na Beira, e em Lourenço Marques. Nesta altura, começa a sua carreira política, em defesa dos ideais de independência, o que lhe valeu a atenção dos agentes do governo colonial.[3][16]

Intervenção política até à Revolução de 25 de Abril

José Afonso (primeiro da esquerda) ao lado de Fausto Bordalo Dias, Sérgio Godinho, Vitorino e outros em 1979.

Quando regressa a Portugal, em 1967, é colocado como professor em Setúbal; no entanto, fica a leccionar pouco tempo, pois acaba por ser expulso do ensino oficial, depois de um período de doença. Para sobreviver, começa a dar explicações.[4] A partir desse ano, torna-se definitivamente um símbolo da resistência democrática. Mantém contactos com a Liga de Unidade e Acção Revolucionária e o Partido Comunista Português, ainda que se mantenha independente de partidos, é preso pela PIDE.[4][9]

Continua a cantar e participa no I Encontro da Chanson Portugaise de Combat, em Paris, em 1969.[17] Grava também Cantares do Andarilho, recebendo o prémio da Casa da Imprensa pelo Melhor Disco do Ano, e o prémio da Melhor Interpretação.[18] Para que o seu nome não seja censurado, Zeca Afonso passa a ser tratado nos jornais pelo anagrama Esoj Osnofa.[9][7][4]

Em 1971 edita Cantigas do Maio, no qual surge Grândola, Vila Morena, que acaba por interpretar pela primeira vez num concerto celebrado a 10 de Maio de 1972 na residência universitária Burgo das Nações, hoje Auditório da Galiza, em Santiago de Compostela. Zeca participa em vários festivais, sendo também publicado um livro sobre ele e lança o LP Eu vou ser como a toupeira.[19] Em 1973 canta no III Congresso da Oposição Democrática e grava o álbum Venham mais Cinco. Ao mesmo tempo, começa a dedicar-se ao canto, e apoia várias instituições populares, enquanto que continua a sua carreira política na Liga de Unidade e Acção Revolucionária.[3][9]

Entre Abril e Maio de 1973 esteve detido no Forte-prisão de Caxias pela PIDE/DGS.[3][15]

Período após a Revolução de 25 de Abril

Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, acentua a sua defesa da liberdade, tendo realizado várias sessões de apoio a diversos movimentos, em Portugal e no estrangeiro; retoma, igualmente, a sua função de professor. Continuou a cantar, gravando o LP Coro dos Tribunais, ao mesmo tempo que se envolve em numerosas sessões do Canto Livre Perseguido, bem como nas campanhas de alfabetização do MFA. A sua intervenção política não para, tornando-se um admirador do período do PREC. Em 1976 declara o seu apoio à campanha presidencial de Otelo Saraiva de Carvalho.[9][4]

Os seus últimos espectáculos terão lugar nos coliseus de Lisboa e do Porto, em 1983, numa fase avançada da sua doença (esclerose lateral amiotrófica). No final desse mesmo ano é-lhe atribuída a Ordem da Liberdade por Ramalho Eanes, mas o cantor recusa a distinção.[20][21][3]

Em 1985, é editado o seu último álbum de originais, Galinhas do Mato, no qual, devido ao estado da doença, Zeca não consegue interpretar todas as músicas previstas. O álbum acaba por ser completado por José Mário BrancoSérgio GodinhoJúlio PereiraNé LadeirasHelena VieiraFausto e Luís Represas, entre outros. [22] Em 1986 apoia a candidatura de Maria de Lourdes Pintasilgo a Presidente da República.[4]

José Afonso viveu os seus últimos anos de vida em Vila Nogueira de Azeitão, perto de Setúbal, com a sua companheira Zélia.[23]

Faleceu em 23 de fevereiro de 1987, no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, às três horas da madrugada, vítima de esclerose lateral amiotrófica. Os seus restos mortais descansam no cemitério setubalense de Nossa Senhora da Piedade.[24]

O seu funeral, em Setúbal, foi um evento massivo, onde saíram à rua perto de vinte mil pessoas para prestar tributo póstumo a essa grande figura da música portuguesa.[25][26]

