quinta-feira, 25 de novembro de 2021

EÇA DE QUEIROZ - ESCRITOR - NASCEU EM 1845 - 25 DE NOVEMBRO DE 2021

 

Eça de Queiroz

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Eça de Queiroz
Nome completoJosé Maria de Eça de Queiroz
Nascimento25 de novembro de 1845
Póvoa de VarzimReino de Portugal e dos Algarves (hoje Portugal)
Morte16 de agosto de 1900 (54 anos)
Neuilly-sur-SeineFrança
NacionalidadePortuguês
CônjugeD. Emília de Castro
Filho(a)(s)4, incluindo António
OcupaçãoDiplomata e romancista, contista
Magnum opusOs Maias
Escola/tradiçãorealismo
Movimento estéticoGeração de 70
Assinatura
Assinatura Eça de Queirós.png

José Maria de Eça de Queiroz[1] (Póvoa de Varzim25 de novembro de 1845 – Neuilly-sur-Seine16 de agosto de 1900), também escrito Eça de Queirós, foi um escritor e diplomata português. É considerado um dos mais importantes escritores portugueses de sempre. Foi autor de romances de reconhecida importância, de Os Maias e O Crime do Padre AmaroOs Maias é considerado por muitos o melhor romance realista português do século XIX.[2][3]

Eça de Queiroz e Machado de Assis são considerados os dois maiores escritores em língua portuguesa do século XIX.[4][5][6] Eça notabilizou-se pela originalidade e riqueza do seu estilo e linguagem, o realismo descritivo; e pela crítica social constantes nos seus romances.[7] O termo "acaciano" para definir alguém com um discurso vazio, enfeitado, pomposo, mas sem conteúdo, presente na Língua portuguesa, é uma alusão ao personagem Conselheiro Acácio, do romance O Primo Basílio.[8][9]

Biografia

Carolina Augusta Pereira de Eça de Queiroz (1826-1918) e José Maria de Almeida Teixeira de Queiroz (1820-1901), pais de Eça de Queiroz.

José Maria de Eça de Queiroz nasceu em 25 de novembro de 1845, numa casa da Praça do Almada na Póvoa de Varzim, no então número 1 ao 3 do Largo de São Sebastião (hoje Largo Eça de Queiroz), no centro da cidade, em casa de um parente de sua mãe, Francisco Augusto Pereira Soromenho, um dos funcionários aduaneiros da Póvoa de Varzim. Dado os seus pais não serem então casados, considerado indecente em meados do século XIX e este parente de certo relevo local, chefe da alfândega local, este preferiu que o batismo fosse realizado na Igreja Matriz de Vila do Conde, em vez da matriz local, muito próxima à casa, e fosse ocultado o nome da mãe.[10]

Eça era filho de José Maria Teixeira de Queiroz, nascido no Rio de Janeiro em 1820 e delegado do procurador régio em Viana do Castelo, e de Carolina Augusta Pereira d'Eça, nascida em Monção em 1827. O casamento ocorreu posteriormente ao nascimento. O pai de Eça de Queiroz, magistrado e par do reino, convivia regularmente com Camilo Castelo Branco, quando este vinha à Póvoa para se divertir no Largo do Café Chinês. Uma das teses para tentar justificar o facto de os pais do escritor não se terem casado antes do seu nascimento sustenta que Carolina Augusta Pereira de Eça não teria obtido o necessário consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça. De facto, seis dias após a morte da avó que a isso se oporia, casaram-se os pais de Eça de Queiroz, quando o menino tinha quase quatro anos.

O pai era magistrado, formado em Direito por Coimbra.[2] Foi juiz instrutor do célebre processo de Camilo Castelo Branco, juiz da Relação e do Supremo Tribunal de Justiça, presidente do Tribunal do Comércio, deputado por Aveirofidalgo cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do Conselho de Sua Majestade.[11] Foi ainda escritor e poeta.

Eça, por sua vez, apresenta episódios incestuosos em criança relatados no diário de sua prima. Por via dessas contingências foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até passar para a casa de Verdemilho em AradasAveiro, a casa da sua avó paterna. Nessa altura, foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, de onde saiu em 1861, com dezasseis anos, para a Universidade de Coimbra, onde estudou Direito.[11] Além do escritor, os pais teriam mais seis filhos.

