terça-feira, 16 de novembro de 2021

JOSÉ SARAMAGO - ESCRITOR - NASCEU EM 1922 - 16 DE NOVEMBRO DE 2021

 

José Saramago

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disambig grey.svg Nota: "Saramago" redireciona a este artigo. Para a planta, veja Raphanus raphanistrum subsp. raphanistrum.
José Saramago ComSE • GColSE Medalha Nobel
José Saramago fotografado por Mário António Pena.
Nome completoJosé de Sousa Saramago
Nascimento16 de novembro de 1922
AzinhagaGolegãPortugal
Morte18 de junho de 2010 (87 anos)
TíasProvíncia de Las PalmasCanáriasEspanha
NacionalidadePortuguês
CônjugeIlda Reis (1944-1970)
Isabel da Nóbrega (1970-1986)
Pilar del Rio (1988-2010)
OcupaçãoSerralheiromecânicofuncionário públicotécnico editorialescritortradutorjornalistapoetacronistadramaturgocontistaromancistateatrólogoargumentistaensaísta
PrémiosPrémio Cidade de Lisboa (1980)

Prémio Literário Município de Lisboa (1982)
Prémio P.E.N. Clube Português de Novelística (1983, 1985)
Prémio D. Dinis (1984)
Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários (1985)
Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLB (1991)
Prémio Bordalo de Literatura da Casa da Imprensa (1991)
Grande Prémio Vida Literária APE/CGD (1993)
Gold Medal.svg Prémio Camões (1995)
Prémio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores (1995)
Prémio Nobel de Literatura (1998)

Magnum opusMemorial do Convento
O Evangelho segundo Jesus Cristo
Ensaio sobre a Cegueira
A Viagem do Elefante
Religiãoateu[1]
Assinatura
Assinatura José Saramago.png
Página oficial
Fundação José Saramago

José de Sousa Saramago ComSE • GColSE (AzinhagaGolegã16 de novembro de 1922 — TíasLanzarote18 de junho de 2010) foi um escritor português. Galardoado com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou, em 1995, o Prémio Camões,[2] o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago foi considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.[3] A 24 de Agosto de 1985 foi agraciado com o grau de Comendador da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico e a 3 de Dezembro de 1998 foi elevado a Grande-Colar da mesma Ordem, uma honra geralmente reservada apenas a Chefes de Estado.[4]

O seu livro Ensaio sobre a Cegueira foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil, Uruguai e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles (realizador de O Fiel Jardineiro (filme) e Cidade de Deus). Em 2010 o realizador português António Ferreira adapta um conto retirado do livro Objecto Quase, conto esse que viria dar nome ao filme Embargo, uma produção portuguesa em co-produção com o Brasil e Espanha. Também foi adaptado para o cinema o livro O Homem Duplicado, no filme de 2014 dirigido por Denis Villeneuve e estrelado por Jake Gyllenhaal.

Memorial do Convento foi adaptado num ópera de Azio CorghiBlimunda, criada na Scala de Milão em 1990

Nasceu na GolegãAzinhaga, no dia 16 de Novembro, embora o registo oficial apresente o dia 18 como o do seu nascimento. Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, foi membro do Partido Comunista Português e foi director-adjunto do Diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco RebelloArmindo MagalhãesManuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Casado, em segundas núpcias, com a espanhola Pilar del Río, Saramago viveu na ilha espanhola de Lanzarote, nas Ilhas Canárias.

A 29 de Junho de 2007 constitui a Fundação José Saramago para a defesa e difusão da Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos problemas do meio ambiente.[5] Em 2012 a Fundação José Saramago abre as suas portas ao público na Casa dos Bicos em Lisboa, presidida pela sua esposa Pilar del Río.

Biografia

José Saramago nasceu na vila de Azinhaga, no concelho da Golegã, oriundo de uma família de agricultores, eram seus pais José de Sousa (1896-1964), que posteriormente foi polícia, e Maria da Piedade (1898-1982).[6] A sua vida é passada em grande parte na cidade de Lisboa, para onde a família se mudou em 1924, antes mesmo de fazer dois anos de idade, falecendo o irmão Francisco de Sousa (1920-1924), em 22 de dezembro do mesmo ano.

A origem do apelido Saramago remete à alcunha da família, Saramago, que é uma planta herbácea com flor que cresce na região da Golegã. À data do registo de nascimento de José, o conservador erroneamente regista a criança com a alcunha pela qual se conhecia a família.

Demonstrava desde cedo interesse pelos estudos e pela cultura, sendo que essa curiosidade perante o Mundo o acompanhou até à morte.

Dificuldades económicas impediram José Saramago de fazer os estudos liceais, que o levariam a frequentar a universidade. Formou-se numa escola técnica e teve o seu primeiro emprego como serralheiro mecânico.

