sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

TEÓFILO BRAGA - ESCRITOR, E POLÍTICO - MORREU EM 1924 - 28 DE JANEIRO DE 2022

 

Teófilo Braga

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Teófilo Braga
2.º Presidente da República Portuguesa
Período29 de maio de 1915
a 5 de outubro de 1915
Antecessor(a)Manuel de Arriaga
Sucessor(a)Bernardino Machado
Presidente do Governo Provisório de Portugal
Período5 de outubro de 1910
a 3 de setembro de 1911 (até 24 de agosto de 1911 como chefe de Estado)
Antecessor(a)D. Manuel II
(Monarca; como chefe de Estado)

António Teixeira de Sousa
(Presidente do Conselho de Ministros; como chefe de governo)
Sucessor(a)Manuel de Arriaga
(Presidente da República; como chefe de Estado)

João Chagas
(Presidente do Ministério; como chefe de governo)
Dados pessoais
Nome completoJoaquim Teófilo Fernandes Braga
Nascimento24 de fevereiro de 1843
Ponta DelgadaAçoresReino de Portugal
Morte28 de janeiro de 1924 (80 anos)
Lisboa
Primeira-damaMaria do Carmo Xavier Braga
PartidoPartido Republicano Português (Partido Democrático)
ProfissãoPolíticoescritorfilólogopoetasociólogo e ensaísta.
AssinaturaAssinatura de Teófilo Braga
Los Sucesos, periódico ilustrado (Madrid)

Joaquim Teófilo Fernandes Braga (Ponta Delgada24 de Fevereiro de 1843 — Lisboa28 de Janeiro de 1924), que assinava Theophilo Braga, foi um poetafilólogosociólogopolíticofilósofo e ensaísta português. Estreia-se na literatura em 1859 com Folhas Verdes. Bacharel, Licenciado e Doutor em Direito pela Universidade de Coimbra, fixa-se em Lisboa em 1872, onde lecciona literatura no Curso Superior de Letras (actual Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa).[1] Da sua carreira literária contam-se obras de história literária, etnografia (com especial destaque para as suas recolhas de contos e canções tradicionais), poesia, ficção e filosofia, tendo sido ele o introdutor do Positivismo em Portugal. Depois de ter presidido ao Governo Provisório da República Portuguesa, a sua carreira política terminou após exercer fugazmente o cargo de Presidente da República, em substituição de Manuel de Arriaga, entre 29 de Maio e 5 de Outubro de 1915.

Biografia

Joaquim Teófilo Fernandes Braga nasceu na cidade de Ponta Delgada, ilha de São Miguel, nos Açores,[1] filho de Joaquim Manuel Fernandes Braga, oriundo de Braga, engenheiro militar e oficial do exército miguelista e posteriormente professor de Matemática e Filosofia no Liceu de Ponta Delgada, e de Maria José da Câmara Albuquerque, natural da ilha de Santa Maria. Os pais estavam ligados a famílias da aristocracia.[2] O pai fazia parte da expedição miguelista enviada para os Açores no início da Guerra Civil Portuguesa, tendo sido feito prisioneiro na tomada da ilha de São Miguel pelas forças liberais e desterrado para a ilha de Santa Maria, onde conheceu a futura esposa, originária da melhor aristocracia daquela ilha.[3]

Foi o último dos sete filhos do primeiro casamento de seu pai, dos quais cinco faleceram na infância. A mãe também faleceu precocemente a 17 de Novembro de 1846, quando Teófilo tinha apenas 3 anos de idade. A sua morte, e a má relação que teria com a madrasta, com quem seu pai casou dois anos depois, marcaram decisivamente o seu temperamento fechado e agreste.[4]

Iniciou muito cedo a actividade profissional, empregando-se na tipografia do jornal A Ilha, de Ponta Delgada, no qual também colaborou como redactor. Nesse período colaborou com outros periódicos da ilha de São Miguel, entre os quais os jornais O Meteoro e O Santelmo.[5]

Frequentou o Liceu de Ponta Delgada e em 1861 partiu para Coimbra, cidade em cujo Liceu concluiu o ensino secundário. Apesar de ter saído de Ponta Delgada com a intenção de cursar Teologia e enveredar por uma carreira eclesiástica, em 1862 optou pela matrícula no curso de Direito da Universidade de Coimbra.