Estátua na Póvoa de Varzim.
Celebração de 1906 na Póvoa de Varzim com a colocação de uma placa comemorando o nascimento de Eça naquela casa da Praça do Almada.
Nota de 10 Escudos de 1925, Eça de Queiroz

Em Coimbra, Eça foi amigo de Antero de Quental. Os seus primeiros trabalhos, publicados na revista "Gazeta de Portugal", foram depois coligidos em livro, publicado postumamente com o título Prosas Bárbaras. Eça veraneava na Póvoa de Varzim, quando matriculado na Universidade de Coimbra. Sua tia materna, Carlota, arrendava casa na Póvoa, de verão e com ela, além do sobrinho José Maria, iam também os seus quatro filhos, três rapazes e uma rapariga.[12]

Em 1866, Eça de Queiroz terminou a Licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra e passou a viver em Lisboa, exercendo a advocacia e o jornalismo. Foi director do periódico O Distrito de Évora e colaborou em publicações periódicas como a Renascença[13] (1878-1879?), A Imprensa[14] (1885-1891), Ribaltas e gambiarras (1881) e postumamente na Revista de turismo [15] iniciada em 1916 e na Feira da Ladra (1929-1943). Porém, continuaria a colaborar esporadicamente em jornais e revistas ocasionalmente durante toda a vida. Mais tarde fundaria a Revista de Portugal.

Em 1869 e 1870, Eça de Queiroz fez uma viagem de seis semanas ao Oriente (de 23 de outubro de 1869 a 3 de janeiro de 1870), em companhia de D. Luís de Castro, 5.º conde de Resende, irmão da sua futura mulher, D. Emília de Castro, tendo assistido no Egito à inauguração do canal do Suez: os jornais do Cairo referem «Le Comte de Rezende, grand amiral de Portugal et chevalier de Queiroz». Visitaram, igualmente, a Palestina. Aproveitou as notas de viagem para alguns dos seus trabalhos, o mais notável dos quais o O Mistério da Estrada de Sintra, em 1870, e A Relíquia, publicado em 1887.[11] Em 1871, foi um dos participantes das chamadas Conferências do Casino.

Em 1870 ingressou na Administração Pública, sendo nomeado administrador do concelho de Leiria. Foi enquanto permaneceu nesta cidade, que Eça de Queiroz escreveu a sua primeira novela realista, O Crime do Padre Amaro, publicada em 1875.

Tendo ingressado na carreira diplomática, em 1873 foi nomeado cônsul de Portugal em Havana. Os anos mais produtivos de sua carreira literária foram passados em Inglaterra, entre 1874 e 1878, durante os quais exerceu o cargo em Newcastle e Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, como A Capital,[11] escrito numa prosa hábil, plena de realismo. Manteve a sua actividade jornalística, publicando esporadicamente no Diário de Notícias, em Lisboa, a rubrica «Cartas de Inglaterra». Mais tarde, em 1888 seria nomeado cônsul em Paris.[2]

Seu último livro foi A Ilustre Casa de Ramires, sobre um fidalgo do século XIX com problemas para se reconciliar com a grandeza de sua linhagem. É um romance imaginativo, entremeado com capítulos de uma aventura de vingança bárbara que se passa no século XII, escrita por Gonçalo Mendes Ramires, o protagonista. Trata-se de uma novela chamada A Torre de D. Ramires, em que antepassados de Gonçalo são retratados como torres de honra sanguínea, que contrastam com a lassidão moral e intelectual do rapaz.

Aos 40 anos casou com Emília de Castro, com quem teve 4 filhos:[16] Alberto (16-4-1894), António (28-12-1889), José Maria (26 -2 -1888) e Maria (16-1-1887).[17]

Morreu em 16 de Agosto de 1900 na sua casa de Neuilly-sur-Seine, perto de Paris. Teve funeral de Estado,[18] foi sepultado em Cemitério dos Prazeres de Lisboa, mas mais tarde foi transladado para o cemitério de Santa Cruz do Douro em Baião.

