sexta-feira, 26 de março de 2021

DIA DO LIVRO PORTUGUÊS - 26 DE MARÇO DE 2021

 


Livro

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Livro (desambiguação).
Livro
Austria - Admont Abbey Library - 1407.jpg
Tipo
Documento, publicação (en), colecionável (en)Visualizar e editar dados no Wikidata
Características
Material
Composto de
Textopágina, capítulo de livro (en)Visualizar e editar dados no Wikidata
Utilização
Uso
Fonte de informação, leituraVisualizar e editar dados no Wikidata
Livros.
Exemplar do livro de Georg Büchmann, Geflügelte Worte, edição de 1898.
Arquitetura em forma de livro de um anexo da Biblioteca Nacional da Alemanha

Livro (do latim liberlibri[1]) é um objeto transportável, composto por páginas encadernadas, contendo texto manuscrito ou impresso e/ou imagens e que forma uma publicação unitária (ou foi concebido como tal) ou a parte principal de um trabalho literário, científico ou outro, formando um volume.

Em ciência da informação, o livro é chamado monografia, para distingui-lo de outros tipos de publicações como revistas, periódicos, teses, tesauros, artigos etc.

O livro é um produto intelectual e, como tal, encerra conhecimento e expressões individuais ou coletivas. Mas também é nos dias de hoje um produto de consumo, um bem. Portanto, a parte final de sua produção é realizada por meios industriais (impressão e distribuição), envolvendo também o design de livros. A tarefa de criar um conteúdo passível de ser transformado em livro é tarefa do autor. Já a produção dos livros, no que concerne a transformar os originais num produto comercializável, é tarefa do editor, em geral contratado por uma editora. A coleta, a organização e a indexação de coleções de livros, por outro lado, é típica do bibliotecário. Finalmente, destaca-se também o livreiro, cuja função principal é disponibilizar os livros editados ao público em geral, vendendo-os nas livrarias generalistas ou de especialidade. Compete também ao livreiro todo o trabalho de pesquisa que vá ao encontro da vontade dos leitores.

História

A história do livro é uma história de inovações técnicas que permitiram a melhora da conservação dos volumes e do acesso à informação, da facilidade em manuseá-lo e produzi-lo. Esta história está intimamente ligada às contingências político-econômicas e à história de ideias e religiões.

Antiguidade

Uma seção original do Livro dos Mortos egípcio, escrito em papiro.

A escrita surgiu na antiguidade, antecedente ao texto e ao livro. A escrita consiste em um de código capaz de transmitir e conservar noções abstratas ou valores concretos, em suma, palavras. É importante destacar que o meio condiciona o signo, ou seja, a escrita foi em alguns momentos orientada por esse tipo de suporte; não é possível esculpir em papel ou escrever em mármore, por exemplo.

Os primeiros suportes utilizados para a escrita foram tabuletas de argila ou de pedra em escrita cuneiforme encontradas na Mesopotâmia. O livro mais antigo conhecido é o Instruções a Xurupaque (c2600-c2500). Considerando as limitações que os suportes materiais possuíam, os livros da Idade do Bronze eram relativamente curtos. A Epopeia de Gilgamesh, por exemplo, é a maior obra literária em tabuletas de argila, e suas traduções ocidentais não chegam a 16 mil palavras.

Mais tarde veio o khartés, (volumen para os romanos, forma pela qual ficou mais conhecido) que consistia em um cilindro de papiro, facilmente transportável. O "volumen" era desenrolado conforme ia sendo lido, e o texto era escrito na maioria das vezes em colunas, e não no sentido do eixo cilíndrico. Algumas vezes, um mesmo cilindro continha várias obras e, por conta disso, era denominado tomo. O comprimento total de um "volumen" era de c. 6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro chegava a seis centímetros.

O papiro consiste em uma parte da planta, que era liberadalivrada (latim libere, livre) do restante da planta - daí surge a palavra liber libri, em latim, e posteriormente livro em português. Os fragmentos de papiros mais "recentes" são datados do século II a.C..

