sábado, 15 de maio de 2021

OPERAÇÃO GRAPPLE - 1957 - TESTE DA 1º BOMBA DE HIDROGÉNIO PELA GRÃ BRETANHA - 15 DE MAIO DE 2021

 


Bomba de hidrogénio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Teste termonuclear durante a Operação Castelo, na detonação da Castle Romeo.
A explosão de uma bomba atômica consegue facilmente arrasar uma grande cidade. Na imagem, a cidade de Hiroshima (Japão) após a explosão da primeira bomba atômica usada contra civis em finais da Segunda Guerra Mundial. Entretanto, a força da bomba jogada sobre Hiroshima, baseada em fissão nuclear, é muitas vezes menor que a de uma bomba de hidrogênio (nunca utilizada em guerra), sendo que a maior bomba de hidrogênio detonada pelo homem teve um poder de destruição 4 000 vezes superior ao da bomba de Hiroshima.

Uma bomba de hidrogénio (português europeu) ou hidrogênio (português brasileiro), designação mais adaptada ao seu significado bomba termonuclear, é um tipo de armamento que consegue ser milhares de vezes mais potente do que qualquer bomba nuclear de fissão.[1]

História

Hans Albrecht Bethe (1906-2005) foi um dos responsáveis pela descrição de como a fusão nuclear podia produzir a energia que faz as estrelas brilharem. Esta teoria foi publicada no seu artigo A Produção de Energia das Estrelas, publicado em 1939, e que lhe valeu o prêmio Nobel em 1967.

Hans Bethe tomou os melhores dados das reações nucleares existentes e mostrou, em detalhe, como quatro prótons poderiam ser unidos e transformados em um núcleo de hélio, libertando a energia que Eddington havia sugerido. O processo que Bethe elaborou no seu artigo, atualmente conhecido como o Ciclo do carbono, envolve uma cadeia complexa de seis reações nucleares em que átomos de carbono e nitrogênio agem como catalisadores para a fusão nuclear. Naquela época, os astrônomos calculavam que a temperatura no interior do Sol fosse de cerca de 19 milhões de Kelvin, e Bethe demonstrou que, àquela temperatura, o ciclo do carbono seria o modo dominante de produção de energia.

Na mesma época, além de Hans Bethe, o físico alemão Carl Friedrich von Weizäcker (19122007) e Charles Critchfield (19101994) identificaram várias das reações de fusão nuclear que mantêm o brilho das estrelas.

A descoberta da fissão nuclear ocorreu a 10 de dezembro de 1938 e foi descrita num artigo submetido ao Naturwissenchaften a 22 de dezembro de 1938, pelos alemães Otto Hahan (18791968) e Fritz Strassmann (19021980) e pela austríaca Lise Meitner (1878–1968).

O italiano Enrico Fermi (19011954) foi uma das pessoas mais importantes no desenvolvimento teórico e experimental da bomba atômica. Quando Benito Mussolini (18831945) aprovou o Manifesto della Razza a 14 de Julho de 1938, impondo leis racistas na Itália fascista, Enrico decidiu aceitar o emprego oferecido pela Columbia University, nos Estados Unidos. Ele e a sua família partiram de Roma para a cerimônia de entrega do Prémio Nobel a Fermi em Dezembro de 1938 e nunca retornaram à Itália. O Nobel foi-lhe dado por seu estudo sobre a radioatividade artificial, com as suas experiências de bombardeamento de urânio com neutrões, criando novos elementos mais pesados, e o seu aumento pela redução da velocidade dos neutrões. Fermi havia descoberto que quando ele colocava uma placa de parafina entre a fonte de neutrões e o urânio, aumentava a radioactividade, pois aumentava a chance do neutrão ser absorvido pelo núcleo de urânio.

