quarta-feira, 25 de agosto de 2021

SÃO LUÍS DE FRANÇA - 25 DE AGOSTO DE 2021

 

Luís IX de França

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de São Luis de França)
Luís IX
Representação contemporânea de Luís na Bíblia de São Luís, c. 1226-1234.
Rei da França
Reinado8 de novembro de 1226
25 de agosto de 1270
Coroação29 de novembro de 1226
Antecessor(a)Luís VIII
Sucessor(a)Filipe III
RegenteBranca de Castela (1226–1234)
 
EsposaMargarida da Provença
DescendênciaIsabel, Rainha de Navarra
Luís de França
Filipe III de França
João Tristão, Conde de Valois
Pedro, Conde de Perche e Alençon
Branca de França
Margarida, Duquesa de Brabante
Roberto, Conde de Clermont
Inês, Duquesa da Borgonha
CasaCapeto
Nascimento25 de abril de 1214
 PoissyFrança
Morte25 de agosto de 1270 (56 anos)
 TunesHaféssida
EnterroBasílica de Saint-Denis,
Saint-DenisFrança
PaiLuís VIII de França
MãeBranca de Castela
ReligiãoCatolicismo
São Luís
Canonização11 de julho de 1297 por Papa Bonifácio VIII
Principal temploSainte-Chapelle (França); Catedral Basílica de St. Louis (Estados Unidos)
Festa litúrgica25 de agosto
AtribuiçõesRepresentado como Rei da França, com uma coroa e um cetro e com um manto de flores-de-lis. Comumente aparece com a Coroa de Espinhos. Padroeiro da Arquidiocese de São Luís do Maranhão.
Gloriole.svg Portal dos Santos

Luís IX (Poissy25 de abril de 1214 – Tunes25 de agosto de 1270), mais conhecido como São Luís, foi o Rei da França de 1226 até sua morte e um santo da Igreja Católica. Era filho do rei Luís VIII e da rainha Branca de Castela, que governou o reino como regente até São Luís adquirir a maioridade. Foi o 42º rei da França, a contar de Clóvis I, e o nono rei da dinastia capetiana a ocupar o trono da França.

Era um homem de alto porte, de grande beleza, muito imponente. Ele atraía, incutia profundo respeito e suscitava grande amor. Tinha o todo de um guerreiro terrível na hora do combate, mas era o Rei mais pomposo e mais decoroso do seu tempo.[1]

Quando adulto, Luís enfrentou conflitos recorrentes com poderosos nobres, consolidando a supremacia real levada a cabo por seu avô Filipe Augusto, além de ter derrotado o rei Henrique III de Inglaterra em suas tentativas de restaurar o Império Plantageneta. Após anexar a maior parte das antigas terras inglesas na França, assinou o Tratado de Paris (1259) com a Inglaterra colocando fim aos cem anos de rivalidade franco-inglesa.

Foi um rei reformador e lançou as bases da justiça real francesa, na qual o rei era o juiz supremo a quem qualquer pessoa era capaz de apelar para buscar a emenda de um julgamento. Ele proibiu julgamentos por provação, tentou impedir as guerras privadas que estavam assolando o país e introduziu a presunção de inocência no processo criminal. Era admirado por seus súditos e por toda a Europa como um rei extremamente justo. Chegava a ficar várias vezes na semana sob um carvalho no Castelo de Vincennes ouvindo os apelos e pedidos de seus súditos de todas as classes.

Suas ações foram inspiradas nos valores cristãos, sendo ele um homem extremamente devoto da fé católica, punindo a blasfémia, jogos de azar, empréstimos de interesse e prostituição, comprando relíquias de Cristo para construir a Sainte-Chapelle e tentando converter os judeus franceses. Construiu inúmeros hospitais, leprosários, orfanatos e escolas e era notadamente conhecido pela sua caridade e cuidado com os pobres e doentes.[2]

Casou-se com a rainha Margarida da Provença em 1234 e com ela teve onze filhos, dentre os quais o rei Filipe III de França, que o sucedeu. Através de sua vasta prole, os descendentes de São Luís chegaram a quase todos os tronos da Europa e América, incluídas as dinastias posteriores que reinaram na FrançaEspanhaÁustriaSacro Império Romano-GermânicoAlemanhaInglaterraEscóciaSuéciaNoruegaDinamarcaHungriaPortugalBélgicaGréciaBulgáriaItáliaHolandaPolôniaRomêniaRússiaMéxico e Brasil, sendo todos os atuais monarcas europeus descendentes seus.

Em todas as épocas posteriores da história da França, marcada por conflitos, guerras e revoluções, seu governo foi lembrado com nostalgia pelos franceses como "o bom tempo de Meu Senhor São Luís" ou como o "século de ouro de São Luís", deixando uma imagem imensamente positiva aos olhos da história e do imaginário popular francês.[3]

Morreu no norte da África em 25 de agosto de 1270 e foi canonizado como santo pelo Papa Bonifácio VIII em 11 de julho de 1297.É o padroeiro da Arquidiocese de São Luís do Maranhão, cujo patronato na cidade de São Luís se deu em razão da cidade levar o seu nome e em sua homenagem.

Infância

Luís nasceu no castelo de Poissy, a 30 quilómetros de Paris, a 25 de abril de 1214, dia de procissões solenes do dia de São Marcos. Na mesma época, Filipe Augusto venceu a célebre batalha de Bouvines, contra uma aliança do imperador romano-germânico Otão IV com João de Inglaterra e com nobres da Flandres.

Tradicionalmente, depois de Filipe I de França, os reis capetianos baptizavam os seus primogénitos com o prenome do avô. Luís IX foi o quinto filho de Luís VIII de França e Branca de Castela, sendo o seu irmão Filipe o herdeiro da coroa até à morte deste em 1218.

Sua infância seria influenciada pela figura de seu pai, que, unindo o zelo pela religião à bravura marcial que lhe valeu o cognome de "o Leão", subjugou os cátaros do sul da França. Particularmente zelosos da sua educação, os pais de Luís IX deram-lhe bons preceptores: Mateus II de Montmorency, Guilherme des Barres, conde de Rochefort, e Clemente de Metz, marechal da França, inspiraram-lhe os sentimentos de um rei cristianíssimo e filho da Igreja.

Da mesma forma, mais tarde Luís viria a interessar-se pela educação, particularmente a religiosa, de seus filhos. Ensinar-lhes-ia orações, a necessidade de assistir à missa e de fazer penitência. Conta-se também, por exemplo, que às sextas-feiras não permitia que usassem qualquer ornamento na cabeça, por ter sido o dia da coroação de espinhos de Jesus Cristo.

Reinado

Regência de Branca de Castela

Com a morte do seu pai em 8 de novembro de 1226, Luís IX subiu ao trono aos 12 anos de idade. Foi sagrado na catedral de Reims por Jacques de Bazoches, bispo de Soissons, em 30 de novembro do mesmo ano.

Sagração de Luís IX de França na catedral de Reimsiluminura do século XIII

Por testamento de Luís VIII, a mãe do jovem monarca assumiu a regência de França com o título de baillistre, guardião da tutela do rei. Bartolomeu de Roy, o velho camareiro da corte havia vinte anos, era o mais influente conselheiro do reino, pelo que se disse na época que o poder passava assim «entre as mãos de uma criança, de uma mulher e de um velho».[4]

De personalidade forte, Branca de Castela encarnava a glória de ser filha, sobrinha, esposa, irmã e tia de reis. Com efeito, o seu pai foi Afonso VIII de Castela, os reis da Inglaterra Ricardo Coração de Leão e João sem Terra eram seus tios, Luís VIII de França seu esposo, Henrique I de Castela e Berengária de Castela seus irmãos, Luís IX de França e Carlos I da Sicília e Nápoles seus filhos, Sancho II de Portugal e Afonso III de Portugal seus sobrinhos através da sua irmã Urraca e Fernando III de Leão e Castela também seu sobrinho através da sua irmã Berengária.