Aos poucos o papiro é substituído pelo pergaminho, excerto de couro bovino ou de outros animais. A vantagem do pergaminho é que ele se conserva mais ao longo do tempo. O nome pergaminho deriva de Pérgamo, cidade da Ásia menor onde teria sido inventado e onde era muito usado. O "volumen" também foi substituído pelo códex, que era uma compilação de páginas, não mais um rolo. O códex surgiu entre os gregos como forma de codificar as leis, mas foi aperfeiçoado pelos romanos nos primeiros anos da Era Cristã. O uso do formato códice (ou códice) e do pergaminho era complementar, pois era muito mais fácil costurar códices de pergaminho do que de papiro.

Uma consequência fundamental do códice é que ele faz com que se comece a pensar no livro como objeto, identificando definitivamente a obra com o livro.

Uma antiga bíblia cristã feita em códex.

A consolidação do códex acontece em Roma, como já citado. Em Roma a leitura ocorria tanto em público (para a plebe), evento chamado recitatio, como em particular, para os ricos. Além disso, é muito provável que em Roma tenha surgido pela primeira vez a leitura por lazer (voluptas), desvinculada do senso prático que a caracterizara até então. Os livros eram adquiridos em livrarias. Assim aparece também a figura do editor, com Atticus, homem de grande senso mercantil. Algumas obras eram encomendadas pelos governantes, como a Eneida, encomendada a Virgílio por Augusto.

Acredita-se que o sucesso da religião cristã se deve em grande parte ao surgimento do códice, pois a partir de então tornou-se mais fácil distribuir informações em forma escrita.

Idade Média

Na idade Média o livro sofre um pouco, na Europa, as consequências do excessivo fervor religioso, e passa a ser considerado em si como um objeto de salvação. A característica mais marcante da Idade Média é o surgimento dos monges copistas, homens dedicados em período integral a reproduzir as obras, herdeiros dos escribas egípcios ou dos libraii romanos. Nos mosteiros era conservada a cultura da Antiguidade. Apareceram nessa época os textos didáticos, destinados à formação dos religiosos.

O livro continua sua evolução com o aparecimento de margens e páginas em branco. Também surge a pontuação no texto, bem como o uso de letras maiúsculas. Também aparecem índices, sumários e resumos, e na categoria de gêneros, além do didático, aparecem os florilégios (coletâneas de vários autores), os textos auxiliares e os textos eróticos. Progressivamente aparecem livros em língua vernácula, rompendo com o monopólio do latim na literatura. O papel passa a substituir o pergaminho.

Mas a invenção mais importante, já no limite da Idade Média, foi a impressão, no século XIV. Consistia originalmente da gravação em blocos de madeira do conteúdo de cada página do livro; os blocos eram mergulhados em tinta, e o conteúdo transferido para o papel, produzindo várias cópias. Foi em 1405 surgia na China, por meio de Pi Sheng, a máquina impressora de tipos móveis, mas a tecnologia que provocaria uma revolução cultural moderna foi desenvolvida por Johannes Gutenberg.[2]

Idade Moderna

No Ocidente, em 1455Johannes Gutenberg inventa a imprensa com tipos móveis reutilizáveis, o primeiro livro impresso nessa técnica foi a Bíblia em latim.[3][4] Houve certa resistência por parte dos copistas, pois a impressora punha em causa a sua ocupação. Mas com a impressora de tipos móveis, o livro popularizou-se definitivamente, tornando-se mais acessível pela redução enorme dos custos da produção em série.

Com o surgimento da imprensa desenvolveu-se a técnica da tipografia, da qual dependia a confiabilidade do texto e a capacidade do mesmo para atingir um grande público. As necessidades do tipo móvel exigiram um novo desenho de letras; caligrafias antigas, como a Carolíngea, estavam destinadas ao ostracismo, pois seu excesso de detalhes e fios delgados era impraticável, tecnicamente.

Uma das figuras mais importantes do início da tipografia é o italiano Aldus Manutius. Ele foi importante no processo de maturidade do projeto tipográfico, o que hoje chamaríamos de design gráfico ou editorial.[5] A maturidade desta nova técnica levou, entretanto, cerca de um século.

Livro eletrônico

Ver artigo principal: livro digital
A decoração da encadernação é um importante aspecto visual e de atração dos livros. Em bibliotecas e livrarias, a parte lateral é que indica o nome e atraí o leitor no meio de uma estante.

