domingo, 31 de outubro de 2021

MARQUESA DE ALORNA - (LEONOR DE ALMEIDA PORTUGAL) - NASCEU EM 1750 - 31 DE OUTUBRO DE 2021

 

Leonor de Almeida Portugal

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Marquesa de Alorna)
Leonor de Almeida Portugal
4.ª Marquesa de Alorna;
9.ª Condessa de Assumar.
Pintura de 1780 por Franz Joseph Pitschmann.
4.ª Marquesa de Alorna
Período1813 - 11 de outubro de 1839
Antecessor(a)Pedro José de Almeida Portugal
Sucessor(a)Leonor Benedita Maria de Oyenhausen de Almeida
 
CônjugeKarl von Oyenhausen-Gravenburg
DescendênciaMaria Regina de Oyenhausen de Almeida

Frederica de Oyenhausen de Almeida
Juliana Maria Luisa Carolina de Oyenhausen de Almeida
Carlos Frederico Oyenhausen de Almeida
Henriqueta de Oyenhausen de Almeida
Luísa de Oyenhausen de Almeida
João Carlos Ulrico de Oyenhausen de Almeida
Leonor Benedita de Oyenhausen de Almeida

Nome completoLeonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre
Nascimento31 de outubro de 1750
 São Jorge de ArroiosLisboa,Flag Portugal (1707).svg Reino de Portugal
Morte11 de outubro de 1839 (88 anos)
 Coração de JesusLisboa,Flag Portugal (1707).svg Reino de Portugal
Sepultado emCemitério dos PrazeresLisboa
PaiJoão de Almeida Portugal
MãeLeonor de Lorena e Távora
Brasão

Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre (São Jorge de ArroiosLisboa31 de outubro de 1750 — Coração de JesusLisboa11 de outubro de 1839) foi uma nobre e poetisa portuguesa.

Conhecida como "Alcipe", era filha de D. João de Almeida Portugal, segundo marquês de Alorna e quinto conde de Assumar. Morreu na mansão do neto, veador honorário da Fazenda (Finanças) da Casa Real, D. José Trazimundo Mascarenhas BarretoMarquês de Fronteira.

Títulos

D. Leonor, aquando da sua morte, somava os título de Donatária de Assumar (6ª), condessa de Assumar (9ª), Marquesa de Alorna (4ª) - sucedendo ao irmão, o terceiro Marquês de Alorna, D. Pedro, devido ao seu falecimento em 1813, e ao seu sobrinho D. Miguel, oitavo conde de Assumar, falecido em 1806, nos títulos a 26 de Outubro de 1823, Morgada de Vale de Nabais (5ª), Dama das Ordens de Santa Isabel de Portugal e da Cruz Estrelada da Áustria, Comendadora da Ordem de São João de Jerusalém, Dama de honra de D. Carlota Joaquina, da Sereníssima Regente Infanta D. Isabel Maria de Bragança e da Rainha D. Maria II de Portugal. Foi, na Áustria, Condessa de Oyenhausen-Granvensburg.

Nascimento e Juventude

Auto-retrato da Marquesa de Alorna (cerca de 1788)

Era filha do 2º Marquês de Alorna D. João de Almeida Portugal. A sua família foi perseguida pelo Marquês de Pombal por ter parentesco com os Távoras: D. João de Almeida casou em Lisboa, na freguesia de São Sebastião da Pedreira, a 2 de Dezembro de 1747, com D. Leonor Tomásia Raimunda de Lorena e Távora (Santos-o-Velho, 14 de Dezembro de 1729 - Almada30 de Outubro de 1790), oitava filha de D. Francisco de Assis de Távora, 3º marquês de Távora por casamento, 3° conde e herdeiro da Casa de Alvor, 6º conde de São João da Pesqueira, ainda era donatário de Vila Mouta, governador de Chaves, Director-General da cavalaria do Reino, 45° Vice-Rei na Índia; comendador na Ordem de Cristo de Machico na ilha de Porto Santo, Santa Maria de Mesquitela, Santa Maria de Freixedo e de Duas Igrejas, era por sua vez filho de Bernardo António Filipe Neri de Távora (1681-1744), 2° conde de Alvor, e D. Joana de Lorena (1687-?), filha do duque de Cadaval. A mãe, por seu lado, era a famosa D. Leonor Tomásia de Távora, senhora e herdeira da casa, 6ª condessa de São João da Pesqueira, 3ª Marquesa de Távora e 20ª Donatária de Távora, Mogadouro, Paredes, Penela, Cedaveira, Ordea, Camudais, Paradela, Valença, Castanheiro, filha por sua vez de Luís Bernardo de Távora, 4° conde de São João da Pesqueira e D. Ana de Lorena.