Enquanto estudante em Coimbra, face a uma ajuda paterna insuficiente, trabalhou como tradutor e recorreu a explicações e à publicação de artigos e poemas para financiar os seus estudos. Fortemente influenciado pelas teses sociológicas e políticas do positivismo, cedo aderiu aos ideais republicanos.

Aluno brilhante, quando em 1867 terminou o curso foi convidado pela Faculdade de Direito a doutorar-se, o que fez defendendo em 26 de Julho de 1868 uma tese intitulada História do Direito Português: I: Os Forais.[6] Contudo, a sua pública adesão aos ideais republicanos levaram a que fosse preterido quando em 1868 concorreu para professor da cadeira de Direito Comercial na Academia Politécnica do Porto. O mesmo sucedeu em 1871 quando concorreu para o cargo de lente da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.[1]

Fixou-se então em Lisboa, iniciando a sua actividade como advogado e, nesse mesmo ano de 1868, casou com Maria do Carmo Xavier, de quem teve três filhos. A esposa faleceu em 1911 e os filhos, muito jovens, ainda antes desta data, sendo pois já viúvo e sem filhos quando ascendeu ao cargo de Presidente da República.

A 18 de Maio de 1871 foi um dos doze signatários[7] do programa das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, interrompidas por uma portaria do também açoriano António José de Ávila, ao tempo presidente do Governo.

Em 1872, concorreu a lente da cadeira de Literaturas Modernas do Curso Superior de Letras, sendo provido no lugar na sequência de um concurso onde teve como opositores Manuel Pinheiro Chagas e Luciano Cordeiro.

No Curso Superior de Letras dedica-se ao estudo da literatura europeia, com destaque para os autores franceses, e iniciou uma carreira académica que o levou a publicar uma extensa obra filosófica fortemente influenciada pelo positivismo de Auguste Comte. Essa influência positivista foi decisiva no seu pensamento, na sua obra literária e na sua atitude política, fazendo dele um dos mais destacados membros da geração doutrinária do republicanismo português.

Em 1878 fundou e passou a dirigir com Júlio de Matos a revista O Positivismo. Nesse mesmo ano iniciou a sua acção na política activa portuguesa concorrendo a deputado às Cortes da Monarquia Constitucional Portuguesa integrado nas listas dos republicanos federalistas. A partir desse ano exerceu vários cargos de destaque nas estruturas do Partido Republicano Português.[1]

Teófilo Braga em 1882.

Em 1880 passou a colaborar com a revista Era Nova (1880-1881),[8] da qual foi diretor. Nesse mesmo ano, com Ramalho Ortigão, organizou as comemorações do Tricentenário de Camões, momento alto da articulação do Partido Republicano, de onde sai com grande prestígio. As comemorações camonianas foram encaradas por Teófilo Braga como uma aplicação do projecto positivista de substituir o culto a Deus e aos santos pelo culto aos grandes homens.[9]

A partir de 1884 passa a dirigir a Revista de Estudos Livres[10] (1883-1886), em parceria com Teixeira Bastos, um seu antigo aluno no Curso Superior de Letras que se revelaria como um dos principais divulgadores do positivismo em Portugal.