Fascinado pelos livros, visitava, à noite, com grande frequência, a Biblioteca Municipal Central/Palácio Galveias.[7]

Percurso profissional e literário

Aos 25 anos, publica o primeiro romance Terra do Pecado (1947), no mesmo ano de nascimento da sua filha, Violante dos Reis Saramago, fruto do primeiro casamento com Ilda Reis – com quem se casou em 1944 e com quem permaneceu até 1970. Nessa época, Saramago era funcionário público. Viveu, entre 1970 e 1986 com a escritora Isabel da Nóbrega. Em 1988, casar-se-ia com a jornalista e tradutora espanhola María del Pilar del Río Sánchez, que conheceu em 1986 e ao lado da qual viveu até à morte. Em 1955 e para aumentar os rendimentos, começou a fazer traduções de HegelTolstói e Baudelaire, entre outros.[7]

Depois de Terra do Pecado, Saramago apresentou ao seu editor o livro Clarabóia que, depois de rejeitado, permaneceu inédito até 2011. Persiste, contudo, nos esforços literários e, 19 anos depois, funcionário, então, da Editorial Estudos Cor, troca a prosa pela poesia, lançando Os Poemas Possíveis.[6] Num espaço de cinco anos, publica, sem alarde, mais dois livros de poesia: Provavelmente Alegria (1970) e O Ano de 1993 (1975). É quando troca também de emprego, abandonando a Estudos Cor para trabalhar no Diário de Notícias (DN) e, depois, no Diário de Lisboa. Em 1975, retorna ao DN como Director-Adjunto, onde permanece por dez meses, até 25 de Novembro do mesmo ano, quando os militares portugueses intervêm na publicação (reagindo ao que consideravam os excessos da Revolução dos Cravos) demitindo vários funcionários. Demitido, Saramago resolve dedicar-se apenas à literatura, substituindo de vez o jornalista pelo ficcionista: "(…) Estava à espera de que as pedras do puzzle do destino – supondo-se que haja destino, não creio que haja – se organizassem. É preciso que cada um de nós ponha a sua própria pedra, e a que eu pus foi esta: "Não vou procurar trabalho", disse Saramago em entrevista à revista Playboy, em 1995.[7]

Tributo a José Saramago espalhado pelos outdoors da cidade de Lisboa.

Da experiência vivida nos jornais, restaram três crónicasDeste Mundo e do Outro, 1971, A Bagagem do Viajante, 1973, As Opiniões que o DL Teve, 1974 e Os Apontamentos, 1976. Mas não são as crónicas, nem os contos, nem o teatro os responsáveis por fazer de Saramago um dos autores portugueses de maior destaque – esta missão está reservada aos seus romances, género a que retorna em 1977.[8]

Três décadas depois de publicado Terra do Pecado, Saramago retornou ao mundo da prosa ficcional com Manual de Pintura e Caligrafia. Mas ainda não foi aí que o autor definiu o seu estilo. As marcas características do estilo "saramaguiano" só apareceriam com Levantado do Chão (1980), livro no qual o autor retrata a vida de privações da população pobre do Alentejo.[8]

Dois anos depois de Levantado do Chão, surge o romance Memorial do Convento (1982), livro que conquista definitivamente a atenção de leitores e críticos. Nele, Saramago misturou factos reais com personagens inventados: o rei D. João V e Bartolomeu de Gusmão, com a misteriosa Blimunda e o operário Baltazar, por exemplo. O contraste entre a opulenta aristocracia ociosa e o povo trabalhador e construtor da história servem de metáfora à medida da luta de classes marxista. A crítica brutal a uma Igreja ao serviço dos opressores inicia a exposição de uma tentativa de destruição do fenómeno religioso como devaneio humano construtor de guerras.[8]

De 1980 a 1991, o autor trouxe a lume mais quatro romances que remetem a factos da realidade material, problematizando a interpretação da "história" oficial: O Ano da Morte de Ricardo Reis (1985), sobre as andanças do heterónimo de Fernando Pessoa por Lisboa; A Jangada de Pedra (1986), em que se questiona o papel Ibérico na então CEE através da metáfora da Península Ibérica soltando-se da Europa e encontrando o seu lugar entre a velha Europa e a nova América; História do Cerco de Lisboa (1989), onde um revisor é tentado a introduzir um "não" no texto histórico que corrige, mudando-lhe o sentido; e O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), onde Saramago reescreve o livro sagrado sob a óptica de um Cristo que não é Deus e se revolta contra o seu destino e onde, a fundo, questiona o lugar de Deus, do cristianismo, do sofrimento e da morte.[8]

Nos anos seguintes, entre 1995 e 2005, Saramago publicou mais seis romances, dando início a uma nova fase em que os enredos não se desenrolam mais em locais ou épocas determinados e personagens dos anais da história se ausentam: Ensaio Sobre a Cegueira (1995); Todos os Nomes (1997); A Caverna (2001); O Homem Duplicado (2002); Ensaio sobre a Lucidez (2004); e As Intermitências da Morte (2005). Nessa fase, Saramago penetrou de maneira mais investigadora os caminhos da sociedade contemporânea, questionando a sociedade capitalista e o papel da existência humana condenada à morte.[8]