Em 1934, o húngaro Leo Szilard (18981964) já havia patenteado a ideia da reação em cadeia e, a 2 de dezembro de 1942, Fermi conseguiu construir uma massa crítica de U235/U238 não separados (na natureza somente 0,7% são do U235 que é ativo), usando grafite para reduzir a velocidade dos neutrões e acelerar a produção de neutrões secundários. Na experiência, ele utilizou barras de cádmio como absorventes de neutrões para regular a experiência e produziu um crescimento exponencial do número de neutrões, isto é, uma reação em cadeia.

Em 1939, os físicos já sabiam que água pesada agia como um moderador, isto é, redutor de velocidade dos neutrões, como a parafina. A água normal (leve) consiste de dois átomos de hidrogênio (H) e um átomo de oxigênio (O). Na água pesada, dois isótopos de hidrogênio, deutério, unem-se com o oxigênio. Água pesada é ainda hoje utilizada como moderador em reatores nucleares de urânio natural.

Em 1939, Szilard convenceu Albert Einstein (1879–1955), um importante físico, com quem ele tinha trabalhado em 1919 em Berlim, a mandar uma carta para o presidente americano Franklin Delano Roosevelt (1933–1945) sobre o desenvolvimento pelos alemães de armas atômicas e pedindo ao presidente que iniciasse um programa americano, que mais tarde se chamaria Projecto Manhattan, chefiado pelo americano Julius Robert Oppenheimer (1904–1967), e levaria ao desenvolvimento do Los Alamos National Laboratory, ao teste Trinity, a 16 de Julho de 1945, com a explosão da primeira bomba atômica em Alamogordo, no Novo México, e à construção das bombas Little Boy (de 20 mil toneladas de T.N.T - 20 KiloTons) e Fat Man, que seriam utilizadas em Hiroshima e Nagasaki em 6 e 9 de Agosto de 1945.

O húngaro Edward Teller (1908–2003), sob protestos de Fermi e Szilard, chefiou o desenvolvimento da bomba de fusão de hidrogênio, que utiliza uma bomba de fissão como gatilho para iniciar a colisão do deutério com o trítio. A bomba de hidrogênio, Ivy Mike (com intensidade equivalente à detonação de 10,4 megatoneladas de T.N.T.) foi testada a 31 de Outubro de 1952, em Eniwetok.

A primeira bomba de hidrogênio explodiu durante uma experiência feita pelos Estados Unidos em 1952. Detonou com uma força de dez megatons, igual à explosão de dez milhões de toneladas de TNT, um forte explosivo convencional. A potência desta terrível arma mostrou ser 750 vezes superior à das primeiras bombas atômicas e suficiente para arrasar qualquer grande cidade.

Em 1961, a União Soviética experimentou a bomba mais poderosa até então concebida (apelidada de Tsar Bomba), à qual foi atribuída uma força de 57 megatons. Inicialmente, a Tsar era uma bomba de 100 megatons. Porém, temendo que a explosão resultasse em uma tempestade radioativa que atingiria a Europa ou o próprio território russo, sua potência foi reduzida pela metade.[2]

Já o teste nuclear mais potente realizado pelos Estados Unidos foi o Castle Bravo, realizado no dia 1 de março de 1954. O projeto da bomba previa um rendimento de 6 Megatons, mas devido a um erro de cálculo, explodiu com uma força de 15 MT. [3][4]

Até os dias de hoje, início do século XXI, ainda não é possível controlar a reação de fusão nuclear para aplicações pacíficas, como já é realizado como a fissão nuclear. Um dos fatores que pesam contra o seu uso é a falta de uma maneira para se controlar temperaturas altíssimas (cerca de 100 milhões de graus Celsius).

Explicação científica

Na bomba de hidrogênio, um disparador de bomba atômica inicia uma reação de fusão nuclear num composto químico de deutério e trítio, produzindo instantaneamente o hélio-4, que por sua vez reage com o deutério. Porém, os cientistas militares foram mais além, no que diz respeito ao poder destrutivo da bomba, envolvendo-a em urânio natural. Os poderosos neutrões libertos pela fusão causam depois uma explosão por fissão nuclear no invólucro de urânio.