De acordo com a definição dada no início deste artigo, o livro deve ser composto de um grupo de páginas encadernadas e ser portável. Entretanto, mesmo não obedecendo a essas características, surgiu em fins do século XX o livro eletrônico, ou seja, o livro num suporte eletrônico computorizado.[6]

Existem livros eletrônicos disponíveis tanto para computadores de mesa quanto para computadores de mão, os palmtops ou tablets. Uma dificuldade que o livro eletrônico encontra é que a leitura num suporte de papel é cerca de 1,2 vez mais rápida do que em um suporte eletrônico, mas pesquisas vêm sendo feitas no sentido de melhorar a visualização dos livros eletrônicos.

A produção do livro

Biblioteca moderna em Chambery, França

A criação do conteúdo de um livro pode ser realizada tanto por um autor sozinho quanto por uma equipe de colaboradores, pesquisadores, co-autores e ilustradores. Tendo o manuscrito terminado, inicia a busca de uma editora que se interesse pela publicação da obra (caso não tenha sido encomendada). O autor oferece ao editor os direitos de reprodução industrial do manuscrito, cabendo a ele a publicação do manuscrito em livro. As suas funções do editor são intelectuais e econômicas: deve selecionar um conteúdo de valor e que seja vendável em quantidade passível de gerar lucros ou mais-valias para a empresa. Modernamente o desinteresse de editores comerciais por obras de valor mas sem garantias de lucros tem sido compensado pela atuação de editoras universitárias (pelo menos no que tange a trabalhos científicos e artísticos).[7]

Cabe ao editor sugerir alterações ao autor, com vista a ajustar o livro ao mercado. Essas alterações podem passar pela editoração do texto, ou pelo acréscimo de elementos que possam beneficiar a utilização/comercialização do mesmo pelo leitor. Uma editora é composta pelo Departamento editorial, de produção, comercial, de Marketing, assim como vários outros serviços necessários ao funcionamento de uma empresa, podendo variar consoante as funções e serviços exercidos pela empresa. Na mesma trabalham os editores, revisores, gráficos e designers, capistas, etc. Uma editora não é necessariamente o produtor do livro, sendo que quase sempre essa função de reprodução mecânica de um original editado é feita por oficinas gráficas em regime de prestação de serviço. Dessa forma, o trabalho industrial principal de uma editora é confeccionar o modelo de livro-objeto, trabalho que se dá através dos processos de edição e composição gráfica/digital.[8]

Livros

A fase de produção do livro é composta pela impressão (posterior à imposição e montagem em caderno - hoje em dia digital), o alceamento e o encapamento. Podendo ainda existir várias outras funções adicionais de acréscimo de valor ao produto, nomeadamente à capa, com a plastificação, relevos, pigmentação, e outros acabamentos.

Terminada a edição do livro, ele é embalado e distribuído, sendo encaminhado para os diferentes canais de venda, como os livreiros, para daí chegar ao público final.

Pelo exposto acima, talvez devêssemos considerar que a categoria livro seja a concepção de uma coleção de registros em algum suporte capaz de transmitir e conservar noções abstratas ou valores concretos.

No início de 2007, foi noticiada a invenção e fabricação, na Alemanha, de um papel eletrônico, no qual são escritos livros.[9][10]

Livros publicados no mundo

Segundo o Google, em pesquisa publicada no dia 6 de agosto de 2010, existem no mundo 129 864 880 livros.[11]

Classificação dos livros

Os livros atualmente podem ser classificados de acordo com seu conteúdo em duas grandes categorias: livros de leitura sequencial e obras de referência.[12]

Obras de referência

Cânones da literatura ocidental

Não é raro que se procure uma indicação de clássicos da literatura. Em 1994, o crítico americano Harold Bloom publicou a obra Cânone Ocidental, em que discutia a influência dos grandes livros na formação do gosto e da mentalidade do ocidente. Bloom considera a tendência de se abandonar o esforço em se criar cânones culturais nas universidades, para evitar problemas ideológicos, problemática para o futuro da educação, existe também uma das maiores obras do tipo no mundo escrita pelo austro-brasileiro Otto Maria Carpeaux no princípio da década de 1940 a chamada História da Literatura Ocidental.