Leonor teve uma infância atribulada, pois os avós maternos, e seus tios foram executados barbaramente em decorrência do Processo dos Távoras, aos 8 anos, foi encerrada como prisioneira com a mãe e a irmã no convento de São Félix em Chelas, de 1758 a 1777, estando o pai preso e encarcerado na Torre de Belém, e depois no forte da Junqueira, suspeito de conhecimento do crime dos Távoras. Na verdade, segundo informa Hernâni Cidade em Marquesa de Alorna, Poesias, «era acusado de ter emprestado uma espingarda caçadeira a um dos conjurados.» Esteve no exílio de 1803 a 1814. Pombal ordenara a prisão dados os laços de parentesco que ligava os Alorna com a família dos Marqueses de Távora. 0 infortúnio durou dezoito anos, findos os quais, por morte de el-rei D. D. José, sua filha, a rainha D. Maria I, subindo ao trono, mandou libertar os prisioneiros do Estado. Alguns, porém, não quiseram usar da liberdade sem que primeiro fosse proclamada sua inocência, como seu pai.

Em Chelas passou a primeira quadra da vida, com a mãe e a irmã, entregando-se ao estudo das obras de RousseauVoltaireMontesquieuPierre Bayle e até a Enciclopédia de D'Alembert e Diderot, e dedicou-se à composição de poesias que alcançaram grande fama e que figuraram nas suas obras completas com o título de Poesias de Chelas.

Estavam em voga os chamados outeiros pela corte, e também pelos conventos. Além dos sócios da Arcádia, havia bons poetas, entre os quais se distinguia Francisco Manuel do Nascimento, com o nome Filinto Elísio. Este poeta, com alguns amigos, começou a ir ao convento de Chelas, recitando versos, pedindo motes às freiras, esperando encontrar D. Leonor de Almeida e ouvi-la na grade. Com efeito a jovem apareceu, brilhou e confundiu os admiradores do seu talento.

«Data destes encontros o nome de Alcipe, com que eles a celebraram, assim como o de Daphne, que deram a sua irmã, D. Maria de Almeida. Era permitido e tolerado em todos os conventos, nessa época, quando alguma senhora, freira ou secular, se via gravemente enferma, algum parente insuspeito como pai, irmão ou filho, a visitasse, tomando o lugar de um dos criados do convento, e conduzir à cela da enferma qualquer coisa que por outra pessoa não conviesse que fosse levada.

Achava-se a Marquesa muito doente, e vinha para lhe falar o filho D. Pedro de Almeida Portugal, depois 3º Marquês de Alorna; D. Leonor, vendo o irmão chegar à portaria, e estando ali o aguadeiro com o barril, fez com que pusesse o barril às costas, e assim fosse encontrar-se com sua mãe. Havia, porém, a circunstância desta senhora ser presa do Estado, o que causou grande impressão, havendo denúncia para o arcebispo de Lacedemónia. O prelado obrigou D. Leonor a ficar na cela, determinando-lhe que cortasse os cabelos e se vestisse de cor honesta. D. Leonor não fez caso desta ordem e quando o arcebispo voltou, ameaçou-a com o Marquês de Pombal, ao que a poetisa respondeu com altivez que não era professa. O arcebispo conteve-se, e desistiu de a apoquentar.

Seu pai enviava-lhes com dificuldade cartas escritas com seu sangue, a que a jovem começou a responder, desde que completou 11 anos de idade, em consequência da enfermidade da mãe. Houve um momento em que mostrou desejos de professar, pelo desgosto inaudito que sofreu, vendo que tinha perdido uma das cartas de seu pai; chegou a fazer os exercidos espirituais de Santo Inácio de Loiola, que em lugar de dez dias, segundo a prática, foram de 20. Dissuadiu-a do propósito o frei Alexandre da Sagrada Família, tio de Almeida Garrett, e que depois foi bispo de Malaca e bispo de Angra.