Colaborou ainda no jornal humorístico A comedia portugueza (1888-1902),[11] começado a editar em 1888 e em diversas publicações periódicas, nomeadamente na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil[12] (1859-1865), no semanário portuense A Esperança[13] (1865-1866), nas revistas: Renascença[14] (1878-1879?), A Arte Musical [15] (1898-1915)Arte e vida (1904-1906),[16] Livre Exame[17] (1885-1886), Atlantida (1915-1920),[18] Brasil-Portugal (1899-1914),[19] Contemporânea (1899-1914),[20] Galeria republicana [21] (1882-1883), Illustração Portugueza (iniciada em 1903),[22] Luz e Vida[23] (1905), O Pantheon(1880-1881),[24] A semana de Lisboa (1893-1895),[25] e O Académico (1878).[26]

Em 1890 foi pela primeira vez eleito membro do directório do Partido Republicano Português (PRP). Nessa condição, a 11 de Janeiro de 1891 foi um dos subscritores do Manifesto e Programa do PRP, em cuja elaboração colaborara. Este manifesto, e a sua apresentação pública, precederam em três semanas a Revolta de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, à qual Teófilo Braga, como aliás a maioria dos republicanos lisboetas, se opôs.

Em 1 de Janeiro de 1910 torna-se membro efectivo do directório político, conjuntamente com Basílio TelesEusébio LeãoJosé Cupertino Ribeiro e José Relvas.

A 28 de Agosto de 1910 é eleito deputado republicano por Lisboa às Cortes monárquicas, não chegando contudo a tomar posse por entretanto ocorrer a implantação da República Portuguesa.

Por decreto publicado no Diário do Governo de 6 de Outubro do mesmo ano é nomeado presidente do Governo Provisório da República Portuguesa saído da Revolução de 5 de Outubro de 1910. Naquelas funções foi de facto chefe de Estado, já que o primeiro Presidente da República Portuguesa, Manuel de Arriaga, apenas foi eleito a 24 de Agosto de 1911. Por estas datas foi capa do jornal castelhano Los Sucesos, periodico ilustrado.[27]

Wikisource
Wikisource contém fontes primárias relacionadas com discurso de tomada de posse do Presidente Teófilo Braga (1915)

Quando Manuel de Arriaga foi obrigado a resignar do cargo de presidente da República, na sequência da Revolta de 14 de Maio de 1915, Teófilo Braga foi eleito para o substituir pelo Congresso da República, a 29 de Maio de 1915, com 98 votos a favor, contra um voto de Duarte Leite e três votos em branco.[5] Sendo um presidente de transição, face à demissão de Manuel de Arriaga, cumpriu o mandato até ao dia 5 de Outubro do mesmo ano, sendo então substituído por Bernardino Machado. Foi a sua última participação na vida política activa.

A homenagem a Teófilo Braga, o cortejo Rua Alexandre Herculano
Téofilo Braga em 1915.

O seu mandato presidencial decorreu em condições difíceis, já que João Chagas que havia sido escolhido pela Junta Constitucional para presidir ao governo não pôde tomar posse do cargo, porque na noite de 16 para 17 de Maio foi vítima de um atentado, protagonizado pelo senador evolucionista João José de Freitas, que o alvejou e obrigou a permanecer internado no Hospital de São José. Embora confirmado no cargo a 17 de Maio, logo de seguida foi chamado José Ribeiro de Castro, que em 18 de Junho de 1915 foi empossado num novo governo,[1] o 11.º Constitucional, que se manteria no poder até 29 de Novembro do mesmo ano, cessando funções apenas depois de ter terminado o mandato de Teófilo Braga. Mesmo enquanto presidente da República, recusava honras e ostentações e andava proletariamente de eléctrico, com o guarda-chuva no braço ou de bengala já sem ponteia. O exercício da presidência não estaria muito na sua maneira de ser.

Já viúvo aquando da sua eleição, após o mandato, Teófilo Braga, que desde que enviuvara passara a ser um misógino enfiado na sua biblioteca, isolou-se, dedicando-se quase em exclusivo à escrita. Faleceu só, no seu gabinete de trabalho, a 28 de Janeiro de 1924.[5]

Obtém honras de Panteão em 1966, aquando da inauguração do dito templo. Os seus restos mortais, bem como o de outros ilustres portugueses foram solenemente trasladados para a Igreja de Santa Engrácia (Lisboa) no dia 5 de Dezembro desse mesmo ano. Antes disso, o seu corpo encontrava-se na Sala do Capítulo do Mosteiro dos Jerónimos.