Durante a menoridade de Luís IX a rainha mãe enfrentou as ambições da Inglaterra e as pressões da nobreza do reino, que desejavam valer-se da pouca idade do soberano para retomar os direitos perdidos para os monarcas do século anterior.

O reino entrou em um período conturbado, com a revolta organizada por Filipe Hurepel, tio do jovem rei e filho legitimado de Filipe Augusto, pela casa de Dreux e pelo duque Pedro Mauclerc da Bretanha. Depois de sufocar a rebelião, a regente concluiu a conquista do Languedoc iniciada pelo seu esposo ao comprometer o conde Raimundo VII de Toulouse, casando a filha deste, Joana, com o seu filho Afonso. Acabava assim a Cruzada dos Albigenses.

Maioridade e casamento

Delicado, louro e de olhos azuis, Luís atingiu a maioridade a 25 de abril de 1234 mas continuou a manter a mãe numa posição de confiança e poder. Não há uma data precisa em que se defina a efectiva tomada do poder por Luís, os seus contemporâneos viram o seu reinado como um período de partilha do poder com Branca de Castela. No entanto, os historiadores costumam definir o ano da sua maioridade como aquele em que Luís passou a governar mais tradicionalmente como rei, relegando a mãe para um papel mais de conselheira, se bem que continuou a ser uma poderosa força política até à sua morte em 1252.

Esta organizou o seu casamento, realizado no dia 27 de maio de 1234, na catedral de Sens, pouco depois de o rei completar 20 anos. A esposa escolhida foi Margarida da Provença, a filha mais velha de Beatriz de Saboia e do conde Raimundo Berengário IV da Provença e de Forcalquier, e irmã de Leonor, esposa de Henrique III da Inglaterra.

Com esta união pretendia-se agregar este condado ao reino da França, uma vez que Raimundo Berengário IV não tinha um herdeiro varão. Dizia-se que a graça e a natureza haviam dotado a sua esposa de toda sorte de perfeições,[5] e de facto foi bem sucedida em prover a dinastia capetiana com herdeiros.

Política interna

A partir de 1241, Luís IX parece tomar mais responsabilidades para si no governo do país. Fez do seu irmão Afonso conde de Poitiers a fim de obrigar a nobreza local a lhe prestar homenagem. A rebelião de Hugo X de Lusignan permitiu-lhe estabelecer a autoridade real em uma curta campanha, de 28 de abril de 1242 a 7 de abril de 1243, e o mesmo tempo aproveitou a situação de vantagem até Quercy (aproximadamente o actual departamento de Lot) para expulsar da lá o rei Henrique III de Inglaterra, que decidira romper a trégua de 1238.

Moeda de prata de ToursGros tournois, de São Luís, c. 1266

Resolveu antigas divergências com Jaime I de Aragão pelo Tratado de Corbeil, pelo qual o rei francês renunciava a hipotéticos e caducos direitos sobre Aragão, em troca da renúncia do monarca catalão-aragonês a direitos muito concretos sobre vastos territórios no sul da França. Para selar este tratado, Luís casou sua filha Branca com o infante Fernando de La Cerda, príncipe herdeiro do reino de Castela, e Jaime I de Aragão casou sua filha Isabel com o príncipe francês, então futuro rei Filipe III de França.

Na administração do reino, Luís IX designou inspectores gerais, que eram considerados funcionários públicos, criou a comissão judicial da cúria e instituiu uma comissão de fazenda e de inspecção de contas.

Ele proibiu aos juízes, oficiais e outros emissários seus enviados às províncias para ali exercerem justiça durante algum tempo, de adquirir bens e empregar os seus filhos. Nomeou, acima deles, juízes extraordinários para examinar a conduta dos primeiros e rever os seus julgamentos, funcionando como justiça de apelação.[5] Para a pessoa do rei ficava reservado o papel de juiz supremo.

Segundo os relatos da época, se entendia que os seus oficiais tivessem agido mal, impunha em primeiro lugar uma severa penitência a si mesmo, como culpado pelo excesso praticado pelos seus representantes, e em seguida ministrava-lhes severa punição, obrigando-os a restituir o que haviam tomado do povo, se fosse esse o caso, ou a reparar aqueles que haviam sido condenados injustamente. Pelo contrário, quando tomava conhecimento de que haviam cumprido dignamente os seus deveres, recompensava-os regiamente e os fazia ascender a funções mais honrosas.[5] Foi também o primeiro rei a proibir duelos, anteriormente tolerados e por vezes ordenados a fim de se conhecer o direito das partes.

Zelo religioso

Este reinado foi um período de paz e prosperidade para a França, mas também de excepcional zelo religioso, com a intenção de conduzir o povo francês à salvação da alma. Luís não negligenciava o cuidado dos pobres, proibiu o jogo e a prostituição e punia a blasfémia. As punições estipuladas eram tão rigorosas que o papa Clemente IV julgou ser necessário atenuá-las.

Outro dos traços em que a religiosidade deste monarca se manifestou foi na aquisição da coroa de espinhos e de um fragmento da cruz da crucificação de Jesus Cristo, em 1239-1241, a Balduíno IIimperador de Constantinopla, por 135 000 libras. Para estas relíquias mandou edificar a capela gótica de Sainte-Chapelle no coração de Paris,[6] que curiosamente só custou 60 000 libras para construir. Sob este reinado foram também construídas as catedrais de AmiensRouenBeauvaisAuxerre e Saint-Germain-en-Laye.

A compra das relíquias deve ser entendida no contexto de extremo fervor religioso que existia na Europa do século XIII. A posse destas contribuiu muito para reforçar a posição central do rei da França na cristandade ocidental, bem como para aumentar a fama de Paris, na época a maior cidade da Europa Ocidental. Na época em que as cidades e os governantes competiam pela posse de relíquias sagradas, Luís IX conseguiu colocar algumas das mais ambicionadas na sua capital. É possível ver este acto não só como devoção, mas também uma declaração política: a monarquia francesa a tentar estabelecer o seu reino como a "nova Jerusalém" dos textos bíblicos.

O monarca francês era zeloso da sua missão de "lugar-tenente de Deus na Terra", da qual fora investido na sua coroação em Reims. De forma a cumprir este dever organizaria duas cruzadas e, apesar de ambas terem fracassado, contribuíram para o seu prestígio. Os seus contemporâneos não teriam compreendido se um rei tão poderoso e piedoso não fosse libertar a Terra Santa.