Além dos seus trabalhos artísticos e literários, D. Leonor entregava-se também à pintura, e dedicava-se ao serviço de enfermeira, de refeitoreira e de organista do convento. Conhecia a fundo várias línguas, tinha uma vasta instrução científica, desenhava e pintava admiravelmente. Era de carácter afável, sabia amenizar com a sua meiguice e candura as amarguras da mãe, tornara-se querida de todas as religiosas.»

Quando o marquês, seu pai, saiu da prisão, dirigiu-se ao convento, onde na grade o esperavam sua mulher e filhas, acompanhadas de parentes, para o cumprimentarem. Foram viver para a Quinta de Vale de Nabais, nas proximidades de Almeirim e depois em Lisboa. D. Leonor era o encanto da sociedade, seu talento elevado, espírito finíssimo e puramente aristocrata, o prestígio do infortúnio que sofrera, a audácia de ter afrontado as iras de Pombal, a tornavam digna de consideração e respeito.

Saiu do convento aos vinte e sete anos «em situação moral demasiadamente penosa para que sua poesia pudesse ser o risonho passatempo da época», diz Hernâni Cidade. Sobretudo, viveu quase toda a poesia realizada na prisão de Chelas.» «Bem mais interessantes são as composições poéticas em que, senão ainda com uma expressão romântica, ao menos com romântica sensibilidade a acentuar-se mais e mais, nos dá as impressões da sua vida conventual».´«E é grato reconhecer - grato e surpreendente! - que, no colectivo abastardamento que tanta vez transforma a lira dos poetas em rabeca de mendigos cegos, da de Alcipe jamais se elevasse um acento de súplica ao ministro que a sequestrava. Altivez que radicou nos contemporâneos impressão que floriu em lenda.

Segundo ela, quando o arcebispo de Lacedemona, criatura de Pombal, lhe comunicava a indignação do ministro por ter facilitado, sem respeito pelo estatuto claustral, a visita do irmão disfarçado em aguadeiro à mãe enferma, repondeu altivamente com dois versos de Corneille: 'Le cœur d'Eléonore est trop noble et trop franc pour craindre ou respecter le bourreau de son sang". Ou seja: «O coração de Leonor é nobre demais e franco demais para temer ou respeitar o carrasco de seu sangue».

Casamento

Casou em Lisboa em 15 de Fevereiro de 1779 com Karl von Oyenhausen-Gravenburg (3 de Janeiro de 1739 - 3 de Março de 1793), Carlos (Pedro Maria José) Augusto em português, Conde de Oyenhausen-Groewenbourg na Áustria e do Sacro Império Romano.

Karl era filho de Friedrich Ulric, Conde de Oyenhausen-Groewenbourg no Sacro Império Romano e de Friederike Wilhelmine de Lorena, neta do famoso Cavaleiro de Lorena, amante de Filipe d'OrleãesGentil-Homem do rei Jorge II da InglaterraAjudante de Campo junto do General Sporch das forças de Hanôver destacadas na Inglaterra. Fez a Guerra dos Sete Anos no exército do Príncipe Fernando de Brunswick; ajudante-general junto do Príncipe de Anhalt Bernbourg. General em chefe das tropas de Hesse-Kassel. Ao serviço do landgrave Frederico Guilherme em diversas negociações em Viena, Haia, Berlim, onde assinou como plenipotenciário o contrato de casamento do Landgrave com a princesa de Brandemburgo, sobrinha do rei da Prússia. Passou ao serviço de D. Maria I de Portugal em setembro de 1777 com a patente de brigadeiro. Nomeado em 1780 Ministro Plenipotenciário em Viena. Marechal-de-campo em 1789. Tenente-General, Inspetor Geral da Infantaria em 1792. Do Conselho de Estado de D. Maria I de Portugal; nomeado Governador das armas do Algarve, morreu antes de ocupar o cargo. Era comendador, na Ordem de Cristo, de São João de Vila Meã e de França.

Enamorada do fidalgo hanoveriano, o conde Carlos Augusto de Oeynhausen, que viera a Portugal com o primo co-irmão, o Conde-Reinante de Schaumbourg-Lippe, contratado em 1762 por Pombal para organizar e comandar o exército, ele, para a desposar, não duvidou converter-se.