Prémios e homenagens

Foi laureado pela Casa da Imprensa, como o melhor compositor e intérprete de música ligeira, nos anos de 19691970 e 1971.[17]

Foi, igualmente, homenageado pela Câmara Municipal de Lagos, que colocou o seu nome numa rua da freguesia de Santa Maria.[27]

Parque José Afonso em Santiago de Compostela

Outros municípios portugueses também o inscreveram na sua toponímia, nomeadamente: PortoAlcácer do SalAlcocheteGrândolaPinhal NovoSinesSanto Tirso e muitos outros.[28]

No município da Moita, o agrupamento escolar da freguesia de Alhos Vedros recebeu o seu nome.[29] Também em Loures o Agrupamento de Escolas nº 2 recebeu o seu nome em 2016.[30]

Em 2007, foi homenageado na IX Grande Noite do Fado Académico, na Casa da Música (Porto), numa organização do Grupo de Fados do ISEP e da Associação de Estudantes do ISEP (Instituto Superior de Engenharia do Porto).[31]

Em Abril do mesmo ano, foi organizada uma gala de homenagem ao cantor, intitulada "Sempre Abril Sempre", no Palácio de Congressos de Pontevedra, na Galiza, nação com a qual Zeca Afonso sempre manteve uma estreita ligação. Esta gala foi transmitida a 25 de Abril de 2007 pelas televisões públicas da Galiza (TVG) e de Portugal (RTP).[32][33]

Em 10 de maio de 2009 foi inaugurado um parque com o seu nome em frente ao Auditório da Galiza, em Santiago de Compostela, cidade onde em 1972 Zeca Afonso cantou pela primeira vez o tema "Grândola, Vila Morena" em público.[34]

Em 2011, pela primeira vez, uma Filarmónica dedicou totalmente um concerto de homenagem a José Afonso. A Filarmónica Idanhense, acompanhada por Janita Salomé, homenageou José Afonso com o concerto “Canções de Abril”. O concerto teve o apoio da AJA - Associação José Afonso, e nos anos seguintes apresentou-se em vários palcos do país.[35]

Legado

Oriundo do fado de Coimbra, foi uma figura central do movimento de renovação da música portuguesa que se desenvolveu na década de 1960 do século XX e se prolongou na década de 70, sendo dele originárias as famosas canções de intervenção, de conteúdo de esquerda, contra o Regime. Zeca Afonso ficou indelevelmente associado ao derrube do Estado Novo, regime de ditadura Salazarista vigente em Portugal entre 1933 e 1974, uma vez que uma das suas composições, "Grândola, Vila Morena", foi utilizada como senha pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), comandados pelos Capitães de Abril, que instaurou a democracia, em 25 de Abril de 1974.[36]

Em 1994 seria editado Filhos da Madrugada cantam José Afonso, um CD duplo em homenagem a Zeca Afonso. No final de Junho seguinte, muitas das bandas portuguesas que integraram o projecto, participaram num concerto que teve lugar no então Estádio José Alvalade.[37][38]

Em 24 de Abril de 1994 a CeDeCe estreia no Teatro São Luiz o bailado Dançar Zeca Afonso, com música de Zeca Afonso e coreografia de António Rodrigues, uma encomenda do Município, a propósito da Capital Europeia da Cultura.[39]

Muitas das suas canções continuam a ser gravadas por numerosos artistas portugueses e estrangeiros. Calcula-se que existam actualmente mais de 300 versões de canções suas gravadas por mais de uma centena de intérpretes, o que faz de Zeca Afonso um dos compositores portugueses mais divulgados a nível mundial.[40] O seu trabalho é reconhecido e apreciado pelo país inteiro e Zeca Afonso, com a sua incidência política que as suas canções ganharam, representa indiscutivelmente, uma parte muito importante da cultura poética portuguesa.[41][42]

Colaborou na revista Arte Opinião[43] (1978-1982).