José Saramago em 2008

A ida para Lanzarote conta mais sobre o escritor do que deixa transparecer a justificativa corrente (a medida censória portuguesa). Com o gesto de afastamento rumo à ilha mais oriental das Canárias, Saramago não apenas protesta ante o cerceamento, como finca raízes num local de geografia inóspita (trata-se de uma ilha vulcânica, com pouca vegetação e nenhuma fonte de água potável). A decisão tem um carácter revelador, tanto mais se se levar em conta que, neste caso, "mais oriental" significa dizer mais próximo de Portugal e do continente europeu.[carece de fontes]

Mesmo em dias de hegemonia do pensamento pró-mercado, Saramago guardava um olhar abrigado numa ilha europeia mais próxima da África que do velho centro da civilização capitalista. Sempre atento às injustiças da era moderna, vigilante das mais diversas causas sociais, Saramago não se cansava de investir, usando a arma que lhe coube usar, a palavra. "Aqui na Terra a fome continua, / A miséria, o luto, e outra vez a fome.", diz o eu lírico do poema saramaguiano "Fala do Velho do Restelo ao Astronauta" (do livro Os Poemas Possíveis, editado em 1966).[carece de fontes]

Morte

Saramago faleceu no dia 18 de junho de 2010,[9] aos 87 anos de idade, na sua casa em Lanzarote onde residia com a mulher Pilar del Rio, vítima de leucemia crónica.[10] O escritor estava doente havia algum tempo e o seu estado de saúde agravou-se na sua última semana de vida. O seu funeral teve honras de Estado, tendo o seu corpo sido cremado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa. As cinzas do escritor foram depositadas aos pés de uma oliveira, em Lisboa em 18 de junho de 2011.[11][12]

Obra

“Dificílimo acto é o de escrever, responsabilidade das maiores.(…) Basta pensar no extenuante trabalho que será dispor por ordem temporal os acontecimentos, primeiro este, depois aquele, ou, se tal mais convém às necessidades do efeito, o sucesso de hoje posto antes do episódio de ontem, e outras não menos arriscadas acrobacias(…)”

— Saramago, A Jangada de Pedra, 1986

José Saramago foi conhecido por utilizar um estilo oral, coevo dos contos de tradição oral populares em que a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correcção ortográfica de uma linguagem escrita. Todas as características de uma linguagem oral, predominantemente usada na oratória, na dialéctica, na retórica e que servem sobremaneira o seu estilo interventivo e persuasivo estão presentes. Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional; os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros. Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases (i.e. orações) ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores.[8]

Estas características tornam o estilo de Saramago único na literatura contemporânea, sendo considerado por muitos críticos um mestre no tratamento da língua portuguesa. Em 2003, o crítico norte-americano Harold Bloom, no seu livro Genius: A Mosaic of One Hundred Exemplary Creative Minds ("Génio: Um Mosaico de Cem Exemplares Mentes Criativas", tradução livre), considerou José Saramago "o mais talentoso romancista vivo nos dias de hoje",[13] referindo-se a ele como "o Mestre". Declarou ainda que Saramago é "um dos últimos titãs de um género literário que se está a desvanecer".[8]

Obras publicadas

Romances

Crónicas

Peças teatrais

Contos

Poesia

Diário e Memórias

Infantil

Viagens

Prémios

Entre as premiações destacam-se o Prémio Camões (1995) [14]– distinção máxima oferecida aos escritores de língua portuguesa, e o Nobel de Literatura (1998),[15] o primeiro concedido a um escritor de língua portuguesa.

Política

José Saramago numa iniciativa do PCP

Militante do Partido Comunista Português

José Saramago aderiu ao Partido Comunista Português em 1969,[16] pertencendo à Organização dos Intelectuais de Lisboa do PCP, e tornando-se após a Revolução dos Cravos membro da então criada Célula dos Escritores do Sector Intelectual de Lisboa. Nas Eleições autárquicas portuguesas de 1989 é candidato pelo Partido Comunista na lista da coligação Por Lisboa, sendo eleito Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa. Em todas as Eleições europeias desde 1987, quando Portugal integrou a União Europeia, até 2009, última eleição antes do seu falecimento, José Saramago foi candidato a deputado no Parlamento Europeu pela Coligação Democrática Unitária, ocupando, porém, posições que tornavam virtualmente impossível a sua eleição.[17]

“"Marx nunca teve tanta razão como hoje."[18]

— José Saramago, Público, 15/06/2008

Em 1998, quando aterra em Lisboa regressado da cerimónia de atribuição do Prémio Nobel da Literatura, José Saramago desloca-se diretamente ao Centro de Trabalho Vitória do PCP na Avenida da Liberdade onde é recebido por uma homenagem e simbolicamente segue com a comitiva deste partido para a ação de protesto no Terreiro do Paço contra as medidas laborais anunciadas pelo Governo.[19] Participante regular das jornadas de trabalho de construção da Festa do Avante! todos os verões, viria anos mais tarde neste evento a ser protagonista das homenagens oficiais nos aniversários dos dez e dos vinte anos da atribuição do prémio Nobel à sua obra.