Foi também o autor da Correspondência de Fradique Mendes e A Capital, obra cuja elaboração foi concluída pelo filho e publicada, postumamente, em 1925. Fradique Mendes, aventureiro fictício imaginado por Eça e Ramalho Ortigão, aparece também no Mistério da Estrada de Sintra. Seus trabalhos foram traduzidos em aproximadamente vinte línguas.

Cronologia sumária

Busto de Eça de Queiroz em Neuilly-sur-Seine, avenue Charles de Gaulle (França)

Obras

Obras traduzidas

As Minas de Salomão (tradução do original inglês de 1885 em folhetins para a Revista de Portugal entre Outubro de 1889 e Junho de 1890[20][21] e publicação em livro em 1891[22][23]) (tradução).(eBook)

As obras de Eça de Queiroz foram traduzidas em cerca de 20 línguas, ultrapassando já os 70 exemplos: alemão (deutsche Sprache), basco (euskara), búlgaro (български език), castelhano (castellano), catalão (català), checo (čeština), eslovaco (slovenčina), francês (français), georgiano (ქართული ენა), húngaro (magyar nyelv), inglês (English), islandês (íslenska), italiano (lingua italiana), japonês (日本語), neerlandês (de Nederlandse taal), polaco (język polski), romeno (limba română), russo (russkiy yazyk) e sueco (svenska).

Dados genealógicos

Filho de José Maria Teixeira de Queiroz (nascido no Rio de Janeiro em 1820), magistrado e par do reino, e de Carolina Augusta Pereira d'Eça (nascida em Monção em 1827).[24] O casamento ocorreu posteriormente ao seu nascimento.

Casou com Emília de Castro Pamplona, filha de D. António Benedito de Castro, 4.º conde de Resende, 18.º Almirante de Portugal, e D. Maria Baldina Pamplona Carneiro Rangel, filha primogénita do 1º visconde de Beire.[25]

Tiveram os seguintes filhosː

  • D. Maria de Castro de Eça de Queiroz casada com seu primo co-irmão D. José de Castro. Com geração.
  • José Maria de Eça de Queiroz (26 de Fevereiro de 1888 - 2 de Junho de 1928) casado, em 14 de Maio de 1915, com sua prima co-irmã D. Matilde de Castro (15 de Novembro de 1890), filha dos 6.ºs condes de Resende.
  • António Eça de Queiroz, chefe dos serviços externos da Propaganda Nacional, distinto escritor, ex-Oficial do Exército, casado em França com D. Maria Cristina Guimar̃ães Rino, filha de José Rino e Capitólia de Guimarães. Sem geração.
  • Alberto de Eça de Queiroz. Sem geração.[26]

Filme

Em 2020 foi lançado em Portugal o filme O Nosso Cônsul em Havana, de Francisco Manso, que acompanha a chegada de Eça a Cuba, e a sua permanência no país, como diplomata, na sua primeira missão consular, de dezembro de 1872 a março de 1874.[27]