Para que uma reação nuclear ocorra, as partículas precisam vencer a Barreira de Coulomb repulsiva entre as partículas (descoberta por Charles Augustin de Coulomb17361806), dada por , enquanto que a energia cinética entre as partículas é determinada por uma distribuição de velocidades de Maxwell-Boltzmann correspondente à energia térmica 

Para temperaturas da ordem de dezenas a centenas de milhões de graus, a energia média das partículas interagentes é muitas ordens de magnitudes menor do que a barreira Coulombiana que as separa. As reações ocorrem pelo efeito de tunelamento quântico, proposto em 1928 pelo físico russo-americano George Gamow (1904–1968). As partículas com maior chance de penetrar a barreira são aquelas com a máxima energia na distribuição de Maxwell-Boltzmann (dada por ).

A explicação de von Weizäcker e Critchfield para as reacções de fusão nuclear que mantêm o brilho das estrelas é dada pela equação . Hoje em dia, o valor aceito para a temperatura do núcleo do Sol é de 15 milhões de Kelvin, e a esta temperatura, como explicitado por Bethe no seu artigo, o ciclo próton-próton domina.

A liberação de energia pelo ciclo do carbono é proporcional à 20ª potência da temperatura, como explicitado em , para temperaturas da ordem de 10 milhões de K, como no interior do Sol. Já para o ciclo próton-próton, a dependência é muito menor, com a quarta potência da temperatura, como explicitado em .

Atualmente, sabe-se que o Ciclo do carbono contribui pouco para a geração de energia para estrelas de baixa massa como o Sol, porque as suas temperaturas centrais são baixas, mas domina para estrelas mais massivas. Rigel, por exemplo, tem temperatura central da ordem de 400 milhões de Kelvin. Quanto maior for a temperatura central, mais veloz será o próton, e maior a sua energia cinética, suficiente para penetrar a repulsão Coulombiana de núcleos com maior número de prótons.

astrofísica demonstrou que as leis físicas que conhecemos na nossa limitada experiência na Terra são suficientes para estudar completamente o interior das estrelas. Desde as descobertas de Bethe, o cálculo de evolução estelar através da união da estrutura estelar com as taxas de reações nucleares tornou-se um campo bem desenvolvido e astrônomos calculam com confiança o fim de uma estrela como o nosso Sol daqui a 6,5 bilhões de anos como uma anã branca, após a queima do hélio em carbono pela reacção , conforme em , e a explosão de estrelas massivas como supernovas.

Três átomos de hélio colidem, formando um carbono e liberando fótons. Sabemos com certeza que o Sol converte aproximadamente 600 milhões de toneladas de hidrogénio em hélio por segundo, mantendo a vida aqui na Terra. Esta energia produzida pelo Sol, de  ergs/s é equivalente a 5 bilhões de bombas de hidrogênio por segundo. Para comparar, a primeira bomba atômica, de urânio, chamada de Little Boy, e que explodiu sobre a cidade de Hiroshima, tinha uma potência de 20 mil toneladas de TNT (trinitrotolueno). Uma bomba de hidrogênio tem uma potência de 20 milhões de toneladas de TNT.

A fusão nuclear também ocorre no Sol, e na maioria das estrelas, onde são encontradas temperaturas de um milhão a dez milhões de graus Celsius. Como o Sol tem 4,5 bilhões de anos, ele não nasceu do material primordial (hidrogênio e hélio) que preenchia o Universo cerca de 500 000 anos após o Big Bang, mas sim de material já reciclado. Este material passou alguns milhares de milhões de anos numa estrela que se tornou uma supergigante e explodiu como supernova, ejetando hidrogênio e hélio no espaço, juntamente com cerca de 3% de elementos mais pesados, como carbono, oxigênio, enxofre, cloro e ferro que tinham sido sintetizados no núcleo da supergigante, antes desta tornar-se uma supernova. O material ejetado começou a concentrar-se por algum evento externo, como a explosão de outra supernova ou a passagem de uma onda de densidade, e, com o aumento de sua densidade, as excitações por colisões atômicas e moleculares provocaram a emissão de radiação. Esta perda de energia por radiação torna a contração irreversível, forçando o colapso gravitacional. A segunda lei da termodinâmica nos ensina que um processo que envolve um fluxo líquido de radiação é irreversível, já que há aumento da entropia, representada pela perda da radiação.