Foi impressa uma nota de 1.000$00 Chapa 12 de Portugal com a sua imagem.[28]

Obras

A vasta obra de polígrafo de Teófilo Braga cobre áreas vastas, da poesia e da ficção à filosofia, à história da cultura e à historiografia crítico-literária,[6] e excede os 360 títulos, não contando com os artigos dispersos pela imprensa da época. Abrange temas tão diversos como o da História Universal, História do Direito, da Universidade de Coimbra, do teatro português e da influência de Gil Vicente naquela forma de manifestação artística, da Literatura Portuguesa, das novelas portuguesas de cavalaria e do romantismo e das ideias republicanas em Portugal. Também inclui artigos de polémica literária e política e ensaios biográficos, como o referente a Filinto Elísio.[5]

Como investigador das origens dos povos, seguiu a linha da análise dos elementos tradicionais desde os mitos, passando pelos costumes e terminando nos contos de tradição oral, que lhe permitiram escrever obras como Os Contos Tradicionais do Povo Português (1883), O Povo Português nos seus Costumes, Crenças e Tradições (1885) e História da Poesia Portuguesa, obra em que levou anos a trabalhar, procurando as suas origens nas várias épocas e escolas.[5]

Poesia
Ficção
Cancioneiro portuguez da Vaticana, 1878.
Ensaio
  • As Teocracia Literárias -­ Relance sobre o Estado Actual da Literatura Portuguesa (1865) (eBook)
  • História da Poesia Moderna em Portugal (1869)
  • História da Literatura Portuguesa [Introdução] (1870)
  • História do Teatro Português (1870 - 1871) - em 4 volumes
  • Teoria da História da Literatura Portuguesa (1872)
  • Manual da História da Literatura Portuguesa (1875)
  • Bocage, sua Vida e Época (1877)
  • Parnaso Português Moderno (1877)
  • Traços gerais da Filosofia Positiva (1877)
  • História do Romantismo em Portugal (1880)
  • Sistema de Sociologia (1884)
  • Camões e o Sentimento Nacional (1891)
  • As Lendas Christãs (1892)
  • História da Universidade de Coimbra (1891 - 1902) - em 4 volumes
  • História da Literatura Portuguesa (1909 - 1918) - em 4 volumes
Antologias e recolhas

