Odemira
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Odemira | |
Município de Portugal | |
Vila Nova de Milfontes, Odemira | |
Gentílico | Odemirense |
Área | 1 720,60 km² |
População | 29 523 hab. (2021) |
Densidade populacional | 17,2 hab./km² |
N.º de freguesias | 13 |
Presidente da câmara municipal | José Alberto Guerreiro (PS) |
Fundação do município (ou foral) | 1256 |
Região (NUTS II) | Alentejo |
Sub-região (NUTS III) | Alentejo Litoral |
Distrito | Beja |
Província | Baixo Alentejo |
Orago | Nossa Senhora da Piedade |
Feriado municipal | 8 de setembro |
Código postal | 7630 |
Sítio oficial | cm-odemira.pt |
Odemira é uma vila portuguesa pertencente à região do Alentejo e sub-região do Alentejo Litoral, com 29 523 habitantes (INE, 2021)[1].
É sede do maior município português em extensão territorial, o município de Odemira, que tem 1 720,60 km² de área[2] e 29 523 habitantes (INE, 2021), subdividido em 13 freguesias.[3] O município é limitado a nordeste pelo município de Sines, a norte por Santiago do Cacém, a leste por Ourique, a sudeste por Silves, a sul por Monchique, a sudoeste por Aljezur e a oeste tem litoral no oceano Atlântico. O limite sudoeste, com o município de Aljezur, é marcado pela Ribeira de Seixe. A faixa litoral do município e o vale do Mira até à vila de Odemira faz parte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. O município é atravessado pela Linha do Sul.
Tem como slogan "Odemira, Alentejo singular".
População
|
(Obs.: Número de habitantes que tinham a residência oficial neste município à data em que os censos se realizaram.)
Por decreto de 21/09/1875, a freguesia de Cercal, deste concelho, passou a fazer parte do concelho de Santiago do Cacém. Por decreto lei de 26/06/1875, a freguesia de Santa Luzia, deste concelho, passou a fazer parte do concelho de Ourique.
Número de habitantes por Grupo Etário [4] | ||||||||||||
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1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 | |
0-14 Anos | 7 325 | 8 853 | 10 382 | 12 061 | 14 691 | 14 012 | 12 491 | 7 840 | 5 800 | 4 381 | 3 370 | 3 162 |
15-24 Anos | 3 748 | 4 285 | 5 054 | 6 395 | 7 217 | 8 374 | 7 982 | 5 030 | 4 165 | 3 146 | 3 109 | 2 427 |
25-64 Anos | 8 647 | 9 851 | 10 812 | 13 037 | 16 257 | 18 620 | 20 878 | 17 355 | 14 838 | 13 656 | 13 131 | 13 642 |
= ou > 65 Anos | 674 | 1 013 | 1 080 | 1 173 | 1 756 | 2 067 | 2 648 | 3 010 | 4 660 | 5 235 | 6 496 | 6 835 |
> Id. desconh | 14 | 108 | 176 | 39 | 121 |
(Obs.: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população presente no município à data em que eles se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente.)
Freguesias
O município de Odemira está dividido em 13 freguesias: |
Política
Eleições autárquicas
Data | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
APU/CDU | PS | PPD/PSD | AD | PSD-CDS | ||||||
1976 | 47,35 | 4 | 40,00 | 3 | 6,28 | - | ||||
1979 | 60,99 | 5 | 13,89 | 1 | AD | 21,00 | 1 | |||
1982 | 59,75 | 5 | 14,93 | 1 | 20,55 | 1 | ||||
1985 | 61,66 | 5 | 16,45 | 1 | 15,50 | 1 | ||||
1989 | 50,51 | 4 | 31,90 | 3 | 10,54 | - | ||||
1993 | 39,39 | 3 | 36,74 | 3 | 16,81 | 1 | ||||
1997 | 38,03 | 3 | 46,34 | 4 | 9,68 | - | ||||
2001 | 34,93 | 3 | 53,02 | 4 | 6,73 | - | ||||
2005 | 37,12 | 3 | 48,34 | 4 | PSD-CDS | 8,56 | - | |||
2009 | 34,39 | 3 | 46,57 | 4 | 10,77 | - | ||||
2013 | 29,38 | 2 | 51,08 | 5 | 10,06 | - | ||||
2017 | 23,36 | 2 | 55,69 | 5 | 8,92 | - |
Eleições legislativas
Data | % | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
PCP | PS | PSD | CDS | UDP | APU/ | AD | FRS | PRD | PSN | BE | PAN | PàF | L | CH | IL | |
1976 | 38,92 | 33,16 | 9,32 | 3,33 | 2,12 | |||||||||||