Discografia

Ver artigo principal: Discografia de Zeca Afonso

Entre a sua discografia destacam-se:[44][45][46][47]

Álbuns de estúdio

Álbuns ao Vivo

Bibliografia activa

Escreveu:

  • 1969 - Cantares, editado pela Associação Académica Moçambique[62]
  • 1970 - Cantar de Novo - Poemas, editora Nova Realidade[63]
  • 1980 - Quadras Populares, edições Ulmeiro[64]
  • 1988 - Textos e Canções, editora Assírio & Alvim[65]

Bibliografia passiva (seleccionada)

Entre as obras que outros escreveram sobre ele encontram-se:[66]

  • 1994 - Catálogo da Exposição - Zeca Afonso: Poeta, Andarilho e Cantor, de AA. VV., Lisboa, editado pela Associação José Afonso, ISBN: 000000058630[70]
  • 1999 - José Afonso, Poeta, de Elfriede Engelmayer, edições Ulmeiro, ISBN: 9727062970[71]
  • 2000 - Zeca Afonso antes do mito, de António dos Santos e Silva, editora Minerva, ISBN: 9789728318888[72][73]
  • 2002 - José Afonso: Um olhar fraterno, de João Afonso dos Santos, Editorial Caminho, ISBN: 9789722114943[75]
  • 2007 - Menino d'ouro: vida de Zeca Afonso, de Gil Filipe, Guimarães, editado pelo Círculo de Arte e Recreio[76]
  • 2009 - Fotobiografias do Século XX: José Afonso, com textos de Irene Flunser Pimentel e direcção Joaquim Vieira, Círculo de Leitores, ISBN: 9789896441036 [77][78]
  • 2010 - José Afonso: Todas as Canções (partituras, letras e cifras), de AA. VV., Lisboa, editora Assírio & Alvim, ISBN 9789723715675[79]
  • 2014 - Carta a Zeca Afonso: e outros poemas para lembrar Abril, de José Jorge Letria, edições Colibri, ISBN: 9789896893934[80][81]
  • 2017 - Zeca Afonso: o que faz falta: uma memória plural, de José Jorge Letria, Lisboa, editora Guerra & Paz, ISBN: 9789897022531[82]

Artigos

  • 2008 - Representações do Espaço Africano na Moderna Canção Popular Portuguesa: O Caso José Afonso, de Alexandre Filipe Fiúza, Anuário Musical, São Paulo[83]
  • 2017 - Panegírico a José Afonso, de Delfim Cadenas, in Mapa: Jornal de Informação e Crítica[84]

Documentários

A sua vida e obra têm também servido de inspiração para a realização de documentários que procuram assim o homenagear, entre eles encontram-se:

Ver também

Referências

  1.  «Zeca Afonso». Consultado em 28 de agosto de 2012. Arquivado do original em 7 de agosto de 2013
  2. ↑ Ir para:a b c d e f g Infopédia. «José Afonso - Infopédia»Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 22 de julho de 2021
  3. ↑ Ir para:a b c d e f g h i j k l m n o p q «José Afonso – Meloteca – Sítio de Músicas e Artes». Consultado em 22 de julho de 2021
  4. ↑ Ir para:a b c d e f g h i j k l m n «O legado musical e intervencionista de Zeca Afonso | BUALA»www.buala.org. Consultado em 22 de julho de 2021
  5. ↑ Ir para:a b «José Afonso - A infância»alfarrabio.di.uminho.pt. Consultado em 23 de julho de 2021
  6. ↑ Ir para:a b «José Afonso - Coimbra e a lenda Coimbrã»alfarrabio.di.uminho.pt. Consultado em 23 de julho de 2021
  7. ↑ Ir para:a b c «Biografia de José Afonso revela documentos inéditos»www.dn.pt. Consultado em 22 de julho de 2021
  8.  Pires, Paulo. «Zeca, anda ver o sol chegar»PÚBLICO. Consultado em 22 de julho de 2021
  9. ↑ Ir para:a b c d e f g «José Afonso - O percurso do Cantor»alfarrabio.di.uminho.pt. Consultado em 22 de julho de 2021
  10.  Admin. «José Afonso»Associação José Afonso - Galiza. Consultado em 22 de julho de 2021
  11. ↑ Ir para:a b Rodrigues, José Paz (28 de agosto de 2019). «JOSÉ AFONSO, GALIZA ERA A SUA PÁTRIA ESPIRITUAL»Portal Galego da Língua - PGL.gal. Consultado em 22 de julho de 2021
  12.  «Morreu o músico Durval Moreirinhas»www.dn.pt. Consultado em 22 de julho de 2021
  13.  «Rui Pato, o guitarrista de Zeca Afonso, vai ser homenageado»www.sabado.pt. Consultado em 22 de julho de 2021
  14. ↑ Ir para:a b Viriato Teles«A discografia completa de Zeca Afonso». Associação José Afonso. Consultado em 9 de Março de 2010. Arquivado do original em 20 de abril de 2010
  15. ↑ Ir para:a b «biografia | AJA»AJA - Associação José Afonso (Portugal). Consultado em 22 de julho de 2021
  16.  «ZECA AFONSO EM LOURENÇO MARQUES, 1964-1967»THE DELAGOA BAY REVIEW. 17 de dezembro de 2011. Consultado em 22 de julho de 2021
  17. ↑ Ir para:a b «Casa da Imprensa»www.casadaimprensa.pt. Consultado em 23 de julho de 2021
  18.  «O homem que cantou a liberdade morreu há 30 anos»www.jn.pt. Consultado em 23 de julho de 2021
  19.  «30 anos sem Zeca Afonso. O cantor revolucionário que nunca quis ser comunista»Jornal SOL. Consultado em 22 de julho de 2021
  20.  Em 1994 o Presidente da República volta a propor a condecoração a título póstumo, mas Zélia recusa-a, alegando o facto do marido a não ter aceitado em vida e, como tal, não seria depois de morto que a iria receber.
  21.  «SPA sobre Zeca Afonso: quer queiras ou não, irás para o Panteão Nacional»Luxemburger Wort - Edição em Português. 24 de agosto de 2018. Consultado em 22 de julho de 2021
  22.  «Galinhas do mato (colaboração) | Arquivo José Mário Branco»arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt. Consultado em 22 de julho de 2021
  23.  «A arte do desassossego»Viriato Teles. Consultado em 22 de julho de 2021
  24.  «Atitude mais digna em relação a José Afonso é ″deixá-lo onde está″»www.dn.pt. Consultado em 25 de julho de 2021
  25.  «Funeral de Zeca Afonso»Arquivos - RTP. Consultado em 22 de julho de 2021
  26.  «A última homenagem a Zeca Afonso»www.dn.pt. Consultado em 22 de julho de 2021
  27.  «Código Postal»Código Postal. Consultado em 25 de julho de 2021
  28.  «Código Postal»Código Postal. Consultado em 25 de julho de 2021
  29.  «Agrupamento de Escolas José Afonso»www.aejoseafonso.pt. Consultado em 25 de julho de 2021
  30.  «Agrupamento de Escolas José Afonso, Loures»
  31.  «IX Grande Noite do Fado Académico - Homenagem a Zeca Afonso (2007)» (em inglês). Consultado em 23 de julho de 2021
  32.  Portugal, Rádio e Televisão de. «Sempre Abril - Musicais - RTP»www.rtp.pt. Consultado em 23 de julho de 2021
  33.  «'Gala Homenaxe' a Zeca uniu Galiza a Portugal»www.dn.pt. Consultado em 23 de julho de 2021
  34.  «BLITZ – José Afonso dá nome a parque de lazer na Galiza». Consultado em 1 de agosto de 2016
  35.  «Tributo a José Afonso pela Filarmónica Idanhense | AJA». Consultado em 23 de julho de 2021
  36.  «Grândola, a canção de José Afonso que serviu de sinal»Grândola, a canção de José Afonso que serviu de sinal. Consultado em 23 de julho de 2021
  37.  Filhos da Madrugada - Cantam José Afonso Arquivado em 21 de outubro de 2008, no Wayback Machine. - Instituto de Camões
  38.  «Fonoteca Municipal - Catálogo - Detalhe do Registo»fonoteca.cm-lisboa.pt. Consultado em 25 de julho de 2021
  39.  «Homenagem a Zeca Afonso». Consultado em 23 de julho de 2021
  40.  Viriato Teles, in As Voltas de um Andarilho
  41.  Verso dos versos na Associação José Afonso
  42.  Portugal, Rádio e Televisão de. «Investigador aponta José Afonso como figura universal da música popular a par de Dylan»Investigador aponta José Afonso como figura universal da música popular a par de Dylan. Consultado em 23 de julho de 2021
  43.  Rita Correia (16 de maio de 2019). «Ficha histórica:Arte Opinião (1978-1982)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 22 de Maio de 2019
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Ligações externas