Casaram em 15 de Fevereiro de 1779, sendo madrinha a rainha D. Maria, que também era princesa do Brasil, e como padrinho D. Pedro III de Portugal. O Conde foi armado cavaleiro da Ordem militar de Cristo em cerimónia a que assistiu a corte. A rainha deu-lhe o abraço, o Rei pôs-lhe o cinturão e tocou-o com a espada nua, D. José e D. João ajudaram os reis, seus pais, na investidura.

No Porto, em Viena

Tendo o comando do 6º regimento de infantaria, com sede no Porto, Oeynhausen foi residir naquela cidade. Mais tarde foi nomeado ministro plenipotenciário de Portugal em Áustria; partiram para Viena por terra, ficando a filha com a avó. Demoraram-se nas cortes de Espanha e de França, sendo a condessa recebida pelos reis Carlos III de Espanha e Luís XVI de França. Conheceu os Necker e sua prestigiosa filha, Madame de Stael. Chegando a Viena, ganhou as simpatias da imperatriz Maria Teresa e do seu sucessor, D. José II, que a nomeou Dama da Cruz Estrelada. Quando o Papa Pio VI foi visitar o imperador, também teve a honra de ser recebida pelo papa.

Tornou-se notável em Viena como poetisa e pintora. Mandou para Lisboa, ao pai, o quadro da Soledade; o quadro Amor conjugal oferecido à princesa D. Maria Benedita, ardeu no incêndio do paço da Ajuda. Pintou outros, seu retrato e uma copia da Sybilla de Guido Reni. A maior parte, hoje perdidos. Sua saúde não se deu bem com o clima da Áustria; como os negócios de sua casa reclamavam a sua presença, Oeynhausen voltou para Lisboa, sendo nomeado inspector-Geral da infantaria com o posto de tenente-general. Estava nomeado governador do Algarve ao morrer a 3 de Março de 1793, aos 54 anos.

Viuvez e retiro; o exílio

D. Leonor retirou-se com os filhos para suas propriedades de Almeirim, e outras em Almada. Entregou-se à educação dos filhos, estimada pelos benefícios que dispensava aos pobres; em Almeirim, pagava a uma mestra para ensinar as prostitutas da vila e das povoações vizinhas a ler, escrever, coser. Foi nomeada dama de honor da rainha D. Carlota Joaquina e encarregada de elaborar os desenhos para a decoração do paço da Ajuda, o que não executou.

Morto o pai em 1802, partiu para Madrid e para a Inglaterra, onde se demorou, por ter tido notícia da entrada dos franceses em Portugal e da fuga da família Real. Frequentava casas inglesas e a do embaixador de Portugal D. Domingos de Sousa Coutinho, Conde do Funchal. Participou do assassinato de um general francês: Henry Forestier

Retorno a Lisboa e novo exílio

Sua filha Julia Stroganoff (ru)

Voltou em 1809; sua situação tornava-se crítica: o irmão, D. Pedro, partira para a França no comando da Legião Portuguesa, e apesar de ter mandado seu filho para o Rio de Janeiro, os governadores do reino a intimaram para partir.

Ficou na Inglaterra até 1813, quando faleceu D. Pedro de Almeida; obtendo licença para regressar, vindo residir para Benfica, na casa do neto, o Marquês de Fronteira D. José Trazimundo de Mascarenhas Barreto. Ao fim de dez anos conseguiu a reabilitação da memória do irmão, condenado como traidor à pátria; passou a usar do título de 4ª Marquesa de Alorna, e 6ª condessa de Assumar, como herdeira do irmão.

Regressando do exílio, reivindicou em 1815 por morte do irmão o título e os vínculos por ele deixados. Seus biógrafos descrevem-na vivendo no palácio da Anunciada e nas quintas de Almada e Almeirim - ocultando a sua ignorância em administrar os seus bens, as privações sofridas, situação de grande penúria por vezes, o que é difícil crer, pois tinham duas quintas e recebiam do Erario Real a pensão de 12 mil cruzados por serviços do pai.