1979 | APU | 21,00 | AD | AD | 1,90 | 47,69 | 19,80 | |||||||||
1980 | FRS | 1,41 | 45,41 | 21,80 | 19,68 | |||||||||||
1983 | 26,10 | 10,84 | 5,35 | 0,88 | 48,69 | |||||||||||
1985 | 15,55 | 14,39 | 3,00 | 1,39 | 42,47 | 15,44 | ||||||||||
1987 | CDU | 17,78 | 25,80 | 2,61 | 1,14 | 33,85 | 8,27 | |||||||||
1991 | 27,41 | 32,16 | 2,76 | 24,96 | 1,30 | 1,22 | ||||||||||
1995 | 48,67 | 17,29 | 4,42 | 1,46 | 22,31 | |||||||||||
1999 | 52,21 | 14,97 | 4,76 | 20,64 | 0,36 | 1,13 | ||||||||||
2002 | 47,83 | 21,18 | 5,07 | 17,66 | 1,62 | |||||||||||
2005 | 55,79 | 12,68 | 3,14 | 17,53 | 4,60 | |||||||||||
2009 | 35,15 | 14,82 | 6,49 | 23,01 | 11,90 | |||||||||||
2011 | 27,43 | 25,29 | 8,22 | 19,83 | 7,09 | 1,14 | ||||||||||
2015 | 37,57 | PàF | PàF | 18,84 | 9,94 | 1,25 | 20,96 | 0,56 | ||||||||
2019 | 44,46 | 13,91 | 2,19 | 15,14 | 10,98 | 2,54 | 0,76 | 1,44 | 0,53 |
Caracterização
Geografia
O município de Odemira caracteriza-se pela imensa diversidade paisagística, estendendo-se entre a planície, a serra e o mar.
Na faixa litoral, surgem pequenas praias que recortam as falésias e os portos de pesca tradicionais. Dos seus 55 km de costa atlântica, 12 km são de praia, das quais merecem destaque pela sua beleza natural: Malhão, Milfontes, Franquia, Farol, Furnas, Almograve, Zambujeira e Carvalhal. Toda a zona costeira do município está integrada no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
O litoral conhece a maior expressão do turismo concelhio nos seus principais aglomerados urbanos de vocação turística, sobretudo nas localidades de Vila Nova de Milfontes, Almograve e Zambujeira do Mar (alojamento, empresas de animação e restauração). Neste ocorre também o grosso da produção pecuária (fundamentalmente a produção de bovinos da raça Limousine e de Holstein Frísia) e o fundamental da produção agrícola do território, designadamente a horticultura, fruticultura e floricultura. Toda esta área beneficia da infraestrutura de rega do rio Mira e de um micro-clima assente em zero geada.
A faixa central, recortando o município de sul para norte, faz a transição orográfica entre a charneca, dominante na faixa litoral, e a serra, dominante na faixa interior. Neste espaço, encontramos os principais aglomerados urbanos do município, tais como São Teotónio, Boavista dos Pinheiros, Odemira e São Luís. Esta faixa central corresponde ao espaço dos serviços públicos, das principais unidades comerciais e dos principais parques de fixação de empresas.
A faixa interior do município, marcada por uma orografia bastante acidentada, é palco para a maior mancha florestal do país, seja ela autóctone (sobreiro e azinheira), seja ela exótica (como o eucalipto).
Associado a essa mancha florestal, o setor agrícola e pecuário de sequeiro extensivo (bovinocultura, ovinocultura e caprinocultura) marcam a paisagem física e económica de uma grande área do município que é estruturada, a sul, pela barragem de Santa Clara-a-Velha e a norte pela integração na planície alentejana.[5]
Clima
Odemira apresenta um clima quente e temperado. O clima é classificado como Csa de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger. A temperatura média anual em Odemira é de 17.1 °C. A média anual de pluviosidade é de 516 mm.
O mês mais seco é Julho e tem 1 mm de precipitação. Em Janeiro cai a maioria da precipitação, com uma média de 80 mm. O mês mais quente do ano é Agosto, com uma temperatura média de 23.1 °C. Ao longo do ano, Janeiro tem uma temperatura média de 11.9 °C, sendo esta a temperatura média mais baixa do ano.[6]
História
O povoamento do município é bastante remoto, como o provam os numerosos vestígios de culturas anteriores à romanização e os testemunhos das culturas posteriores.