Para financiar a sua primeira cruzada, perseguiria judeus. No século XIII era generalizada a aversão pelos judeus por serem culpados pela morte de Jesus. Tal como os seus antecessores, Luís tomou medidas discriminatórias e persecutórias contra esta minoria, também com a intenção de a converter ao cristianismo:[5]

Rouelle ou estrela amarela, o emblema obrigatório dos judeus implementado por Luís IX na França e empregue pela última vez pelo governo de Vichy
  • Ordenou a expulsão de todos os judeus envolvidos no pecado da usura e assim pôde confiscar as riquezas destes para financiar os seus projectos. No entanto não eliminou as dívidas dos cristãos: foi perdoado um terço da dívida, mas os outros dois terços deveriam ser enviados para o tesouro real.
  • Em 1242, supostamente sob solicitação de judeus convertidos ao cristianismo, e que afirmavam que o Talmud continha invectivas contra Cristo e a Virgem Maria, ordenou a queima dos exemplares deste livro blasfemo em Paris.[7]
  • Em 1254, ordenou a expulsão dos judeus não convertidos da França, apropriando-se dos seus bens. No entanto, não terá sido feito um controlo muito eficaz para fazer cumprir esta medida, pelo que muitos permaneceram nos locais em que viviam. Alguns anos depois o rei anularia este decreto em troca de um pagamento, em prata, da comunidade judaica ao tesouro real.
  • Em 1269, em aplicação de uma recomendação do Quarto Concílio de Latrão de 1215, impôs a obrigatoriedade de usarem sinais vestimentares distintivos. Para os homens a rouelle ou estrela amarela ao peito, e para as mulheres um chapéu especial. Estes sinais permitiam diferenciá-los do resto da população e ajudar a impedir os casamentos mistos.

Para além da legislação contra os judeus e a usura, o rei alargou o alcance da Santa Inquisição na França. A área mais visada foi o sul do país, onde a heresia cátara tinha sido mais forte. A quantidade de confiscos atingiu o ponto máximo nos anos anteriores à Sétima Cruzada, e diminuiu aquando do seu regresso à Europa em 1254.

Em todos estes actos, Luís tentava cumprir o que se encarava ser o dever da França, chamada de "a filha mais velha da Igreja" (la fille aînée de l'Église), com uma tradição de protectora da Igreja desde os tempos dos francos e de Carlos Magno, que fora coroado pelo papa em Roma no ano de 800. De facto, para além dos títulos Rex Francorum ("rei dos francos"), ou Franciae Rex ("rei da França"), que Luís IX foi o primeiro a usar, os monarcas franceses também eram intitulados Rex Christianissimus ("rei cristianíssimo"). As relações entre a França e o papado atingiram o seu ponto máximo nos séculos XII e XIII, e a maioria das cruzadas foram proclamadas pelos papas em solo francês.

Sétima cruzada

Ver artigo principal: Sétima Cruzada
Partida de Luís IX de Aigues-Mortes para a Sétima Cruzada
Por Gustave Doré

Em 1244, Luís IX caiu gravemente enfermo de disenteria, a ponto de alguns terem como certa sua morte. Foram organizadas vigílias, procissões e outros actos religiosos pela sua convalescença, e o próprio monarca fez então um voto: caso sobrevivesse, partiria em cruzada para libertar o Santo Sepulcro.

Luís IX de França Por Emile Signol, 1839, Palácio de Versalhes

A organização da cruzada durou quatro anos, durante os quais foi construído o porto de Aigues-Mortes, sob a iniciativa de Carlos de Anjou, irmão do rei. A cidade nunca chegaria a ser ressarcida do custo exorbitante da infraestrutura requerida para este projecto e por isso levaria Carlos de Anjou perante a justiça.

A 12 de junho de 1248 Luís armou-se com a oriflamme, o estandarte de guerra capetiano, na basílica de Saint-Denis. Partiu então, acompanhado da rainha Margarida da Provença, e dos seus irmãos Carlos de Anjou e Roberto I de Artésia.

Dirigiu-se para Lião, onde se encontrou com o papa Inocêncio IV, de quem recebeu a benção apostólica, e em seguida para Aigues-Mortes, onde o aguardavam as embarcações que deveriam conduzir os cruzados ao Egipto. A 25 de agosto de 1248, iniciou-se a Sétima Cruzada.

As naus tocaram inicialmente a ilha de Chipre, onde o monarca se viu obrigado a permanecer durante o inverno devido a uma peste que arrebatou uma sexta parte do seu exército. Estas perdas e a demora foram contudo de algum modo compensadas pela adesão de Henrique I de Lusignanrei de Chipre, a quem Luís conseguiu convencer a juntar-se à expedição.

Ataque dos cruzados a Damieta, no Egitoiluminura

Os cruzados retomaram a expedição a 13 de maio de 1249, à frente de uma formidável armada de 1800 embarcações, grandes e pequenas. Devido a tempestades, mais da metade destas desviou-se da rota pelo que, ao passar em revista as suas tropas, o rei encontrou apenas 700 cavaleiros, dos 2800 de que se compunha o seu exército.[5] A cidade portuária de Damieta foi a primeira a ser tomada, em 8 de junho.

Luís IX feito prisioneiro durante a Sétima Cruzada
Por Gustave Doré)

O exército dirigiu-se então para Cairo mas sofreu ataques incessantes do emir Fakhr el-Din. De fevereiro a abril de 1250, os cruzados cercaram a cidadela de Almançora. O escorbuto e a disenteria dizimaram os soldados e forçaram o rei a bater em retirada. Um traidor lançou então o boato de que o monarca francês se rendera. A maior parte dos soldados rendeu-se e foi aprisionada, tal como Luís IX. Roberto I de Artésia morrera no decurso das batalhas por esta cidade.

Durante o seu cativeiro, o rei encarregou Margarida da Provença de conduzir a cruzada. Neste período conta-se de os emires do Egipto o quererem eleger como sultão e do nascimento de um dos filhos em Damieta, durante a negociação com os seus algozes.[5] Em Maio os cruzados foram libertados sob um avultado resgate pago pela Ordem do Templo.

Luís decidiu então prolongar a sua estadia no que restava dos estados latinos do Oriente. Reenviou os irmãos Afonso III de Poitiers e Carlos de Anjou para a França para apoiar a mãe Branca de Castela, só no governo do reino. De 1250 a 1253, consolidou as fortalezas de São João de AcreCesareia MarítimaJafa e Sídon e conduziu a diplomacia dos cristãos com os poderes islâmicos da Síria e do Egipto.

Na primavera de 1253, Luís IX tomou conhecimento do falecimento da rainha mãe regente, pelo que foi obrigado a voltar ao reino, deixando uma presença significativa de forças na cidade de Acre para a sua defesa contra ataques dos muçulmanos. Os cruzados embarcaram em Tiro a 25 de abril (festa de São Marcos) de 1254 e chegaram à França a 19 de julho do mesmo ano. Em 5 de setembro, encontrava-se no castelo de Vincennes e no dia seguinte entrava solenemente em Paris. O seu regresso foi acolhido com manifestações de afeição do papa Clemente IV e de Henrique III da Inglaterra.

Relações com os mongóis

Luís teve várias trocas epistolares com os governantes mongóis da época e organizou o envio de embaixadores junto a estes. Os contactos iniciaram-se em 1248, com enviados mongóis apresentando uma carta de Eljiguidei, o governador mongol da Arménia e da Pérsia, propondo uma aliança militar:[8] quando o rei francês desembarcou em Chipre em preparação para a Sétima Cruzada, encontrou-se em Nicósia com dois nestorianos de Moçul chamados David e Marco, enviados de Eljiguidei. Estes comunicaram uma proposta de formar uma aliança contra o Império Aiúbida e o Califado Abássida.[9]

Em resposta, Luís enviou André de Longjumeau, um padre dominicano, como emissário a Guiuque Cã na Mongólia. Mas Guiuque morreu antes da chegada deste à sua corte e a embaixada foi dispensada pela sua viúva, que lhes deu um presente e uma carta para o rei cruzado.

