quarta-feira, 29 de setembro de 2021

ARCANJO MIGUEL - 29 DE SETEMBRO DE 2021

 

Miguel (arcanjo)

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Disambig grey.svg Nota: ""São Miguel Arcanjo"" redireciona para este artigo. Para o município paulista, veja São Miguel Arcanjo (São Paulo). Para outros significados, veja São Miguel (desambiguação).
São Miguel Arcanjo
São Miguel por Juan de Espinal no Museu de Belas Artes de Sevilha, c. 1780
Arcanjo, "Príncipe da Milícia Celeste", "Arcanjo General", "Baluarte do Céu"
Veneração porCristianismo
Judaísmo
Islamismo
Religiões Afro-Brasileiras
Festa litúrgica29 de setembro
AtribuiçõesEscudo ("Quis ut Deus"); Lutando contra o Dragão; segurando a balança, como o juiz dos mortos
Padroeiro
Gloriole.svg Portal dos Santos

Miguel (em hebraicoמִיכָאֵל (Micha'el ou Mîkhā'ēl; em gregoΜιχαήλMikhaḗl; em latim: Michael ou Míchaël; em árabeميخائيلMīkhā'īl) é um arcanjo nas doutrinas religiosas judaicascristãs e islâmicas. Os católicosanglicanosortodoxos e luteranos se referem a ele como Arcanjo Miguel ou simplesmente como Miguel. É sincretizado nas religiões afro-brasileiras com o orixá Exu.[7] Em Pernambuco, é sincretizado com o orixá Oxóssi.[8]

Em hebraico, Miguel significa "aquele que é similar a Deus" (Mi-"quem", kha-"como", El-"Deus"), o que é tradicionalmente interpretado como uma pergunta retórica: "Quem como Deus?" (em latimQuis ut Deus?), para a qual se espera uma resposta negativa, e que implica que ninguém é como Deus. Assim, Miguel é reinterpretado como um símbolo de humildade perante Deus.[9]

Na Bíblia Hebraica, Miguel é mencionado três vezes no Livro de Daniel, uma como um "grande protetor que defende povo de Deus" «Nesse tempo se levantará Miguel, o grande príncipe que se levanta a favor dos filhos do teu povo;» (Daniel 12:1). A ideia de Miguel como um advogado de defesa dos judeus se tornou tão prevalente que, a despeito da proibição rabínica contra se apelar aos anjos como intermediários entre Deus e seu povo, Miguel acabou tomando um lugar importante na liturgia judaica.

Em Apocalipse 12:7-9, Miguel lidera os exércitos de Deus contra as forças de Satã e seus anjos e os derrota durante a guerra no céu.

Na Epístola de Judas, Miguel é citado no versículo 9 especificamente como "arcanjo[10] Os santuários cristãos em honra a Miguel começaram a aparecer no século IV, quando ele era percebido como um anjo de cura, e, com o tempo, como protetor e líder do exército de Deus contra as forças do mal. Já no século VI, a devoção a Arcanjo Miguel já havia se espalhado tanto no oriente quanto no ocidente. Com o passar dos anos, as doutrinas sobre ele começaram a se diferenciar.

Etimologia

Do termo “Arcanjo”

Arcanjo, num fragmento da Epístola de Judas (Tadeu) no Codex Sinaiticus (330-350 A.D.)

Arcanjo tem duas raízes, “arch” e “angelos”.

O prefixo grego “arch” (ἀρχ) deriva de “arché” (ἀρχή) que se refere tanto a “começo, ponto de partida, princípio”, como “suprema substância subjacente” ou “princípio supremo indemonstrável”.[11]

A partir dessa raiz “arché” temos o antepositivo “arch”, em português, com o sentido de “aquilo que está na frente, o que está no começo, na origem, ponto de partida de um entroncamento”,[11] sendo traduzido “acima”, “superior” ou “mais importante” e “o que governa, que dirige, que comanda, que lidera” e ainda carregando consigo ideias de poder, autoridade, império e superioridade.[12]

Quanto ao grego “angelos” (άγγελος), vertido para “anjo”, significa simplesmente “mensageiro”.

A partir dessas raízes, portanto, a palavra “Arcanjo” (αρχάγγελος) se traduz “Líder dos Mensageiros”, “Chefe dos Mensageiros” [13] "Capitão dos Anjos",[14]"Primeiro Anjo",[14] “Acima dos Anjos”, “Superior aos Anjos” [11] [15] [16] “Anjo Superior” [17] ou “Anjo Chefe”,[18][19][20][21] num aspecto qualitativo de liderança e substancialmente de superioridade,[16] da mesma maneira que se traduz palavras com o mesmo radical, tal como “arquiteto” (chefe dos construtores), “arcebispo” (classe hierárquica superior a Bispo), “hierarquia” (poder sagrado) ou “anarquia” (falta ou ausência de poder).

Miguel em Hebraico

Do termo “Miguel”

A tradução literal para o nome Miguel é “Aquele/Quem como Deus”.

  • Mi = Aquele/Quem(?)
  • Kha = Como
  • El = Deus

Como no hebraico não existia sinais de pontuação, algumas palavras trariam consigo um significado inquisitivo. Por isso a partícula “Mi” que significa “quem” muitas vezes é traduzida sintaticamente como interrogação, ocorrendo em 350 textos do Antigo Testamento onde é mencionada.[22]

Exemplo:

Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.” (Is. 6:8)
וָאֶשְׁמַע אֶת- קוֹל אֲדֹנָי אֹמֵר אֶת- מִי אֶשְׁלַח וּמִי יֵלֶךְ- לָנוּ וָאֹמַר הִנְנִי שְׁלָחֵנִי: (Texto Original Hebraico)[23]
va'eshma et qol adonai omer et·mi esh'lach umi ielech·lanu vaomar hineni shelacheni (Texto Original Transliterado)[24]

Dessa forma, o Talmude sugere uma interpretação inquisitiva para o nome Miguel, tendo a tradução contextual “Quem é como Deus?”[25] [25] [26] [27] [28] [29] [30] [31] [32] [33] [34] [35] [36] ou “Quem é semelhante a Deus?”.[37][38][39] Este entendimento hoje não é compartilhado somente pela comunidade judaica, pois mais tarde foi incorporado pela cristandade em geral “para não colocar em causa a própria Escritura”, tanto por católicos e protestantes[40] e também por outras comunidades religiosas, como as testemunhas de Jeová e os islâmicos. Mas para as cosmovisões judaica, jeovista e muçulmana, o pressuposto de não haver nenhuma outra pessoa igual a Deus (Sl. 35:1089:8) é literal, implicando sugestivamente a resposta “Ninguém é Igual a Deus” num entendimento retórico.

