quarta-feira, 27 de outubro de 2021

GRACILIANO RAMOS - ROMANCISTA - NASCEU EM 1892 - 27 DE OUTUBRO DE 2021

 

Graciliano Ramos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Graciliano Ramos
Graciliano Ramos, anos 1940. Arquivo Nacional
Nome completoGraciliano Ramos de Oliveira
Nascimento27 de outubro de 1892
QuebranguloAlagoas
Morte20 de março de 1953 (60 anos)
Rio de Janeiro
Nacionalidadebrasileiro
CônjugeMaria Augusta de Barros (1915-1920, 4 filhos)
Heloísa Leite de Medeiros (1928-sua morte, 4 filhos)
OcupaçãoEscritor
Magnum opusVidas Secas
Escola/tradiçãoModernismo

Graciliano Ramos de Oliveira (Quebrangulo, 27 de outubro de 1892 – Rio de Janeiro, 20 de março de 1953) foi um romancistacronistacontistajornalistapolítico e memorialista brasileiro do século XX, mais conhecido por sua obra Vidas Secas (1938).[1]

Nascido numa grande família de classe média, viveu os primeiros anos de sua infância migrando para diversas cidades da Região Nordeste do Brasil. Trabalhou como jornalista na cidade do Rio de Janeiro, onde escreveu para O Malho e Correio da Manhã, até regressar para o Nordeste em 1915, devido tragédia familiar em que perdeu quatro irmãos. Fixou-se na cidade de Palmeira dos Índios, onde casou-se, e em 1927 foi eleito prefeito, cargo que exerceu por dois anos. Logo, voltou a escrever e publicou seu primeiro romance, Caetés (1933). Vivendo em Maceió durante a maior parte da década de 1930, trabalhou na Imprensa Oficial e publicou São Bernardo (1934). Foi preso na capital alagoana em março de 1936, acusado de ser militante comunista. Esse incidente o inspiraria a publicar duas de suas principais obras: Angústia (1936) e o texto "Baleia", que daria origem à Vidas Secas em 1938. Já na década de 1940, ingressou no Partido Comunista Brasileiro ao lado do militar e político Luís Carlos Prestes. Nos anos posteriores realizaria viagens a países europeus, incluindo a União Soviética em 1952. Morreu em 20 de março do ano seguinte, aos 60 anos, no Rio de Janeiro. Suas obras póstumas notáveis incluem Memórias do Cárcere, a crônica Viagem e o livro de contos Histórias de Alexandre.

Tradutor de obras em inglês e francês e honrado com diversos prêmios em vida, a obra de Graciliano Ramos recebeu riqueza da crítica literária e atenção do mundo acadêmico. Seu romance modernista também conhecido como regionalista Vidas Secas é visto como um clássico da literatura brasileira.

Encontra-se colaboração da sua autoria na revista luso-brasileira Atlântico [2].

Biografia

Graciliano Ramos nasceu em Quebrangulo, em 27 de outubro de 1892.[3] Primeiro de dezesseis irmãos de uma família de classe média do sertão nordestino, ele viveu os primeiros anos em diversas cidades do Nordeste brasileiro, como BuíquePernambucoViçosa e Maceió em Alagoas.[4] Terminando o segundo grau em Maceió, seguiu para o Rio de Janeiro, onde passou um tempo trabalhando como jornalista.[1]

Em setembro de 1915, motivado pela morte dos irmãos Otacília, Leonor e Clodoaldo e do sobrinho Heleno, vitimados pela epidemia de peste bubônica, volta para o Nordeste, fixando-se junto ao pai, que era comerciante em Palmeira dos ÍndiosAlagoas. Neste mesmo ano casou-se com Maria Augusta de Barros, que morreu em 1920, deixando-lhe quatro filhos.[5]

Foi eleito prefeito de Palmeira dos Índios em 1927, tomando posse no ano seguinte. Apoiado pelo governador do estado e impulsionado por ser um nome de fora da política, foi eleito em um pleito de uma candidatura só.[6] Ficou no cargo por dois anos, renunciando a 10 de abril de 1930.[5] Segundo uma das auto-descrições, "Quando prefeito de uma cidade do interior, soltava os presos para construírem estradas."[7] Os relatórios da prefeitura que escreveu nesse período chamaram a atenção de Augusto Frederico Schmidt, editor carioca que o animou a publicar Caetés (1933).[8]