Ver também

Referências

  1.  «livro»Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 9 de julho de 2020
  2.  Cinderela Caldeira. «Revista espaço aberto, outubro 2002 n.24»Espaço Aberto USP. Consultado em 12 de fevereiro de 2012
  3.  Rainer Sousa. «Origem dos livros»História do Mundo. Consultado em 12 de fevereiro de 2012
  4.  «A História do Livro»Amigos do Livro. Consultado em 12 de fevereiro de 2012
  5.  Paulo Heitlinger. «Aldus Manutius». tipografos.net. Consultado em 12 de fevereiro de 2012
  6.  «O que é um livro eletrônico?». Vritual Books Online. Consultado em 12 de fevereiro de 2012. Arquivado do original em 23 de março de 2012
  7.  Paulo Heitlinger. «A produção do livro». tipografos.net. Consultado em 12 de fevereiro de 2012
  8.  «Produção de livros». Áttema Editorial. Consultado em 12 de fevereiro de 2012. Arquivado do original em 3 de fevereiro de 2012
  9.  «Papel eletrônico pode diminuir consumo». Universitário. Consultado em 12 de fevereiro de 2012. Arquivado do originalem 14 de novembro de 2012
  10.  «Primeira fábrica de e-papel do mundo deverá fabricar 41,6 milhões de unidades». Funverde (Fundação Verde). Consultado em 12 de fevereiro de 2012[ligação inativa]
  11.  Luz, A. (9 de agosto de 2010). «Google diz que existem mais de 129 milhões de livros no mundo»Exame. Consultado em 9 de julho de 2020
  12.  «Dúvidas Frequentes» Arquivado em 13 de abril de 2010, no Wayback Machine.. Qualidade editorial. Consultado em 12 de fevereiro de 2012.

Bibliografia

  • Lucien, Febvre (1992). O aparecimento do livro. São Paulo: Unesp
  • Katzenstein, Ursula (1986). A origem do livro. São Paulo: Hucitec
  • Scortecci, João (2007). Guia do Profissional do Livro. São Paulo: Scortecci

Ligações externas

SÃO BRÁULIO DE SARAGOÇA - 26 DE MARÇO DE 2021

 


Bráulio de Saragoça

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de São Bráulio)
Disambig grey.svg Nota: "São Bráulio" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Bráulio.
São Bráulio de Saragoça
Estátua de São Bráulio na Basílica de Nuestra Señora del Pilar, em Saragoça
Nascimento590
Morte651
Veneração porIgreja Católica
Festa litúrgica26 de março
18 de março (na Espanha)
PadroeiroAragão
PadroeiraBasílica de Nuestra Señora del PilarSaragoçaEspanha
Gloriole.svg Portal dos Santos

Bráulio de Saragoça (em latimBraulius Caesaraugustanus), bispo de Saragoça (590–651), foi um religioso do século VII na Hispânia e sucessor de seu irmão, João, na sé onde ambos foram arcediagos. Bráulio foi também conselheiro e confidente de diversos reis visigodos, incluindo Quindasvinto, cujo filho, Recesvinto, recomendou que fosse coroado "rei associado".

História

Bráulio escreveu uma "Vita" de Santo Emiliano e acredita-se ter encorajado Santo Isidoro de Sevilha a dedicar-se às suas ambições enciclopédicas, inclusive tomando papel ativo em revisar a obra. Estava presente no quartoquinto e sexto concílios de Toledo e respondeu em nome do clero ibérico à acusação do papa Honório I de que eles negligenciavam suas tarefas regulares. Bráulio foi perdendo gradativamente a visão e já estava cego ao morrer. Foi enterrado no local onde hoje está a Basílica de Nuestra Señora del Pilar, em Saragoça, e foi sucedido por Taio (Taius), que foi seu estudante.

Atualmente está sepultado na Catedral La Seo de Saragoça, para onde seus restos foram levados.

Ligações externas

Bibliografia

quinta-feira, 25 de março de 2021

INCÊNDIO EM KEMEROVO EM 2018 - 25 DE MARÇO DE 2021

 

Incêndio em Kemerovo em 2018

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Incêndio em Kemerovo, 2018
Centro comercial Winter Cherry (2012)
LocalizaçãoKemerovo, Russia
Coordenadas55° 20′ 37″ N, 86° 04′ 40″ L
TipoIncêndio

incêndio em Kemerovo em 2018 foi um grave incêndio que deflagrou às 17h do dia 25 de março de 2018 (hora de Krasnoyarsk, 10:00 UTC) no centro comercial Zimnyaya Vishnya (em russoЗимняя вишня, торгово-развлекательный комплекс, Zimnyaya vishnya, torgovo-razvlekatel'nyy kompleks) em Kemerovo, Rússia, matando pelo menos 64 pessoas de acordo com declarações oficiais.