Quanto ao sufixo “El”, é também relacionado de forma regular com nomes significando afirmativamente “Deus” em todos os casos, tal como em Daniel (Deus é Juiz), Emanuel (Deus é Conosco), Ezequiel (A Força é de Deus), Samuel (Chamado pelo Nome de Deus), Gamaliel (Deus me Faz o Bem), Ananias (Deus é Clemente), João (A Graça é de Deus), Ismael (Deus Ouve), etc. Esse entendimento é compartilhado por algumas denominações cristãs trinitarianas e alguns famosos comentaristas bíblicos como Matthew Henry e até o próprio João Calvino, pai da Igreja Congregacional, da Presbiteriana e de muitas outras reformadas, trinitarianos convictos, entendendo o termo segundo a tradução literal. Para esses, diferentemente dos judeus e muçulmanos, o Arcanjo Miguel não tem natureza angélica, e sim divina, sendo o próprio Cristo que veio com esse “nome de guerra” fazendo um desafio a Satanás que, desde o princípio, sempre desejou estar acima dos anjos e ser igual ao Criador (Is. 14:12–14).

Referências nas Escrituras

Bíblia Hebraica

A Queda dos Anjos Rebeldes por Luca Giordano.

Na Bíblia Hebraica e, portanto, no Antigo Testamento, o profeta Daniel teve uma visão após um jejum (em Daniel 10:13-21), um anjo identifica Miguel como o protetor de Israel. O profeta se refere a Miguel como "um dos primeiros príncipes".[41] Posteriormente, em Daniel 12:1, Daniel é informado sobre o papel de Miguel durante o "tempo de tribulação" que "nunca houve desde que existiu nação até aquele tempo" e que[42]:

Nesse tempo se levantará Miguel, o grande príncipe que se levanta a favor dos filhos do teu povo;

Assim, embora as três referências a Miguel no Livro de Daniel sejam referentes ao mesmo indivíduo que age de forma similar nos três casos, o último se coloca no "fim dos tempos", enquanto que os outros dois são na época contemporânea na Pérsia.[43] Estas são as únicas referências ao arcanjo Miguel na Bíblia Hebraica.[44]

As referências ao "capitão das hordas do Senhor" que estão no Livro de Josué nos primeiros dias da campanha pela Terra Prometida (veja Josué 5:13-15) foram por vezes interpretadas como sendo referentes ao arcanjo Miguel, mas não há nenhuma base teológica para esta proposição, dado que Josué claramente adorava essa figura e os anjos não eram adorados, o que indica que a figura possa se referir ao próprio Yahweh,[45][46] ou algum representante especial do mesmo.

Novo Testamento

Apocalipse (Apocalipse 12:7-9) descreve uma guerra no céu na qual Miguel, sendo o mais forte, derrota Satã[47]:

Houve no céu uma guerra, pelejando Miguel e seus anjos contra o dragão. O dragão e seus anjos pelejaram, e não prevaleceram; nem o seu lugar se achou mais no céu. Foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama Diabo e Satanás, aquele que engana todo o mundo; sim, foi precipitado na terra, e precipitados com ele os seus anjos.

Após o conflito, Satã foi atirado à terra juntamente com os anjos caídos de onde eles ainda tentam "desviar o caminho da humanidade".[47]

Em outro trecho, na Epístola de Judas (Judas 1:9), Miguel é referido especificamente como sendo o "arcanjo" quando ele novamente confronta Satã:[48]:

Mas quando Miguel, o arcanjo, discutindo com o Diabo, altercava sobre o corpo de Moisés, não ousou fulminar-lhe sentença de blasfemo, mas disse: O Senhor te repreenda. (O fato de Miguel usar a expressão: "O Senhor te repreenda", sugere que ele se referia a alguém superior a ele, pois se assim não fosse, ele não teria empregado o seu uso em Judas 1:9. Isso também sugere que ele não poderia fazer julgamentos, talvez por falta de autoridade para tal ato ou por não ter poder algum ante a situação do texto em pauta.).

Uma referência a esse "arcanjo" também aparece em I Tessalonicenses (I Tessalonicenses 4:16):

porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, com voz de arcanjo e com trombeta de Deus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. (Neste contexto, o escritor quando usa "senhor" se refere ao próprio Cristo).

Ora, se Judas escreveu sobre "o arcanjo", Denotando assim claramente que Existe apenas 1 Líder, Jesus seria o "Arcanjo" que marca a Segunda Vinda de Cristo.[48]

Algumas pessoas interpretam que ele, Miguel seja algum representante de Deus ou até mesmo o próprio Jesus Cristo quer literalmente quer simbolicamente, pois as referências sobre o que Jesus fará como líder do exército dos anjos de Deus, são semelhantes as do Arcanjo Miguel. O fato da Bíblia se referir a apenas um Arcanjo, e de que Jesus é mostrado como tendo voz de Arcanjo e não de "um Arcanjo" significa que são pontos definitivos para concluir quem seria o Arcanjo Miguel. O fato de fazer algo semelhante a Jesus Cristo, não define a identidade do Arcanjo Miguel. Mais de uma pessoa podem fazer os mesmos atos e não serem literalmente as mesmas. Mas não é o fato em questão já que o termo e título "o Arcanjo" se refere apenas a Miguel, mostrando assim que existe apenas um Arcanjo.