SÃO POLICARPO - 23 DE FEVEREIRO DE 2022

 

Policarpo de Esmirna

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Policarpo (desambiguação).
São Policarpo de Esmirna
Vitral de São Policarpo na Église Saint-Pothin, em LyonFrança.
Bispo de EsmirnaMártirPadre Apostólico
Nascimento 
ca. 69
MorteEsmirna 
ca. 155 (86 anos)
Veneração porToda a Cristandade
Festa litúrgica23 de fevereiro (antigamente, 26 de janeiro)
AtribuiçõesVestindo um pálio, segurando um livro representando a Carta aos Filipenses
PadroeiroContra dor de ouvido e disenteria
Gloriole.svg Portal dos Santos

Policarpo de Esmirna (/pɒlikɑːrp/; grego: Πολύκαρπος, PolýkarposLatimPolycarpus; n. 69 - m. 155) foi um bispo da igreja de Esmirna do século II.[1] De acordo com a obra "Martírio de Policarpo", ele foi apunhalado quando estava amarrado numa estaca para ser queimado-vivo e as chamas milagrosamente não o tocavam.[2] Ele é considerado por isso um mártir e um santo por diversas denominações cristãs.

Policarpo havia sido discípulo do apóstolo João, fato atestado pelo Bispo Ireneu de Lyon,[3] que ouviu-o discursar quando jovem, e por Tertuliano.[4]

A tradição primitiva que foi expandida pelo "Martírio...", ligando Policarpo em contraste com o apóstolo João que, apesar de muitas tentativas de assassinato, não foi martirizado e teria morrido de velhice após ser exilado para a ilha de Patmos, se baseia nos chamados "Fragmentos de Harris", papiros fragmentários em copta datados entre os séculos III e VI.[5] Frederick Weidmann, o editor dos fragmentos, interpreta-os como sendo parte de uma hagiografia esmirniota num contexto de rivalidade entre as igrejas de Esmirna e Éfeso, que "desenvolve a associação de Policarpo a João num nível desconhecido - até onde sabemos - até a época ou depois.".[6] Os fragmentos contudo ecoam o "Martírio..." e também divergem dele.

Com o Papa Clemente de Roma e Bispo Inácio de Antioquia, Policarpo é considerado um dos três principais Padres Apostólicos. A única obra sobrevivente atribuída a ele é a Epístola de Policarpo aos Filipenses, relatada pela primeira vez por Ireneu.

Vida

Há duas fontes principais para informações sobre a vida de Policarpo: o "Martírio de Policarpo", uma carta aos esmirniotas recontando seu martírio, e as passagens na Adversus Haereses de Ireneu de Lyon. Outras fontes são as Epístolas de Inácio, entre elas uma para Policarpo e outra para os esmirniotas, e a própria epístola aos filipenses. A chamada "Vida de Policarpo", os trechos em TertulianoEusébio de Cesareia e em Jerônimo são consideradas não históricas (primeiro caso) ou baseadas em material prévio (demais). Em 1999, alguns fragmentos coptas dos séculos III a VI sobre Policarpo foram publicados sob o nome de "Fragmentos de Harris".[7]

Pápias

De acordo com Ireneu, Policarpo era companheiro de Papias de Hierápolis,[8] outro que "ouviu João", nas palavras de Ireneu ao interpretar o testemunho de Pápias, e um correspondente de Inácio de Antioquia. Este endereçou-lhe uma carta e o menciona em suas próprias correspondências com os efésios e com os magnésios.