Ver também

Fontes para a biografia

Referências

  1.  «Eça de Queiroz ou Eça de Queirós? - Pórtico da Língua Portuguesa»porticodalinguaportuguesa.pt. Consultado em 7 de fevereiro de 2016
  2. ↑ Ir para:a b c «José Maria Eça de Queirós». UOL - Educação. Consultado em 15 de novembro de 2012
  3.  «Eça agora! Fatos atuais sobre um escritor eterno»Folha de SP. Consultado em 9 de janeiro de 2020
  4.  «Machado de Assis e Eça de Queiroz se somam nas diferenças»ISTOÉ. Consultado em 9 de janeiro de 2020
  5.  «Machado de Assis & Eça de Queiroz: uma aproximação»Revista Ideias. Consultado em 9 de janeiro de 2020
  6.  Lago, Sylvio. Contrastes e Convergências. [S.l.: s.n.] p. 91. ISBN 9788541601450
  7.  «Liteeratura:Eça de Queiroz»Citi. Consultado em 9 de janeiro de 2020
  8.  «"Eça gostava do Brasil mas non troppo"»O Publico. Consultado em 9 de janeiro de 2020
  9.  «Uma questão bizantina»Folha de SP. Consultado em 9 de janeiro de 2020
  10.  Landolt, Candido (Outubro de 1911). O Meu Pantheon. [S.l.]: Revista Quinzenal "A Póvoa de Varzim"
  11. ↑ Ir para:a b c d «Eça de Queirós»R7. Brasil Escola. Consultado em 15 de novembro de 2012
  12.  Helena Vaz da Silva. «Roteiro queiroziano». e-Cultura.pt. Consultado em 18 de abril de 2016
  13.  Helena Roldão (3 de outubro de 2013). «Ficha histórica: A renascença : orgão dos trabalhos da geração moderna» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 31 de março de 2015
  14.  Helena Bruto da Costa (11 de janeiro de 2006). «Ficha histórica:A imprensa : revista scientifica, litteraria e artistica (1885-1891)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de abril de 2015
  15.  Jorge Mangorrinha (16 de janeiro de 2012). «Ficha histórica:Revista de Turismo: publicação quinzenal de turismo, propaganda, viagens, navegação, arte e literatura (1916-1924)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de Maio de 2015
  16.  Cf. «Filhos de Eça». Centro de Investigação para Tecnologias Interactivas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
  17.  Revista COLÓQUIO/Letras n.º 142 (Out. 1996). Cartas do Pai Eça, pág. 227.
  18.  «Sobre o funeral, ver». Esalvide.edu.pt. Consultado em 15 de novembro de 2012
  19.  http://www.wook.pt/ficha/dicionario-de-milagres/a/id/14317782
  20.  Tradução das Minas de Salomão, Centro de Investigação para Tecnologias, in secção de cultura do sítio do CITI
  21.  As Minas de SalomãosEça de Queirós (blogue queirosiana.wordpress.com)
  22.  As Minas de SalomãosEça de Queirós (blogue queirosiana.wordpress.com)
  23.  A Escolha do Professor Bibliotecário - HENRY RIDER HAGGARD - EÇA DE QUEIRÓS - AS MINAS DE SALOMÃO in BIBLIOTECA ESCOLA BÁSICA 2,3 EUGÉNIO DOS SANTOS
  24.  Livro de Oiro da Nobreza, Apostilas à Resenha das Famílias Titulares do Reino de Portugal de João Carlos Fêo Cardoso Castelo Branco e Tôrres e Manoel de Castro Pereira de Mesquita, pelos Domingos de Araújo Affonso e Ruy Dique Travassos Valdez, Tomo III, Academia Nacional de Heráldica e Genealogia, Braga, 1933, pág. 46
  25.  Livro de Oiro da Nobreza, Apostilas à Resenha das Famílias Titulares do Reino de Portugal de João Carlos Fêo Cardoso Castelo Branco e Tôrres e Manoel de Castro Pereira de Mesquita, pelos Domingos de Araújo Affonso e Ruy Dique Travassos Valdez, Tomo III, Academia Nacional de Heráldica e Genealogia, Braga, 1933, pág. 46
  26.  Livro de Oiro da Nobreza, Apostilas à Resenha das Famílias Titulares do Reino de Portugal de João Carlos Fêo Cardoso Castelo Branco e Tôrres e Manoel de Castro Pereira de Mesquita, pelos Domingos de Araújo Affonso e Ruy Dique Travassos Valdez, Tomo III, Academia Nacional de Heráldica e Genealogia, Braga, 1933, pág. 46
  27.  Filme "O Nosso Cônsul em Havana" chega às salas de cinema no próximo dia 19, Observador, via Lusa, 10 nov 2020, 01:15

Ligações externas

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RAMALHO ORTIGÃO - ESCRITOR - NASCEU EM 1836 - 25 DE NOVEMBRO DE 2021

 

Ramalho Ortigão

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ramalho Ortigão
Ramalho Ortigao 01.JPG
Ramalho Ortigão
Nome completoJosé Duarte Ramalho Ortigão
Nascimento24 de outubro de 1836
Casa de Germalde, Santo IldefonsoPortoReino de Portugal
Morte27 de setembro de 1915 (78 anos)
MercêsLisboaRepública Portuguesa
NacionalidadePortuguês
CônjugeEmília Isaura Vilaça de Araújo Vieira (3 filhos)
OcupaçãoEscritor
Magnum opusAs Farpas
Assinatura
AssinaturaRamalhoOrtigão.svg

José Duarte Ramalho Ortigão ComC (PortoSanto Ildefonso, Casa de Germalde, 24 de Outubro de 1836 — LisboaMercês27 de Setembro de 1915) foi um escritor português.[1]

Vida e Obra

José Duarte Ramalho Ortigão nasceu no Porto, na Casa de Germalde, freguesia de Santo Ildefonso. Era o mais velho de nove irmãos e irmãs, filhos e filhas do primeiro-tenente de artilharia Joaquim da Costa Ramalho Ortigão e de sua mulher Antónia Alves Duarte Silva.