Nos apócrifos

No livro de Enoque Miguel é designado como o príncipe de Israel. No livro dos Jubileus, ele é retratado como o anjo que instruiu Moisés na Torá. Nos Manuscritos do Mar Morto é retratado lutando contra Beliel.

Cristianismo

Cristianismo primitivo

Arcanjos ortodoxos
Conselho AngelicalÍcone ortodoxo com os sete arcanjos tradicionais da Ortodoxia

Miguel
Gabriel
Rafael
Fanuel
Uriel
Jegudiel
Salatiel
Jeremiel
Baraquiel


Os primeiros cristãos consideravam alguns mártires - como São Jorge e São Teodoro - como patronos militares. Porém, a São Miguel, eles entregavam bem-estar dos doentes e foi como um curador que ele era venerado na Frígia (na moderna Turquia).[49]

O mais antigo e mais famoso santuário de São Miguel no antigo Oriente Próximo era associado com suas águas medicinais. Ele era chamado de Michaelion[50] e foi construído no início do século IV pelo imperador romano Constantino I em Calcedônia, no local de um templo anterior chamado Sosthenion.[44]

Uma pintura do Arcanjo Miguel matando uma serpente se tornou a principal no Michaelion após Constantino ter derrotado Licínio nas redondezas em 324, eventualmente tornando-a o padrão da iconografia de Miguel como um santo guerreiro, assassinando um dragão.[44] O Michaelion tinha uma magnífica igreja e ela se tornou o modelo para centenas de outras igrejas no cristianismo oriental, que espalhou a devoção ao arcanjo.[51]

No século IV, a homilia de Basílio de CesareiaDe Angelis, colocou Miguel acima de todos os outros anjos. Ele foi chamado de "Arcanjo" por ser o príncipe dos outros anjos.[52] No século VI, a imagem de Miguel como curador continuava em Roma, algo visível pelo costume de os doentes, após uma epidemia, dormirem uma noite no Castel Sant'Angelo (dedicado a Miguel por ter salvo Roma), esperando a sua manifestação.[52][53]

No século VI, o crescimento da devoção ao santo na Igreja Ocidental se manifestou pelas festas dedicadas a ele, como se pode ver no Sacramentário Leonino. No século VII, o Sacramentário gelasiano incluia uma festa para "S. Michaelis Archangeli", assim como o Sacramentário Gregoriano.[52] Alguns destes documentos mencionam uma hoje inexistente Basilica Archangeli na Via Salária, em Roma..[52]

angeologia de Pseudo-Dionísio, que era amplamente lida já no século VI, dava a Miguel uma alta posição na hierarquia celestial.[52] Posteriormente, no século XIII, outros, como Boaventura, acreditavam que ele seria o príncipe dos Serafins, a primeira das nove ordens angélicas. De acordo com Tomás de Aquino,[54] ele seria o príncipe da última e mais baixa ordem, a dos anjos.[52]

Catolicismo

Os católicos romanos e os ortodoxos geralmente se referem a Miguel como "São Miguel", um título honorífico cuja origem não foi uma canonização. Ele é geralmente nas litanias cristãs como "São Miguel Arcanjo". Os ortodoxos adicionalmente o chamam de "Archistrategos" (veja estratego) ou "Comandante Supremo das Hostes Celestiais"

Nos ensinamentos católicos, São Miguel tem quatro papéis principais.[55] O primeiro é como comandante do Exército de Deus e o líder das forças celestes em seu triunfo sobre os hostes infernais.[56] Ele é visto como um modelo angélico para as virtudes do "guerreiro espiritual", em guerra contra o mal, por vezes também visto como sendo a "batalha interna".[57]

O segundo e o terceiro papel de Miguel lidam com a morte. No segundo, Miguel é o anjo da morte, levando a alma de todos os falecidos para o céu. Neste papel, na hora da morte, Miguel desce e dá à alma uma chance de se redimir antes da morte, atrapalhando assim o diabo e seus asseclas. As orações católicas em geral se referem a este papel de Miguel. No terceiro papel, ele mede as almas numa balança perfeitamente equilibrada (daí o motivo de ele ser também muitas vezes representado segurando uma balança)[58]

Em seu quarto papel, São Miguel, o patrono especial do povo escolhido no Velho Testamento, é também o guardião da Igreja. Era comum o anjo ser reverenciado por ordens militares de cavaleiros durante a Idade Média. Este papel também se estende a ser o santo padroeiro de numerosas cidades e países..[59][60]

freira carmelita portuguesa Antónia de Astónaco teve uma aparição de São Miguel Arcanjo.

O catolicismo romano inclui ainda tradições como a Oração de São Miguel, composta e mandada rezar pelo próprio Papa Leão XIII, que pede especificamente que os fiéis sejam defendidos pelo santo,[61][62][63] e a Coroa de São Miguel Arcanjo é composta por nove saudações, uma para cada ordem angélica.[64][65] De acordo com a Igreja Católica, a origem desta devoção está relacionada com uma aparição e revelação privada do próprio Arcanjo São Miguel a uma freira carmelita portuguesa, Antónia de Astónaco, no ano de 1750, sendo esta aparição posteriormente reconhecida e a devoção aprovada pelo Papa Pio IX, a 8 de agosto de 1851, quem a enriqueceu de indulgências.