O incêndio teve início no último andar do complexo de quatro andares. Foram avistadas pessoas a saltar das janelas que tentavam escapar. 100 pessoas foram evacuadas e outras 20 resgatadas.[1][2] 27 pessoas suportamente empregados do centro comercial estão desaparecidas.[3]

Eventos

Planta do quarto piso do centro comercial Zimnyaya Vishnya zona de entretenimento com indicação do início do incêndio.

Foram efectuadas quatro detenções relacionadas com o incêndio, incluindo o chefe da empresa gestora do centro comercial. Muitas das vítimas estavam no cinema do centro comercial, onde dois tetos colapsaram. Várias das vítimas nos cinemas eram crianças que assistiam Sherlock Gnomes no começo do primeiro dia de uma semana de férias escolares.[4][5] O sistema de alarme de incêndio no centro comercial de Kemerovo foi desligado por um segurança.[6] Um porta-voz do Comité de Investigação da Rússia também afirmou que as saídas de incêndio no edifício, estavam bloqueadas durante o incêndio.[7]

O vice-governador Vladimir Chernov afirmou que a suspeita recaía numa criança na posse de um isqueiro que inflamou espuma de borracha numa sala de trampolins para criança entrando em erupção em forma de pólvora.

Fatalidades

Pelo menos 64 pessoas morreram no incêndio, sendo mais da metade crianças.[8][9]

Rescaldo

Políticos regionais e internacionais, enviaram condolências.[10][11][12][13][14]

Referências

DOENÇA DA VACA LOUCA - ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - 1996 - 25 DE MARÇO DE 2021

 


Encefalopatia espongiforme bovina

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disambig grey.svg Nota: Se procura por Bombay Stock Exchange (BSE), veja Bolsa de Valores de Bombaim.
Uma vaca infectada com EEB. Uma das principais características da doença da Vaca Louca é a incapacidade do animal em ficar de pé

encefalopatia espongiforme bovina (EEB), vulgarmente conhecida como doença da vaca louca ou BSE (do acrônimo inglês bovine spongiform encephalopathy), é uma doença neurodegenerativa que afeta o gado doméstico bovino. A doença surgiu em meados dos anos 80 na Inglaterra e tem como característica o fato de ter como agente patogénico uma forma especial de proteína, chamada prião (Portugal) ou príon. É transmissível ao homem, causando uma doença semelhante, a nova variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob, abreviadamente nvCJD.[1][2]

Histopatologia

Ao exame histopatológico, as lesões tomavam a forma de vacuolizações simétricas, não inflamatórias, nos neurônios e no tecido intersticial da substância cinzenta do cérebro e da medula. Os pesquisadores sabiam que estas lesões eram típicas do scrapie, da TME, da CJD e do kuru, as TSE já bem conhecidas.[carece de fontes]

Os pesquisadores deram à doença o nome de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) , uma tradução do nome inglês bovine spongiform encephalopathy, (BSE). Espongiforme, devido ao facto do cérebro doente conferir a forma de uma esponja.[carece de fontes]

Epidemiologia

Um estudo epidemiológico foi realizado para conhecer os fatores comuns a todos rebanhos afetados que pudessem ser imputados como causas da doença, para monitorar a incidência da doença dentro de cada rebanho e entre os rebanhos das diferentes regiões do Reino Unido, para coletar dados clínicos dos animais e para levantar hipóteses sobre sua cadeia de causas.[carece de fontes]

Foram obtidas informações desde sobre o pedigree dos animais até a utilização de insumos como medicamentos, hormônios, antibióticos, vermífugos, inseticidas organofosforados e piretróidesherbicidas e alimentos ingredientes usados na formulação de rações (entre outros).[carece de fontes]