Eljiguidei planeava um ataque aos muçulmanos de Bagdade em 1248. Tencionava que esta ofensiva fosse realizada em aliança com Luís, juntamente com a Sétima Cruzada. Mas com a morte prematura do , o governador adiou as operações até depois do interregno mongol, e o bem sucedido cerco de Bagdade só aconteceria em 1258. Em 1253, Luís enviou o franciscano Guilherme de Rubruquis para a corte mongol. Mangu Cã deu-lhe uma carta em 1254, pedindo a submissão do rei francês.[10]

A colaboração militar ocorreria em 1259-1260, quando os cavaleiros francos de Boemundo VIpríncipe de Antioquia, e os do seu sogro Hetum I, se aliaram com os mongóis liderados por Hulagu Cã. Juntos conquistaram a Síria muçulmana, tomando a cidade de Alepo e depois Damasco.[9] Os contactos entre as duas potências ainda se desenvolveriam no reinado de Filipe IV de França, levando a uma cooperação militar entre os europeus e os mongóis contra os mamelucos.

Primus inter pares

A Apoteose de São Luís
Estátua equestre em St. Louis no Missouri, Estados Unidos por Charles Henry Niehaus

O século XIII ficou para a história da França como "o século de ouro de São Luís". A França, centro das artes e da vida intelectual graças, entre outras, à Sorbonne, atingia o seu apogeu também aos níveis económico e político. Luís IX comandou o maior exército e governou o mais poderoso reino da Europa.

O mecenato que deu às artes impulsionou inovações na arte e na arquitectura gótica. O estilo da sua corte espalhou-se pela Europa pela compra de obras dos mestres parisienses e pelo casamento das filhas e outros membros da casa real com estrangeiros, introduzindo assim os modelos parisienses no exterior. A Sainte-Chapelle de Paris, a capela real, seria também copiada por alguns dos seus descendentes. E é muito provável que tenha ordenado a produção da Bíblia Morgan, uma obra-prima da iluminura medieval.

A reputação de santidade e de justiça do soberano estava já estabelecida durante a sua vida, pelo que era regularmente escolhido como árbitro das desavenças entre os grandes do velho continente. O prestígio e o respeito na Europa por Luís IX seria mais devido a estas qualidades que pelo poderio militar. Para os seus contemporâneos, foi considerado o melhor exemplo de um príncipe cristão, primus inter pares (o primeiro entre iguais). A 4 de dezembro de 1259, em Paris, assinou o Tratado de Albeville com Henrique III de Inglaterra, acabando assim a primeira fase da Guerra dos Cem Anos entre os dois países.

  • Um decreto de 1263 assegurou finanças fortes. Luís instalou uma comissão financeira encarregada do controlo das contas reais, reforçando a estrutura criada em 1190 pelo seu avô Filipe Augusto, um esboço da "Corte das Contas", futuro parlamento da França. O prevoste de Paris, Etienne Boileau, organizou e codificou em 1268 os ofícios da capital (redacção do Livro dos Ofícios).

Oitava cruzada e morte

Ver artigo principal: Oitava Cruzada
A morte de São Luís
Por Alphonse de Neuville, 1883

Devido aos ataques continuados aos estados cruzados do Levante, Luís decidiu lançar uma Oitava Cruzada, para a qual se apresentaram os seus filhos e Eduardo I da Inglaterra, além de numerosos príncipes e senhores. Partiram em direção a Túnis a 4 de julho de 1270. Mais uma vez no mar, outra grande tempestade dispersou as embarcações e impediu muitas outras de partir.

Luís esperava converter o sultão de Túnis ao cristianismo para, aliados, atacarem o sultão do Egipto. No entanto, depois da rápida conquista de Cartago pelos cruzados, este não permitiu sequer o desembarque da armada europeia. Iniciou-se um confronto, com os franceses assediando vários pontos nevrálgicos dos inimigos e a própria capital. Como esta resistisse, decidiram dominá-la cortando os víveres.

Mas as doenças da cidade atingiram também o exército francês. Luís IX viu morrer seu filho João Tristão, nascido durante o seu cativeiro no Egipto, e pouco depois morreria ele mesmo, a 25 de agosto de 1270, precisamente 22 anos após a sua partida para a Sétima Cruzada. Tradicionalmente tem sido aceite que fora vitimado pela peste bubónica, porém exames recentes realizados em um fragmento de sua mandíbula comprovam o relato de que ele morreu de escorbuto.[11]

Reliquiário de São Luísfinal do século XIII, no museu da basílica de São Domingos, em BolonhaItália

O corpo de Luís IX foi colocado sobre um leito de cinzas, em sinal de humildade, e os braços em cruz, à imagem de Jesus Cristo. Este falecimento marcaria o fim da cruzada, a que se seguiriam mais mortes na família real. Isabel de Aragão, esposa de Filipe III de França, morreria na Sicília durante a viagem de regresso à FrançaAfonso III de Poitiers e a sua esposa Joana de Toulouse morreriam no intervalo de três dias, na Itália.

O cadáver do rei foi levado para França pelo seu filho e sucessor Filipe, com excepção das entranhas: algumas destas foram enterradas na actual Tunísia, onde ainda é possível hoje em dia visitar um túmulo de São Luís; outras foram destinadas à abadia de Monreale, na Sicília, a pedido do seu irmão Carlos I da Sicília.

O resto do seu corpo, depois de uma estadia na Basílica de São Domingos em Bolonha e de uma paragem em Lião, foi transladado para a necrópole real da abadia de Saint-Denis. O seu túmulo na França era um magnífico monumento de bronze dourado concebido no final do século XIV. Foi fundido durante as guerras francesas de religião, quando o corpo do rei santo desapareceu. Só foi recuperado um dedo, mantido actualmente em Saint-Denis.

As relíquias conservadas na Sicília foram ainda transportadas para a Tunísia para a consagração da catedral São Luís de Cartago no final do século XIX e, por fim, aquando da independência deste país, devolvidas à França, onde foram depositadas na Sainte-Chapelle.

Legado

Posteridade

O cavaleiro Guy de Meyos ajoelhado perante São Luísplaca tumular com Esmalte em relevo sobre cobre dourado, LimogesFrança, 1307

O culto deste santo foi juridicamente examinado e aprovado pelo papa Bonifácio VIII, que o canonizou em 1297 com o nome de São Luís da França.

Luís IX foi frequentemente considerado o modelo do monarca cristão ideal. Devido à aura de santidade ligada à memória de Luís IX, muitos mais reis da França se chamariam Luís, especialmente na dinastia de Bourbon (Luís XIII a Luís XVIII).

Diversas instituições e locais por todo o mundo receberam o nome de São Luís ou Saint-Louis, frequentemente devido ao período do império colonial francês, como por exemplo:

Ironicamente, na tradição da tunisina Luís não teria morrido em 1270. Ter-se-ia apaixonado por uma princesa berber, convertido ao Islão sob o nome de Abou Said ibn Khalef ibn Yahia Ettamini el Beji, sendo Sidi Bou Said a forma reduzida que deu origem à cidade costeira deste país com o mesmo nome. Ao morrer, no final do século XIII, teria sido enterrado como um santo islâmico em Djebel-Marsa.[12]

Interpretação política do reinado

Luís IX de França em Aigues-Mortes
Estátua por James Pradier, século XIX

No entanto, vários historiadores e analistas têm uma outra interpretação da vida de Luís IX. O arquitecto Eugène Viollet-le-Duc por exemplo, avançou a hipótese de que o rei fora um astuto político que soube se servir habilidosamente da religião para consolidar o seu poder e aumentar o poder do seu reino.