Viveu a sua infância numa quinta do Porto com a avó materna, com a educação a cargo de um tio-avô e padrinho Frei José do Sacramento. Na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, frequentou brevemente o curso de Direito. Ensinou francês e dirigiu o Colégio da Lapa no Porto, do qual seu pai havia sido director.

Iniciou-se no jornalismo colaborando no Jornal do Porto e no jornal de cariz monárquico O CorreioSemanário Monárquico [2] (1912-1913). Também foi colaborador em diversas publicações periódicas, em alguns casos postumamente, entre as quais se destaca: Acção realista (1924-1926); O António Maria[3] (1879-1885;1891-1898); Branco e Negro[4] (1896-1898); Brasil-Portugal[5] (1899-1914); Contemporânea (1915-1926); A Esperança[6] (1865-1866; Galeria republicana (1882-1883); Gazeta Literária do Porto[7] (1868), Ideia Nacional[8] (1915), Lisboa creche: jornal miniatura[9] (1884), A Imprensa[10] (1885-1891); O Occidente[11] (1878-1909); Renascença[12] (1878-1879?); Revista de Estudos Livres[13] (1883-1886), A semana de Lisboa[14] (1893-1895); A Arte Portuguesa[15] (1895); Tiro e Sport[16] (1904-1913); Serões (1901-1911); O Thalassa: semanario humoristico e de caricaturas (1913-1915) e, a título póstumo, no periódico O Azeitonense[17] (1919-1920).

Em 24 de Outubro de 1859, casou com D.ª Emília Isaura Vilaça de Araújo Vieira, de quem veio a ter três filhos: Vasco, Berta e Maria Feliciana.

Ainda no Porto, envolveu-se na Questão Coimbrã com o folheto «Literatura de hoje», acabando por enfrentar Antero de Quental num duelo de espadas, a quem apodou de cobarde por ter insultado o cego e velhinho António Feliciano de Castilho. Ramalho ficou fisicamente ferido no duelo travado, em 6 de Fevereiro de 1866, no Jardim de Arca d'Água.

No ano seguinte, em 1867, visitou a Exposição Universal em Paris, de que resultou o livro Em Paris, primeiro de uma série de livros de viagens. Insatisfeito com a sua situação no Porto, mudou-se para Lisboa com a família, obtendo uma vaga para oficial da Academia das Ciências de Lisboa.

Reencontrou em Lisboa o seu ex-aluno Eça de Queirós e com ele escreveu um «romance execrável» (classificação dos autores no prefácio de 1884): O Mistério da Estrada de Sintra (1870), que marcou o aparecimento do romance policial em Portugal. No mesmo ano, Ramalho Ortigão publicou ainda Histórias cor-de-rosa e iniciou a publicação de Correio de Hoje (1870-71).[1] Em parceria com Eça de Queiroz, surgiram em 1871 os primeiros folhetos de As Farpas, do que veio a resultar a compilação em dois volumes sob o título Uma Campanha Alegre. Em finais de 1872, o seu amigo Eça de Queiroz partiu para Havana exercer o seu primeiro cargo consular no estrangeiro, continuando Ramalho Ortigão a redigir sozinho As Farpas.