Polémicas

Diretor-Adjunto do Diário de Notícias

Após a Revolução dos Cravos, no dia 25 de abril de 1974, José Saramago ingressa na direcção do Diário de Notícias como adjunto do director Luís de Barros. Desde logo tornou claro que pretendia utilizar o posto concedido como ferramenta política no intuito de tornar Portugal um estado socialista: “O DN vai ser o instrumento, nas mãos do povo português, para a construção do socialismo.”[carece de fontes]

Com a nacionalização do jornal, após o 11 de Março de 1975, o jornal remodelou a sua direcção. Saramago manteve o seu cargo, mas para efeitos práticos, as suas funções assemelhavam-se mais ao cargo de director do que director-adjunto. Entre Abril e Novembro do mesmo ano, redigiu cerca de 95 textos na primeira página sob o título de “Apontamentos”, que acabavam por funcionar como editoriais do jornal. Nestes textos era possível denotar fortes críticas a Mário SoaresFreitas do Amaral, entre outros, e rasgados elogios a dirigentes conotados com o ideário comunista dos quais se destacam Vasco Gonçalves.[carece de fontes]

Estes textos não eram assinados, e por uma só vez surge a assinatura de José Saramago junto com a de Luís de Barros, nas páginas do DN num texto intitulado "Uma Direcção Nova" e publicado a 11 de Abril: "O DN é importante de mais para que os seus trabalhadores aceitem vê-lo transformar-se em feudo de alguém. Esta Casa precisa de todos e será obra de todos". Contrariando estas palavras, 22 jornalistas serão despedidos a 27 de Agosto por delito de opinião. "Informação revolucionária não se faz com jornalistas contra-revolucionários. Por isso, os que o eram foram afastados", explicará o DN, a 4 de Setembro, em prosa não assinada.[carece de fontes]

Entre os vários textos que escreveu, nunca escondeu que acreditava na instauração de regime socialista recorrendo à força das armas. São dele as afirmações: “Ou esta Revolução se suicida (...) ou se recupera pela única via que lhe deixam aqueles que a querem liquidar”, "a violência revolucionária é uma legítima defesa quando está em causa a vida e o futuro de um povo inteiro" e "O regresso aos quartéis, que alguns teimam em preconizar, nada resolveria as Forças Armadas, tendo sido MFA no seu sector progressista, não podem recuperar neutralidades utópicas: mais vale, portanto, que, mesmo em conflito, continuem no primeiro plano da acção política. Mas cuidado, o tempo não espera". Estas afirmações consistiam num apelo implícito ao golpe militar, que poderia mergulhar o país na guerra civil como preço a pagar para que continuasse a ser o povo a determinar os destinos do país. De facto, no dia seguinte à publicação destas afirmações, 25 de Novembro de 1975, sectores da esquerda radical levam a cabo uma tentativa de golpe de estado falhada, assinalando também o fim da influência de Saramago no DN.[20]

Críticas a Israel e acusações de anti-semitismo

Um caso que tem tido alguma repercussão relacionou-se com a posição crítica do autor em relação à posição de Israel no conflito contra os palestinianos. Por exemplo, a 13 de Outubro de 2003, numa visita a São Paulo, em entrevista ao jornal O Globo, afirmou que os sionistas não merecem a simpatia pelo sofrimento por que passaram durante o Holocausto… Vivendo sob as trevas do Holocausto e esperando ser perdoados por tudo o que fazem em nome do que eles sofreram parece-me ser abusivo. Eles não aprenderam nada com o sofrimento dos seus pais e avós. A Anti-Defamation League (ADL) (Liga Anti-Difamação), um grupo judaico de defesa dos direitos civis, caracterizou estes comentários como sendo anti-semitas. Segundo as palavras de Abraham Foxman, director da ADL, "os comentários de José Saramago são incendiários, profundamente ofensivos e mostram uma ignorância destes assuntos, o que sugere um preconceito contra os judeus".[carece de fontes]

Em defesa de Saramago, diversos autores afirmam que ele não se insurgiu contra os judeus, mas contra a política de Israel, como, por exemplo, num artigo publicado a 3 de Maio de 2002 no jornal Público, onde, comparando o actual conflito com a cena bíblica de Davi e Golias, o autor diz que Davi, representando Israel, "se tornou num novo Golias" e que aquele "lírico Davi que cantava loas a Betsabé, encarnado agora na figura gargantuesca de um criminoso de guerra chamado Ariel Sharon, lança a "poética" mensagem de que primeiro é necessário esmagar os palestinianos para depois negociar com o que deles restar".[carece de fontes]

