sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

FUNDAÇÃO DE ROMA - ANO 2775 - 14 DE JANEIRO DE 2022

 

Fundação de Roma

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Loba capitolina: Segundo a lenda, o animal teria amamentado os gêmeos Rômulo e Remo

Fundação de Roma é um evento ainda pesquisado por arqueólogos e historiadores, uma vez que as fontes literárias sobre o assunto datam de centenas de anos após sua ocorrência, de forma que cada descoberta arqueológica demanda novas formas de analisar as citadas fontes. Os romanos elaboraram um complexo conto mitológico sobre a origem da cidade e do Estado, que se uniu à obra histórica de Tito Lívio e às obras poéticas de Virgílio e Ovídio, todos da era do imperador Augusto.[1] Naquela época, as lendas oriundas de textos mais antigos foram trabalhadas e fundidas num conto único, no qual o passado mítico foi interpretado em função dos interesses do império. Os modernos estudos históricos e arqueológicos, que se baseiam nestas e em outras fontes escritas, além de objetos e restos de construções obtidos em vários momentos das escavações, tentam reconstruir a realidade que existe no conto mítico, no qual se reconhecem alguns elementos de verdade.[2]

Por muito tempo postulou-se que os verdadeiros fundadores da cidade propriamente dita teriam sido os etruscos que instalaram-se na região no século VI a.C., no entanto, evidências arqueológicas recentemente descobertas questionam a veracidade desta afirmação.[nt 1] A data da fundação é, a rigor, desconhecida, embora autores como Tim Cornell argumentem que teria sido no século VIII a.C.c. 800 a.C..[4] Durante o reinado de Augusto, o historiador Marco Terêncio Varrão (116–27 a.C.) estabeleceu a data como 21 de abril de 753 a.C. com base em estudos do astrólogo Lúcio Tarúcio Firmano.[5][6] Outro ponto conflitante em relação a Roma é a etimologia de seu nome. Embora associado pela tradição com Rômulo, diversos autores, tanto clássicos como modernos, associaram diversas origens para o nome "Roma".

Contexto histórico e localização

Rota da Via Salária (em rosa)

Os primeiros habitantes de Roma, os latinos e sabinos, integram o grupo de populações indo-europeias originárias da Europa Central que vieram para a península Itálica em ondas sucessivas em meados do segundo milênio a.C.;[nt 2] Velho Lácio[nt 3] era o antigo território dos latinos, atualmente o sul do Lácio. Estes indo-europeus divergiam em origem, língua, tradições, estágios de desenvolvimento e extensão territorial. Por se dispersarem por toda a península Itálica, entraram em contato com outros dois povos que habitavam a região, os etruscos e os gregos. Os etruscos assentaram-se e floresceram a norte de Roma na Etrúria (moderno norte do Lácio, Toscana e parte de Úmbria), a partir do século VIII a.C. onde fundaram cidades como TarquiniaVeios e Volterra e influenciaram profundamente a cultura romana.[9] Suas origens são desconhecidas[nt 4] e muito do que se sabe sobre eles é derivado de achados arqueológicos em suas necrópoles.[12] Os gregos haviam se estabelecido na chamada Magna Grécia e fundaram colônias tais como SíbarisTarentoCrotonaCumas e Nápoles entre 750−550 a.C..[13] Estes, assim como os etruscos, exerceram nítida influência nos povos itálicos e em Roma.[14]

Roma cresceu na margem esquerda do rio Tibre, a cerca de 25 quilômetros de sua foz, num trecho navegável do rio, portanto com acesso fácil ao mar Tirreno. Esta região, de clima temperado, em vista da sua topografia acidentada, possui entre as colinas circundantes alguns importantes vales que, no processo de desenvolvimento da cidade, tornaram-se úteis para a mesma.[15][16] Além disso, por estes vales serem, no geral, vales vulcânicos, a produtividade do solo, em vista da presença de fertilizantes naturais como potássio e fosfatos, é elevada.[17] A cidade tinha as vantagens de uma posição ao mesmo tempo marítima e do interior.[18] Situada a cerca de 20 km das colinas Albanas, que constituem uma defesa natural, e numa planície suficientemente afastada do mar, a cidade não precisaria temer incursões dos piratas. Além disso, tanto o próprio rio (e a ilha Tiberina[nt 5]) como os montes Capitólio e Palatino operavam como cidadelas naturais facilmente defensáveis.[19][20]