O conceito de entropia foi formulado pelo físico matemático alemão Rudolf Julius Emanuel Clausius (18221888), e mede quão próximo do equilíbrio — isto é, perfeita desordem interna — um sistema está. A entropia de um sistema isolado só pode aumentar, e quando o equilíbrio for alcançado, nenhuma troca de energia interna será possível. Somente quando a temperatura da parte interna desta nuvem colapsante alcança cerca de 10 milhões de Kelvin, a contração é interrompida, pois então a energia nuclear é importante fonte de energia. O conceito de entropia está intimamente ligado ao conceito de calor. Quando um sistema recebe entropia (calor), ele recebe energia. Se um corpo a uma temperatura T recebe entropia (S), ele absorve energia (E) equivalente ao produto da temperatura pela entropia, conforme 

A entropia (calor) pode ser transportada, armazenada e criada. A entropia é o transportador da energia em processos térmicos. Ela pode ser criada em processos irreversíveis, como queima, fricção, transporte de calor, mas não pode ser destruída. A quantidade de energia usada na criação de entropia é dita dissipada.

Quando 2 átomos de hidrogênio se transformam em deutério, no primeiro passo da fusão do hidrogênio (), este 1,4 MeV corresponde a 1,6 ×10^10 cal/grama igual a 2 milhões de vezes a energia liberada na combustão de um grama de carvão.

Notas

A unidade de calor é chamada Carnot (Ct, igual a 1 Joule/Kelvin), em honra ao físico francês Nicolas Léonard Sadi Carnot (17961832). 1 Ct é a quantidade de calor necessária para derreter um centímetro cúbico de gelo.

Ver também

Referências

  1.  R7 Notícias, ed. (3 de setembro de 2017). «Bomba H da Coreia é mil vezes mais forte que artefato atômico comum». Consultado em 6 de setembro de 2017
  2.  «A bomba do fim do mundo | Superinteressante». 11 de dezembro de 2015. Consultado em 16 de julho de 2016
  3.  «Explosões atômicas mostram que a destruição pode ter seu lado belo». 23 de maio de 2014. Consultado em 16 de julho de 2016
  4.  «7 Maiores Explosões Provocadas Pelo Homem - 7mais». 19 de setembro de 2015. Consultado em 16 de julho de 2016

Ligações externas

ROYAL OPERA HOUSE - INAUGURADA EM 1858 - 15 DE MAIO DE 2021

 

Royal Opera House

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Royal Opera House
Fachada do Royal Opera House.
LocalizaçãoCovent GardenLondres Reino Unido
Coordenadas51° 30′ 46,41″ N, 0° 07′ 21,96″ O
TipoTeatro de ópera
Inauguração7 de dezembro de 1732 (288 anos)
Reformação1997 - 1999
2015-2018[1]
Expansão1984
ProprietárioGoverno de Sua Majestade
(The Royal Ballet)
Antigos nomesTheatre Royal
Covent Garden
Capacidade2 256 espectadores
Websitewww.roh.org.uk/

Royal Opera House é uma casa de ópera e principal casa de espetáculos no distrito de Covent Garden, em Londres, uma das mais importantes do mundo. O edifício maior, comumente chamado apenas de Covent Garden, é a sede da Royal Opera, do Royal Ballet e da orquestra da ópera Real.