Integração de Portugal numa Federação Ibérica

Em entrevista ao jornal Diário de Notícias em 15 de Julho de 2007, Saramago afirmou que a integração entre Espanha e Portugal é uma forte probabilidade e que os portugueses só teriam a ganhar se Portugal fosse integrado na Espanha, país no qual se auto-exilou (na ilha de Lanzarote) e que viu como seu a atribuição do Nobel da Literatura.[carece de fontes]

Acerca do prémio Nobel

Em Setembro de 1997, a agência publicitária sueca, Jerry Bergström AB, de Estocolmo, contratada pelo ICEP (órgão estatal português para a promoção do comércio e turismo nacional), organizou uma visita de José Saramago a Estocolmo, incluindo um seminário na Hedengrens, a principal cadeia de livrarias sueca, um discurso na Universidade de Estocolmo e várias entrevistas a jornais, revistas e rádios suecas. Nesses mesmos dias, a televisão estatal sueca produziu um programa especial dedicado ao escritor.[carece de fontes]

Em outubro do mesmo ano, a Feira Internacional do Livro de Frankfurt tem neste ano Portugal como país em destaque, estando José Saramago neste local, em 8 de outubro de 1998, quando recebe a informação de ter ganho o prémio, que, em 7 de dezembro de 1998, Saramago recebe em Estocolmo.[carece de fontes]

Segundo o Diário de Notícias, o director da empresa sueca Jerry Bergström AB afirmou: "Portugal nunca tinha tido um Prémio Nobel da literatura e uma parte da nossa missão consistia em mudar essa situação".[carece de fontes]

Comentando esta atribuição, Sture Allén, então secretário da Academia Sueca, negou que a decisão tenha sido afectada por "campanhas publicitárias, comentários de académicos ou escritores, ou qualquer outro tipo de pressão".[carece de fontes]

Contradizendo Allén, Knut Ahnlund e Lars Gyllensten, membros da academia afirmaram que seria ridículo afirmar que os membros da academia sejam "imunes a agências publicitárias". Ahnlund foi crítico da atribuição do prémio Nobel a Saramago, que segundo ele foi o culminar de uma campanha profissional de relações públicas.[carece de fontes]

Religião

Oposição à Igreja Católica

Saramago por Bottelho

Saramago encontrou sempre fortes críticas e oposição na Igreja Católica, facto pelo qual ele se refere a esta como "fascista" com frequência. Alguns protestantes (ou evangélicos) já declararam publicamente apoiar a liberdade de expressão do autor.[21] E essa relação de tensão com a Igreja Católica é agravada devido à origem portuguesa de Saramago, local onde o catolicismo é muito forte e discuti-lo ainda é um tabu.[22]

Devido à sua origem portuguesa e a toda a influência cultural exercida pelo catolicismo em tal contexto, Saramago sente a necessidade de abordar a Bíblia no seu trabalho de escritor – esse texto faz parte do seu património cultural, ao contrário do corão, que Saramago entende não ser a sua tarefa abordá-lo.[23]

A interpretação que Saramago faz da Bíblia é a de que ela é um "manual de maus costumes", cheio de "um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana", e que para uma pessoa comum a decifrar, precisaria de ter "um teólogo ao lado". E cita para sustentar isso os episódios de violência relatados na Bíblia, como sacrifício de Isaque, a destruição de Sodoma ou a vida de , por exemplo. Para Saramago, todos eles revelam que "Deus não é de fiar". E Saramago diz, sobre a necessidade ou não da exegese, que tem que "interpretar a letra" do texto – um processo que, na interpretação bíblica, é chamado de literalista.[23] E isso de modo algum impede que outra pessoa tenha a sua interpretação, ou que ele tente impor a sua interpretação como verdade absoluta. Muito pelo contrário, ele até mesmo estimula a leitura bíblica: "Sobre o livro sagrado, eu costumo dizer: lê a Bíblia e perde a fé!", diz Saramago.[carece de fontes]

Porém, Saramago não deixa de reconhecer que a "Bíblia tem coisas admiráveis do ponto de vista literário" e "muita coisa que vale a pena ler", estando, dentre elas, os salmos, com páginas "belíssimas", o Cântico dos Cânticos, e a parábola do semeador contada por Jesus.[23]

A relação de tensão de Saramago com a Igreja Católica cresceu fortemente após a publicação do livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo em 1991, que foi adaptado para o teatro em 2001. O livro foi motivo de fortes críticas por parte de católicos que se consideraram ofendidos pela leitura secular que Saramago faz da personagem Jesus.[24][25]

Igreja Católica não gostou da atribuição do Prémio Nobel a Saramago e publicou no diário do VaticanoL'Osservatore Romano: “Saramago é, ideologicamente, um comunista inveterado”.[26]