O maior trunfo de Roma quanto a sua localização foi a proximidade com o rio Tibre. Este desempenhou papel fundamental no desenvolvimento econômico da cidade, pois as mercadorias que provinham do mar Tirreno tinham que subir pelo curso do rio para serem dirigidas quer para a Etrúria, quer para a Campânia grega (Magna Grécia). Desse modo era capaz de monopolizar o tráfego terrestre, uma vez que estava situada na intersecção das principais estradas do interior da península Itálica.[19][20] Por haver importantes salinas nas proximidades da cidade, conseguiu transformar-se em ponto de mercado perfeito da "via do sal", futuramente conhecida como via Salária,[2][21] da mesma forma que os rebanhos desempenharam papel primário na economia romana deste período formativo.[22]

Arqueologia

A chamada Casa de Rômulo, um conjunto de cabanas primitivas encontradas no monte Palatino (século VIII a.C.)

Pesquisa arqueológica na área de Roma detectou presença humana datável de 14 000 anos, havendo restos cerâmicos, ferramentas e armas de pedra de 10 000 anos. Estas evidências mostram o quão precoce se deu a ocupação do Lácio, embora atualmente não seja possível estabelecer uma visão panorâmica, pois sítios paleolíticos e neolíticos foram obscurecidos pela densa camada de detritos provenientes de fases mais tardias.[23] As primeiras evidências concretas de povoamento nas colinas de Roma são ossos de animais e fragmentos cerâmicos datados dos séculos XIV-XIII a.C. que foram encontrados na área do Fórum Boário, no sítio de Santo Omobono.[24][nt 6] Resquícios de habitações datadas do século XI a.C. foram encontrados na área do Fórum Romano, bem como uma necrópole (datada do século X a.C.) com reminiscências de fossas de cremação (os indo-europeus incineravam seus mortos);[27] no Palatino detectaram-se habitações do século IX a.C.[28]

Antes do século VIII a.C. existiam aldeias dispersas nas colinas e ocupadas por latinos que, em caso de perigo confederavam para enfrentar os inimigos.[nt 7] No centro de Roma três recintos muralhados sucessivos sobrepostos foram datados, dois dos séculos VIII-VII a.C.[nt 8] e um dos séculos VII-VI a.C..[7] As habitações deste período eram cabanas de planta circular sobre um soclo (base) de madeira (para isolá-las da umidade) e tinham uma única porta, precedida por um pórtico;[21] urnas funerárias encontradas em escavações representam estas moradias primitivas. A população do assentamento girava em torno de poucas centenas de habitantes que baseavam sua economia na agricultura (trigocevadaervilhafeijão), pecuária (cabrasporcos), pescacaça e coleta; objetos cerâmicosroupas e outros artigos de uso doméstico eram produzidos pelas famílias para consumo interno; não havia estratificação social definida.[31] A partir de ca. 770 a.C. as necrópoles da região começaram a apresentar maior números de restos humanos, que mostra crescimento da população, bem como artefatos arqueológicos mais elaborados, que indicam contatos com culturas externas, em especial com as colônias gregas da Campânia (objetos de origem grega foram encontrados entre as escavações), maior especialização artesanal (emprego de roda de oleiro) e o aparecimento de classes sociais economicamente diferenciadas.[31]

Lenda

Ver artigos principais: EneiasRômulo e Remo e Rômulo
Eneias carregando Anquises (enócoa com pintura negra ática c.–520 a.C.), Louvre
Verso de um didracmac.–269 a.C.

Na Eneida de Virgílio e na Ab Urbe condita libri de Tito LívioEneias, filho da deusa Vênus, foge de Troia com seu pai Anquises, seu filho Ascânio, e os sobreviventes da cidade. Com este realiza diversas peregrinações que o levam, por fim, ao Lácio, na península Itálica. Lá ele é recebido pelo rei local, Latino, que oferece a mão de sua filha, Lavínia. Isto provoca a fúria do rei dos rútulosTurno, um poderoso monarca itálico que havia se interessado por ela. Uma terrível guerra entre as populações da península eclode e, como resultado, Turno é morto. Eneias, agora casado, funda a cidade de Lavínio em homenagem à sua esposa. Seu filho Ascânio governa na cidade por trinta anos até que resolve se mudar e fundar sua própria cidade, Alba Longa.[1] [32][32]