A explicação do topónimo Odemira tem várias versões. A versão lendária sobre a origem do nome remonta à altura da sua povoação árabe: um alcaide mouro, de nome Ode, habitava o castelo com a sua mulher, uma moura encantadora, como todas as outras mouras das lendas populares. Quando esta viu chegar as tropas cristãs, terá gritado: “Ode, mira para os inimigos, donde vêm sobre nós“, tendo estado este aviso na origem do nome Odemira.
Estudos históricos e semânticos revelam que o termo Ode deriva do árabe Wad, que significa "rio", e o elemento Mira terá origem pré-céltica, estando relacionada, também, com a palavra "água". Pode-se, então, concluir que o topónimo Odemira se refere, em diferentes línguas, à noção de curso de água, o que denota a importância do rio.
A região terá sido habitada desde tempos remotos, desconhecendo-se, contudo, a sua origem. Aqui estabeleceram-se vários povos, entre os quais se destacam os romanos e árabes, que marcaram os usos e costumes das gentes da região. A reconquista de Odemira foi tardia e realizada, pensa-se, pelos frades guerreiros da Ordem de Santiago; em 1238, toda a região do Alentejo (incluindo Odemira) estava nas mãos dos cristãos.
Em 1245, D. Paio Peres Correia, mestre da Ordem de Santiago, doa o castelo de Odemira ao bispo do Porto, D. Pedro Salvadores. Em 1256, D. Afonso III concretiza a apropriação da vila para a coroa, concedendo-lhe carta de foral em 28 de março do mesmo ano. Este foral estabelece o termo do concelho e denota uma realidade profunda que já vinha do passado, retendo uma certa continuidade em relação à herança árabe.
Odemira, situada perto do limite do troço navegável do rio Mira, ergue-se num local dominante sobre este, constituindo-se como centro aglutinador de uma vasta região. Reflete, assim, um modelo territorial comum no sudoeste da Península Ibérica: uma povoação relativamente recuada em relação à linha de costa, mas que a ela tem acesso por via fluvial, controlando economicamente uma área circundante relativamente vasta, neste caso a bacia do Mira. Trata-se da mesma lógica territorial a que obedeceram as povoações de Alcácer do Sal, Silves, Mértola, Santarém, Coimbra e, em Espanha, Sevilha e Niebla.
No reinado de D. Dinis, o senhorio de Odemira é doado a Manuel Pessanha (1319), um genovês que terá ajudado a organizar a marinha portuguesa. Com D. Afonso IV, Odemira passa, por alguns anos, para a Ordem de Santiago, acabando por voltar à coroa em 1352. D. Pedro volta a entregar o castelo de Odemira à família Pessanha, desta vez a Lançarote Pessanha (1357), um filho de Manuel Pessanha.
Posteriormente, em 1387, Lourenço Anes Fogaça recebe de D. João I a vila de Odemira. O último elemento desta família a deter o senhorio de Odemira foi João Fogaça, escudeiro da casa do infante D. João.
O primeiro conde de Odemira foi D. Sancho de Noronha (1446), que obteve o título por carta passada por D. Afonso V.
No âmbito da reforma dos velhos forais levada a cabo por D. Manuel, Odemira recebeu foral novo em 1510, nele se revela a importância do porto de mar, dos montados de gado e dos filões de metais existentes.
O condado de Odemira extinguiu-se no século XVII (1661), tendo sido incorporado na casa de Cadaval.
No século XIX, o regime liberal reestrutura os limites do concelho, dando-lhe a sua configuração atual. O concelho abrange uma área extensa ao longo da costa e no seu interior uma vasta área de serras e campos com uma fauna e flora diversas, fazendo parte deste freguesias de outros concelhos, alguns deles extintos, como é o caso de Colos e Vila Nova de Milfontes.[7]
Economia
O município de Odemira apresenta uma estrutura empresarial com forte peso no setor terciário (59%), seguindo-se o setor primário (31%) e setor secundário (10%), sendo que os seus quatro pilares são os setores agroflorestal (considerando a agricultura, floresta e a pecuária), o turismo, o comércio/serviços, a indústria e a pesca/recursos marinhos.
O setor primário ocupa 1/3 das atividades económicas, apresentando como um município turístico, mas com forte componente rural, nomeadamente na agricultura, silvicultura, pecuária e exploração florestal.