Na época de Luís IX, os grandes senhores feudais faziam uma concorrência feroz ao poder dos reis da França. Estavam constantemente em conflito e por vezes conspiravam contra a própria pessoa do rei.

Luís soube, ao se mostrar como um santo, usar a fé a a ambição dos seus barões para os incitar a participar nas duas cruzadas. Poucos dos grandes senhores que nelas participaram voltaram à França, e Luís pôde, sem grande oposição, tomar as suas possessões. Os que sobreviveram ficaram arruinados pela expedição, e por isso mais dependentes do monarca para a sua segurança, logo mais dóceis.

As medidas contra os pecados, a perseguição dos judeus e as construções de edifícios religiosos demonstram talvez um fervor religioso, mas também um refinado espírito político. Ao ganhar os favores da Igreja Católica, também ganhava o favor dos súbditos mais pios do seu tempo. Conseguia assim um melhor controlo sobre o reino, e uma maior legitimidade.

A modernização da administração do estado e o reforço que deu à justiça real seriam as últimas conquistas por que lutou, a fim de aumentar os seus poderes e os dos seus descendentes no trono dos capetianos. A sua Corte das Contas foi o instrumento fundamental desta construção política.

Assim Luís conseguiu firmar os alicerces do que começava finalmente a ser o estado-nação da França, unido sob um rei de direito divino. E conseguiu-o por uma subtil política, muito mais eficaz do que conflitos com os seus vassalos e tentativas de os subjugar pela força.

Família

Ancestrais

Descendência

Do seu casamento a 27 de maio de 1234 com Margarida da Provença, teve os seguintes filhos:

Coroação de Filipe III de França, sucessor de São Luís no trono francês iluminura em Grandes Chroniques de France, século XIV-XV

O segundo dos seus filhos varões, Filipe III de França, foi o seu sucessor no trono, cujos descendentes directos foram reis até Henrique III de França. A descendência do varão mais jovem de São Luís, Roberto de Bourbon, subiu ao trono francês depois de nove gerações.

Fontes historiográficas sobre São Luís

Muito do que actualmente se sabe sobre a vida de São Luís foi o que ficou registrado por João de Joinville, o seu principal biógrafo com a obra A Vida de São Luís. João de Joinville era amigo, confidente e conselheiro do rei, e também foi uma das principais testemunhas no processo de canonização em 1297 pelo papa Bonifácio VIII.

Duas outras biografias importantes foram escritas pelo confessor do rei, Godofredo de Beaulieu, e pelo seu capelão, Guilherme de Chartres, Grão-Mestre da Ordem dos Templários. A quarta notável fonte de informação é a biografia de Guilherme de Saint-Pathus, escrita usando o inquérito papal sobre a vida do rei para a sua canonização. Apesar de vários outros terem escrito biografias nas décadas seguintes à morte de Luís IX, só João de Joinville, Godofredo de Beaulieu e Guilherme de Chartres conheceram pessoalmente o rei.

Referências

  1.  Os Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael na Corte Celeste, por Luis Dufaur, Luzes de Esperança, 29 de Setembro de 2019
  2.  «Franciscanos - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil»Franciscanos. Consultado em 24 de agosto de 2021
  3.  «Um cristão leigo: São Luís»Suma Teológica - Summae Theologiae. 23 de setembro de 2009. Consultado em 24 de agosto de 2021
  4.  Chronique de Tours
  5. ↑ Ir para:a b c d e f Vie des Saints, Les Petits Bollandistes, Typographie des Célestins, ancienne Maison L. Guérin, tomo V, pp. 192 a 217, Bar-le-Duc, 1874
  6.  La Sainte Chapelle et la Conciergerie, F. Gebelin, Paris, 1937
  7.  «Judaism, Francis E. Gigot, The Catholic Encyclopedia, vol. VIII, New York: Robert Appleton Company, 1910»(em inglês)
  8.  The Crisis in the Holy Land in 1260, Peter Jackson, The English Historical Review, Vol. 95, No. 376 (Julho de 1980), pp. 481-513(em inglês)
  9. ↑ Ir para:a b Histoire des Croisades, René Grousset, p.523 e 581 (ISBN 2-262-02569-X)
  10.  «Encyclopedia Iranica, J. Richard, p. 202, 1970» (em inglês)
  11.  Internet (amdb.com.br), AMDB. «Aventuras na História · Cientistas descobrem a causa da morte de Luís IX, o rei da França que virou santo»Aventuras na História. Consultado em 8 de agosto de 2019
  12.  «Página do turismo de Sidi Bou Said» (em inglês)

Bibliografia

Ligações externas

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Precedido por:
Luís VIII
Armas da dinastia capetiana
Rei de França

1226 - 1270
Sucedido por:
Filipe III
Armas do condado de Artésia
Conde de Artésia

1226 – 1237
Sucedido por:
Roberto I


terça-feira, 24 de agosto de 2021

DOM FRANCISCO MANUEL DE MELO - ESCRITOR - NASCEU EM 1666 - 24 DE AGOSTO DE 2021

 

Francisco Manuel de Melo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disambig grey.svg Nota: Se procura botânico e 4º conde de Ficalho, veja Francisco Manuel de Melo Breyner.
Disambig grey.svg Nota: Se procura por outras personalidades com o nome Francisco de Melo, veja Francisco de Melo.
Francisco Manuel de Melo
Dom Francisco Manuel de Melo
Nascimento23 de novembro de 1608
LisboaPortugal
Morte24 de agosto de 1666 (57 anos)
AlcântaraPortugal
NacionalidadePortugal Português
OcupaçãoEscritorpolítico e militar
Magnum opusRelógios falantes: apólogo dialogal

Francisco Manuel de Melo (Lisboa23 de Novembro de 1608 – LisboaAlcântara24 de Agosto ou 13 de Outubro de 1666) foi um escritorpolítico e militar português, ainda que pertença, de igual modo, à história literária, política e militar da Espanha. Historiador, pedagogo, moralista, autor teatral, epistológrafo e poeta, foi representante máximo da literatura barroca peninsular. Dedicou-se à poesia, ao teatro, à história e à epistolografia. Tendo publicado cerca de duas dezenas de obras durante a sua vida, foi ainda autor de outras, publicadas postumamente. Aliou ao estilo e temática barroca (a instabilidade do mundo e da fortuna, numa visão religiosa) o seu cosmopolitismo e espírito galante, próprio da aristocracia de onde provinha. Entre suas obras mais importantes, pode-se destacar o texto moralista da Carta de Guia de Casados ou a peça de teatro Fidalgo Aprendiz (que é uma "Farsa", como foi descrita pelo seu autor desde o início e não um "Auto" como tem vindo a ser designada por edições recentes).

Biografia

Nasceu em Lisboa numa família de alta fidalguia, seu pai Luís de Melo, militar, morre em 1615, na ilha de São Miguel, deixando a par de Francisco com 7 anos de idade, uma filha, Isabel. A mãe, Dona Maria de Toledo de Maçuellos, era filha dum "alcalde mayor" de Alcalá de Henares, e neta do cronista e gramático português Duarte Nunes de Leão. Pensa-se que terá tido a sua educação académica num colégio de Jesuítas (provavelmente, no colégio jesuíta de Santo Antão, onde terá estudado humanidades), e adquiriu uma erudição que se tornaria patente nas obras. Como pretendia seguir a carreira das armas, a exemplo do pai, estudou matemática. Começou, desde cedo, a frequentar a corte. Foi Fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo.