D. José Trazimundo em suas «Memorias» diz:

«Minha avó passava mais facilmente sem dinheiro do que sem banqueiro. Nunca conseguiu ter cinco moedas juntas mas desde que foi senhora da Casa nunca dispensou um banqueiro. Minha avó e tias tomaram uma parte do palácio do Lavra, à Anunciada; grande loucura, porque não tinham fortuna para se estabelecerem tão ostentosamente. Muitas vezes meu bom tio, o Marquês de Aracati, se dirigiu a mim para que eu a socorresse de sua casa. (…) Cumpria à risca os ditames da lei da nobreza - maneiras pomposas, génio caritativo, prodigalidade em benefícios e favores". As receitas eram pequenas, as despesas enormes. Devia saber que a sua avó, a primeira marquesa, Vice-Rainha da Índia, quando enviuvou do marido (sic!) achou a Casa tão empenhada que foi preciso que D. José « em Provisão nomeasse Inácio Pedro Quintela "administrador de todas as suas dependências, interesses e total economia». E porque se achavam apreendidos quase todos os bens e rendimentos por execuções e posses de credores, sendo a maior a Santa Casa da Misericórdia e ocorriam novas penhoras de maneira a dificultar a congruente porção para em cada mês se assistir à Marquesa e suas filhas e também a D. Pedro de Almeida com o decente tratamento, mestres para sua educação e mais gastos necessários, procuradores para as dependências da Casa, culturas das Fazendas de Almeirim, etc. «mandava-se que houvesse um cofre onde se arrecadassem todas as rendas e separados os alimentos, à proporção das mesmas Rendas e das dividas se rateasse o resto pelos credores pela sua antiguidade. Mas apesar das providências de Quintela («e ser êle considerado por todos de boa fé e notória probidade») os rendimentos foram tão diminutos que D José por outra provisão autorizava o pagamento dos credores «com os rebates que se ajustassem» para poder-se conseguir o desempenho da Casa. Depois sucedeu a aventura do 2° Marquês, sua prisão no forte da Junqueira, o confisco dos bens, etc.»
Jazigo da Marquesa de Alorna, no Cemitério dos Prazeres.

O título de Conde de Assumar não foi renovado, e desde então o título de Alorna ficou ligado ao título de Fronteira. Depois da morte do filho, o Conde de Oeynhausen D. Carlos Ulrico, em 14 de Agosto de 1822, a condessa ficou vivendo em tristeza, e poucas vezes saía do retiro. Só compareceu na abertura real das cortes em 1826, servindo de camareira-mor, e em 1828, como dama de honor da infanta D. Isabel Maria, na sessão em que a infanta entregou o governo do reino a seu irmão, o infante D. Miguel. Assistiu ao Te Deum que se cantou na Sé, quando D. Pedro IV de Portugal e D. Maria II de Portugal entraram em Lisboa; às exéquias de D. Pedro IV, ao casamento de D. Maria II com o príncipe D. Augusto de Leuchtenberg. Ao segundo casamento de D. Maria II com D. Fernando não pode assistir, por causa da sua avançada idade, mas os reis foram visitá-la a Benfica.

Em 24 de Julho de 1833, o Duque da Terceira e o Marquês de Fronteira foram também visitá-la, apenas entraram em Lisboa. D. Maria II concedeu-lhe a banda da ordem de Santa Isabel. Era dama da Ordem da Cruz Estrelada, da Alemanha. Os títulos de 6.ª condessa de Assumar e 4.ª marquesa de Alorna foram renovados por decreto de 26 de Outubro de 1833. Súbdita respeitosa e obediente aos soberanos, era pouco afeiçoada à medicina, tendo por inúteis os remédios na sua idade. A filha D. Henriqueta lembrou-se de lhe falar em nome da rainha, para que tomasse os remédios que os médicos receitassem.

Faleceu em 11 de Outubro de 1839 na Rua do Salitre da freguesia do Santíssimo Coração de Jesus de Lisboa, vinte dias antes de completar 89 anos de vida, invulgar longevidade para a época. Sabe-se que fez um testamento e que deixara por sua testamenteira a filha Henriqueta. Foi sepultada no dia seguinte em jazigo particular, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.

Obra

As obras da Marquesa de Alorna publicadas depois da sua morte são:

  • «Obras poeticas de D. Leonor d'Almeida, etc., conhecida entre os poetas portugueses pelo nome de Alcippe». Lisboa, 1844, com o retrato da autora. Seis volumes.
Tomo I: Noticia biographica da marqueza, seguida de outra noticia historica de seu esposo e conde de Oeynhausen; Poesias compostas no mosteiro de Chellas; Poesias escriptas depois da sa­hida do mosteiro de Chellas.
Tomo II: Continuação das poesias lyricas, escriptas depois da sahida do mosteiro de Chellas.
Tomo III: A primavera, tradução livre do poema das Estações de Thompson; os primeiros seis cantos do Oberon, poema de Wieland, traduzidos do alemão; Darthula, poema traduzido de Ossian; tradução de uma parte do livro I da llliada em oitava rima.
Tomo IV: Recreações botanicas, poema original em seis cantos; O Cemiterio d'aldeia, elegia, imi­tada de Gray; O Eremita, balada imitada de Goldsmith; Ode, imitada de Fulvio Testi; Ode de Lamartine a Filinto Elysio, traduzida; Epistola a lord Byron, imitação da 2ª meditação de Lamartine; imitação da 28ª meditação do mesmo poeta, intitulada: Deus.
Tomo V: Poetica de Horacio, traduzida com o texto; Ensaio sobre a critIca, de Pope com o texto; O rapto de Proser­pina, poema de Claudiano em quatro livros com o texto.
Tomo VI: Paraphrase dos cento e cinquenta salmos que compõem o Psalterio, em várias espécies de ritmo seguida da paráfrase do varino cânticos bíblicos e hinos da igreja. Parece que a paráfrase dos salmos não fora feita sobre a vulgata, mas sim sobre a versão italiana de Xavier Matthei. Uma parte do Psalterio já fôra publicada em vida da autora, num volume de 4º, impresso em Lisboa, em 1833. A outra parte saíra também anteriormente com o título: Paraphrase e varios psalmos, Lisboa, 1817; também haviam sido impressas em Londres em 8º gr. as traduções da Poetica de Horacio, e do Ensaio sobre a critica, de Pope.

Também foi publicada ainda em vida da autora: De Buonaparte e dos Bourbons; e da necessidade de nos unirmos aos nossos legitimos principes, para a felicidade da França e da Europa: por F. A. de Chateaubriand. Traduzido em linguagem por uma senhora portu­gueza, Londres, 1814;

Ensaio sobre a indifferença em materia de religião: trad. de Lamennais, Lis­boa, 1820, 2 tomos;

Estudo biographico- critico, a respeito da litteratura portugueza, de Romero Ortiz, de pag. 61 a 96, que saíra também na Revista de España, tomo IX;

Elegia à morte de S. A. R. o principe do Brazil O sr. D. José, Lisboa. 1788.

Existe colaboração da sua autoria na revista Ilustração Popular[1] (1884).

Descendência

D. João Carlos Ulrico de Oyenhausen e Almeida, Conde de Oyenhausen
  1. Leonor Benedita Maria de Oyenhausen de Almeida (Porto, 30 de novembro de 1780 - Benfica, 18 de outubro de 1850), 7ª donataria de Assumar, 6ª administradora do morgadio de Vale de Nabais e herdeira de toda a casa de seus pais. Casou na Lapa, em 10 de novembro de 1799 com D. João José Luís Mascarenhas Barreto, 7° Conde da Torre de juro e herdade, 7° Conde de Coculim, 6° Marquês de Fronteira, 6° donatário de Fronteira e 6° do mordomado-mor de Faro. Vedor da Casa da Princesa D. Maria Francisca Benedita.
  2. Maria Regina de Oyenhausen de Almeida (Viena, morreu com um ano de idade), condessa de Oyenhausen;
  3. Frederica de Oyenhausen de Almeida (Viena, 1782 - Pena, Outubro de 1847), condessa de Oyenhausen;
  4. Juliana Maria Luisa Carolina de Oyenhausen de Almeida (Viena, 1 de setembro de 1784 - São Petersburgo 14 de novembro de 1864). Casada em Lisboa em 1800 com Aires José Maria de Saldanha Albuquerque Coutinho Matos e Noronha, 2° Conde da Ega, alcaide-mor de Soure e de Guimarães, Gentil-Homem da câmara da Rainha D. Maria I e de D. João VI. Em 12 de Julho de 1827 casou em segundas núpcias com o Conde Grigory Alexandrovich Stroganoff, na cidade de Dresden, Alemanha;
  5. Carlos Frederico Oyenhausen de Almeida (Avignon, morreu jovem), Conde de Oyenhausen;
  6. Henriqueta de Oyenhausen de Almeida (Marselha, 3 de janeiro de 1787 - Alcântara, 20 de março de 1860), condessa de Oyenhausen, dama camarista da Rainha D. Maria II;
  7. Luísa de Oyenhausen de Almeida (Lisboa, 1789), casada em Hampstead, em 13 de junho de 1812 com Heliodoro Jacinto Carneiro de Araújo, Fidalgo da Casa Real, do Conselho de Estado de D João VI, licenciado em medicina e cirurgia, professor da Escola de Medicina de Lisboa e diplomata;
  8. João Carlos Ulrico de Oyenhausen de Almeida (Lisboa, 31 de outubro de 1791 - Lapa, 14 de agosto de 1822), Conde de Oyenhausen na Austria, tenente coronel do Regimento de cavalaria n° 4, serviu nos Dragões de São Paulo, no Brasil. Comendador da Ordem de Cristo;