Entre 1930 e 1936 viveu em Maceió, trabalhando como diretor da Imprensa Oficial, professor e diretor da Instrução Pública do estado. Em 1934 havia publicado São Bernardo,[5] e quando se preparava para publicar o próximo livro, foi preso após a Intentona Comunista de 1935. Foi levado para o Rio de Janeiro e ficou preso por onze meses, sendo liberado sem ter sido acusado de nada ou julgado.[6] Em Memórias do Cárcere, lê-se a seguinte passagem, em que Graciliano Ramos, preso em 1936, recorda a prisão que sofrera seis anos antes:

"Chegamos ao quartel do 20º Batalhão. Estivera ali em 1930, envolvera-me estupidamente numa conspiração besta com um coronel, um major e um comandante da polícia e, vinte e quatro horas depois, achava-me preso e só. Pensando nessas coisas, desci do automóvel, atravessei o pátio que, em 1930, via cheio de entusiastas enfeitados com braçadeiras vermelhas. (...). Se todos os sujeitos perseguidos fizessem como eu, não teria havido uma só revolução no mundo. Revolucionário chinfrim. As minhas armas, fracas e de papel, só podiam ser manejadas no isolamento."[9]

Com ajuda de amigos, entre os quais José Lins do Rego, consegue publicar Angústia (1936), considerada por muitos críticos como sua melhor obra.[10] Com a sua representação da angústia existencial, pode ser considerado um precursor do existencialismo (uma interferência direta do Existencialismo).[11]

Em 1938 publicou Vidas Secas. Em seguida estabeleceu-se no Rio de Janeiro, como inspetor federal de ensino.

Em 1945 ingressou no Partido Comunista Brasileiro[12] de orientação soviética e sob o comando de Luís Carlos Prestes;[3] nos anos seguintes, realizaria algumas viagens a países europeus com a segunda esposa, Heloísa Medeiros Ramos, retratadas no livro Viagem (1954).[1] Ainda em 1945, publicou Infância, relato autobiográfico.

Adoeceu gravemente em 1952. No começo de 1953 foi internado, mas acabou falecendo em 20 de março de 1953, aos 60 anos, vítima de câncer do pulmão.[5]

Obras

As obras de Graciliano Ramos:[13]

Escultura de bronze em homenagem ao escritor Graciliano Ramos localizada na praia de Ponta Verde em MaceióAlagoas

Traduções

Graciliano Ramos também dominava o inglês e o francês e realizou algumas traduções:[14]

Publicações sobre Graciliano Ramos e sua obra

  • Graciliano Ramos - Literatura Comentada - Vivina de Assis Viana, Ed. Abril Cultural, 1989
  • Graciliano Ramos: cidadão e artista - Carlos Alberto dos Santos Abel, UNB, 1999.
  • Graciliano Ramos e o Partido Comunista Brasileiro: as memórias do cárcere, Ângelo Caio Mendes Corrêa Junior, 2000. (Dissertação de Mestrado em Letras, Universidade de São Paulo | orientador: Alcides Celso de Oliveira Vilaça.
  • Graciliano Ramos: infância pelas mãos do escritor - Taisa Viliese de Lemos, Musa Editora, 2002.
  • Graciliano Ramos - Wander Melo Miranda, Coleção Folha Explica, Publifolha, 2004.
  • A infância de Graciliano Ramos - Audálio Dantas, Callis, 2005. (Menção Altamente Recomendável, em 2006, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, na categoria Informativo.)
  • Graciliano Ramos - Myriam Fraga, Moderna, 2007.
  • Cartas inéditas de Graciliano Ramos a seus tradutores argentinos Benjamin de Garay e Raúl Navarro - Pedro Moacyr Maia, EDUFBA, 2008.
  • Graciliano Ramos: um escritor personagem - Maria Izabel Brunacci, Autêntica, 2008.
  • Graciliano Ramos e o mundo interior: o desvão imenso do espírito - Leonardo Almeida Filho, UNB, 2008.
  • Graciliano Ramos e o desgosto de ser criatura - Jorge de Souza Araujo, EDUFAL, 2008.
  • A imagem da linguagem na obra de Graciliano Ramos - Maria Celina Novaes Marinho, Humanitas FFLCH, 2.ed., 2010.
  • Graciliano Ramos e a novidade: o astrônomo do inferno e os meninos impossíveis - Ieda Lebensztayn, Hedra, 2010.
  • Graciliano: Retrato fragmentado - Ricardo Ramos, Globo, 2011.
  • O velho Graça - Denis de Moraes, Boitempo, 2012.
  • ALVES, Francisco José. A Pátria é um orangotango: o Brasil nas crônicas de Graciliano Ramos. Síntese, Brasília, n. 5, p. 46-55, 2000.