Seguiu a vida militar a serviço da armada espanhola em Flandres e na Catalunha. O episódio mais famoso do período ocorreu em 1627, descrito na sua “Epanáfora Trágica”: estando a servir na esquadra comandada por Manuel de Meneses, esteve perto de naufragar no Golfo da Biscaia, tendo atingido a custo a costa francesa. Pouco depois, em 1629, combateu, vitoriosamente, corsários turcos num combate naval no Mar Mediterrâneo e foi armado cavaleiro. Em 1631 recebeu a ordem de Cristo das mãos de Filipe IV de Espanha. A sua presença na corte de Madrid torna-se constante. Capital do Império, a cidade assumia-se como o grande centro político e cultural da Península. Francisco Manuel de Melo entrou aí em contacto com os mais eminentes intelectuais, incluindo o célebre Francisco de Quevedo.

Em 1637 tinha participado na pacificação da revolta de Évora, acontecimento que viria a preparar a restauração portuguesa. Assim que esta foi declarada por João IV de Portugal, a coroa espanhola manda prendê-lo por suspeitar do seu envolvimento na revolução em solo luso. Tendo-lhe sido autorizado deslocar-se para a Flandres, fugiu daí para Inglaterra, de onde regressou a Portugal. Em 1641, livre, foi encarregado de missões diplomáticas em ParisLondresRoma e Haia. Neste ano aderiu à causa do rei português, João IV, a quem prestará os seus serviços, a nível militar e diplomático.

Prisão e desterro

Em 1644, em Portugal, depois de receber a comenda da Ordem de Cristo, foi preso por envolvimento num caso que acarreta muitas dúvidas e conjecturas.

Enquanto alguns referem um móbil político, outros defendem um caso passional: A rivalidade do rei João IV e do poeta, para com a esposa do Conde de Vilanova de Portimão, Mariana de Lancastre, chegando ao ponto de uma briga dos dois uma noite, em que apenas o rei teria reconhecido Francisco. Morrendo assassinado Francisco Cardoso, criado do Conde, que entretanto teria denunciado ao amo os amores clandestinos da esposa, as suspeitas teriam ido para Francisco. O espírito de vingança do Conde, tal como a inimizade do rei teriam levado então Francisco a ser aprisionado[1] .

Manteve-se na prisão até 1655, onde escreveu muitas das suas mais celebradas obras. Foi condenado ao degredo em África, conseguindo, depois, que a pena lhe fosse comutada para o exílio no Brasil, e viveu por três anos na Bahia, encarcerado no forte de São Filipe de Monte Serrat ao qual sucedeu o actual forte de Monte Serrat. A influência do Novo Mundo, ainda que pouco acentuada, encontra-se em alguns aspectos da sua obra. Em 1658, morto João IV, regressou a Portugal.

Dedicou-se, então, à “Academia dos Generosos”, agremiação de carácter literário. O novo rei voltou a demonstrar-lhe confiança, ao encarregá-lo de missões diplomáticas. Foi nomeado deputado da Junta dos Três Estados em 1666, ano em que morreu.

Frontispício do Teodosio II, desenhado por um primo do autor, mas concebido por este
Três (ou quatro) cabeças aparecem... sob o olhar do moucho

Em 1647, compõe uma parte do Teodosio II, em castelhano, sobre a história da Casa de Bragança, que apenas chega à infância de Teodosio II, seu 7mo Duque, pai do futuro Rei Restaurador ; para este livro Francisco com a ajuda do seu primo Francisco de Melo (que desenha) cria um frontispicio que ele explica da seguinta maneira numa carta dirigida a um amigo, Azevedo, datada de 10 de maio de 1649 :

«Neste livro Teodósio, que a S. Majestade escrevo, de que determino fazer-lhe cedo presente, fiz debuxar um capricho por meu primo Francisco, que com raro acêrto o pôs em efeito, -- para dêle, se abrir uma estampa que sirva de rosto ao verdadeiro livro ; mas para que a pintura nem a tensão fique muda, desejo explicá-la em dous Dísticos, ao pé do debuxo, para o que fiz deixar lugar. É tal a pintura: -- a Verdade em figura de Ninfa, que está pintando em sua estante; e por detrás à orelha lhe dita o que há de pintar outra Ninfa, que significa a Memória. Em o painel se vê a pessoa do Duque Teodósio armado como pintura feita de verdade. Por detrás está Mercúrio moendo tintas, significando o estilo (por sêr ele o deus da Eloquência) -- que são as tintas de que se compõe a formosa história.»

Olhando precisamente o "debuxo" que me apareceram três figuras dissimuladas, que parecem ser mais que traços tirados do acaso. Não esqueçamos que Melo se interessa por tudo, e notavelmente pela Cabala, e podemo-nos perguntar porque é tão importante para ele compôr este frontispício. Melo está preso há 5 anos ("prêso na Tôrre Velha", indica ele ao fim do prólogo dessa obra), e (pode-se distinguir isso nos seus escritos e no que resta dos documentos da época), foi um (ou vários) inimigo potente que conseguiu essa prisão, com a caução do Rei. Ora é o próprio Rei (foi só depois de sua morte que Francisco foi libertado) que lhe pede uma historia do seu pai Teodósio. Situação difícil. Francisco tinha utilizado todos os meios possíveis para obter a sua libertação, até uma carta do próprio Louis XIV de França. Noutras circunstâncias que não estas (misteriosas até hoje), já teria saído de prisão há muito. O "rosto" que finalmente nunca foi publicado (apenas em 1944 com uma publicação desta obra), poderá ser que Francisco o terá querido para poder fazer aí figurar a história do seu drama: Dum lado acima da pirâmide, como vindo depois do corpo duma serpente, uma cara de perfil, homem calvo, corpulento, (o inimigo?); a um dos pés (de seus pés), da cadeira, a cabeça pisada dum outro homem, ainda novo, de cabelos compridos (Francisco?, que tinha 40 anos); o outro pé dessa cadeira parece pisar o pé da "Ninfa" da Memória e indica, pé esquerdo da pirâmide, uma outra cabeça, Cabelos curtos e escuros, olhos grande abertos, escondida atrás de cortinas (a saia da Ninfa), ou com um corpo fantasmático deitado sobre a palavra Memória, se calhar o morto à origem do drama, que a primeira figura fixa, no cume da pirâmide... Acima aínda, um moucho, garras exageradas, asas abertas... Pura especulação?

Obra

Francisco Manuel de Melo foi autor de uma obra vasta e diversificada, em português e em castelhano.

Poesia

”Finis Gloriae Mundi”, de Juan Valdez Leal: exemplo, na pintura, da concepção barroca do mundo e do tema da transitoridade, também presente na poesia de Francisco Manuel de Melo

Em 1628, publicou um conjunto de sonetos. É, contudo, nas suas “Obras Métricas” (Lyon1665), que o autor se mostra digno representante do estilo barroco, espelhando igualmente a influência do renascimento e maneirismo português. Entre a obra poética publicada neste volume encontra-se também o “Auto do Fidalgo Aprendiz”, já que está escrito em verso.