Cerca de 400 anos depois, o filho e legítimo herdeiro do décimo-segundo rei de Alba Longa, Numitor, é deposto por um estratagema de seu irmão Amúlio. Para garantir o trono, Amúlio assassina os descendentes varões de Numitor e obriga sua sobrinha Reia Sílvia a tornar-se vestal (sacerdotisa virgem, consagrada à deusa Vesta),[33] no entanto esta engravida do deus Marte e desta união foram gerados os irmãos Rômulo e Remo (nascidos em março de 771 a.C.[34]).[35] Como punição, Amúlio prende Reia em um calabouço e manda jogar seus filhos no rio Tibre. Como por um milagre, o cesto onde estavam as crianças acaba atolando-se em uma das margens do rio no sopé do monte Palatino, onde são encontrados por uma loba que os amamenta;[36] perto das crianças estava um pica-pau, ave sagrada para os latinos e para o deus Marte, que os protege.[37] Tempos depois, um pastor de ovelhas chamado Fáustulo encontra os meninos próximo à Figueira Ruminal (Ficus Ruminalis), na entrada de uma caverna chamada Lupercal.[38][39] Ele os recolhe e leva para sua casa, onde são criados por sua mulher Aca Larência.[40][41]

Rômulo e Remo crescem junto dos pastores da região praticando caça, corrida e exercícios físicos; saqueavam as caravanas que passavam pela região à procura de espólio. Em um dos assaltos, Remo é capturado e levado para Alba Longa. Fáustulo, então, revela a Rômulo a história de sua origem. Este parte para a cidade de seus antepassados, liberta seu irmão, mata Amúlio, devolve Numitor ao trono e dá à sua mãe todas as honrarias que lhe eram devidas.[42] Ao perceber que não teriam futuro na cidade, os gêmeos decidem partir, junto com todos os indesejáveis, para então fundar uma nova cidade no local onde foram abandonados.[43][44] Rômulo queria chamá-la Roma e edificá-la no Palatino, enquanto Remo desejava nomeá-la Remora e fundá-la sobre o Aventino. Como forma de decidir foi estabelecido que se deveria indicar, através dos auspícios, quem seria escolhido para dar o nome à nova cidade e reinar depois da fundação. Isto gerou divergência entre os espectadores e uma acirrada discussão entre os irmãos, que terminou com a morte de Remo.[45] Uma versão alternativa afirma que, para surpreender o irmão, Remo teria escalado o recém-construído pomério quadrangular da cidade e,[46] tomado em fúria, Rômulo o teria assassinado.[47]

Outras lendas

Com relação à fundação de Roma muitas tradições foram estabelecidas para retratar o surgimento da cidade, algumas advindas de modificações do mito oficial, outras de diversas origens. Uma delas conta que o deus Saturno, após ser derrotado pelos deuses olímpicos, refugiou-se no Lácio, onde construiu uma vila à beira do Tibre, no local onde Roma seria fundada; ensinou aos habitantes locais como melhor lavrar o solo e cultivar parreiras para produzir vinho. A palavra "Lácio", segundo alguns autores como Philip Wilkinson, originou-se da palavra grega latio que significa refúgio, em referência à fuga de Saturno.[48][49]

Outra tradição, transmitida por autores clássicos como Estrabão e Tito Lívio, afirma que Roma teria se originado da cidade de Palanteu, fundada por Evandro no Palatino; esta cidade é mencionada na Eneida de Virgílio. Evandro teria dado hospitalidade a Hércules quando este fugia com o rebanho recém-roubado do gigante Gerião, em um de seus doze trabalhos.[50][51] Diz-se que, durante sua estadia, os rebanhos foram roubados pelo gigante Caco, filho de Vulcano. Hércules então luta com o gigante e, em sua homenagem, os habitantes locais construíram o Grande Altar de Hércules, local onde futuramente se situaria o Fórum Boário.[25]