Protestantismo primitivo

Alguns dos primeiros acadêmicos protestantes identificaram Miguel com a pré-encarnação de Cristo, baseando sua visão parcialmente na justaposição de "criança" e arcanjo no capítulo 12 do Apocalipse e também nos atributos dados a ele por Daniel.[66]

Testemunhas de Jeová

As Testemunhas de Jeová acreditam que há apenas um "arcanjo" no céu e na Bíblia. Eles ensinam que o Jesus de antes da ressurreição e após a ressurreição, e o Arcanjo Miguel são a mesma pessoa: "a evidência indica que o Filho de Deus era conhecido como Miguel antes de vir à Terra e é conhecido também por este nome após o seu retorno ao céu, onde ele agora está na forma do glorificado espírito Filho de Deus." Eles notam que o termo "arcanjo" na Bíblia só é usado no singular, jamais de forma clara no plural. Eles também afirmam que Miguel é o mesmo "Anjo do Senhor" que conduziu os israelitas no deserto.[67][68] Sob este ponto de vista, o espírito que leva o nome de Miguel é chamado de "um dos principais príncipes", "o grande príncipe que tem o comando de seu [de Daniel] povo" e "o arcanjo" (Daniel 10:13Daniel 12:1Judas 1:9.[69]

Adventistas do Sétimo Dia

Adventistas do Sétimo Dia acreditam que Miguel era um outro nome para o Verbo Divino (como em João 1:1) antes d'Ele ter se encarnado como "Jesus". Ele seria o Verbo, não criado, por conta de quem todas as coisas são criadas. O Verbo então se fez nascer encarnado como Jesus.[70]

Eles acreditam que o nome "Miguel" é importante para mostrar a sua verdadeira identidade, assim como Emanuel (que significa "Deus conosco"). Eles acreditam que o nome significa "aquele que é Deus" e que, como "Arcanjo" ou "comandante ou líder dos anjos", ele liderava os anjos e, por isso, a afirmação em Apocalipse 12:7-9 que identifica Jesus como sendo Miguel.[71] Além disso, "Miguel" seria um dos muitos títulos associados ao Filho de Deus, a segunda pessoa da Divindade. E este ponto de vista não estaria de modo algum em conflito com a crença em sua Divindade Plena, pré-existência eterna e, também de maneira nenhuma, seria uma diminuição de Sua pessoa ou obra.[72]

Ainda na visão adventista, a afirmação em I Tessalonicenses 4:16 identifica claramente Jesus com Miguel,[73] assim como João 5:25.[73]

Nas Escrituras ele é mostrado fazendo coisas que também se aplicam a Cristo desde o início, ele é também Cristo pré-encarnado.[74][75]

Mórmons

Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acredita que Miguel é Adão, o Antigo de Dias (de Daniel 7), um príncipe e um patriarca da família humana e que Miguel ajudou Jehovah (a forma celeste de Jesus) na criação do mundo sob a direção de Deus Pai.[76][77][78][79]

O anjo Miguel nos manuscritos do Mar Morto

São Miguel luta contra o dragão, por Jean Fouquet.

Desde a publicação, em 1991, da quase totalidade dos textos descobertos no deserto da Judeia, comumente conhecidos como os manuscritos do Mar Morto, que o estudo acerca da angeologia judaica sectária e extra-bíblica teve um grande desenvolvimento.

Nestes textos, numa perspectiva que viria a ser recuperada pelos movimentos gnósticos do Século I, Miguel é apresentado como a figura celestial de Melquisedeque exaltado, elevado aos céus. É similarmente referido como o "príncipe da luz", conforme 11Q13, que dará combate ao "príncipe das trevas", SatãBelial ou Melkireshah (o príncipe das profundezas da Terra). Este confronto dar-se-á aquando da grande batalha celeste que antecederá o fim dos tempos e a nova vinda do fundador da comunidade essênia, o "Mestre da Justiça", como Messias escatológico.

Neste contexto, e numa descrição profundamente ambivalente, em 4Q529 e 6Q23 o triunfo definitivo da paz não lhe é atribuído, conforme alguns depreendem de Judas 1:9, acima transcrito, onde Miguel recusa a função de juiz escatológico, mas apenas é o seu arqui-estratega. Miguel recusa inclusive o título de "Senhor" e de "Salvador", ao mesmo tempo que, segundo 4Q246, aguarda que, tal como o seu modelo histórico apresentado neste texto, Antíoco Epifânio, se possa autoproclamar "um deus" e ser adorado como deus, tal como aquele em Daniel 11,36-37.

Em síntese, a angeologia apresentada pela interpretação destes textos não é homogénea, mas aduz um grande leque de orientações desde as menos negativas como as que consideram Miguel como Melquisedeque exaltado, mas com desejos de ser adorado, até às profundamente negativas, as que o concebem como próximo do malévolo rei Sedecias. Nos primeiros séculos da nossa era, esta literatura teve muita influência em círculos gnósticos vindos do helenismo platonizado na medida em que a sua falta de clareza e a ambiguidade esotérica, quase a roçar o paganismo (de facto, tais perspectivas jamais poderiam ser tidas como inspiradas, quer pelo judaísmo, quer pelo cristianismo), serviu plenamente os seus intuitos de estabelecerem pontes de contacto com o crescente influxo cultural do cristianismo e, assim, não perderem a sua importância religiosa.

Festas, patronato e ordens

Imagem de São Miguel numa procissão em Cabeceiras de Basto.

Festas

Nas Igrejas CatólicaAnglicana e Luterana, a festa do Arcanjo Miguel ocorre em 29 de setembro (no calendário ocidental), quando também se comemoram os arcanjos Gabriel e Rafael. Na Inglaterra medieval este dia era chamado de "Festa de São Miguel e todos os anjos".[80]

Na Igreja Ortodoxa, a principal festa de São Miguel é em 8 de novembro (21 de novembro na maior parte das denominações ortodoxas, que ainda usam o calendário juliano), quando ele é homenageado com o resto dos "Poderes não encarnados do Céu" (os anjos) como sendo seu "comandante supremo". O "Milagre de São Miguel em Chonae" é comemorado em 6 de setembro.[81][82]

Patronatos e ordens

Selo ucraniano de 2019 com um mosaico de Miguel, padroeiro de Kiev

No cristianismo medieval, Miguel, juntamente com São Jorge, se tornaram santos patronos da cavalaria medieval e é hoje considerado como o santo patrono dos oficiais de polícia e militares.[60][83]

No século XV, Jean Molinet glorificou o ato de guerra do arcanjo como o "primeiro feito de cavalaria e habilidade de cavaleiro que jamais fora realizado".[84] Assim, Miguel se tornou o patrono natural da primeira ordem de cavalaria da França, a Ordem de São Miguel, de 1469. No sistema de honras britânico, uma ordem de cavalaria fundada em 1818 também foi batizada em homenagem aos dois santos guerreiros, a Ordem de São Miguel e São Jorge.[85] A Ordem de Miguel, o Valente é a mais alta condecoração militar na Romênia.