O edifício atual é o terceiro teatro erguido no local. A fachada, o foyer e o auditório datam de 1858, mas quase todos os outros elementos do atual complexo datam de uma extensa reconstrução efetuada nos anos 90 do século XX e também por uma segunda reforma na Década de 2010. O Royal Opera House comporta 2 268 pessoas e possui quatro fileiras de boxes e balcões, e a galeria do anfiteatro. O proscênio possui 12,20 m de largura e 14,80 m de altura.

O auditório principal é considerado grau 1 no listed building.

Histórico

As patentes de Davenant

"Rich's Glory": John Rich assume (em aparente invasão) seu novo Covent Garden Theatre, no século XVIII.

A fundação do Theatre Royal, Covent Garden remonta às chamadas cartas-patente lançadas por Carlos II ao Sir William Davenant em 1660, autorizando a Davenant como uma das duas companhias que eram autorizadas a apresentar-se em Londres (a Duke's Company), com a patente teatral. A carta patente permaneceu na posse da Opera House até depois da I Guerra Mundial, quando o documento foi vendido para uma biblioteca universitária estadunidense.

Imagem do primeiro teatro, feito pouco antes do incêndio que o destruiu completamente, em 1808.
Desenho satírico de 1811 dos chamados Buracos de Pombo, que ladeavam as galerias superiores do Covent Garden

A fundação do Teatro Real, Covent Garden mentiras na patente de cartas premiada por Charles II a Senhor William Davenant em 1660, permitindo Davenant para operar um de só duas companhias de teatro de patente (a Companhia de O Duque) em Londres. A patente de cartas permaneceu na posse da Casa de Ópera até logo após o Primeira Guerra Mundial, quando o documento foi vendido para uma biblioteca universitária americana.

O primeiro teatro

Em 1728John Rich, ator e produtor da Duke's Company da Lincoln's Inn Fields Theatre, comissionou a The Beggar's Opera, de John Gay. O sucesso dessa empreitada lhe garantiu o capital necessário para a construção do Theatre Royal (projetado por Edward Shepherd) no local do antigo jardim do convento (covent garden), parte de onde, nos anos de 1630, Inigo Jones erguera uma praça e igreja. Além disso, uma Escritura Real (Royal Charter) havia ali estabelecido um mercado de frutas e vegetais, mercado este que sobreviveu até 1974. Sua inauguração deu-se a 7 de dezembro de 1732, quando Rich foi carregado por seus atores em cortejo triunfal até o interior, onde foi apresentada a produção The Way of the World, de William Congreve.[2]

Durante os primeiros cem anos ou durante sua história, o teatro foi principalmente uma casa de espetáculos, com a carta-patente garantida por Carlos II tinha assegurado o selo de privilégio real para apresentação exclusiva em Londres de dramas. Apesar do frequente intercâmbio entre o Covent Garden e a Drury Lane Comp., que tinham intensa competição, era frequente a apresentação das mesmas peças. Rich introduziu a pantomima no seu repertório, ele próprio representando (sob o pseudônimo de John Lun, como Arlequim) e a sazonal pantomima transformou-se numa tradição, que continuou no moderno teatro até 1939.

Em 1734 o Covent Garden apresentou seu primeiro baléPigmaliãoMarie Sallé rompeu com as convenções, despindo-se de seu colete, e dançou em roupas diáfanas.[3] George Frideric Handel foi nomeado diretor musical da companhia, na Lincoln's Inn Fields, em 1719, mas sua primeira estação de ópera, no Covent Garden, não foi apresentada antes de 1735. Sua primeira ópera foi Il pastor fido, seguida por Ariodante (1735), estreando Alcina, e Atalanta no ano seguinte. Foi feita uma apresentação real do Messiah em 1743, cujo sucesso iniciou a tradição de sua apresentação durante a Quaresma. De 1735 até sua morte em 1759 Handel fez apresentações regulares ali, e muitas de suas óperas e oratórios foram escritos para o Covent Garden, ou tiveram ali suas estreias londrinas. Ele doou seu órgão a John Rich, e este foi colocado em posição de destaque no estágio, mas foi um dentre muitos itens valiosos que se perderam com a destruição do teatro, num incêndio, em 1808.