Historiografia

Já no século V a.C. autores gregos, como Helânico de Mitilene, associaram a fundação de Roma ao herói Eneias. Por volta de 200 a.C.Quinto Fábio Pictor criou a primeira história de Roma, onde associava a criação da cidade a Rômulo, tendo sua versão dos fatos sido aprimorada por outros autores romanos como Tito Lívio, Ovídio, Virgílio,[25] Plutarco e Dionísio de Halicarnasso. Tais autores tentaram encontrar explicações racionais para passagens improváveis do mito de criação da cidade, como por exemplo a loba capitolina. Os romanos designavam pela mesma palavra, lupa, a fêmea do lobo e a prostituta. Dessa forma, historiadores afirmam que na realidade a ama dos gêmeos teria sido Aca Larência, mulher de Fáustulo, que teria exercido o ofício de prostituta.[2] [52][nt 9] O historiador Dominique Briquel afirma que muitos elementos encontrados no mito de fundação são resquícios de rituais etruscos que foram incorporados pelos romanos.[53][54] Tim Cornell reforça essa ideia, afirmando que a explicação racional para a correlação entre a cidade e o herói troiano Eneias seria resquício do contato entre a Itália primitiva e os micênicos. A importância de Lavínio e Alba Longa no mito criador de Roma reflete o importante papel religioso que estes centros desempenhavam na região. Além disso, alguns dos mais proeminentes achados arqueológicos do período foram encontrados precisamente em Lavínio e nas colinas Albanas, havendo hoje a teoria de que Roma fosse contemporânea a estes centros,[55] tendo ela sido uma colônia de Alba Longa.[25]

Na história de Rômulo, o rapto das sabinas e a diarquia de Rômulo e Tito Tácio (governante sabino) são eventos que, segundo autores como Tim Cornell, devem ter elementos verossímeis, e igualmente podem ser entendidos como indicativos da influência sabina na Roma primitiva. Muitos elementos sabinos são detectáveis, por exemplo palavras de origem sabina: bos (boi), scrofa (porca), popina (cozinha). Além disso, a diarquia de Rômulo e Tito Tácio é possivelmente uma indicação de que Roma surgiu através da fusão de duas comunidades, uma no Palatino e outra no Quirinal, ou ao menos da incorporação da segunda à primeira. Outro ponto forte desta interpretação está em uma citação de Tito Lívio, I.13.4, onde se refere a Roma como geminata urbs ("a cidade dupla"), bem como na raiz da palavra quirites (singular: quires), o gentílico dos cidadãos romanos,[56] que segundo autores romanos deriva de Cures, a capital dos sabinos; autores modernos questionam esta associação.[57]

Urna funerária de terracota datada do século VIII a.C. encontrada no Lácio. Sua forma seria uma representação artística das habitações do período

Durante os períodos republicano e imperial, muitas datas foram atribuídas à fundação da cidade, no intervalo entre 758−728 a.C.Censorino atribuiu 758 a.C.;[58] Marco Terêncio Varrão753 a.C.; os Fastos Capitolinos do Arco de Augusto752 a.C.; Dionísio de Halicarnasso, 751 a.C.;[59] Quinto Fábio Pictor, 748 a.C.; e Lúcio Cíncio Alimento e Solino no ano da décima-segunda olimpíada (728 a.C.). Seja como for, todas as versões concordam que o dia é 21 de abril, data do festival de Pales, deusa do pastoreio.[60] Entre a data convencional da Guerra de Troia (1 182 a.C.) e a data aceite para a fundação de Roma (753 a.C.) há um intervalo de quatro séculos, razão pela qual os romanos, durante a República, criaram a lenda da dinastia dos reis de Alba Longa, de forma a preencher o vazio de 400 anos entre Eneias e Rômulo.[25]

O nome da cidade habitualmente é relacionado ao de Rômulo, porém diversos autores clássicos e modernos fizeram interpretações adversas quanto a sua etimologia. Segundo Plutarco havia diversas hipóteses quando à origem do nome: pode ser a derivação do nome de personagens mitológicos como a filha do rei dos enótrios ou então de Télefo, filho de Hércules, que havia se casado com Eneias ou então com seu filho Ascânio; Romano, o filho de Odisseu com Circe; Romo, habitante de Troia, que veio à Itália em busca do herói Diomedes; Romide, um tirano do Lácio que repeliu uma incursão etrusca;[61] e uma filha de Ascânio que se casou com o rei Latino, com quem teve um filho chamado Rômulo que fundou uma cidade com o nome de sua mãe.[62] Ainda segundo Plutarco o nome Roma pode derivar do nome de uma cidade fundada pelos pelasgos no Lácio[63] ou então de outra fundada por Eneias no Palatino.[64]

Rousseau sugeriu que o nome derive da palavra etrusca rhome, que significa "duro", cognata da palavra grega rhōmē, que significa força, vigor.[65] Outros, como Patrícia Ramos Braick, argumentam que possa derivar da palavra etrusca rumor, que significa barulho, o que seria uma analogia ao barulho das águas do Tibre, ou então da palavra rumon, que significa "a cidade do rio".[66] Em última análise, a Figueira Ruminal (Ficus Ruminalis), árvore dedicada à deusa Rumina, que presidia a amamentação, poderia estar indiretamente relacionada com o nome da cidade: em latim a palavra "teta" significa Ruma.[52]