Além de ser o patrono de guerreiros, os doentes e os aflitos também consideram o Arcanjo Miguel como seu santo padroeiro.[86] Baseando-se na lenda de sua aparição do século VIII em Mont-Saint-Michel, na França, o Arcanjo também é o santo patrono dos paraquedistas e dos marinheiros em seu mais famosos santuário.[52] Após a cristianização da Alemanha, onde as montanhas eram geralmente consagradas aos deuses pagãos, os cristãos colocaram-nas sob o patronato do Arcanjo Miguel e diversas capelas ao santo foram erigidas por todo o país.[52] Ele também é o santo padroeiro de Bruxelas desde a Idade Média.[87] A cidade de Arkhangelsk, na Rússia, foi batizada em sua honra e a Ucrânia - e sua capital, Kiev - considera o Arcanjo como seu padroeiro.[88]

Lendas

Judaísmo

Há uma lenda que parece ser de origem judaica e adotada pelos coptas, segundo a qual Miguel foi primeiro enviado por Deus para trazer Nabucodonosor (c. 600 aC) contra Jerusalém, e que Miguel foi posteriormente muito ativo em libertando sua nação do cativeiro babilônico. Segundo o midrash Genesis Rabbah, Miguel salvou Hananiah e seus companheiros da fornalha Fiery. Miguel era ativo na época de Ester: "Quanto mais Hamã acusava Israel na terra, mais Miguel defendia Israel no céu". Foi Miguel quem lembrou Assueroque ele era devedor de Mardoqueu; e há uma lenda que Miguel apareceu ao sumo sacerdote Hircanus, prometendo-lhe assistência [89].

Segundo as lendas dos judeus, o arcanjo Miguel era o chefe de um bando de anjos que questionou a decisão de Deus de criar o homem na terra. Todo o bando de anjos, exceto Miguel, foi então consumido pelo fogo.

Cristianismo

Arcanjo Miguel tentando salvar almas no purgatório, por Jacopo Vignali, século XVII.

Igreja Ortodoxa celebra o Milagre em Chonae em 6 de setembro. A lenda piedosa que cerca o evento afirma que João, o Apóstolo, ao pregar nas proximidades, predisse o aparecimento de Miguel em Cheretopa, perto do Lago Salda, onde uma primavera de cura apareceu logo após o Apóstolo saiu; em gratidão pela cura de sua filha, um peregrino construiu uma igreja no local. Pagãos locais, que são descritos como ciumentos do poder curativo da primavera e da igreja, tentam afogar a igreja redirecionando o rio, mas o Arcanjo, "à semelhança de uma coluna de fogo", dividiu a rocha. abrir uma nova cama para o riacho, direcionando o fluxo para longe da igreja. Supõe-se que a lenda tenha sido anterior aos eventos reais, mas os textos dos séculos V e VII que se referem ao milagre de Chonae formaram a base de paradigmas específicos para "aproximar-se adequadamente" de intermediários angelicais para orações mais eficazes na cultura cristã [90].

Há uma lenda do final do século V na CornualhaReino Unido, que o Arcanjo apareceu para os pescadores no Monte de São Miguel. Segundo o autor Richard Freeman Johnson, essa lenda é provavelmente uma reviravolta nacionalista em um mito. As lendas da Cornualha também sustentam que o monte em si foi construído por gigantes e que o rei Arthur lutou contra um gigante lá.

A lenda da aparição do Arcanjo, por volta de 490 dC, em uma caverna isolada no monte Gargano, na Itália, ganhou seguidores entre os lombardos no período imediato subsequente e, no século 8, os peregrinos chegaram de lugares tão distantes quanto a Inglaterra [91]. O calendário tridentino incluiu um banquete da aparição em 8 de maio, data da vitória de 663 sobre os napolitanos gregos que os lombardos de Manfredonia atribuíram a São Miguel [92]. A festa permaneceu no calendário litúrgico romano até ser removida na revisão do papa João XXIII. O santuário do Monte Sant'Angelo em Gargano é um importante local de peregrinação católica [93].

Segundo as lendas romanas, o Arcanjo Miguel apareceu com uma espada sobre o mausoléu de Adriano enquanto uma praga devastadora persistia em Roma, em resposta aparente às orações do Papa Gregório I, o Grande (c. 590-604), para que a praga cessasse. Depois que a praga terminou, em homenagem à ocasião, o papa chamou o mausoléu de " Castel Sant'Angelo " (Castelo do Anjo Sagrado), nome pelo qual ainda é conhecido.

Segundo a lenda de Norman, Miguel teria aparecido para Santo Auberto, bispo de Avranches, em 708, dando instruções para construir uma igreja na ilhota rochosa agora conhecida como Mont Saint-Michel [94]. Em 960, o duque da Normandia encomendou uma abadia beneditina no monte, e continua sendo um importante local de peregrinação.

Uma freira carmelita portuguesa, Antónia d'Astónaco, relatou uma aparição e revelação particular do Arcanjo Miguel que havia dito a esse devoto Servo de Deus, em 1751, que ele gostaria de ser honrado, e Deus glorificado, pela oração de nove invocações especiais. Essas nove invocações correspondem a invocações aos nove coros de anjos e origina o famoso Terço de São Miguel. Esta revelação e orações particulares foram aprovadas pelo papa Pio IX em 1851 [95].

De 1961 a 1965, quatro jovens estudantes relataram várias aparições do Arcanjo Miguel na pequena vila de Garabandal, na Espanha. Em Garabandal, as aparições do Arcanjo Miguel foram relatadas principalmente como anunciando a chegada da Virgem Maria. A Igreja Católica não aprovou nem condenou as aparições de Garabandal.