O setor secundário tem uma expressão menos significativa no território, no entanto, parece ter encontrado áreas de desenvolvimento onde crescer, designadamente na indústria agroalimentar.
O setor terciário representa 59% da dinâmica empresarial do município de Odemira, do qual se destaca o comércio a retalho e os serviços. O comércio é uma das atividades ancestrais que, do ponto de vista de fluxos de investimento, tem apresentado uma mobilidade muito interessante ao longo dos anos. Territorialmente, esta atividade acompanhou a deriva demográfica e económica do interior para o litoral do município.[8]
Artesanato
O município de Odemira dispõe de um inestimável património de atividades artesanais. Esta riqueza está patente na variedade e qualidade das obras produzidas pelos artesãos do município, na diversidade das técnicas e dos materiais utilizados e na autenticidade com que integram o modo de vida da população local.
As atividades artesanais predominantes em Odemira são: cestaria, cerâmica, olaria, tecelagem, latoaria, fabrico e empalhamento de cadeiras, violas campaniças, miniaturas de atividades locais e de alfaias agrícolas e abegoaria. Estas são alguns exemplos da diversidade de criações tanto ligadas a atividades económicas específicas como à imaginação e à arte popular.
Por último, não se pode deixar de referir os Chocolates da Beatriz, uma fábrica de chocolate artesanal com sede em Odemira.[9]
Acessibilidades e infraestruturas
A rede rodoviária de Odemira tem 2 estradas nacionais e 4 estradas regionais, que são:
- EN120/IC4 - Sonega/Lagos
- EN263 - Aljustrel/Odemira
- ER123 - Odemira/Ourique
- ER266 - Monchique/Luzianes-Gare
- ER390 - Cercal/Vila Nova de Milfontes
- ER393 - Vila Nova de Milfontes/Odemira
A estação ferroviária mais próxima de Odemira em funcionamento é Santa Clara-Sabóia, no qual param comboios de longo curso CP.
Património
- Ponte D. Maria ou Ponte de Santa Clara-a-Velha
- Pousada de Santa Clara
- Muralhas do antigo castelo de Odemira (troços existentes)
- Igreja da Misericórdia de Odemira
- Forte de São Clemente
Desporto
- Clube BTT Odemira
- Sport Clube Odemirense
- Clube Fluvial Odemirense
- Piscinas Municipais (com várias classes de natação)
- Ginásio no complexo das piscinas (permite a prática de CardioFitness e Musculação)
Um filho de Odemira distinguiu-se no campo do Xadrez: Damião de Odemira, boticário e autor do 1º Tratado de Xadrez conhecido.
Personalidades ilustres
Heráldica
Armas: Escudo negro com uma faixa de prata carregada por dois sobreiros a verde landados de ouro, arrancados a negro, troncados do mesmo e descascados a vermelho. Em chefe, uma torre torreada de prata, aberta e iluminada a vermelho, acompanhada de dois ramos de três espigas de trigo de ouro. Em contra-chefe, três faixas ondadas, duas de prata e uma de azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com legenda a negro: "VILA DE ODEMIRA".[10] | |
Bandeira: Esquartelada de amarelo e verde. Cordões e borlas de ouro e verde. Haste e lança de ouro.[10] |
Ligações externas
Referências
- ↑ INE. «Censos 2021 - resultados preliminares». Consultado em 29 de julho de 2021
- ↑ Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013». Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013. Arquivado do original (XLS-ZIP) em 9 de dezembro de 2013
- ↑ Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
- ↑ INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros
- ↑ «CM Odemira / Concelho». www.cm-odemira.pt. Consultado em 8 de julho de 2017
- ↑ «Clima: Odemira - Gráfico climático, Gráfico de temperatura, Tabela climática - Climate-Data.org». pt.climate-data.org. Consultado em 9 de julho de 2017
- ↑ «CM Odemira / História». www.cm-odemira.pt. Consultado em 8 de julho de 2017
- ↑ «CM Odemira / Economia». www.cm-odemira.pt. Consultado em 8 de julho de 2017
- ↑ «Artesanato - Turismo Odemira». www.turismo.cm-odemira.pt. Consultado em 10 de julho de 2017. Arquivado do original em 4 de junho de 2018
- ↑ ab «Ordenação heráldica do brasão e bandeira de Odemira». www.ngw.nl. Consultado em 10 de julho de 2017