O auditório do segundo teatro, pouco depois de reaberto.

Em 1775, Richard Brinsley Sheridan estreou no Covent Garden sua peça The Duenna.

O segundo teatro

Reconstruído a partir de dezembro de 1808, o segundo Teatro Real de Covent Garden (desenhado pelo arquiteto Robert Smirke), abriu em 18 de setembro de 1809 com a performance de Macbeth, seguido por uma atração musical chamada The Quaker. O ator e diretor John Philip Kemble, elevando o preço dos ingressos para recuperar o valor investido na restauração, tornou-se bastante impopular e gerou manifestações contrárias que incluíam as batidas das bengalas, assovios, gritos e danças durante as apresentações. Foram as chamadas Revoltas dos Preços Velhos (Old Price Riots), que duraram cerca de dois meses, até que a administração viu-se forçada a ceder às reivindicações da audiência.

Durante esse tempo os entretenimentos apresentados eram variados; foram encenados balés e óperas, mas não exclusivamente. Kemble realizou uma gama de apresentações, incluindo uma criança performista - Master Betty; o famoso palhaço Joseph Grimaldi ali apresentou-se. Muitos atores famosos da época atuaram no Covent Garden, inclusive a trágica Sarah Siddons, os especialistas na obra Shakespeareana William Charles MacreadyEdmund Kean e seu filho Charles. Em 25 de março de 1833, Edmond Kean teve um colapso no palco, durante apresentação de Othello, vindo a morrer dois meses depois.

Joseph Grimaldi, como palhaço (cartaz contemporâneo)

Na pantomima de 1806 o palhaço Joseph Grimaldi apresentou seu maior sucesso (Mamãe Ganso, então denominada Arlequim e Mamãe Ganso - ou o Ovo de Ouro) no Covent Garden, e ela foi reencenada no novo teatro. Grimaldi foi um inovador: seu palhaço Joey foi uma personagem construída na imagem de Arlequim então vigente, derivada da Commedia dell'arte. Seu pai havia sido um mestre-bailarino da Drury Lane, e sua comédia física, sua habilidade para a realização de truques visuais e bufonaria, somavam-se a sua grande habilidade em zombar com a plateia.

As primeiras pantomimas eram constituídas por mímicas acompanhadas por música, mas com a popularidade do Music Hall, Grimaldi introduziu uma "dama da pantomima" no teatro, que era responsável por iniciar a tradição de cantar para a plateia. Numa apresentação de dança e palhaçada em 1821, Grimaldi ficou fisicamente abalado, podendo apenas caminhar, sendo forçado a aposentar-se do teatro.[4] Em 1828, estando sem recursos, o Covent Garden realizou um concerto beneficente para auxiliá-lo.

Em 1817 lampiões a gás substituíram as velas anteriores, e lâmpadas a óleo iluminaram o palco do Covent Garden. Isso foi uma melhoria, mas em 1837 Macready utilizou pela primeira vez um sistema inovador de holofotes[5] durante a apresentação duma pantomima: isso permitiu realçar os atores, no palco.

Theatres Act de 1843 rompeu o monopólio das patentes teatrais para apresentações dramáticas. A este tempo o Teatro de Sua Majestade no Haymarket era o principal centro de balé e ópera, mas uma disputa entre a diretoria e o maestro Michael Costa, em 1846, o fez transferir-se para o Covent Garden, levando consigo a maioria dos membros de sua companhia. O auditório foi completamente remodelado e o teatro reabriu com a apresentação da Real Ópera Italiana, em 6 de abril de 1847, com apresentação de Semíramis, de Rossini.

O Teatro Real de Covent Garden na década de 1820.