Ireneu considerava a memória de Policarpo como sendo uma ligação direta com o passado apostólico. Ele relata quando e como ele se tornara cristão e, em sua epístola a Florinus, afirmou ter visto e ouvido Policarpo pessoalmente na Ásia Menor. Ele relata, principalmente, ter ouvido o relato da discussão de Policarpo com "João, o Presbítero" e com outros que haviam visto Jesus. Ireneu também reporta que Policarpo se convertera pelas mãos dos apóstolos e por eles foi consagrado bispo (segundo Jerônimo, por João[9]). Diversas vezes ele enfatiza a idade avançada de Policarpo.

Visita a Aniceto

De acordo com Ireneu, durante o papado de seu conterrâneo sírioAniceto, nas décadas de 150 ou 160, Policarpo visitou Roma para discutir as diferenças que existiam entre as práticas asiáticas e romanas "com relação a certas coisas" e especialmente sobre a data da Páscoa. Ireneu afirma que sobre "certas coisas" os dois bispos rapidamente chegaram num acordo, enquanto que sobre a Páscoa, cada um continuou aderindo às suas próprias tradições, sem contudo quebrar com a comunhão entre as igrejas. Policarpo seguia a prática oriental de celebrar a Páscoa no 14 de Nisan, o dia da Pessach judaica, sem se preocupar em qual dia da semana ele caía, enquanto que em Roma a Páscoa era celebrada sempre aos domingos (vide quartodecimanismo). Aniceto - as fontes romanas concedem este ponto como sendo uma honraria especial - permitiu que Policarpo celebrasse a Eucaristia em sua própria igreja.[1]

Ainda estando em Roma, Policarpo conheceu alguns hereges gnósticos valentianos (inclusive Valentim), e encontrou-se com Marcião, a quem Policarpo chamava de "primogênito de Satanás".[9]

Martírio

O "Martírio..." relata que Policarpo, no dia de sua morte, disse "Por oitenta e seis anos, eu O servi", o que poderia indicar que ele teria então esta idade[10] ou que ele teria vivido este tempo após ter se convertido.[2] Ele prossegue dizendo "Como então posso ter blasfemado contra meu Rei e Salvador? Prossigais com tua vontade." Policarpo foi então queimado vivo[9] na estaca por se recusar a acender incenso para o imperador romano.[11] A data da morte é disputada. Eusébio a coloca no reinado de Marco Aurélio (c. 166 - 167), porém, uma adição pós-Eusébio ao "Martírio" coloca a morte num sábado, 23 de fevereiro, durante o proconsulado de Statius Quadratus (ca. 155-156). Estas datas mais antigas casam melhor com a tradição de sua associação com Inácio de Antioquia e com o apóstolo João. Lightfoot defendia a data mais antiga enquanto que Killen discordava ferozmente.

Grande Sabbath

O "Martírio de Policarpo", que é uma carta aos esmirniotas, afirma que Policarpo foi preso "no dia do Sabbath" e morto no dia do "Grande Sabbath", alguns acreditam que isto seria uma evidência de que os fiéis de Esmirna sob Policarpo observavam a guarda do Sabbath de sete dias. Por outro lado, isto é vigorosamente desmentido por testemunhos anteriores, como Inácio de Antioquia, bispo e mártir anterior a Policarpo, o qual condenava com veemência a observação de quaisquer costumes judaizantes, tais como a observância de luas e sábados:

“Aqueles que viviam segundo a ordem antiga das coisas voltaram-se para a nova esperança, não mais observando o Sábado, mas sim o dia do Senhor, no qual a nossa vida foi abençoada, por Ele e por sua morte” (Carta aos Magnésios. 9,1).