Homenagens e Prêmios

Homenagens

Em 2020, os botânicos brasileiros James L. Costa-Lima e Earl Chagas descreveram uma nova espécie de planta para a Ciência em sua homenagem[15]. A planta pertence ao gênero Dicliptera, da família das acantáceas, e seu nome científico é Dicliptera gracilirama Costa-Lima & E.C.O. Chagas. A espécie é endêmica da Mata Atlântica do Nordeste do Brasil e, até o momento, ocorre apenas na Reserva Biológica de Pedra Talhada, em Quebrangulo, Alagoas, cidade natal de Graciliano Ramos.

Prêmios

Prêmios concedidos a Graciliano Ramos:

Domínio Público

A obra de Graciliano Ramos deverá entrar em domínio público em 1 de janeiro de 2024, após os 70 anos do falecimento do autor, de acordo com a lei brasileira. Porém, a família contesta isso devido ao fato de o autor ainda ter uma filha viva e defendem que, de acordo com o Código Civil de 1916, a obra continue protegida pelo tempo que ela tiver de vida após 2024. Por isso, firmaram um contrato com a Editora Record que durará até janeiro de 2029. Porém, é incerto se o direito autoral continuará protegido e de acordo com o Sonia Jardim, Presidente do Grupo Record, em 2024 "pode haver duas edições de Vidas Secas no mercado".[20][21]

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c «Escritor brasileiro - Graciliano Ramos». Consultado em 17 de janeiro de 2011
  2.  Helena Roldão (12 de Outubro de 2012). «Ficha histórica:Atlântico: revista luso-brasileira (1942-1950)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 25 de Novembro de 2019
  3. ↑ Ir para:a b «Linha do Tempo». Consultado em 16 de janeiro de 2011
  4.  Árvore genealógica, Graciliano Ramos.
  5. ↑ Ir para:a b c d «Graciliano Ramos»Releituras. Consultado em 16 de janeiro de 2011
  6. ↑ Ir para:a b Lucena, David (10 de abril de 2020). «Graciliano Ramos criou 'manual' do político irônico ao renunciar a prefeitura 90 anos atrás»Folha de S. Paulo. Consultado em 5 de maio de 2020
  7.  «Auto-Retrato». Graciliano Ramos. Consultado em 16 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 26 de julho de 2011
  8.  «Graciliano Ramos». Record. Consultado em 17 de janeiro de 2011
  9.  Graciliano Ramos. Memórias do Cárcere. São Paulo: Martins, 6. ed, 1969. págs. 19 e 20.
  10.  «Oswaldo Goeldi - Graciliano Ramos». Consultado em 16 de janeiro de 2011
  11.  Salvelina da Silva: Os modos do ser em Sartre, Camus e Graciliano Ramos e a alteridade readical. Dissertação, Universidade Federal de Santa Catalina, Florianópolis 2003, p. 98 Online.
  12.  «Graciliano Ramos - Graciliano Ramos e outros artistas da época denunciaram criticamente as mazelas sociais brasileiras, sobretudo a seca nordestina». Consultado em 17 de janeiro de 2011
  13.  «Obras». Consultado em 16 de janeiro de 2011
  14.  «Outras Obras». Consultado em 16 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 15 de maio de 2013
  15.  Costa-Lima, James Lucas da; Chagas, Earl Celestino de Oliveira (março de 2020). «A Synopsis of Dicliptera (Acanthaceae) in Brazil, with the Description of Two New Species»Ingenta connect (em inglês). Consultado em 18 de maio de 2020
  16.  Graciliano eleito alagoano do século XX, Graciliano Ramos, janeiro de 2000.
  17.  Prêmio Nossa gente, nossas letras, Graciliano Ramos, dezembro de 2013.
  18.  Graciliano recebe a medalha Chico Mendes de resistência, Graciliano Ramos, março de 2003.
  19.  Programa Nacional Biblioteca da Escola, Ministério da educação.
  20.  «Herdeiros de Graciliano Ramos e Record renovam contrato para além do domínio público». 22 de setembro de 2018. Consultado em 14 de janeiro de 2021Cópia arquivada em 22 de setembro de 2018
  21.  «'Ser escritor na minha família é falta de imaginação'». 12 de novembro de 2020. Consultado em 14 de janeiro de 2021Cópia arquivada em 28 de novembro de 2020

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