Em 1852, Louis Antoine Jullien, excêntrico compositor e maestro francês, apresentou uma ópera de sua composição, Pietro il Grande. Os cinco atos procuravam ser espetaculares, incluindo a apresentação de cavalos vivos em cena e uma música muito alta. Os críticos consideraram aquilo um fracasso completo e Julien viu-se arruinado, fugindo para a América.[6][7]

O terceiro teatro

Em 5 de março de 1856, o teatro voltou a ser destruído pelo fogo. O trabalho para o terceiro teatro, com desenho de Edward Middleton Barry, começou em 1857 e o novo edifício, que mantém o núcleo do atual, reabriu em 15 de maio de 1858 com a apresentação da obra de MeyerbeerLes Huguenots.

A companhia Royal English Opera, sob direção de Louisa Pyne e William Harrison, fez sua última apresentação no Theatre Royal, Drury Lane, em 11 de dezembro de 1858 e fixou residência no Royal Opera House no dia 20 deste mês, com a apresentação de Satanella, de Michael Balfe,[8] e continuou no teatro até 1864.

O teatro passou a chamar-se Royal Opera House (ROH) em 1892, e o número de trabalhos franceses e alemães de seu repertório aumentou. As estações de inverno e verão de ópera foram estabelecidas, sendo o edifício também usado para pantomimas, recitais e reuniões políticas.

Durante a I Guerra Mundial o teatro foi requisitado pelo Ministério do Trabalho para depósito de equipamentos.

De 1934 a 1936 Geoffrey Toye foi seu Diretor Administrativo, trabalhando ao lado do Diretor artístico, Sir Thomas Beecham. Apesar de iniciar com sucesso, veio Toye a renunciar e Beecham também saiu.[9]

Durante a II Guerra Mundial o ROH tornou-se um salão de dança. Houve a possibilidade que permanecesse assim, após o conflito mas, após longas negociações, a empresa musical Boosey & Hawkes arrendaram o edifício. David Webster foi designado Administrador Geral, e o Sadler's Wells Ballet foi convidado a se tornar a companhia residente. Foi criada a Covent Garden Opera Trust com o plano de "estabelecer o Covent Garden como o centro nacional de ópera e balé, empregando artistas britânicos em todos os departamentos, onde isso for consentâneo com a manutenção dos melhores padrões possíveis..."[10]

O Royal Opera House reabriu em 20 de fevereiro de 1946 com a apresentação de A Bela Adormecida numa nova e extravagante produção idealizada por Oliver Messel. Webster, com seu diretor musical Karl Rankl]], imediatamente começou a montar uma companhia residente. Em dezembro de 1946 dividiram sua primeira produção: The Fairy-Queen, de Henry Purcell, com a companhia de balé. Em 14 de janeiro de 1947 a Covent Garden Opera Company fez sua estreia com Carmen de Bizet.

Reconstrução na década de 1990

Muitas renovações fora feitas em partes da casa nos anos sessenta do século XX, incluindo melhorias no anfiteatro e uma extensão em sua parte de fundos, mas o teatro precisava de uma ampla reforma. Em 1975 o governo doou um terreno adjacente para Royal Opera House para que fosse modernizada, renovada e ampliada. Até 1995 foram levantados fundos suficientes que permitiram à Carillion]][11] - empresa pública de construção - arcar com as despesas de construção, que teve lugar entre 1996 e 2000, sob comando de Sir Angus Stirling. Para tanto foi necessária a demolição de quase todo o local, incluindo edifícios adjacentes, para abrir espaço à ampliação do complexo. O próprio auditório permaneceu original, mas representa apenas a metade de todo o novo complexo.

A equipe de projetistas foi liderada por Jeremy Dixon e Ed Jones, arquitetos da Dixon Jones BDP. Os projetistas da acústica foram Rob Harris e Jeremy Newton, da Arup Acoustics.