Os pesquisadores também procuraram saber se havia ligação da EEB com a política de compras do proprietário (se o rebanho era "aberto" ou "fechado"), estágio da prenhez do animal, idade ao início dos sinais e estação do ano. Em função da semelhança com o scrapie, o estudo também procurou saber se havia contato direto ou indireto (uso de mesmas pastagens ou instalações) de bovinos com ovinos na propriedade.[carece de fontes]

Os pesquisadores concluiram que a EEB estava associada ao uso de apenas um produto: a farinha de carne e ossos (seja comprada para produzir rações na propriedade seja comprada como constituinte de rações prontas para uso adquiridas no comércio). Essa farinha, conhecida nos países de língua inglesa como MBM (de "Meat and Bone Meal"), resulta da "transformação" industrial dos corpos de animais alguns dos quais, por alguma razão, não podem ser destinados ao consumo humano. Tais animais são chamados eufemisticamente de "Animais Four-D". Os "D" são as letras iniciais das palavras inglesas "Disabled" (animais incapacitados, por alguma razão, para atividades básicos necessárias à sobrevivência e à produção, como se alimentar ou andar), "Diseased" (isto é, doentes), "Dying" (no próprio processo de morrer, isto é, em estado agônico) e "Dead"(já mortos na fazenda).[carece de fontes]

Animais "downer cows" (animais que por qualquer razão não conseguem se levantar) são animais "disabled" ou "diseased". A causa do problema pode ser uma simples fratura (coluna, quadril ou membro distal) ou uma doença metabólica não transmissível (hipocalcemia), mas também pode ser uma doença infecciosa.[carece de fontes]

Independentemente da causa do problema que os retirava da cadeia alimentar humana, os animais 4-D eram (e ainda parecem ser, em alguns países) utilizados para a fabricação de farinha de carne e ossos. Essa farinha era (e ainda parece ser...) usada para constituir rações para alimentar animais da mesma espécie que as usadas em sua produção. Tal decisão tecnológica resultou na transformação de bovinos de seres herbívoros em "seres carnívoros comedores de indivíduos da mesma espécie possivelmente contaminados com agentes de doenças". Esta era uma situação que apresentava muita semelhança à descrição pelo professor Gaydusek da cadeia de causa-efeito que produziu a epidemia de kuru entre nativos da Papua-Nova Guiné (no estudo que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Medicina de 1976).[carece de fontes]

Ação do governo britânico

O governo britânico tornou a doença de notificação obrigatória em junho de 1988 e proibiu o uso de proteína originada de tecidos de ruminantes na alimentação de ruminantes no mês seguinte (HMSO de julho de 1988). Esta proibição foi relativamente eficaz, pois a incidência da doença começou a declinar em 1993, quando a epidemia atingiu seu auge.[carece de fontes]

Estes cinco anos de demora foram necessários para que os animais infectados pelo príon apresentassem os sinais da doença (pois como sabemos, o período de incubação das encefalopatias espongiformes transmissíveis (TSE)é muito longo).[carece de fontes]

Transmissão experimental

Foi demonstrado que apenas um grama de cérebro (em matéria úmida) de um animal com EEB administrado por via oral a outros bovinos era capaz de causar a doença dentro de períodos semelhantes ao da doença natural (após 5 anos de idade). Assim, nova ordem governamental proibiu a alimentação de ruminantes com qualquer proteína de mamíferos em abril de 1996 (HSMO 96).[carece de fontes]

Pesquisas atuais mostram que apenas 0,1 grama de cérebro (peso úmido) de um animal doente, inoculado por via oral, transmite a EEB para bovinos. Para evitar este risco, hoje é proibido o uso de farinha de carne e ossos de qualquer animal de fazenda, inclusive aves, na alimentação de ruminantes.[carece de fontes]

Para que uma epidemia se sustente, é necessário que cada caso atual transmita a doença para pelo menos um outro animal. A epidemia de EEB no Reino Unido vem declinando, ano após ano. Não havendo o aparecimento de novos fatores que transmitam o príon, a incidência da EEB deverá se extinguir paulatinamente. No entanto, o aparecimento de alguns casos de EEB em animais nascidos após a proibição de 1996 parece evidenciar que pode estar ocorrendo transmissão natural lateral e vertical (isto é, maternal), porém sem força suficiente para manter a epidemia. Observa-se que a idade de início da EEB mudou das faixas de 4 a 5 e de 5 a 6 anos para 7 a 8 anos. Mas também observa-se alguns poucos casos nas faixas de 3 a 4 anos em 2002. É cedo para afirmar com segurança, mas estes casos podem indicar que a EEB pode se comportar como o scrapie dos ovinos em relação à transmissão vertical.[carece de fontes]