Imagens


Referências

  1.  «Archangel»
  2.  «Meeting Report: Architectural Heraldry in Dumfries and Galloway]»
  3.  «Saint Michael the Archangel»
  4.  «Liceia Commune (Portugal)»
  5.  «Paróquia de Santos Dumont, MG, celebra padroeiro»Portal G1
  6.  «St. Michael the Archangel»
  7.  «29 de setembro comemoramos o "Dia de São Miguel Arcanjo"»Raizes Espirituais. 29 de setembro de 2012
  8.  «Saiba a diferença entre Iemanjá e Nossa Sra dos Navegantes»Terra
  9.  Studies in Revelation by Hampton J. Keathley, 3rd, J. Hampton Keathley III 1997 ISBN 0-7375-0008-5 page 209 [1]
  10.  «Epístola de Judas». Versículo 9: Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda.
  11. ↑ Ir para:a b c Passow, Franz. Handwörterbuch der Sprache Griechischen. Edição de 1831.
  12.  Liddell, Henry George & Scott, Robert. Grerek-English Lexicon. Claredon Press - Oxford.
  13.  (em castelhano)Vine Diccionario Expositivo de Palabras del Antiguo y del Nuevo Testamento Exhaustivo, Editorial Caribe 1999, sección del Nuevo Testamento pág. 82.
  14. ↑ Ir para:a b (em inglês)A Greek-English lexicon (LSJ) From the Oxford University Press Escrito por Henry George Liddell,Robert Scott,Franz Passow
  15.  Moulton, Harold K. Léxico Grego Analítico. Editora: Luz e Vida.
  16. ↑ Ir para:a b Schneider, Johann Gottlob. Kritisches Griechisch-Deutsches Handwörterbuch
  17.  Dicionário grego-português Escrito por Rudolf Bölting,Instituto Nacional do Livro
  18.  (em inglês)The new and complete dictionary of the English language: To which Volumen 1 Escrito por John Ash
  19.  (em inglês)A Greek and English dictionary: comprising all the words in the writings of ... Escrito por John Groves
  20.  (em inglês)A new Greek and English lexicon to the New Testament: on the plan of Dawson Escrito por Henry Laing
  21.  (em castelhano)Diccionario manual griego-latino-español editado por Escuelas Pías (Madrid)
  22.  Diccionario Exegético del Nuevo Testamento de Balz-Schneider, editorial Sígueme, tomo 1 pág. 46)
  23.  Interlinear Hebrew Bible
  24.  Traslation Interlinear Hebrew Bible
  25. ↑ Ir para:a b (em inglês)The Oxford guide to people & places of the Bible By Bruce M. Metzger,Michael D. Coogan
  26.  (em inglês)The International Standard Bible Encyclopedia Escrito por Geoffrey W. Bromiley
  27.  (em inglês)All the People in the Bible Escrito por Richard R. Losch
  28.  (em inglês)A dictionary of the Bible Escrito por Samuel Rolles Driver
  29.  (em inglês)The Revelation of St John: expounded for those who search the Scriptures‎ de Ernst Wilhelm Hengstenberg
  30.  (em inglês) Artigo sobre o Arcanjo Miguel na The Catholic Encyclopedia
  31.  (em inglês)A Hebrew and English lexicon of the Old Testament Escrito por Wilhelm Gesenius,Edward Robinson
  32.  (em inglês)A comprehensive dictionary of the English language Escrito por Joseph Emerson Worcester
  33.  (em inglês)A pronouncing, explanatory, and synonymous dictionary of English Escrito por Joseph Emerson Worcester
  34.  (em inglês)Prophets and Apostles Escrito por Joseph Ponessa,Laurie Watson Manhardt
  35.  (em inglês)Connections: a guide to types and symbols in the Bible Escrito por Glen Carpenter
  36.  (em inglês)Super Giant Print Dictionary and Concordance Escrito por David K. Stabnow
  37.  Verbete Miguel na obra Estudo Perspicaz das Escrituras, Volume 2, página 828
  38.  (em inglês)Who's who in the Jewish Bible Escrito por David Mandel
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  42.  Daniel: Wisdom to the Wise: Commentary on the Book of Daniel by Zdravko Stefanovic 2007 ISBN 0816322120page 391
  43.  Daniel: a reader's guide by William H. Shea 2005 ISBN 0816320772 pages 270-271
  44. ↑ Ir para:a b c Saint Michael the Archangel in medieval English legend by Richard Freeman Johnson 2005 ISBN 1843831287 pages 33-34
  45.  Yahshua, the Man Behind the Glory by Jarid Miller ISBN 1450098800 pages 15-16
  46.  Joshua by J. Gordon McConville, Stephen Williams 2010 ISBN 0802827020 pages 29-30
  47. ↑ Ir para:a b Revelation 12-22 by John MacArthur 2000 ISBN 0802407749 pages 13-14
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  63.  Amy Welborn, The Words We Pray Loyola Press, 2004 ISBN 082941956X, page 101
  64.  Ann Ball, 2003 Encyclopedia of Catholic Devotions and Practices ISBN 087973910X page 123
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  69.  What Does The Bible Really Teach? Chapter 9 Paragraph 4 under the heading A WAR IN HEAVEN, also see appendix of same publication, pages 218-219. Published by Jehovah's Witnesses 2005.
  70.  Seventh Day Adventists: What do they believe? by Val Waldeck Pilgrim Publications (April 5, 2005) page 16
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  72.  Seventh-day Adventists Answer Questions on Doctrine, Review and Herald Publishing Association, Washington D.C., 1957. Chapter 8 "Christ, and Michael the Archangel".
  73. ↑ Ir para:a b Bible readings for the home by 7th Day Adventists, London 1949 page 266 [3]
  74.  Jerry A. Moon, The Adventist Trinity Debate Part 1: Historical Overview and The Adventist Trinity Debate Part 2: The Role of Ellen G. White. Copyright 2003 Andrews University Press. See also "The Arian or Anti-Trinitarian Views Presented in Seventh-day Adventist Literature and the Ellen G. White Answer" by Erwin Roy Gane
  75.  "The Trinity in Seventh-day Adventist History" by Merlin D. Burt. Ministry February 2009
  76.  Millet, Robert L. (1998), «The Man Adam»Liahona
  77.  Doctrine and Covenants 27:11
  78.  Doctrine and Covenants 107:53-56
  79.  Doctrine and Covenants 128:21
  80.  Saint Michael the Archangel in medieval English legendby Richard Freeman Johnson 2005 ISBN 1843831287page 105
  81.  Icons and saints of the Eastern Orthodox Church by Alfredo Tradigo 2006 ISBN 0892368454 page 46
  82.  The Blackwell Companion to Eastern Christianity 2010 by Ken Parry ISBN 1444333615 page 242
  83.  Ann Ball, 2003 Encyclopedia of Catholic Devotions and Practices ISBN 0-87973-910-X page 586
  84.  Noted by Johan HuizingaThe Waning of the Middle Ages (1919, 1924:56.
  85.  Angels in the early modern world By Alexandra Walsham, Cambridge University Press, 2006 ISBN 0521843324 page 2008
  86.  Patron Saints by Michael Freze 1992 ISBN 0879734647page 170
  87.  Netherlandish sculpture 1450-1550 by Paul Williamson 2002 ISBN 0810966026 page 42
  88.  Eastern Orthodoxy through Western eyes by Donald Fairbairn 2002 ISBN 0664224970 page 148
  89.  «The Legends of the Jews: Volume I - Adam»philologos.org (em inglês). Consultado em 9 de fevereiro de 2020
  90.  Peers, Glenn (14 de fevereiro de 2001). Subtle Bodies: Representing Angels in Byzantium (em inglês). [S.l.]: University of California Press. ISBN 978-0-520-22405-6
  91.  «Apparition of Saint Michael the Archangel, Monte Gargano, Italy (492)»sanctoral.com. Consultado em 9 de fevereiro de 2020
  92.  «The Apparition of Saint Michael on Mount Gargano»catholictruth.net. Consultado em 9 de fevereiro de 2020
  93.  «enec.it»www.enec.it. Consultado em 9 de fevereiro de 2020
  94.  «A headach at Mont Saint Michel | Or How Mont Saint-Michel came to be»Normandy Then and Now (em inglês). 17 de janeiro de 2014. Consultado em 9 de fevereiro de 2020
  95.  «St. Michael the Archangel | EWTN»www.ewtn.com. Consultado em 9 de fevereiro de 2020