Notas

  1.  Segundo Francis Owen, os fundadores de Roma teriam sido imigrantes possivelmente aparentados com os celtas ou germânicos, pois, segundo ele, na aparência física, a aristocracia romana diferia da maioria da população do resto da península: os registros históricos ressaltam uma grande quantidade de personalidades históricas como louras, além disso, 250 indivíduos são registrados com o nome de Flávio, que significa "loiro", e há muitos chamados Rufo e Rutílio, que significam cabelo vermelho ou avermelhado; muitos deuses romanos possuem madeixas loiras.[3]
  2.  Além destes podem-se citar os vênetos, que se estabeleceram no norte da península, os umbrososcostadiatestadinatesausôniossamnitaslucanosrútulospicenosbretões, etc. na Itália Central, os sículossicanos e elímios na Sicília, todos eles formando um agrupamento denominado itálico ou italiota. Entre os séculos X-VIII a.C. a população da península Itálica dividiu-se em dois grupos principais: os osco-úmbrios e os latinos. Estes povos, dos quais o latim se originou, têm origens comuns.[7]
  3.  Velho Lácio, segundo Plínio, o Velho, dividia-se em 30 comunidades latinas que se uniram nos chamados povos albenses (em latimpopuli albenses), uma confederação de estados latinos.[8]
  4.  Não há consenso entre os estudiosos quanto às origens etruscas. Mesmo entre os antigos havia divergências na interpretação: Heródoto imaginava-os como lídios, enquanto Dionísio de Halicarnasso como autóctones. Estudos modernos, baseados em resultados genéticos, apontam para uma origem oriental,[10] porém muitos estudiosos, ao considerarem afinidades de cultura material entre etruscos e a cultura Vilanoviana, veem a possibilidade duma origem italiana.[11]
  5.  Posteriormente, durante o reinado de Anco Márcio, foi erigida uma ponte que permitiu a travessia da margem esquerda para a direita do rio Tibre.[17]
  6.  Fórum Boário (em latimForum Boarium , lit. mercado do gado), mesmo antes da fundação de Roma, era utilizado como lugar de encontro pelos latinos.[25] Desde pelo menos o século VIII a.C. desempenhou um papel de empório, onde nativos (etruscoslatinossabinos), gregos e fenícios se reuniam para trocar mercadorias, em especial gado e sal. Por conveniência destes encontros, articularam-se na região santuários com evidentes conotações de empório, como o Bosque de Ferônia (em latimLucus Feroniae), no qual etruscos, latinos e sabinos se reuniam para prestar oferentes à deusa Ferônia e para comercializar, o Grande Altar de Hércules (em latimAra Maxima), que foi associado com a figura do Hércules Itálico, protetor do gado transumante, as "salinas" (em latimsalinae; não são salinas verdadeiras) do Fórum Boário, que foram associadas com o culto de Hércules, e o Bosque de Dea Dia. Além disso, esse prolongado contato foi evidenciado, para além de achados arqueológicos (restos cerâmicos etc.), pelo sincretismo de divindades (associação de Astarte com Uni) e a incorporação, no Lácio, do alfabeto euboico proveniente dos gregos de Cumas, uma colônia eubeia da Campânia.[26]
  7.  Na época clássica os romanos festejavam no dia 11 de dezembro o Septimôncio, festividade associada à arcaica Liga Septimoncial (Septimontiale ou Septomoncial), que agrupava as comunidades de sete montes: Palatual, Germal (que fazem parte do Palatino), Císpio, Fagutal, Ópio (que fazem parte do Esquilino), Vélia e Célio; os montes QuirinalViminalCapitólio e Aventino não foram incorporados à liga.[7] Supõe-se que Roma originou-se através do sinecismo de tais aldeias.[29]
  8.  Um deste é representado por vestígios de uma muralha de tufa calcária datada de ca. 730 a.C. que foi encontrada nas imediações da basílica de Constantino.[30]
  9.  O mito de Aca Larência, tal como grande parte da mitologia romana, passou por transformações ao longo do tempo. Inicialmente esteve vinculada com o mito do nascimento de Rômulo, no qual aparece como esposa de Fáustulo. No período histórico, seu culto heroico foi celebrado às margens de Velabro, um vale ligado ao setor da Porta Romanula (quarto ângulo do pomério de Rômulo), e esteve vinculado com cultos proto-históricos de Fauno e dos Lupercais. Mais tarde, num mito bem mais tardio, Aca Larência foi associada ao Hércules do Grande Altar de Hércules, no qual aparece como uma prostituta sagrada cuja atividade parecia desenvolver-se na área do Fórum Boário.[26]