Ver também

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d e «Teófilo Braga»Porto Editora. Infopédia. Consultado em 26 de janeiro de 2013
  2.  O pai presumivelmente descenderia de D. João V de Portugal por via de um dos Meninos da Palhavã.
  3.  Francisco Maria SupicoA Mocidade do Teófilo Braga. Lisboa: 1920.
  4.  José Bruno CarreiroVida de Teófilo Braga. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1955.
  5. ↑ Ir para:a b c d e «Teófilo Braga». Página oficial da Presidência da República Portuguesa. Consultado em 23 de abril de 2014
  6. ↑ Ir para:a b «Braga, Teófilo»Enciclopédia Açoriana. Consultado em 23 de abril de 2014Cópia arquivada em 23 de abril de 2014.
  7.  Foram eles doze jovens intelectuais: Manuel de Arriaga, Adolfo Coelho, Antero de Quental, Augusto Soromenho, Augusto Fuschini, Eça de Queirós, Germano Vieira de Meireles, Guilherme de Azevedo, Jaime Batalha Reis, Oliveira Martins, Salomão Sáraga e Teófilo Braga.
  8.  «Era Nova (1880-1881)» (Cópia digital). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 23 de Abril de 2014
  9.  Maria Filomena Mónica (coordenadora), Dicionário Biográfico Parlamentar (1834-1910), vol. I, p. 434. Lisboa: Assembleia da República, 2004.
  10.  Pedro Mesquita (22 de outubro de 2013). «Ficha histórica: Revista de estudos livres (1883-1886)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 17 de abril de 2015
  11.  Rita Correia (24 de junho de 2011). «Ficha histórica: A comedia portugueza : chronica semanal de costumes, casos, politica, artes e lettras (1888-1902).» (PDF). Como "Theophilo Braga". Hemeroteca Municipal de Lisboa. pp. 3 e 5. Consultado em 23 de Abril de 2014
  12.  Pedro Mesquita (6 de dezembro de 2013). «Ficha histórica:Revista Contemporânea de Portugal e Brasil (1859-1865)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de Abril de 2014
  13.  Helena Roldão (26 de fevereiro de 2016). «Ficha histórica: A esperança : semanario de recreio litterario dedicado ás damas» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 11 de abril de 2016
  14.  Helena Roldão (3 de outubro de 2013). «Ficha histórica: A renascença : orgão dos trabalhos da geração moderna» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 31 de março de 2015
  15.  Rita Correia (6 de novembro de 2017). «Ficha histórica:A Arte Musical (1898-1915)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 5 de dezembro de 2017
  16.  Daniel Pires (1996). «Ficha histórica: Arte & vida : revista d'arte, crítica e sciencia (1904-1906).» (PDF)Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX (1900-1940), Lisboa, Grifo. Hemeroteca Municipal de Lisboa. pp. 71 e 71. Consultado em 23 de Abril de 2014
  17.  Rita Correia (6 de outubro de 2016). «Ficha histórica:O livre exame : orgão do Centro de Lisboa da Associação Propagadora do Livre Pensamento (1885-1886)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 7 de novembro de 2016
  18.  Rita Correia (19 de fevereiro de 2008). «Ficha histórica:Atlantida : mensário artístico literário e social para Portugal e Brazil (1915-1920).» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. pp. 2 e 3. Consultado em 23 de Abril de 2014
  19.  Rita Correia (29 de abril de 2009). «Ficha histórica: Brasil-Portugal : revista quinzenal illustrada (1899-1914).» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. 1 páginas. Consultado em 20 de Abril de 2014
  20.  Rita Correia (11 de junho de 2007). «Ficha histórica: Contemporânea (1915-1926).» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. 1 páginas. Consultado em 23 de Abril de 2014
  21.  «Galeria republicana (1882-1883), Nº1, 1ª página» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de fevereiro de 2017
  22.  Rita Correia (16 de dezembro de 2009). «Ficha histórica: Illustração Portugueza (1903-1923).» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. 1 páginas. Consultado em 22 de Abril de 2014
  23.  Rita Correia (5 de maio de 2015). «Ficha histórica:Luz e Vida: revista mensal de sociologia, arte e crítica (1905)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 16 de maio de 2016
  24.  M. Helena Roldão (25 de maio de 2013). «Ficha histórica: O pantheon: revista de sciencias e lettras (1880-1881).» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. 4 páginas. Consultado em 22 de Abril de 2014
  25.  Álvaro Costa de Matos (29 de abril de 2010). «Ficha histórica: A semana de Lisboa : supplemento do Jornal do Commercio (1893-1895).» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. 2 páginas. Consultado em 22 de Abril de 2014
  26.  Jorge Mangorrinha (17 de outubro de 2013). «Ficha histórica: O Académico: revista quinzenal literária (1878).» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 30 de Abril de 2014
  27.  «Los Sucesos : periodico ilustrado, 15 de outubro 1910, nº 346, capa» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 17 de outubro de 2018
  28.  E porque não “Parque Teófilo Braga”? Correio do Açores - acessado em 21 de março de 2020

Bibliografia

  • António Ferrão, Teófilo Braga e o Positivismo em Portugal, Lisboa, 1935;
  • Fernando Catroga, "Os inícios do positivismo em Portugal", em Revista de História das Ideias, 1 (1976);
  • Fernando Catroga, "A importância do positivismo na consolidação da ideologia republicana em Portugal", em Biblos, 3 (1977);
  • Francisco José Teixeira BastosTeófilo Braga e a sua Obra. Lisboa, 1892;
  • Joaquim de Carvalho, "Teófilo Braga", em Obra Completa de Joaquim de Carvalho, vol. II Lisboa, 1982;
  • Jacinto do Prado Coelho, "Teófilo Braga e a História da Literatura Portuguesa", em Trabalhos da Academia das Ciências de Lisboa, 1.ª série, tomo VI;
  • José Bruno CarreiroVida de Teófilo Braga. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1955.
  • Mário SoaresAs ideias políticas e sociais de Teófilo Braga, Lisboa, 1950.