O lançamento do livro Caim (2009) voltou a suscitar "incompreensões, resistência, ódios velhos", conforme Saramago. "Desperto muitos anticorpos em certas pessoas", acrescenta, acusando várias vezes responsáveis da Igreja Católica (mas não protestantes ou judeus) de terem comentado o livro que ainda não leram – de facto, as pessoas foram instadas a comentar as declarações sobre a Bíblia, feitas por Saramago.[23]

E, realmente, após o lançamento de Caim, várias vozes católicas se insurgiram contra Saramago. Ele foi acusado pelo padre José Tolentino Mendonça, director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, de fazer uma leitura "ingénua, ideológica e manipuladora" da Bíblia. O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, afirmou que José Saramago "revela uma ingenuidade confrangedora quando faz incursões bíblicas" e, como "exigência intelectual, deveria informar-se antes de escrever". Já o director da Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Lisboa, Peter Stilwell, considera que "seria espantoso" que José Saramago encontrasse algo divino na Bíblia e sublinhou que o escritor escolheu o fratricida Caim e não Abel, a vítima.[carece de fontes]

O teólogo Anselmo Borges inicialmente afirmou que Saramago fez uma leitura "completamente unilateral" da Bíblia, que tem, como qualquer livro, de ser lida como um todo.[27] Mais tarde, tal teólogo declarou ter opinião formada sobre Caim: "Gostei do livro e até digo que é importante." Dá três razões para justificar a sua opinião: a "Bíblia é um livro aberto; há liberdade de interpretação e obriga os crentes a reflectir".[22] Para o biblista Fernando Ventura, José Saramago tinha a exigência intelectual de se informar antes de escrever. O religioso capuchinho referiu que "a Bíblia pode ser lida por alguém que não tem fé, mas supõe alguma honestidade intelectual de quem o lê", e acusou Saramago de "uma falta gigantesca" dessa honestidade.[carece de fontes]

Sobre tais afirmações, Saramago, com sarcasmo, disse: "Dizem que li a Bíblia com ingenuidade porque é necessário fazer uma interpretação simbólica, ou seja, aquilo que ali está escrito não tem sentido por si. E levou mil anos a ser escrito!"[28] Ainda sobre a alegação de "ingenuidade", respondeu: "Abençoada ingenuidade que me permitiu ler o que lá está e não qualquer operação de prestidigitação, dessas em que a exegese é pródiga, forçando as palavras a dizerem apenas o que interessa à Igreja. Leio e falo sobre o que leio".[29]

É também por esses comentários que Saramago diz que os católicos "não leem a Bíblia".[30]

Devido aos acontecimentos, em uma conversa com o teólogo católico José Tolentino de Mendonça no final de Outubro de 2009, Saramago declarou: "A mim, o que me vale, meu caro Tolentino, é que já não há fogueiras em São Domingos".[31]

O Papa Bento XVI, que em Abril de 2009 já havia afirmado que "os estudiosos católicos não podem interpretar a Bíblia de uma maneira independente, nem de um ponto de vista científico ou individual",[32] após o episódio ocorrido no lançamento de Caim voltou a afirmar publicamente que apenas a Igreja Católica pode interpretar a Bíblia.[33]

Dias após a morte de Saramago, o jornal oficial do Vaticano chamou o escritor de "populista extremista" e "ideólogo anti-religioso".[34]

Críticas ao Papa Bento XVI

Na sua passagem por Roma em 14 de Outubro de 2009, Saramago chamou Joseph Aloisius Ratzinger, o Papa Bento XVI, de "cínico", dizendo que a "insolência reaccionária" da Igreja Católica precisa ser combatida com a "insolência da inteligência viva".[35]

Dentre as suas principais declarações, estavam a de que Ratzinger tenha a coragem de invocar Deus para "reforçar o seu neomedievalismo universal, um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar um café, mostra apenas o absoluto cinismo intelectual" dele. Não podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias por supostos representantes de Deus na Terra, os quais, na verdade, só têm interesse no poder".[35]

Críticas de católicos a Saramago

Após ter enfrentado fortes críticas com o lançamento do livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo em 1991, mudou-se de Portugal para a Espanha. Pouco depois,[36] o lançamento de Caim em 2009 voltou a render-lhe mais críticas.

eurodeputado Mario David, falando em nome pessoal e assumindo-se católico não-praticante, disse ter vergonha de ser compatriota do escritor, e escreveu no seu blogue da Internet, tendo-o repetido depois aos meios de comunicação, que Saramago devia renunciar à nacionalidade portuguesa.[37] Apesar de tais declarações, o escritor esclareceu que jamais pensou em abandonar a cidadania portuguesa.[38]

Em defesa de Saramago, a eurodeputada socialista Edite Estrela declarou que tais palavras de Mario David são inquisitórias.[39]