William Cave escreveu "...o Sabbath ou 'Sábado' (pois a palavra 'sabbatum é constantemente utilizada nas obras dos padres da Igreja quando citam o Sabbath em sua forma cristã) era guardado por eles em grande estima e, especialmente no oriente, honrado com todas as solenidades religiosas públicas.".[12]. Como já explanado, tal interpretação não procede. De fato, outro testemunho fidedigno e antigo encontra-se na Epístola do Pseudo-Barnabé, (cerca de 74 d.C.) um dos documentos mais antigos da Igreja, anterior ao Apocalipse, o qual diz, sem titubeios:

“Guardamos o oitavo dia (o domingo) com alegria, o dia em que Jesus levantou-se dos mortos” (Barnabé 15:6-8).

Outros consideram que a expressão "Grande Sabbath" faz referência à Pessach ou a outro feriado anual Se for este o caso, então o martírio deve ter ocorrido entre um ou dois meses após pois a data de 23 de fevereiro, pois o 14 de Nisan (a data que Policarpo considerava como sendo a Páscoa) não pode ocorrer antes do final de março (por sua dependência do equinócio vernal). Outros feriados chamados de "Grande Sabbath" (se a frase de fato faz referência ao que normalmente se considera como sendo um feriado judaico, que eram observados por muitos dos primeiros cristãos) ocorrem na primavera, no final do verão ou no outono. Nunca no inverno (todas as estações se referem ao hemisfério norte).

Entretanto, tal interpretação encontra-se sujeita a fortes questionamentos, pois é sabido que os cristãos já tinham rompido com o Judaísmo desde, pelo menos, por volta de 90 d.C., com o Concílio de Jâmnia, no qual os judeus expulsaram os últimos seguidores de Cristo de origem judaica das sinagogas, tomando-os como hereges. Assim, é muito pouco provável que os cristãos observassem quaisquer costumes judaicos, à exceção daqueles na Ásia Menor, os quais somente guardaram a Páscoa como sendo em 14 de nisã, por consideração e costume oriundo do Apóstolo João. De qualquer forma, já no fim do século II d.C. e início do século III d.C., todos os cristãos observavam a data da Páscoa como sendo o domingo correspondente à primeira lua cheia da Primavera no Hemisfério Norte, não mais em 14 de nisã.

O "Grande Sabbath" pode ter sido aludido em João 7:37 ("No último, no grande dia da festa..."), que seria um feriado anual que se seguia imediatamente à Festa dos Tabernáculos. É duvidoso, porém, se esta referência bíblica alude a uma prática comum ou a um evento específico.

Obras

A única obra sobrevivente atribuída a Policarpo é a Epístola de Policarpo aos Filipenses enviada em 110,[9] um mosaico de referências às Escrituras em grego, preservada no relato de Ireneu sobre a vida do bispo de Esmirna. Ela, um trecho do "Martírio" que tem a forma de uma carta circular da Igreja de Esmirna para as demais igrejas da província do Ponto, é parte de uma coleção de escritos dos Padres Apostólicos. Juntamente com os Atos dos Apóstolos, que contém o relato do martírio de Santo Estevão, o "Martírio de Policarpo" é considerado como sendo uma dos mais antigos[1] relatos genuínos de martírios cristãos e um dos poucos relatos sobreviventes compostos na época das perseguições.

Importância

Policarpo ocupa um lugar importante na história do cristianismo primitivo.[7] Ele é contado entre os primeiros cristãos cuja alguma obra sobreviveu. É provável que ele tenha conhecido o apóstolo João, um dos doze apóstolos.[9] Ele era também o ancião de uma importante congregação que teve importante papel na consolidação da Igreja Cristã. Ele é também de uma época cuja ortodoxia é geralmente aceita pelas igrejas ortodoxascatólicas orientais, por grupos adventistasprotestantes (tradicionais, não reformados) e católicos. De acordo com David Trobisch, Policarpo pode ter sido um dos que compilaram, editaram e publicaram o que seria chamado de "Novo Testamento".[13] Todos estes fatos aumentam muito o interesse sobre sua obra.