Referências

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Bibliografia

Fontes primárias

Fontes terciárias

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PRIMEIRO DIA DO CALENDÁRIO JULIANO - 14 DE JANEIRO DE 2022

 

Calendário juliano

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Júlio César, cônsul romano e reformador do calendário.

calendário juliano foi organizado pelo sábio Sosígenes de Alexandria, no ano 46 a.C.. O nome é uma homenagem a Julio César, na altura pontífice máximo da República Romana, a quem competia a tarefa de decidir quando se introduziam os meses intercalares no calendário romano tradicional, um calendário lunissolar. A reforma do calendário juliano entrou em vigor no dia 1 de janeiro do ano 45 a.C., tornando o calendário romano num calendário solar, alinhado pelas estações do ano, à semelhança do calendário egípcio já então em vigor. As principais características desta foram:

  • Fixar o calendário anual em 365 dias que se designa ano comum, herança dos astrônomos sacerdotes egípcios, que estabeleceram um ano de 365 dias, por volta do ano 2 800 a.C.;
  • Fixar o calendário anual em 12 meses, abandonando completamente o sistema de meses intercalares, e distribuindo os dias de diferença entre o valor médio do calendário tradicional e o novo pelos vários meses do ano, acrescentando-os em 1 ou 2 dias;
  • Acrescentar 1 dia de 4 em 4 anos (4 x 6 horas = 24 horas, 1 dia), resultante da diferença de aproximadamente 6 horas entre os 365 dias do novo calendário e o valor médio do ano trópico de 365 dias e 6 horas, ou 365 dias e 1/4 ou 365,25 dias. O dia a intercalar ocorria no 6º (sexto) dia (VI) antes das calendas de março ou 24 de fevereiro no nosso calendário. O dia repetido dizia-se o dia bissexto antes das calendas de março, o que passou a identificar quer o dia assim acrescentado (dia bissexto) quer o ano em que se fazia essa intercalação (ano bissexto). Quando se abandonou a forma de contagem regressiva típica do calendário romano e se passou a usar a contagem contínua dos dias do mês, do primeiro ao último dia, o dia a acrescentar passou a ser intercalado depois do último dia do mês de fevereiro, antes do mês de março, como ainda hoje usamos;
  • O primeiro dia do ano passa a ser o dia das calendas de janeiro ou 1 de janeiro no nosso calendário, 8 dias depois do solstício de inverno, calculado para coincidir com o 8º dia (VIII) antes das calendas de janeiro ou 25 de dezembro no nosso calendário, tal como as outras estações deveriam igualmente ocorrer por volta do oitavo dia antes dos meses de abriljulho e outubro.

O calendário juliano, com as modificações feitas por Augusto, continua sendo utilizado pelos cristãos ortodoxos em vários países. Nele, os anos bissextos ocorrem sempre de quatro em quatro anos, enquanto no calendário gregoriano não são bissextos os anos seculares exceto os múltiplos de 400, o que hoje acumula uma diferença para o calendário gregoriano de 13 dias. Assim, o dia 2 de janeiro de 2022 no calendário gregoriano, é dia 20 de dezembro de 2021 no calendário juliano.

Calendário Romano

Ver artigo principal: Calendário romano

Tradicionalmente se diz que o calendário romano foi estabelecido por Rómulo à época da criação de Roma,[carece de fontes] em 753 a.C. tinha 10 meses e totalizavam 304 dias. Foi modificado por Numa Pompílio[carece de fontes] que o transformou para lunissolar, com doze meses totalizando 355 dias que para manter o calendário alinhado com o ano solar se adicionava um mês extra, mensis intercalaris, de dois em dois anos, fazendo dos anos uma sequência irregular de 355, 377, 355, 378 dias e que ainda dependia de ajustes. A decisão de inserir o mês extra era de responsabilidade do pontífice máximo (pontifex maximus), que buscava manter o calendário em sincronia com os eventos sazonais de translação da Terra, o que nem sempre era preciso.