Ligações externas

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VERGILIO FERREIRA - ESCRITOR - NASCEU 1916 - 28 DE JANEIRO DE 2022

 

Vergílio Ferreira

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Vergílio FerreiraGold Medal.svg
Nome completoVergílio António Ferreira
Nascimento28 de janeiro de 1916
MeloGouveiaPortugal
Morte1 de março de 1996 (80 anos)
LisboaPortugal
ResidênciaFontanelas; Avenida Estados Unidos da América, Lisboa
NacionalidadePortugal Portugal
CônjugeRegina Kasprzykowsky (1944 - 1996, 1 filho)
OcupaçãoEscritor e professor
PrémiosMedalha de Honra de Gouveia (1980)

Prémio D. Dinis (1981)
Prémio Literário Município de Lisboa (1983)
Prémio P.E.N. Clube Português de Novelística (1984, 1991)
Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários (1984)
Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (1987)
Prémio Jacinto do Prado Coelho (1987)
Prémio Femina estrangeiro (1990)
Prémio Camões 1992
Prémio Bordalo de Literatura da Casa da Imprensa (1992)
Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (1993)
Prémio P.E.N. Clube Português de Ensaio (1993)

Magnum opusAparição

Vergílio António Ferreira GOSE • GCM (GouveiaMelo28 de janeiro de 1916 — Lisboa1 de março de 1996) foi um escritor e professor português. Há uma biblioteca com o seu nome em Gouveia, bem como uma escola em Lisboa, a Escola Secundária de Vergílio Ferreira (Quinta dos Inglesinhos, rua do Seminário 3).

Professor liceal (vejam-se as referências em Manhã Submersa e Aparição), foi como escritor que mais se distinguiu. O seu nome continua actualmente associado à literatura através da atribuição do Prémio Vergílio Ferreira. Em 1992, foi galardoado com o Prémio Camões.[1]

A sua vasta obra, geralmente dividida em ficção (romanceconto), ensaio e diário, costuma ser agrupada em dois períodos literários: o Neo-Realismo e o Existencialismo. Considera-se que Mudança é a obra que marca a transição entre os dois períodos.

Biografia

Vergílio Ferreira nasceu em Melo, aldeia do concelho de Gouveia, na Beira Alta, a meio da tarde do dia 28 de janeiro de 1916,[2][3] filho de António Augusto Ferreira, fogueteiro, e de Josefa Ferreira, doméstica, que, em 1927, emigraram para o Canadá (ou Estados Unidos), em busca de uma vida melhor, ficando Vergílio com os irmãos mais novos, César e Judite. Esta dolorosa separação é descrita em Nítido Nulo. A neve - que virá a ser um dos elementos fundamentais do seu imaginário romanesco - é o pano de fundo da infância e adolescência passadas na zona da Serra da Estrela. Aos 12 anos, após uma peregrinação a Lourdes, entra no seminário do Fundão,[4] que frequentará durante seis anos. Esta vivência será o tema central de Manhã Submersa.

Em 1936, deixa o seminário e acaba o Curso Liceal no Liceu da Guarda.[5] Entra para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, continuando a dedicar-se à poesia,[6] nunca publicada, salvo alguns versos lembrados em Conta-Corrente e, em 1939, escreve o seu primeiro romance, O Caminho Fica Longe. Licenciou-se em Filologia Clássica em 1940. Concluiu o Estágio no Liceu D.João III (1942), em Coimbra. Começa a leccionar em Faro. Publica o ensaio "Teria Camões lido Platão?" e, durante as férias, em Melo, escreve "Onde Tudo Foi Morrendo". Em 1944, passa a leccionar no Liceu de Bragança, publica "Onde Tudo Foi Morrendo" e escreve "Vagão "J" que, publicou em 1946, no mesmo ano em que se casou, com Regina Kasprzykowsky, professora polaca refugiada em Portugal, com quem Vergílio ficará até à sua morte. Após uma passagem pelo liceu de Évora (onde escreveu o mundialmente conhecido romance Manhã Submersa, corria o ano de 1953), fixa-se como docente em Lisboa, leccionando o resto da sua carreira no Liceu Camões.