Ligações Externas

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Referências

  1.  Helena Roldão (5 de abril de 2017). «Ficha histórica: A illustração popular : chronica semanal (1884)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 25 de setembro de 2017

Bibliografia

  • Marquesa de Alorna. Poesias (2ª ed., selecção, prefácio e notas do Prof. Hernâni Cidade). Lisboa: Livraria Sá da Costa, Editora, 1960.
  • «A Marquesa de Alorna», Marquês de Ávila e Bolama.
  • «A Marquesa de Alorna - Sua vida e obras. Reprodução de Cartas Inéditas», Hernâni Cidade. Porto: Comp. Porto Editora, 1929.

FESTA CELTA DE SAMHAIN (NOITE DE FOGO E DE INSPIRAÇÃO) - 31 DE OUTUBRO DE 2021

 

Samhain

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disambig grey.svg Nota: Se procura a banda com o mesmo nome, veja Samhain (banda).
Samhain
Celebrado por
TipoCultural, pagão
Data31 de outubro
SignificadoFim da época de colheita, início do inverno
FrequênciaAnual
Relacionado(s)HalloweenDia de Todos-os-SantosDia dos Mortos

Samhaim ou Samaim[1] (em irlandês Samhaingaélico escocês Samhuinnmanês Sauin e em gaulês Samonios) era o festival em que se comemora a passagem do ano dos Eldianos. Marca o fim do ano velho e o começo do ano novo. O Samhain inicia o inverno, uma das duas estações do ano dos celtas. O início da outra estação, o verão, é celebrado no festival de Beltane. Este festival, Samhain, é chamado de Samonios na Gália. Segundo alguns autores, grande parte da tradição do Halloween, do Dia de Todos-os-Santos e do Dia dos Fiéis Defuntos pode ser associada ao Samhaim. O Samhaim é a época em que acredita-se que as almas dos mortos retornam a suas casas para visitar os familiares, para buscar alimento e se aquecerem no fogo da lareira.[2] Alguns autores acham que não existe nenhuma evidência que relacione o Samhain com o culto dos mortos e que esta crença se popularizou no século XIX. Segundo o relato das antigas sagas o Samhain era a época em que as tribos pagavam tributo se tivessem sido conquistadas por outro povo. Era também a época em que o Sídhe deixava antever o outro mundo. O fé-fiada, o nevoeiro mágico que deixava as pessoas invisíveis, dispersava no Samhain e os elfos podiam ser vistos pelos humanos. A fronteira entre o Outro Mundo e o mundo real desaparecia.[3] Uma das datas do calendário lunar celta de Coligny pode ser associada ao Samhain. No 17º dia do mês lunar Samon, a referência *trinox Samoni sindiu é interpretada como a data da celebração do Samhain ou do solstício de Verão entre os Gauleses.[4]

Etimologia

A palavra Samhain significa fim de verão e deriva de duas palavras "samh",verão, e "fuin", fim.[5] O mês de Novembro é chamado em Irlandês de "Mí na Samhain".

Galiza e Países lusófonos

Na Galiza e norte de Portugal

O Samhain é uma festa associada ao ciclo anual do sol que faz parte do Património Imaterial Galego-Português. A recuperação da tradição do Samhain envolve várias escolas que promovem atividades que por sua vez são inseridas na promoção da candidatura a Património Imaterial.[6] Diversas aldeias na Galiza começaram a recuperar as celebrações apoiadas pela recolha de testemunhos e documentos sobre as antigas tradições locais [7][8]

Provavelmente o Magusto seja o herdeiro direto no território da velha Galécia do antigo Samhain, conservado ainda hoje com o seu ritual culinário específico no que as castanhas fazem uma parte importante do mesmo.

Na cultura popular

Referências

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