Calendário juliano

Em 46 a.C.Júlio César, percebendo que as festas romanas marcadas para março (que era então o primeiro mês do ano), estavam a ocorrer em pleno inverno, também pela falta da introdução de meses intercalares nos últimos 10 anos, preparou uma profunda reforma do calendário, seguindo de forma prática o modelo do calendário egípcio com o conselho do astrônomo alexandrino Sosígenes.

As modificações realizadas a partir desses estudos modificaram radicalmente o calendário romano: dois meses, Unodecembris e Duocembris foram adicionados ao final do ano de 46 a.C., deslocando assim Januarius e Februarius para o início do ano de 45 a.C.. Os dias dos meses foram fixados numa sequência de 31, 30, 31, 30... de Januarius a Decembris, à exceção de Februarius, que ficou com 29 dias e que, a cada três anos, teria 30 dias.

Com estas mudanças, o calendário anual passou a ter doze meses que somavam 365 dias. O mês de Martius, que era o primeiro mês do ano, continuou sendo a marcação do equinócio. Foi abandonado o formato lunissolar do calendário romano se fixando para um calendário predominantemente solar, se substituiu o mês intercalar Mercedonius de 22 e 23 dias por apenas um dia chamado de dia extra que deveria ser incluso no 24º dia de Februarius"ante die sextum kalenda martias", que, em função da forma de contagem dos romanos acabou criando o conceito de ano bissexto, de 366 dias que deveria ocorrer de quatro em quatro anos.

Os anos bissextos definidos no calendário juliano para ocorrer de 4 em 4 anos resultavam num valor médio do ano de 365,25 dias que se aproximava muito bem do valor do ano trópico atualmente equivalente a 365,2422 dias.

Ano da confusão

O ano 46 a.C. em que foi preparada a reforma teve de ser acrescentado e acabou por chegar aos 443 dias, de modo a que o novo calendário se iniciasse nas calendas de janeiro ou 1 de janeiro, dia em que provavelmente também ocorreu uma Lua nova e o início de um novo mês lunar.

Esse ano foi recordado como o último ano da confusão segundo as palavras dos historiador Macróbio, tendo em conta a confusão que antes já ocorria com a decisão (nem sempre cumprida) de introduzir meses intercalares no anterior calendário lunissolar, daí resultando uma sequência irregular de 355, 377, 355 ou 378 dias.[1]

Nome dos meses

Durante o Império Romano, ficou comum a substituição de nomes de meses por nome do imperador do momento, sendo que alguns deles foram radicais nesta prática, exemplo de Cómodo que mudou o nome de todos eles, a começar por Januarius que se chamou Amazonius, e Augustus por Commodus.

No entanto as alterações posteriores ao imperador Augusto acabaram por ser abandonadas.

Homenagem a Júlio César

Em 44 a.C., poucos meses depois da morte de Júlio César o senado romano mudou o nome do mês Quintilis para Julius (mês de 31 dias), em sua homenagem, por ser o mês em que tinha nascido.

Como ficaram os meses a partir do ano 45 a.C.

No.MêsDias
1Januarius31
2Februarius29 ou 30
3Martius31
4Aprilis30
5Maius31
6Junius30
7Julius31
8Sextilis30
9September31
10October30
11November31
12December30

As mudanças de Augusto

Como os anos bissextos, depois da morte de Júlio César não foram contados correctamente de 4 em 4 anos, mas de 3 em 3 anos, o imperador Augusto, também na qualidade de pontífice máximo determinou que a partir do ano 12 a.C. não houvesse anos bissextos até ao ano 8 d.C., para compensar os dias bissextos introduzidos a mais. Após o ano 8 d.C., os meses se organizaram da seguinte forma:

Homenagem a Augusto

Também o senado romano, em homenagem ao imperador Augusto, modificou o mês Sextilis (mês de 30 dias) para Augustus, em homenagem ao seu título, mas para que o mês não ficasse menor que o dedicado a Júlio César foram feitos acertos no tamanho dos meses finais do ano e passando um dia de fevereiro para agosto. O mês de Februarius passou de 29 para 28 dias, e agosto passou de 30 para 31 dias, com mudança também nos demais meses, de 31 para 30 e vice e versa até o fim do ano.[2]

Medida do ano juliano

calendário juliano tem por base uma medida do ano solar de 365 dias e 6 horas, um valor muito prático, que determina a introdução do dia bissexto de 4 em 4 anos, resultante da acumulação de 6 horas por ano. Este valor de 365,25 dias ou 365 dias e 1/4 é um valor que está muito próxima do valor do ano trópico, mas é ligeiramente superior e mais próximo do ano sideral. O valor do ano solar foi estudado por numerosos astrónomos da Babilónia, do Egipto e da Grécia que a pouco e pouco foram apresentando valores do ano solar com menos alguns minutos por ano. Por exemplo, Ptolomeu verificou no ano 312 que a duração do ano continha 365 dias e um quarto, menos uma tricentésima parte do dia, isto é, menos 4 minutos e 48 segundos e indicou-o no tratado do Almagesto.