Já Sousa Lara, sub-secretário de Estado adjunto da Cultura de Portugal em 1991, que então vetou o livro O Evangelho segundo Jesus Cristo de uma lista de romances portugueses candidatos a um prémio literário europeu, em Outubro de 2009 comparou Saramago com Berlusconi (isto embora Berlusconi seja um político direitista italiano conhecido por sua fé católica[40][41][42][43][44] que até já foi responsável pela publicação de um livro de Saramago em Itália por ser uma obra de "anticatólica", sendo que Saramago considerava que "O Estado de Berlusconi" era "católico e reaccionário"[45]), sugerindo que ele deveria receber uma "punição" (não apenas divina) pelo que foi escrito em Caim, declarando o que segue:

"Este senhor atingiu, não se percebe muito bem porquê, um patamar de impunidade que a humanidade concede, tipo Berlusconi. Há umas pessoas que podem dizer tudo, que podem fazer as coisas mais absurdas e as pessoas habituam-se a isso e não levam a mal. Só tenho pena que não enxovalhe, da mesma forma que enxovalhe o património católico, por exemplo os muçulmanos, porque esses não perdoam e vergam-lhes pela pele. Aí é mais difícil insistir muito numa gracinha reiterada contra a religião muçulmana. Calculo que depois não lhe corra bem o futuro depois".[46]

poeta Manuel Alegre, sobre tais acontecimentos, declarou: "Isto é uma história portuguesa cheia de preconceitos e fantasmas. Em primeiro lugar é preciso ler o livro de José Saramago. Ele é um grande escritor, mas parece que não se perdoa a Saramago, ser um grande escritor da língua portuguesa, ser um Prémio Nobel e não ser um homem religioso". "Ele escreveu um livro, mas não vejo ninguém discutir o livro. Só vejo discutir as opiniões que com todo o direito ele expressou sobre a Bíblia". Conforme questiona Alegre, "As pessoas podem não estar de acordo com aquilo que ele diz, mas como é que se pode pôr em causa a seriedade de um homem que diz aquilo que pensa". Ele considera tais acontecimentos como "um preconceito" e "resquícios de dogmatismo". "Não lhe podem negar o direito de escrever um livro e também não se pode crucificar o Saramago por exprimir as suas opiniões e menos ainda por ser um grande escritor, e menos ainda por ser um Prémio Nobel". Finalizando, disse que "ao Saramago não se perdoa ser um português que se atreveu a ganhar o Prémio Nobel da Literatura e que diz que não acredita em Deus".[47]

Devido ao ocorrido, Saramago chegou até mesmo a propor dois novos direitos à Declaração Universal dos Direitos Humanos: o direito à dissidência e à heresia.[38]