A 3 de setembro de 1979, foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[7]

Em 1980, o realizador Lauro António adapta para o cinema, o romance Manhã Submersa e, Vergílio Ferreira interpreta um dos principais papéis,[6][8] o de Reitor do Seminário, contracenando assim com outros grandes vultos da cena portuguesa, tais como: Eunice MuñozCanto e CastroJacinto Ramos e Carlos Wallenstein.

A 4 de fevereiro de 1989, foi agraciado com o grau de Grã-Cruz da Ordem do Mérito.[9]

Em 1992 foi eleito para a Academia das Ciências de Lisboa; no mesmo ano recebeu, pelo conjunto da obra, o "Prémio Camões", o mais importante prémio literário dos países da língua portuguesa.[6]

Vergílio morreu no dia 1 de março de 1996,[2] em sua casa, em Lisboa, na freguesia de Alvalade. O funeral foi realizado no cemitério de Melo, sua terra-natal e, a seu pedido, o caixão fora enterrado virado para a Serra da Estrela.

Existencialismo

Atravessa a sua obra o discurso da alegria e felicidade, como um dos aspectos mais profundos da condição humana, sempre acompanhado pelo ruído das escadas da sua antiga casa, que advém do abandono da sua primeira namorada

Diários

Durante treze anos (1981-1994) Vergílio Ferreira publicou nove volumes de diário,[10] ao qual pôs o título genérico de Conta-Corrente. Os textos contidos nesses volumes vão desde Fevereiro de 1969 (altura em que iniciou a sua escrita) até Dezembro de 1992 (altura em que terá abandonado o género). Os volumes subdividem-se em duas séries: a primeira composta por cinco volumes e a segunda composta por quatro volumes.

A publicação do diário de Vergílio Ferreira foi uma das poucas tempestades na bonançosa comunidade literária pós 25 de abril, como também é «um documento precioso sobre a evolução da ideias do século XX português. Vergílio Ferreira era um homem atento a tudo aquilo que o rodeava, quer tivesse interesse político, ou social, ou estético, ou literário. O seu diário veio, assim, agitar a comunidade portuguesa pensante, criando alguns focos de conflito por um lado e manifestações de apoio por outro.

O autor já tinha por várias vezes tentado escrever um diário, mas foi só em 1969 que leva o seu projecto em frente: «Fiz cinquenta e três anos há dias. (…) É a opinião do Registo Civil (…). E então lembrei-me: e se eu tentasse uma vez mais o registo diário do que me foi afectando?». Esta frase é sem dúvida elucidativa das intenções do autor: primeiro, tentar escrever um registo diário; segundo, escrever nele tudo aquilo que o foi marcando. Nesta frase também se pode verificar que não é a primeira vez que o autor tenta escrever um diário: «e se eu tentasse mais uma vez».

O tentar escrever um diário é algo que está sempre presente, e, muitas vezes, a escrita desse mesmo diário torna-se difícil, pois o autor sente que se está a expor em demasiado perante o leitor, sente que o leitor pode “lê-lo”: «Extremamente difícil continuar este diário.(…) Que me leiam um romance, não me perturba. Mas não que me leiam a mim.» Existe a questão do íntimo sempre presente ao longo deste volume e o próprio autor refere que colocar ao alcance dos seus leitores a sua intimidade, os seus desabafos, não é propriamente algo que lhe agrada: «o desejo de “desabafar” não é propriamente um desejo sublime».