Calendário cristão

O calendário juliano era o calendário em uso no império romano no tempo da vida de Cristo e assim foi naturalmente usado como base de cálculo da Páscoa pelos cristãos. No século IV, por ocasião do Primeiro Concílio de Niceia o Equinócio da Primavera ocorria por volta do dia 21 de Março. A partir do século XIII, as observações astronómicas e o cálculo da medida do ano solar mostraram que o Equinócio da Primavera ocorria vários dias antes da data considerada fixa de 21 de Março. A necessidade de uma correcção e a mudança para o calendário gregoriano foi antecedida de debates ao longo de três séculos. O calendário juliano foi oficialmente reformado em 1582, pelo papa Gregório XIII, dando origem ao calendário gregoriano que foi adotado progressivamente por diversos países, e hoje é utilizado pela maioria dos países ocidentais. Para a entrada em vigor do Calendário gregoriano a seguir ao dias 4 de outubro de 1582 foram suprimidos os 10 dias acumulados no calendário juliano e, para que não voltasse a ocorrer o mesmo erro, mudou-se a regra do ano bissexto. Este calendário gregoriano foi adotado por países onde a Igreja Católica era predominante, entretanto, a Igreja Ortodoxa não aceitou seguir esta mudança, optando pela permanência no calendário juliano o que explica hoje a diferença de 13 dias entre estes dois calendários.

A seguinte cronologia permite identificar algumas datas-chave para diversos países.

19491926192319191918191619151912187518731867181115841760175217531700168216481582161016051587158615831582


Uso ortodoxo

Ver artigo principal: Ano litúrgico ortodoxo
Ícone russo do calendário dos santos

Ainda que à altura de 1924 a maioria dos países ortodoxos já houvessem adotado o calendário gregoriano, não se podia dizer o mesmo de suas igrejas nacionais. O "calendário juliano ortodoxo" foi aprovado por um sínodo em Istambul em maio de 1923, consistindo de uma parte solar, idêntica ao calendário gregoriano até o ano de 2800, e uma parte lunar, que calcula a Páscoa astronomicamente a partir de Jerusalém. As igrejas ortodoxas todas se recusaram a aceitar a parte lunar a princípio, de forma que continuam calculando a Páscoa a partir do calendário juliano (com exceção da Igreja Ortodoxa Finlandesa e da Igreja Ortodoxa Apostólica Estoniana).[3][4]

A parte solar do calendário juliano revisado apenas foi aceita por algumas igrejas ortodoxas, com esperança de avançar no diálogo com denominações ocidentais: o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla (com exceção do Monte Atos), os patriarcados antigos de Alexandria e Antioquia, as igrejas de GréciaChipreRomênia, parte da Tcheca e EslovacaPolônia (de 1924 a 2014, mas permitindo que paróquias usassem o calendário revisado caso o preferissem), Bulgária (a última, em 1963) e América (ainda que algumas paróquias utilizem o juliano tradicional). A maior identificação destas igrejas está em comemorarem o Natal junto ao Ocidente, em 25 de dezembro, até 2799.

Os patriarcados de JerusalémMoscouGeórgia e Sérvia, assim como a Igreja Ortodoxa Polonesa (desde 2014). Na Grécia, e em menor grau em outras localidades, a disputa do calendário deflagrou cismas que deram origem ao movimento veterocalendarista. Estas igrejas celebram o Natal em 7 de janeiro até 2100.

Ver também

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Referências

  1.  No Livro I da sua obra As Saturnais (Saturnalia). Cf. L. E. Doggett. «Calendars» (em inglês). Consultado em 21 de dezembro de 2012.
  2.  Fábio Araújo e Antonio Carlos Miranda. «Ano Bissexto: História de Mitos, Ciência e Vaidades». Consultado em 4 de maio de 2008

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