O novo prédio tem o tradicional auditório em formato de ferradura como antes, mas com grandes melhorias técnicas, com espaço para ensaios, escritórios e instalações educacionais, um novo teatro-estúdio chamado Linbury Theatre, e muito mais espaços públicos. A inclusão do velho Floral Hall, que pertencia ao Mercado de Covent Garden mas que estava em abandono por muitos anos, criou um novo espaço público bastante amplo, como parte da casa de ópera.

Informações, projetadas sobre uma tela no proscênio, é usada em todas as apresentações de ópera. Um sistema de libretos eletrônicos é provido em pequenas telas de vídeo disponíveis em alguns assentos, e monitores e telas adicionais são dispostas em outras partes da casa, assinalando as inovações tecnológicas.

Leituras adicionais

  • Allen, Mary, A House Divided, Simon & Schuster, 1998
  • Beauvert, Thierry, Opera Houses of the World, The Vendome Press, New York, 1995.
  • Donaldson, Frances, The Royal Opera House in the Twentieth Century, Weidenfeld & Nicolson, London, 1988.
  • Earl, John and Sell, Michael Guide to British Theatres 1750-1950, pp. 136–8 (Theatres Trust, 2000) ISBN 0-7136-5688-3
  • Haltrecht, Montague,The Quiet Showman: Sir David Webster and the Royal Opera House, Collins, London, 1975.
  • Lebrecht, Norman, Covent Garden: The Untold Story: Dispatches from the English Culture War, 1945-2000, Northeastern University Press, 2001.
  • Lord Drogheda, et al., The Covent Garden Album, Routledge & Kegan Paul, London, 1981
  • Moss, Kate, The House: Inside the Royal Opera House Covent Garden, BBC Books, London, 1995.
  • Rosenthal, Harold, Opera at Covent Garden, A Short History, Victor Gollancz, London, 1967.
  • Tooley, John, In House: Covent Garden, Fifty Years of Opera and Ballet, Faber and Faber, London, 1999.
  • Thubron, Colin (text) and Boursnell, Clive (photos), The Royal Opera House Covent Garden, Hamish Hamilton, London, 1982.

Referências

  1.  https://casavogue.globo.com/MostrasExpos/Arquitetura/noticia/2018/09/royal-opera-house-de-londres-passa-por-reforma-de-275-milhoes-de-reais.html
  2.  O ingresso para uma das 55 boxes custava 5 xelin (1/4 £), para as "covas" - pit, em inglês - o valor era meia coroa (1/8 £), e na galeria pagava-se um xelin (1/20 £). Um assento no estágio custava 10 xelins. Era permitido enviar criados com antecedência para guardar os lugares de seus senhores e senhoras no estágio. O caixa da primeira noite registrou uma arrecadação de 115£.
  3.  História dos primeiros balés, pela North Eastern University - website acessado em 22 Dezembro de 2006.
  4.  "Boz" (ed.) (Charles Dickens), Memoirs of Joseph Grimaldi, 1853 edition with Notes and Additions by Charles Whitehead, acessada em 22 de fevereiro de 2007
  5.  Luminária Drummond - sistema que emprega uma chama de oxigênio com hidrogênio sobre uma pastilha de óxido de cálcio
  6.  Louis-Antoine Jullien (em francês) acessado em 21 de Dezembro de 2007
  7.  Louis Antoine Jullien (Biografia na Encyclopaedia Brittanica 1911) Arquivado em 18 de novembro de 2007, no Wayback Machine. acessado em 21 de Dezembro de 2007
  8.  Reviews, "Drury-Lane Theatre", The Times13 de dezembro1858, pg. 10
  9.  Jefferson, Alan, Sir Thomas Beecham: a Centenary Tribute, London: Macdonald and Jane’s, 1979 ISBN 0-354-04205-x
  10.  Rosenthal, op cit.
  11.  «Royal Opera House case study». Consultado em 4 de julho de 2008. Arquivado do original em 4 de janeiro de 2010

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