Entretanto, Ramalho Ortigão tornara-se uma das principais figuras da chamada Geração de 70. Aconteceu-lhe o que ocorreu a quase todos os membros dessa geração. Numa primeira fase, pretendiam aproximar Portugal das sociedades modernas europeias, cosmopolitas e anticlericais. Desiludidos com as luzes europeias do progresso material, porém, voltaram-se, numa segunda fase, para as raízes de Portugal e para o programa de um «reaportuguesamento de Portugal». Foi dessa segunda fase que resultou a constituição do grupo «Os Vencidos da Vida», do qual fizeram parte, além de Ramalho Ortigão, o Conde de Sabugosa, o Conde de Ficalho, o Marquês de Soveral, o Conde de ArnosoAntero de QuentalOliveira MartinsGuerra JunqueiroCarlos Lobo de ÁvilaCarlos de Lima Mayer e António Cândido.[1] À intelectualidade proeminente da época juntava-se então a nobreza, num último esforço para restaurar o prestígio da Monarquia, tendo o Rei D. Carlos I, significativamente, sido eleito por unanimidade «confrade suplente do grupo».[1]

Na sequência do regícidio, em 1908, escreveu Rei D. Carlos: o martyrizado. Com a implantação da República, em 1910, pediu imediatamente a Teófilo Braga a demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda, escrevendo-lhe que se recusava a aderir à República «engrossando assim o abjecto número de percevejos que de um buraco estou vendo nojosamente cobrir o leito da governação». Saiu em seguida para um exílio voluntário em Paris, onde começou a escrever as Últimas Farpas (1911-1914) contra o regime republicano. O conjunto de As Farpas, mais tarde reunidas em 15 volumes, a que há que acrescentar os dois volumes das Farpas Esquecidas, e o referido volume das Últimas Farpas, foi a obra que mais o notabilizou, escrita num português muito rico, com intuitos pedagógicos, sempre muito crítico e revelando fina capacidade de observação. Eça de Queiroz escreveu que Ramalho Ortigão, em As Farpas, «estudou e pintou o seu país na alma e no corpo».[18]

Regressou a Portugal em 1912 e, em 1914, dirigiu a célebre Carta de um velho a um novo, a João do Amaral, onde saudou o lançamento do movimento de ideias políticas denominado Integralismo Lusitano:

«A orientação mental da mocidade contemporânea comparada à orientação dos rapazes do meu tempo estabelece entre as nossas respectivas cerebrações uma diferença de nível que desloca o eixo do respeito na sociedade em que vivemos obrigando a elite dos velhos a inclinar-se rendidamente à elite dos novos».[19]

Vítima de cancro, recolheu-se na casa de saúde do Dr. Henrique de Barros, na então Praça do Rio de Janeiro, em Lisboa, falecendo em 27 de Setembro de 1915, na sua casa da Calçada dos Caetanos, na freguesia da Lapa.

Foi Comendador da Ordem de Cristo e Comendador da Imperial Ordem da Rosa do Brasil. Além de bibliotecário na Real Biblioteca da Ajuda, foi secretário e oficial da Academia Nacional de Ciências, vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais, membro da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Academia das Belas Artes de Lisboa, do Grémio Literário, do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro,[1] e da Sociedade de Concertos Clássicos do Rio de Janeiro. Em Espanha, foi-lhe atribuído o grau de Excelentíssimo Senhor Grã-Cruz da Real Ordem de Isabel a Católica e foi membro da Academia de História de Madrid, da Sociedade Geográfica Real de Espanha, da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, da Unión Iberoamericana e da Real Academia Sevillana de Buenas Letras.

Foram impressas duas notas de 50$00 Chapa 6 e 6A de Portugal com a sua imagem.

Obras

Estátua de Ramalho Ortigão no Porto.
Estátua de Ramalho Ortigão por Leopoldo de Almeida (Parque D. Carlos ICaldas da Rainha.)
  • Litteratura de hoje (1866).
  • Em Pariz (1868).
  • Historias cor-de-rosa (1869).
  • O mysterio da estrada de Cintra (1870, com Eça de Queiroz).
  • Correio de hoje (1870-71).
  • Biographia de Emília Adelaide Pimentel (1871).
  • As Farpas (1871-72, com Eça de Queiroz).
  • As Farpas (1871-1882).
  • Banhos de caldas e aguas mineraes (1875).
  • As praias de Portugal (1876).
  • Theophilo Braga: esboço biographico (1879).
  • Notas de viagem, Pariz e a exposic̦ão universal (1878-1879) (1879).
  • A Instrucção Secundaria na Camara dos Senhores Deputados (1883).
  • A Hollanda (1883).
  • John Bull, depoimento de uma testemunha ácerca de alguns aspectos da vida e da civilisação ingleza. (1887).
  • O culto da Arte em Portugal (1896). (eBook)
  • Rei D. Carlos: o martyrizado (1908).
  • Últimas Farpas (1911-14).
  • Carta de um Velho a um Novo (1914).
  • Pela terra alheia; notas de viagem, 1878-1910 (1916).

