Martinho de Dume
Esta página cita fontes, mas estas não cobrem todo o conteúdo. (Junho de 2021) |
São Martinho de Dume | |
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Representação de São Martinho de Dume numa miniatura do Códice Albeldensis, c. 976 (Biblioteca do Mosteiro de San Lorenzo de El Escorial, Madrid). À esquerda, junto da cabeça do santo, pode-se ler Martinus episcopus bracarensis. | |
Nascimento | 518 |
Morte | Bracara Augusta 20 de março de 579 (61 anos) |
Beatificação | |
Canonização | |
Festa litúrgica | 20 de março em Portugal e na Igreja Ortodoxa; 5 de dezembro no Calendário Romano; 22 de outubro na Diocese de Braga |
Padroeiro | Diocese de Braga |
Portal dos Santos |
Martinho de Dume ou Martinho de Braga (Panónia, c.510/5 – Braga, 579/80), também conhecido como Martinho Dumiense, Martinho Bracarense ou Martinho da Panónia, foi um bispo de Braga e de Dume considerado santo pela Igreja Católica e pela Igreja Ortodoxa.[1] Martinho nasceu na Panónia, actual Hungria, no século VI. É conhecido como o "apóstolo dos suevos", por ser considerado o maior responsável pela sua conversão do arianismo ao catolicismo. Também é conhecido por nominar os dias da semana em língua portuguesa.[2]
Biografia
Estudou grego e ciências eclesiásticas no Oriente. De volta ao Ocidente, dirigiu-se para Roma e para a França, para continuar os estudos,[3] onde visitou o túmulo do seu conterrâneo Martinho de Tours.
Estabeleceu um mosteiro em Dume, uma aldeia das proximidades de Bracara Augusta, a partir do qual começou a irradiar a sua pregação. Estabeleceu a Diocese de Dume (caso único na história cristã – confinada ao referido Mosteiro de Dume a que presidia), da qual foi primeiro bispo, em 556.[3] Depois, por vacatura da diocese bracarense, em 569, foi feito metropolita dessa região de Braga, então capital do Reino Suevo. Consta na tradição e documentos que ele mesmo fundou a igreja e mosteiro de São Martinho de Tours, em Cedofeita, Porto. Esta cidade era um importante posto militar e administrativo suevo.
Reuniu o Concílio de Braga em 563, tendo proibido que se cantassem muito dos hinos e cantos de carácter popular que estavam incluídos nas missas e noutras celebrações. Ao longo dos anos, a música litúrgica foi sendo fixada no Cantochão, mas o povo, apoiado num substrato musical muito antigo, apoderou-se de alguns destes cânticos da Igreja e popularizou-os, dando-lhes a sua interpretação própria.
Para além de batalhador pela ortodoxia contra os arianos, foi também um fecundo escritor. Entre as principais obras, citamos: Escritos canônicos e litúrgicos. Destacou-se também como tradutor (designadamente, dos Pensamentos dos padres egípcios).
Martinho de Dume é também uma figura de capital importância para a história da cultura e língua portuguesas; de facto, considerando indigno de bons cristãos que se continuasse a chamar os dias da semana pelos nomes latinos pagãos de Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies e Solis dies, foi o primeiro a usar a terminologia eclesiástica para os designar (Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica Dies), donde os modernos dias em língua portuguesa (segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo), caso único entre as línguas novilatinas, dado ter sido a única a substituir inteiramente a terminologia pagã pela terminologia cristã.
Isto explica o facto de os mais antigos documentos redigidos em português, fortemente influenciados por este latim eclesiástico, não terem qualquer vestígio da velha designação romana dos dias da semana, prova da forte acção desenvolvida por Martinho e seus sucessores na substituição dos nomes.
Martinho tentou também substituir os nomes dos planetas, mas aí já não foi tão bem sucedido, pelo que ainda hoje os chamamos pelos seus nomes clássicos pagãos.[carece de fontes]
Morreu no dia 20 de março de 579 e foi sepultado na catedral de Dúmio. Para si compôs o seguinte epitáfio: Nascido na Panônia, atravessando vastos mares, impelido por sinais divinos para o seio da Galiza, sagrado bispo nesta tua igreja, ó Martinho confessor, nela instituí o culto e a celebração da missa. Tendo-te seguido, ó patrono, eu, o teu servo Martinho, igual em nome que não em mérito, repouso agora aqui na paz de Cristo.
Obras
- Pro Repellenda Iactantia (Em favor da jactância que deve ser repelida)
- Item de superbia (Acerca da soberba)
- Exhortatio humilitatis (Exortação da humildade)
- Sententiae Patrum Aegyptiorum (Sentenças dos Padres Egípcios)
- De ira (Da Ira)
- De correctione rusticorum (Da Correcção dos rústicos)
- Formula vitae honestae (Fórmula da vida honesta)
Referências
- ↑ Sanidopoulos, John. «Saint Martin of Braga». Mystagogy Resource Center (em inglês)
- ↑ Richard A. Fletcher (1999). The Barbarian Conversion: From Paganism to Christianity. [S.l.]: University of California Press. p. 257. ISBN 978-0-520-21859-8
- ↑ ab São Martinho de Dume, bispo, +579, evangelhoquotidiano.org
Bibliografia
- CALAFATE, Pedro – História do Pensamento Filosófico Português, Idade Média (Vol. I)
- COSTA, Avelino de Jesus - S. Martinho de Dume, (XIV Centenário da sua chegada à Península). Braga, Ed. Cenáculo, 1950.
Cota: HG 5.460 (10) V
- SILVA, Lúcio Craveiro da - Estudos de cultura portuguesa, Braga, Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho, 2002 (biografias São Martinho de Dume, D. Diogo de Sousa, Francisco Sanches, Cassiano Abranches, Bacelar e Oliveira e Júlio Fragata)
- SOARES, Luís Ribeiro - A linhagem cultural de S. Martinho de Dume, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1997.
Cota: BPB 152.020