Francisco Manuel de Melo. Obras métricas. Lyon, 1665

O tema do desconcerto do mundo predomina na sua poesia, tal como na generalidade da poesia e arte barroca. Muito do que conhecemos da sua biografia advém da interpretação de muitas das passagens reflexivas e meditações morais da sua obra poética. Esta, está dividida em três partes: a primeira e a terceira, em castelhano e a segunda em português, contendo sonetos, éclogasromances e trovas. A primeira parte, “Las três musas del Melodino”, publicada pela primeira vez em Lisboa em 1649, está dividida em “El harpa de Melpómene”, “La cítara de Erato” e “La tiorba de Polymnia”. A segunda parte, em língua portuguesa, designada por “As Segundas Três Musas do Melodino” que se dividem em “A Tuba de Calíope”, “A Sanfonha de Euterpe” e “A Viola de Talia”. A terceira parte, de novo em castelhano, designada por “El Tercer Coro de las Musas del Melodino”, divide-se em “La Lira de Clio”, “La Avena de Tersicore” e “La Fistula de Urania”.

Em “A Tuba de Calíope”, cerca de cem sonetos transmitem as suas reflexões que aliam o humor irónico ao pessimismo barroco, através de sentenças moralistas típicas do autor. Na “Sanfonha de Euterpe” encontramos o famoso poema “Canto da Babilónia”, inspirado na não menos célebre redondilha “Babel e Sião” de Luís Vaz de Camões. As éclogas “Casamento”, “Temperança” e “Rústica”, influenciadas pelo estilo de Sá de Miranda, encontram-se no mesmo volume.

O tema da morte está diversas vezes presente, como no soneto “Vi eu um dia a Morte andar folgando”, onde se reflecte sobre o poder desordenador, caótico e desequilibrado que a morte impõe ao mundo dos vivos e incautos. O soneto, com a sua forma limitada a catorze versos, vai ao encontro do poder de síntese próprio do autor. É frequente um estilo coloquial que se verifica noutros sonetos, como no “Que vos hei-de mandar de Caparica”, que não é mais que uma carta de Natal a uma prima, na altura em que esteve preso.

Teatro

Frontispício do Auto do Fidalgo Aprendiz

O teatro português da época estava numa fase pouco criativa, apesar de se representarem muitos autos populares nas ruas e feiras, e tragédias clássicas nos colégios dos jesuítas, como aquele em que Francisco estudou. Imitava-se e adaptava-se muito o que era feito em Espanha.

Escrito anteriormente a 1646, na Torre Velha, o Auto do Fidalgo Aprendiz, publicado pela primeira vez, nas suas Obras métricas em 1665, satiriza a fidalguia provinciana. Ainda que seja duvidosa a influência directa, há quem a estabeleça com a obra de MolièreLe Bourgeois Gentilhomme – é provável que os dois dramaturgos tenham trocado impressões e ideias que tenham resultado em obras semelhantes. Apesar de Francisco ter escrito muitas mais peças (entre as que se perderam, podemos contar algumas das quais nem sequer conhecemos o nome), esta é a mais conhecida da sua produção teatral. Segue a tradição vincentina (a sátira, a crítica social, o uso da redondilha – nota-se também a influência, no tema, da farsa “Quem tem farelos?”), ainda que denote claras influências do teatro espanhol (e, em especial de Lope de Vega, como se verifica na divisão da peça em “jornadas”). Os equívocos e cenas ao estilo de “capa e espada” eram também inovadores em Portugal, apesar de já serem recursos frequentes no teatro castelhano.

Literatura didáctica

Grande parte da obra de Francisco Manuel de Melo é dedicada ao género didáctico.

Apólogos Dialogais

Os quatro “Apólogos Dialogais”, de 1721, juntam várias obras: textos de crítica social e moral (Relógios FalantesEscritório do AvarentoVisita das Fontes) e de crítica literária (Hospital das Letras, escrito em 1657, é considerado a primeira obra de crítica literária verdadeiramente estruturada, em português).

Página de rosto dos Apólogos Dialogais de Francisco Manuel de Melo

Os apólogos, considerados pelo próprio Francisco como obras “esquisitas”, consistem em diálogos entre objectos (excepto o “Hospital de Letras”, onde o diálogo é estabelecido entre os autores Trajano BocalinoJusto Lípsio, Francisco Quevedo e o próprio Francisco Manuel de Melo), muito apreciados pelo seu refinamento palaciano e ironias subtis. O autor serve-se para fazer uma crítica de costumes não demasiado corrosiva, diplomática, até, ainda que recorrendo à sátira.

Em Relógios falantes o autor põe a discutir dois relógios de igreja - da Igreja das Chagas e da vila de Belas, representando a cidade e o campo – de forma a fazer ressaltar que em todos os sítios onde vivem homens (seja no meio campesino ou no meio urbano) existe hipocrisia e frivolidade.

Em Escritório do Avarento são quatro moedas, numa gaveta de um avarento, que discutem a corrupção.

Em Visita das fontes, conversam a Fonte Nova do Terreiro do Paço, a Fonte Velha do Rossio, a Estátua de Apolo, que ornamenta a primeira e o sentinela que guarda a fonte. Aqui, num lugar bastante concorrido da época, são classificados os transeuntes consoante os seus vícios, fazendo-se um retrato satírico da sociedade lisboeta da época.

No “Hospital de Letras”, além de se apontarem defeitos dos autores nacionais, são elogiados Gil VicenteSá de MirandaLuís de CamõesAntónio Ribeiro ChiadoJorge Ferreira de Vasconcelos, entre outros.

Carta de Guia de Casados

Ver artigo principal: Carta de Guia de Casados

Carta de Guia de Casados(publicado em Lisboa em 1651), de carácter moralista, é uma das suas obras maiores, onde teve considerações sobre a vida conjugal e familiar. Foi escrita a pensar num amigo que se ia casar. Datada nas opções que defende, a “Carta” é ainda lida pelo seu rigor estilístico, pormenores anedóticos e passagens maliciosas que alternam com passagens mais demonstrativas e axiomáticas (com uma larga profusão de provérbios).

Apesar de estar escrita em forma de carta, o que poderia levá-la a ser classificada no género epistolar, a “Carta”, pela sua extensão, é considerada, acima de tudo, um tratado de moral onde se defende o “casamento de razão” em detrimento do casamento originado pela paixão, considerado por ele apenas um acto irracional que leva facilmente a uma vida conjugal instável e infeliz (“amores que a muitos mais empeceram que aproveitaram”), ao contrário do casamento que se funda apenas no “amor-amizade” que, ao longo do tempo se vai afirmando pelo respeito mútuo e por uma intimidade crescente. A mulher é descrita nesta obra como o elemento que se deve submeter à autoridade do marido – não nega, contudo, as capacidades intelectuais femininas – é, até, dito que a mulher tem faculdades mentais em muitos aspectos superiores aos homens – o que as tornariam, por consequência, mais perigosas: “aquela sua agilidade no perceber e discorrer em que nos fazem vantagens é necessário temperá-la com grande cautela”. O autor defende, por isso, que a mulher não deve cultivar demasiado a sua inteligência e que os únicos livros a ela adequados são “a almofada de coser”. Ao homem, cabe ser sério, fugir dos vícios e dedicar-se ao lar e à esposa. Reflexo da época, contudo, são perdoados alguns deslizes do marido (sendo dados, mesmo, alguns conselhos em relação aos filhos bastardos). Alguns dos provérbios desta obra ficaram famosos, como o “Que Deus me guarde de mula que faz him e de mulher que sabe latim”.