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d e «Ramalho Ortigão»Porto Editora. Infopédia. Consultado em 24 de Outubro de 2012
  2.  Rita Correia (4 de Agosto de 2015). «Ficha histórica: O correio : semanario monarchico (1912-1913)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 27 de Junho de 2016
  3.  Rita Correia (27 de Outubro de 2006). «Ficha histórica: O António Maria (1879-1885;1891-1898).» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 12 de Maio de 2014
  4.  Rita Correia (1 de Fevereiro de 2012). «Ficha histórica: Branco e Negro : Semanario illustrado (1896-1898)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de Janeiro de 2015
  5.  Rita Correia (29 de Abril de 2009). «Ficha histórica: Brasil-Portugal : revista quinzenal illustrada (1899-1914).» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 26 de Junho de 2014
  6.  Helena Roldão (26 de Fevereiro de 2016). «Ficha histórica: A esperança : semanario de recreio litterario dedicado ás damas» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 11 de Abril de 2016
  7.  Helena Roldão (19 de março de 2015). «Ficha histórica: Gazeta litteraria do Porto (1868)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 5 de Maio de 2015
  8.  Rita Correia (5 de Fevereiro de 2015). «Ficha histórica: A ideia nacional : revista politica bi-semanal (1915)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 28 de Fevereiro de 2015
  9.  Catálogo BLX. «Lisboa crèche : jornal miniatura oferecido em benefício das creches a sua majestade a Rainha a Senhora Dona Maria Pia, maio de 1884, página 2, ficha técnica – registo bibliográfico.». Consultado em 21 de maio de 2020
  10.  Helena Bruto da Costa (11 de Janeiro de 2006). «Ficha histórica: A imprensa : revista scientifica, litteraria e artistica (1885-1891)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de Abril de 2015
  11.  Rita Correia (16 de Março de 2012). «Ficha histórica: O occidente : revista illustrada de Portugal e do estrangeiro (1878-1915)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 4 de Janeiro de 2015
  12.  Helena Roldão (3 de Outubro de 2013). «Ficha histórica: A renascença : orgão dos trabalhos da geração moderna» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 31 de Março de 2015
  13.  Pedro Mesquita (22 de Outubro de 2013). «Ficha histórica: Revista de estudos livres (1883-1886)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 17 de Abril de 2015
  14.  Álvaro de Matos (29 de Abril de 2010). «Ficha histórica: A semana de Lisboa : supplemento do Jornal do Commercio» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de Maio de 2016
  15.  Helena Roldão (17 de Maio de 2016). «Ficha histórica: A arte portugueza: revista de archeologia e arte moderna(1895)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 30 de Maio de 2017
  16.  Rita Correia (22 de Abril de 2014). «Ficha histórica: Tiro e sport : revista de educação physica e actualidades (1904-1913)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 18 de Dezembro de 2015
  17.  Jorge Mangorrinha (1 de Abril de 2016). «Ficha histórica: O Azeitonense: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão (1919-1920)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 18 de Setembro de 2016
  18.  Novas cartas inéditas de Eça de Queirós, Camilo, etc., a Ramalho Ortigão, Rio de Janeiro, Alba Editora, 1940, p. 95
  19.  Leão Ramos Ascensão, O Integralismo Lusitano, Edições Gama, Porto, 1943, p. 49

Bibliografia

  • 1997 - Quintas, José Manuel - O Integralismo Lusitano e a herança de «Os Vencidos da Vida», Sintra, Academia da Força Aérea, 1997.
  • 1999 - Oliveira, Maria João L. Ortigão de - O essencial sobre Ramalho Ortigão, Lisboa, INCM, 1999.
  • 2000 - Oliveira, Rodrigo Ortigão de - A Família Ramalho Ortigão, Porto, Ed. Lit. Rodrigo Ortigão de Oliveira, 2000, 368 p. ISBN 972-95094-8-4
  • António Cândido [et al.] - Os vencidos da vida, Porto, Fronteira do Caos, 2006.

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