Obras

Ficção

  • 1938 A curva de uma vida (póstumo 2010, do espólio)
  • 1943 O Caminho Fica Longe
  • 1944 Onde Tudo Foi Morrendo
  • 1946 Vagão "J"
  • 1947 Promessa (póstumo 2010, do espólio)
  • 1949 Mudança
  • 1953 A Face Sangrenta
  • 1954 Manhã Submersa
  • 1959 Aparição
  • 1960 Cântico Final
  • 1962 Estrela Polar
  • 1963 Apelo da Noite
  • 1965 Alegria Breve
  • 1971 Nítido Nulo
  • 1972 Apenas Homens
  • 1974 Rápida, a Sombra
  • 1976 Contos
  • 1979 Signo Sinal
  • 1983 Para Sempre
  • 1986 Uma Esplanada Sobre o Mar
  • 1987 Até ao Fim
  • 1990 Em Nome da Terra
  • 1993 Na Tua Face
  • 1995 Do Impossível Repouso
  • 1996 (póstuma) Cartas a Sandra

Ensaios

  • 1943 Sobre o Humorismo de Eça de Queirós
  • 1957 Do Mundo Original
  • 1958 Carta ao Futuro
  • 1963 Da Fenomenologia a Sartre
  • 1963 Interrogação ao Destino, Malraux
  • 1965 Espaço do Invisível I
  • 1969 Invocação ao Meu Corpo
  • 1976 Espaço do Invisível II
  • 1977 Espaço do Invisível III
  • 1981 Um Escritor Apresenta-se
  • 1987 Espaço do Invisível IV
  • 1988 Arte Tempo
  • 1998 Espaço do Invisível V (póstumo)


Diários

  • 1980 Conta-Corrente I
  • 1981 Conta-Corrente II
  • 1983 Conta-Corrente III
  • 1986 Conta-Corrente IV
  • 1987 Conta-Corrente V
  • 1992 Pensar
  • 1993 Conta-Corrente-nova série I
  • 1993 Conta-Corrente-nova série II
  • 1994 Conta-Corrente-nova série III
  • 1994 Conta-Corrente-nova série IV
  • 2001 Escrever (póstumo)
  • 2010 Diário Inédito (póstumo, do espólio 1944-1949)

Ver também

Referências

  1.  «Prêmio Camões de Literatura». Brasil: Fundação Biblioteca Nacional. Cópia arquivada em 16 de Março de 2016
  2. ↑ Ir para:a b «Vergílio Ferreira»Porto Editora. Infopédia
  3.  Rodrigues de Paiva 2007, pp. 28.
  4.  Silva Gordo 1995, pp. 121.
  5.  Afonso Borregana 1999.
  6. ↑ Ir para:a b c Rodrigues de Paiva 2007, pp. 706.
  7.  «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Vergílio Ferreira". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 7 de setembro de 2020
  8.  Martins, Luís; Ramos, Susana (2000–2002). «Manhã Submersa» (PDF)Universidade de Lisboa. Faculdade de Ciências. Arquivado do original (PDF) em 10 de junho de 2007
  9.  «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Virgilio António Ferreira". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 7 de setembro de 2020
  10.  Barbosa Machado 2014.

Bibliografia

  • Afonso Borregana, António (1999). Aparição de Vergílio Ferreira: o texto em análise 2ª ed. [S.l.]: Texto Editora. 62 páginas. ISBN 9724711889
  • Barbosa Machado, José (2014). Estudos de Literatura e Cultura Portuguesas revisada ed. [S.l.]: Ediçoes Vercial. 221 páginas. ISBN 9898392258
  • Rodrigues de Paiva, José (2007). Vergílio Ferreira: Para sempre, romance-síntese e última fronteira de um território ficcional. [S.l.]: Editora Universitária UFPE. 720 páginas. ISBN 8573154594
  • Silva Gordo, António da (1995). A escrita e o espaço no romance de Vergílio Ferreira. [S.l.]: Porto Editora. 128 páginas. ISBN 9720340835

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