Ver também

Referências

  1.  «'Deus não existe fora da cabeça das pessoas'». Estadão.com.br/Cultura. Consultado em 18 de junho de 2012
  2.  «Prêmio Camões de Literatura». Brasil: Fundação Biblioteca Nacional. Cópia arquivada em 16 de Março de 2016
  3.  Terra, Ernani; De Nicola, José: Português: De olho no mundo do trabalho (editora: Scipione), p. 463
  4.  «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "José de Sousa Saramago". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 10 de junho de 2014
  5.  Declaração de Princípios da Fundação José Saramago (2007) http://josesaramago.blogs.sapo.pt/98691.html
  6. ↑ Ir para:a b «José Saramargo - Biografia». UOL - Educação. Consultado em 18 de junho de 2012
  7. ↑ Ir para:a b c «Jornal da Poesia». www.revista.agulha.nom.br. Consultado em 11 de março de 2008. Arquivado do original em 27 de outubro de 2011, pesquisado em 26 de novembro de 2007, às 21:17
  8. ↑ Ir para:a b c d e f g Revista Entre livros, nº 23. Editora Duetto, São Paulo (2007).
  9.  «Morreu José Saramago». Diário Digital. Consultado em 18 de Junho de 2010
  10.  «Las cenizas de Saramago se repartirán entre su aldea natal y Lanzarote» (em espanhol). Noticias Cuatro. Consultado em 18 de Junho de 2010. Arquivado do original em 20 de junho de 2010
  11.  «Cinzas de Saramago são depositadas aos pés de uma oliveira, em Lisboa»UOL. 18 de junho de 2011. Consultado em 3 de junho de 2015
  12.  José Saramago (em inglês) no Find a Grave
  13.  Originalmente: the most gifted novelist alive in the world today
  14.  «JPrêmio Camões de Literatura». Consultado em 7 de Agosto de 2016
  15.  «José Saramago recebeu o Prémio Nobel da Literatura há 15 anos». Consultado em 7 de Agosto de 2016
  16.  NS Lusa (1 de setembro de 2008). «Avante!: PCP homenageia Nobel da Literatura José Saramago no sábado». Jornal de Notícias. Consultado em 8 de fevereiro de 2021
  17.  Partido Comunista Português (19 de junho de 2010). «José Saramago - Breves notas biográficas». pcp.pt. Consultado em 9 de fevereiro de 2021
  18.  «PUBLICO.PT - Revista de imprensa: Destaques do PÚBLICO». Consultado em 28 de Outubro de 2009. Arquivado do original em 4 de dezembro de 2008
  19.  Abril Abril (7 de outubro de 2018). «Saramago: o comunista que revelou ao Nobel um ideal de democracia». Abril Abril. Consultado em 8 de fevereiro de 2021
  20.  «Quando Saramago exigia "violência revolucionária" - dn - DN». dn.sapo.pt. Consultado em 30 de junho de 2010[ligação inativa]
  21.  Diário de Notícias (20 de Outubro de 2009). «Evangélicos defendem liberdade de expressão». Consultado em 23 de Outubro de 2009. Arquivado do original em 25 de outubro de 2009
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  23. ↑ Ir para:a b c d público.pt (21 de Outubro de 2009). «Saramago: Há muita coisa na Bíblia que vale a pena ler». Consultado em 22 de Outubro de 2009. Arquivado do original em 3 de março de 2010
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  25.  Hoje Lusofonia. «José Saramago». Consultado em 19 de Junho de 2010. Arquivado do original em 28 de agosto de 2010
  26.  Público (18 de Junho de 2010). «E Saramago chorou». Consultado em 19 de Junho de 2010. Arquivado do original em 21 de junho de 2010
  27.  Agência Lusa (19 de Outubro de 2009). «Teólogo acusa Saramago de fazer leitura "completamente unilateral" da Bíblia». Consultado em 23 de Outubro de 2009
  28.  Diário de Notícias (22 de Outubro de 2009). «Saramago quer 'Caim' livro em vez de um caso político». Consultado em 23 de Outubro de 2009. Arquivado do original em 24 de outubro de 2009
  29.  iOnline (21 de Outubro de 2009). «Saramago e a Igreja: história de amor e ódio». Consultado em 19 de Junho de 2010
  30.  Zero Hora (21 de Outubro de 2009). «Em novo romance, Saramago desafia a Igreja». Consultado em 22 de Outubro de 2009
  31.  Expresso (25 de Outubro de 2009). «José Saramago: "O que me vale, caro Tolentino, é que já não há fogueiras em São Domingos!"». Consultado em 26 de Outubro de 2009
  32.  Tribuna da Conquista (23 de Abril de 2009). «Papa adverte sobre interpretações da Bíblia». Consultado em 19 de Junho de 2010
  33.  Estadão (26 de Outubro de 2009). «Papa reafirma que só Igreja Católica pode interpretar a Bíblia». Consultado em 19 de Junho de 2010
  34.  «Título ainda não informado (favor adicionar)». www1.folha.uol.com.br
  35. ↑ Ir para:a b Yahoo! Notícias (14 de Outubro de 2009). «Saramago chama Igreja de "reacionária" e acusa Bento XVI de "cinismo"». Consultado em 16 de Outubro de 2009. Arquivado do original em 17 de outubro de 2009
  36.  Yahoo! Notícias (19 de Outubro de 2009). «Igreja critica novo livro de Saramago». Consultado em 24 de Outubro de 2009. Arquivado do original em 22 de outubro de 2009
  37.  TSF Rádio Notícias (21 de Outubro de 2009). «Saramago devia renunciar à nacionalidade portuguesa, diz eurodeputado Mário David». Consultado em 24 de Outubro de 2009 [ligação inativa]
  38. ↑ Ir para:a b TSF Rádio Notícias (23 de Outubro de 2009). «José Saramago propõe direito à dissidência e heresia». Consultado em 24 de Outubro de 2009[ligação inativa]
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  40.  Mail & Guardian Online (7 de Setembro de 2009). «Berlusconi: Rift with Catholic Church 'a lie'» (em inglês). Consultado em 30 de outubro de 2009
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  43.  Life in Italy (25 de Agosto de 2009). «Berlusconi Expected at Catholic Indulgence Mass» (em inglês). Consultado em 19 de setembro de 2009[ligação inativa]
  44.  Catholic Online (9 de Setembro de 2009). «Vatican Corrects Priests Over Eluana Englaro Euthanasia» (em inglês). Consultado em 30 de outubro de 2009. Arquivado do original em 7 de maio de 2010
  45.  Xornal de Galicia (9 de Junho de 2009). «Saramago: "O capitalismo fíxonos durmir e deixou a esquerda sen ideas"» (em galego). Consultado em 30 de Outubro de 2009[ligação inativa]
  46.  ESPBR (22 de Outubro de 2009). «Sousa Lara compara Saramago a… Berlusconi». Consultado em 30 de Outubro de 2009
  47.  TSF Rádio Notícias (21 de Outubro de 2009). «Alegre considera que Portugal não perdoa «grandeza»». Consultado em 24 de Outubro de 2009[ligação inativa]

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