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terça-feira, 28 de setembro de 2021

DIA DE CONFÚCIO - 28 DE SETEMBRO DE 2021

 

Confúcio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Confúcio
Confúcio ensinando, retratado por Wu Daozi da Dinastia Tang
Nascimento27 de agosto de 551 a.C.
Morte479 a.C. (72 anos)
Escola/tradiçãoFundador do Confucionismo
Principais interessesÉticaFilosofia Social
Ideias notáveisConfucionismo

Confúcio (chinêspinyinKǒng ZǐWade-GilesK'ung-tzŭ, ou chinês: 孔夫子, pinyinKǒng FūzǐWade-GilesK'ung-fu-tzŭ, literalmente "Mestre Kong"),[nota 1][1]nascido entre 552 a.c e 489 a.c foi um pensador e filósofo chinês do Período das Primaveras e Outonos.

A filosofia de Confúcio sublinhava uma moralidade pessoal e governamental, os procedimentos corretos nas relações sociais, a justiça e a sinceridade. Estes valores ganharam predominância na China em relação a outras doutrinas, como o legalismo (法家) e o taoismo (道家), durante a Dinastia Han[2][3][4] (206 a.C. – 220). Os pensamentos de Confúcio foram desenvolvidos num sistema filosófico conhecido por confucionismo (儒家).

Por nenhum texto ser comprovadamente de autoria de Confúcio e as ideias mais comumente atribuídas a ele terem sido redigidas durante o período entre a sua morte e a fundação do primeiro império chinês em 221 a.C., muitos acadêmicos são muito cautelosos em atribuir asserções específicas ao próprio Confúcio. Os seus ensinamentos podem ser encontrados na obra Analectos de Confúcio (論語), uma coleção de aforismos que foi compilada muitos anos após a sua morte. Por cerca de dois mil anos, pensou-se ter sido Confúcio o autor ou editor de todos os Cinco Clássicos (五經),[5][6] como o Clássico dos Ritos (禮記) (editor) e Os Anais de Primavera e Outono (春秋) (autor).

Os princípios de Confúcio tinham base nas tradições e crenças chinesas comuns. Favoreciam uma lealdade familiar forte, veneração dos ancestrais, respeito com os idosos e a família como a base para um governo ideal.

Nascimento e juventude

Confúcio, também conhecido como K'ung Ch'iu, K'ung Chung-ni ou Confucius,[7] nasceu em meados do século VI (551 a.C.), em Tsou, uma pequena cidade no estado de Lu, hoje Shantung. Segundo algumas fontes antigas, teria nascido em 27 de agosto de 551 a.C. (ou seja, no vigésimo primeiro ano do duque Hsiang).[8] Esse estado é denominado de "terra santa" pelos chineses. Confúcio estava longe de se originar de uma família abastada, embora seja dito que ele tinha ascendência aristocrática. Seu pai, Shu-Liang He, antes magistrado e guerreiro de certa fama, tinha setenta anos quando se casou com a mãe de Confúcio, uma jovem de quinze anos chamada Yen Cheng Tsai, que diziam ser descendente de Po Chi'in, o filho mais velho do Duque de Chou, cujo sobrenome era Chi.

Dos onze filhos, Confúcio era o mais novo. Seu pai morreu quando ele tinha três anos de idade, o que o obrigou a trabalhar desde muito jovem para ajudar no sustento da família. Aos quinze anos, resolveu dedicar suas energias em busca do aprendizado. Em vários estágios de sua vida, empregou suas habilidades como pastorvaqueirofuncionário público e guarda-livros. Aos dezenove anos, se casou com uma jovem chamada Chi-Kuan. Confúcio teve um filho chamado K'ung Li.

Viagens

Ilustração de 1922 de Confúcio.