Ireneu escreveu o seguinte sobre ele[14]"Um homem que era de estatura muito maior e uma testemunha mais firme da verdade do que ValentimMarcião e o resto dos heréticos [gnósticos]". Policarpo viveu no período seguinte à morte dos apóstolos, quando uma grande variedade de interpretações sobre o que Jesus havia dito e feito estava sendo pregada. Seu papel foi de autenticar o que seria considerado "ortodoxo" através de sua famosa relação com o apóstolo João: "um grande valor era atribuído ao testemunho que Policarpo poderia dar como sendo a genuína tradição da antiga doutrina apostólica", comentou Henry Wace,[2] "seu testemunho condenando como novidades ofensivas a ficção dos professores heréticos".

Ver também

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c Este artigo incorpora texto (em inglês) da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), publicação em domínio público.
  2. ↑ Ir para:a b c Wikisource-logo.svg Este artigo incorpora texto do verbete Polycarpus, bishop of Smyrna no "Dicionário de Biografias Cristãs e Literatura do final do século VI, com o relato das principais seitas e heresias" (em inglês) por Henry Wace (1911), uma publicação agora em domínio público.
  3.  Ireneu. «3». Adversus Haereses. A refutation of the heretics, from the fact that, in the various Churches, a perpetual succession of bishops was kept up. (em inglês). III. [S.l.: s.n.] - Policarpo não cita o Evangelho de João em sua epístola sobrevivente, o que pode ser uma indicação de qualquer que seja o João que ele conheceu, não era ele o autor deste evangelho ou de que o evangelho não estava ainda finalizado quando Policarpo era discípulo. Weidmann sugere (vide Weidmann, Frederick W. (1999). Polycarp and John: The Harris Fragments and Their Challenge to the Literary Tradition (em inglês). [S.l.]: University of Notre Dame Press. p. 132) que os "Fragmentos de Harris" podem refletir tradições muito antigas: "o material bruto para uma narrativa sobre João e Policarpo pode ter sido composto antes de Ireneu; a codificação do significado de uma linha sucessória direta do apóstolo João através de Policarpo pode, discutivelmente, ser ligado diretamente a Ireneu".
  4.  Tertuliano. «32.2». Prescrição contra heréticos. None of the Heretics Claim Succession from the Apostles. New Churches Still Apostolic, Because Their Faith is that Which the Apostles Taught and Handed Down. The Heretics Challenged to Show Any Apostolic Credentials. (em inglês). I. [S.l.: s.n.]
  5.  Datação de acordo com Weidmann, Frederick W. (1999). Polycarp and John: The Harris Fragments and Their Challenge to the Literary Tradition (em inglês). [S.l.]: University of Notre Dame Press.
  6.  Weidmann, Frederick W. (1999). Polycarp and John: The Harris Fragments and Their Challenge to the Literary Tradition (em inglês). [S.l.]: University of Notre Dame Press. p. 133
  7. ↑ Ir para:a b Hartog, Paul (2002). Polycarp and the New Testament. [S.l.: s.n.] p. 17. ISBN 978-3-16-147419-4
  8.  Ireneu. «33.4». Adversus Haereses. The blessing pronounced by Jacob had pointed out this already, as Papias and the elders have interpreted it (em inglês). V. [S.l.: s.n.]
  9. ↑ Ir para:a b c d e Wikisource-logo.svg "De Viris Illustribus - Polycarp the bishop", em inglês.
  10.  Staniforth, Maxwell (1987). Early Christian Writings (em inglês). London: Penguin Books. p. 115
  11.  «Polycarp» (em inglês). Polycarp.net. Consultado em 25 de novembro de 2012
  12.  Cave, William (1840). H. Cary, ed. Primitive Christianity: or the Religion of the Ancient Christians in the First Ages of the Gospel (em inglês). London: Oxford. pp. 84–85
  13.  David Trobisch (2007–2008). «Who Published the New Testament?» (PDF)Free Inquiry (em inglês). 1 (28): 30-33. Consultado em 25 de novembro de 2012
  14.  Ireneu. «3.4». Adversus Haereses. A refutation of the heretics, from the fact that, in the various Churches, a perpetual succession of bishops was kept up. (em inglês). III. [S.l.: s.n.]

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