Impacto da EEB no mundo

Em função de, antes da epidemia de EEB, o Reino Unido ser um grande exportador de animais para reprodução e de farinha de carne e ossos, a EEB acabou atingindo sucessivamente outros países. Ocorreram mais de 5.068 casos (aproximadamente 2,75% do total mundial de casos) de EEB até dezembro de 2004 em diversos países no resto do mundo.[carece de fontes]

Embora haja poucos casos de EEB em outros países, o aparecimento de um único caso é catastrófico para as exportações do país. Epidemiologistas de diversas nações entendem que apenas um caso indica que toda a cadeia de produção do país é instável em relação ao risco dos príons da EEB alcançarem produtos bovinos como a carne.[carece de fontes]

A incidência em relação ao número de animais do rebanho acima de 24 meses dá uma ideia do risco de se importar um animal com BSE de um país. Em 1993, na França a incidência relativa foi de 12 e na Alemanha de 8,7 casos por milhão de bovinos acima de 24 meses. Em 2003 a incidência relativa da EEB na Grã-Bretanha foi de 130 casos por milhão de bovinos acima de 24 meses (contra 7.596 em 1992, no auge da epidemia).[carece de fontes]

A ligação da EEB com a nova variante da Doença Creutzfeldt-Jakob, vCJD

No Reino Unido, concomitantemente à evolução da epidemia de EEB, foram diagnosticadas TSE em outras espécies de animais, ao final da década de 80 e início da de 90. Gatos domésticos apresentaram a Encefalopatia Espongiforme Felina (FSE). Felinos (pumas e chitas) e ruminantes selvagens (élande, kudu, niala, órix, gazela, entre outras espécies de antílopes) mantidos em zoológicos britânicos, também apresentaram TSE. Os estudos mostraram que a ingestão de ração contendo farinha de carne e ossos era o fator comum ao surgimento dessas doenças. Diferentemente do scrapie, a EEB tinha quebrado a barreira inter-específica entre bovinos e muitas espécies animais diferentes; isto implicava que pudesse fazer o mesmo em relação à espécie humana.[carece de fontes]

Foi exatamente esta possibilidade que levou o governo britânico a proibir, já em novembro de 1989, o uso de alguns órgãos e vísceras específicas ("Specified Bovine Offals", abreviadamente SBO), para uso na alimentação humana. A utilização de cérebro, medula espinhal, intestinos, baço, gânglios linfáticos e globos oculares foi proibida na produção de embutidos e produtos para a alimentação humana ou como insumos na fabricação de medicamentos (como hormônios). Presumia-se que estes órgãos, como no caso do scrapie, contivessem grande quantidade do agente da EEB (mesmo reconhecendo-se que o scrapie não era uma zoonose).[carece de fontes]

Mesmo com esta proibição, em março de 1996, cerca de 8 anos após o início da epidemia em bovinos ter se iniciado, foi identificada uma nova forma de Doença de Creutzfeldt-Jakob, em seres humanos. Essa nova forma foi chamada de nova variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (abreviadamente vCJD).

Estudos de tipificação em raças endogâmicas de camundongos mostraram que os padrões de lesões cerebrais e de período de incubação eram semelhantes aos da EEB, sugerindo forte ligação causa-efeito entre a ingestão de produtos bovinos contaminados com o agente da BSE e o desenvolvimento da vCJD em pessoas.[carece de fontes]

Os pesquisadores estão divididos quanto ao número de casos futuros da epidemia de vCJD. Alguns cientistas, trabalhando com modelagem matemática, pensam que milhares de casos de vCJD (até 130 mil até o final da epidemia) ainda poderão ocorrer porque, pois as TSE têm caracteristicamente longos períodos de incubação e os seres humanos vida muito longa. Outros pesquisadores, também baseados em modelos matemáticos, pensam que não mais que 500 casos deverão ser registrados ao total. Felizmente, no momento, parece que os últimos estão corretos e, no final das contas, a epidemia de vCJD terá poucos casos.[carece de fontes]

Ver também

Referências

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