Aos 51 anos de idade, Confúcio obteve um posto oficial no estado de Lu. Mas, ele demitiu-se do cargo poucos anos depois, dizendo que não queria confundir-se com aqueles cujas ideias e conceitos de valor ele não podia compartilhar. Assim, ele começou a viajar por diversos reinos, pretendendo persuadir seus governadores a aceitar suas ideias políticas, mas não achou um lugar para realizar seus pensamentos e políticas. Viajando e conversando, atraiu muitos discípulos, impressionados com sua sabedoria e a elevação de seu caráter.

Confúcio viajou por diversos lugares, esteve em íntimo contato com o povo e pregou a necessidade de uma mudança total do sistema de governo por outro que se destinasse a assegurar o bem-estar dos súbditos, pondo, em prática, processos tão simples como a diminuição de contribuições o abrandamento das penalidades.

Suas ideias expandiram-se pelo país e por toda a China. Durante 14 anos, ele viajou por 7 reinos.

Ao completar 68 anos, Confúcio voltou a sua terra natal, Qufu, no estado de Lu, onde ensinava seus estudantes, coligia e ordenava os livros clássicos até sua morte em 479 a. C., aos 73 anos.

Ideias

A sua ideologia de organização da sociedade procurava recuperar os valores antigos, perdidos pelos homens de sua época. No entanto, em sua busca pelo Tao, ele usava uma abordagem diferente da noção de desprendimento proposta pelos taoistas. A sua teoria baseava-se num critério mais realístico, onde a prática do comportamento ritual daria uma possibilidade real aos praticantes de sua doutrina de viverem em harmonia.

Confúcio não pregava a aceitação plena de um papel definido para os elementos da sociedade, mas sim que cada um cumprisse com seu dever de forma correta. Já o condicionamento dos hábitos serviria para temperar os espíritos e evitar os excessos. Logo, a sua doutrina apregoava a criação de uma sociedade capaz, culturalmente instruída e disposta ao bem-estar comum. A sua escola foi sistematizada nos seguintes princípios:

Cada um desses princípios ligar-se-ia às características que, para ele, se encontravam ausentes ou decadentes na sociedade.

Confúcio não procurou uma definição aprofundada sobre a natureza humana, mas parece ter acreditado sempre no valor da educação para a condicionar. Sua bibliografia consta de três livros básicos, sendo que os dois últimos são atribuídos aos seus discípulos:

Após sua morte, Confúcio recebeu o título de "Senhor Propagador da Cultura, Sábio Supremo e Grande Realizador" (大成至聖文宣王), nome que se encontra registado em seu túmulo.

Ao contrário de profetas de religiões monoteístas, Confúcio não pregava uma teologia que conduzisse a humanidade a uma redenção pessoal. Pregava uma filosofia que buscava a redenção do Estado mediante a correção do comportamento individual. Tratava-se de uma doutrina orientada para esse mundo, pregando um código de conduta social e não um caminho para a vida após a morte.[9]

Discípulos e legado

Fotografia do túmulo de Confúcio em Qufu, na Província de Shandong, na República Popular da China.

Discípulos de Confúcio e seu único neto, Zisi, continuaram a sua escola filosófica após sua morte. Estes esforços espalharam os ideais de Confúcio para os estudantes, que, depois, se tornaram funcionários em muitas das cortes reais chinesas, dando, assim, ao confucionismo, o primeiro teste em grande escala de seus dogmas. Apesar de confiar fortemente no sistema ético-político de Confúcio, dois de seus mais famosos seguidores enfatizaram aspectos radicalmente diferentes de seus ensinamentos. Mêncio (século IV a.C.) articulou a bondade inata no ser humano como uma fonte das intuições éticas que guiam as pessoas para rén, e , enquanto Xun Zi (século III) ressaltou os aspectos realista e materialista do pensamento de Confúcio, salientando que a moralidade é incutida na sociedade através da tradição e, nos indivíduos, através da formação.

Este realinhamento no pensamento de Confúcio foi paralelo ao desenvolvimento do legalismo, que viu a piedade filial como interesse e não como um instrumento útil para um governante criar um Estado eficiente. A divergência entre estas duas filosofias políticas veio à tona em 223 a.C., quando o estado de Qin conquistou toda a China. Li Ssu, o primeiro-ministro da Dinastia Qin, convenceu Qin Shi Huang a abandonar as recomendações confucionistas de distribuir feudos a parentes (o que correspondia a uma volta ao sistema anterior da Dinastia Zhou), que ele via como contrárias à ideia legalista de centralização do Estado em torno do governante. Quando os conselheiros de Confúcio defenderam sua posição, Li Ssu executou muitos estudiosos confucionistas e seus livros foram queimados, o que foi considerado um duro golpe para a filosofia e a sabedoria chinesas.

As ideias de Confúcio foram adotadas como filosofia oficial do Estado durante a Dinastia Han (206 AC - 220 DC)ː o conhecimento dessas ideias passou a ser uma das principais qualificações exigidas de funcionários públicos, que eram selecionados por meio de concorridos exames e que eram encarregados de manter a harmonia no Império.[9]

Ver também

Notas

  1.  Normalmente abreviado para chinês: 孔子, pinyinKǒngzǐ.

Referências

  1.  «Confucius (Stanford Encyclopedia of Philosophy)». Plato.stanford.edu. Consultado em 7 de novembro de 2010
  2.  Ban 111vol.56
  3.  Gao 2003
  4.  Chen 2003
  5.  The Analects 479 BC - 221 BCVII.1
  6.  Kang 1958
  7.  Os Analectos, Confúcio, trad. de D. C. Lau, ISBN 85-254-1563-4, p. 12.
  8.  Os Analectos, Confúcio, trad. de D. C. Lau, ISBN 85-254-1563-4, p. 167.
  9. ↑ Ir para:a b KISSINGER, Henry, Sobre a China, pp. 32-33

Bibliografia

  • Avril Price-Budgen, Martin Folly, People in History, Mitchel Beazley Publishers, 1988 - Dispositivo legal - 27 543/89
  • Roberts, John A. G., History of China (título original), Palgrave MacMillan, 1999 (primeira edição), 2006 (segunda edição), ISBN 978-989-8285-39-3, págs - 46-51

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