É interessante verificar que todo o texto se assume como conselhos de um solteiro para outro solteiro – uma conversa de homens que, eventualmente, poderá ser lido por alguma mulher. Talvez por isso o livro acabe por não ofender ninguém – afinal, o autor não tinha experiência directa sobre o assunto tratado e assume isso claramente. Já nas suas “Obras Métricas”, a primeira écloga é sobre o casamento. Usando o verso heptassílabo, também usado por Bernardim Ribeiro e Francisco Sá de Miranda, durante o século XVI, Francisco quase que resume as suas teorias neste pequeno excerto:

“André quer mulher fermosa,
Mas que não tenha ceitil;
Gil não quer mulher fermosa:
Quer-la feia e bondosa.
Isto quer o André e o Gil.”

É também interessante o catálogo de mulheres efectuado nesta obra, que segue o mesmo princípio de valorização da submissão, do recato, aparecendo como modelo de mulher a ser seguido pelas outras, a de Margarida de Valois.

Em 1664 publicou, em Roma, as suas Obras Morales. Escreveu ainda textos de cariz político e panfletos polemistas.

Tratado da Ciência

Pode-se, ainda, referir o seu “Tratado da Ciência Cabala” (publicado postumamente, em 1724), dedicado a Dom Francisco Caetano de Mascarenhas. Este tratado, ao incidir sobre um tema do ocultismo, corria o risco provável de ser censurado pelo Santo Ofício. Verifica-se, de facto, alguma prudência na forma como o autor expõe os seus conhecimentos.

Na “Feira de Anexins” (publicado apenas em 1875), é, de novo, demonstrado o pendor do autor para os provérbios.

Enquanto esteve preso escreveu um volume de memórias que reuniu nas suas Cartas Familiares, publicadas em Roma, em 1664.

Epanáforas de Vária História Portuguesa

Frontispício de Epanáforas de Vária História Portugueza, edição de 1676.

A sua obra historiográfica inclui as Epanáforas de Vária História Portugueza (Lisboa, 1660) sobre temas relacionados com Portugal.

As cinco Epanáforas são: a “Trágica” de 1627; a “Política”, de 1637; a “Bélica” de 1639, a “Triunfante” de 1654 e a “Amorosa”).

A “Epanáfora Amorosa” é considerada como uma obra pioneira no género da novela histórica e melodramática – de Dom Francisco, e com esta característica, contamos também as obras “El Fénis de África” de 1648, sobre Santo Agostinho, e “El Mayor Pequeño”, sobre São Francisco de Assis. Divide-se em duas partes – a primeira conta o episódio lendário da descoberta da ilha da Madeira por dois amantes fugitivos de Inglaterra, Ana d’Arfert e Roberto Machim. A segunda parte descreve a descoberta do arquipélago por João Gonçalves Zarco e Bartolomeu Perestrelo.

Escreveu, ainda, uma História de los Movimientos y Separación de Cataluña (de 1645), muito conceituada na história literária castelhana, e ligada à «Epanáfora Política», já que trata também de uma sublevação contra o domínio filipino (no caso da Epanáfora, a revolta de Évora, ou do Manuelinho, em 1637).

Bélica trata do confronto entre holandeses e espanhóis no Canal de Inglaterra, em que Francisco também participou, em 1639.

Triunfante trata da restauração da soberania portuguesa no estado de Pernambuco, que culmina com a expulsão dos holandeses, por altura da Restauração em Portugal.

As Epanáforas deram-lhe o epíteto de “Tácito português”, pelo seu estilo sintético e conciso, também próprio de Cornélio Tácito, o historiador romano.

Bibliografia

  • Doce Sonetos por varias acciones, en la muerte de la señora D. Ignes de castro, etc. Lisboa, por Mattheus Pinheiro. 1628
  • Politica militar em aviso de generales. etc. Madrid, por Francisco Martinez. 1638
  • Declaracion que por el reyno de Portugal ofrece el doctor Geronimo de Sancta Cruz a todos los reynos y provincias de Europa, contra las calumnias publicadas de sus emulos etc. Lisboa, por Antonio Craesbeeck de Mello. 1633
  • Demontracion que por el reyno de Portugal agora offrece el doctor Geronimo de Sancta Cruz a todos los reynos y provincias de Europa, em prueva de la Declaracion por el mismo autor, etc. Lisboa, por Antonio Craesbeeck de Mello. 1644
  • Eco politico responde em Portugal a la voz de Castilla. Lisboa, por Paulo Craesbeeck. 1645
  • Historia de los movimientos y separacion de Cataluña, y de la guerra etc. S. Vicente (Lisboa), por Paulo Craesbeeck. 1645
  • Manifiesto de Portugal. Lisboa, por Paulo Craesbeeck. 1647
  • El mayor pequeño : vida y muerte del serafim humano Francisco de Assis. Lisboa, por Manuel da Silva. 1647
  • El Fenix de Africa, Augustino Aurelio Obispo Hyponense. Lisboa, por Paulo Craesbeeck. 1648 e 1649.
  • Las tres Musas del Melodino. Lisboa, na officina Craesbeeckiana. 1649
  • Pantheon a la immortalidad del nombre Itade [D. Maria de Ataíde]. Poema tragico. Lisboa, na officina Craesbeeckiana. 1650
  • Relação dos successos da armada, que a Companhia geral de Comercio expediu ao estado do Brasil o anno passado de 1649, etc. Lisboa, na officina Craesbeeckiana. 1650
  • Carta de guia de casados, etc. Lisboa, na officina Craesbeeckiana. 1651
  • Epanaphoras de varia historia portugueza, etc. Lisboa, por Henrique Valente d' Oliveira. 1660
  • Obras Morales (Tome I. Contient : la vitoria del Hombre (tradução de l'usage des passions, de jean-françois senault ). El Fenis de Africa. El mayor pequeño). Em duas partes (dois livros). Roma, por el Falco y Varesio. 1664
  • Primeira parte das cartas familiares, etc. Roma, Officina de Filippe Maria Mancini. 1664
  • Obras metricas. Em três partes. Aí aparece pela primeira vez publicado O Fidalgo apprendiz. Leon de Francia (Lyon), por Horacio Boessat y Geoge Romeus. 1665
  • Aula politica, Curia Militar, Epistola declamatoria ao serenissimo principe D. Theodosio. Lisboa, por Mathias Pereira da Silva & João Antunes Pedroso. 1720
  • Apologos dialogais. Lisboa, por Mathias Pereira da Silva & João Antunes Pedroso. 1721
  • Tratado da sciencia Cabala, etc. Lisboa, por Bernardo da Costa de Carvalho. 1724
  • D. Teodósio II ou D. Teodósio Duque de Bragança, tradução (do castelhano) e prefacio de A. Casimiro, Livraria civilização, Porto, 1944

traduções em linguas estrangeiras

  • L'apprendista Gentiluomo a cura di Enzio di Poppa Volture. Edizioni Fussi. Firenze. Fevereiro de 1958 (italiano)
  • An Historical Account of the Discovery of the Island of Madeira, Abridged from the Portugueze Original. to Which Is Added, an Account of the Present state of the island, in a letter to a friend. Gale Ecco, Print Editions. 2010  : tradução da terceira parte da 'Epanaphora de varia historia portugueza'. (Inglês)

Referências

  1.  Edgar Prestage. Francisco Manuel de Mello. Esboço biographico. Coimbra 1914. Reeditado em 1996, pela Fenda. Prestage cita Camilo Castelo Branco no seu prefácio da Carta de Guia de Casados

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