quinta-feira, 25 de março de 2021

CLAUDE DEBUSSY - MÚSICO - MORREU EM 1918 - 25 DE MARÇO DE 2021

 


Claude Debussy

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Disambig grey.svg Nota: Se procura por outras acepções do nome Debussy, veja Debussy (desambiguação).
Claude Debussy
Claude Debussy ca 1908, foto av Félix Nadar.jpg
Claude Debussy em 1908
Nascimento22 de agosto de 1862
Saint-Germain-en-Laye
Morte25 de março de 1918 (55 anos)
ParisIlha de França
SepultamentoCemitério de Passy
NacionalidadeFrancês
CidadaniaSegundo Império FrancêsTerceira República Francesa
CônjugeEmma Bardac
Filho(s)Claude-Emma Debussy
Alma materConservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris
OcupaçãoMúsicocompositor
PrêmiosCavaleiro da Legião de Honra, Prix de Rome
Gênero literárioMúsica clássica / Impressionismo
Obras destacadasPelléas et MélisandePrelúdiosSuite bergamasquePrélude à l'après-midi d'un Faune
Movimento estéticoimpressionismo na música
Causa da mortecâncer colorretal

Claude-Achille Debussy (Saint-Germain-en-Laye22 de agosto de 1862[1] — Paris25 de março de 1918) foi um músico e compositor francês.

A música inovadora de Debussy agiu como um fenômeno catalisador de diversos movimentos musicais em outros países. Na França, só se aponta Ravel[2] como influenciado, mas só na juventude, não sendo propriamente discípulo. Influenciados foram também Béla BartókLuís de Freitas BrancoHeitor Villa-Lobos e outros. Do Prélude à l'après-midi d'un Faune ("Prelúdio ao entardecer de um Fauno"), com que, para Pierre Boulez, começou a Música moderna, até Jeux ("Jogos"), toda a arte de Debussy foi uma lição de inconformismo.[3]

Vida e morte

A vocação musical do jovem foi descoberta por Mme Fauté de Fleurville, que o preparou para o Conservatório, onde foi admitido em 1873.

Em 1884 recebe o Grande Prêmio de Roma de composição. Viaja para Moscou, com Mme von Meck, protetora de Tchaikovsky, interessando-se pela obra do então desconhecido Mussorgsky, que o influenciará.[4]

Após uma estada na villa Médici, em Roma, retorna a Paris, em 1887, entrando em contato com a vanguarda artística e literária. Frequenta os mardis de Mallarmé (reuniões semanais realizadas às terças-feiras, na casa do poeta simbolista Stéphane Mallarmé). No mesmo ano conhece Brahms, em Viena. Em 1888 ouve, em BayreuthTristão e Isolda, de Wagner, que lhe causa profunda impressão. Em Paris, na exposição de 1889, ouve música do Oriente.

Por volta de 1889, inicia uma relação com Gabrielle Dupont. Os dois viveram juntos durante quase dez anos - Debussy levando uma vida boêmia.[5]

A casa de Bichain, onde Claude Debussy passou os verões de 1902 a 1904
Debussy, no verão de 1893, na casa de seu amigo Ernest Chausson.

Debussy se separa de Gabrielle para se casar, em 19 de outubro de 1899 em Paris, com Marie-Rosalie (Lilly) Texier, uma costureira de Bichain, um povoado de Villeneuve-la-Guyard (Yonne),[1] 80 km ao sul de Paris, onde ele passará os verões de 1902 a 1904. Lá, Debussy compõe a maior parte de La mer.

Quatro anos mais tarde, ele encontra Emma Bardac, esposa de um banqueiro e ex-amante de Gabriel Fauré, iniciando com ela uma nova relação sentimental. Deixa, então, Lilly, que, abalada pela separação, tenta se matar com um tiro no peito mas sobrevive. O caso provoca um escândalo, e Debussy é duramente criticado por sua atitude, mesmo pelos amigos mais próximos. De todo modo, ele consegue o divórcio e se casa com Emma em 1908. O casal teve uma filha, Claude-Emma Debussy, apelidada de Chouchou, nascida em 30 de outubro de 1905, a quem ele dedica sua suíte para piano Children's Corner, composta entre 1906 e 1908.

Emma Bardac, por Léon Bonnat (1903).

A vida de Debussy corre sem grandes acontecimentos,[2] excetuando-se o escândalo doméstico do seu divórcio e a tumultuada estreia de Pelléas et Mélisande, em 1902.

Em 1909, Debussy soube que sofria de câncer.[6]

A maior parte de sua obra tardia constitui-se de música de câmara, incluindo três sonatas para violoncelo, para violino e para flauta, viola e harpa. Com o organismo solapado pelo câncer, Debussy continuou trabalhando. A eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, roubou-lhe todo o interesse pela música. Após um ano de silêncio, ele percebeu que tinha de contribuir para a luta da única maneira que podia, "criando com o melhor de minha capacidade um pouco daquela beleza que o inimigo está atacando com tanta fúria." Uma de suas últimas cartas fala de sua "vida de espera - a minha existência sala de espera, eu poderia chamá-la - porque sou um pobre viajante esperando por um trem que não virá." Seu último trabalho, a Sonata para Violino e Piano L 140, foi executado em maio de 1917, com ele ao piano. Ele tocou essa mesma peça em setembro, em Saint-Jean-de-Luz. Foi a última vez que tocou em público.[6]

Sepultura de Debussy.

Debussy morreu em 25 de março de 1918, durante o bombardeio de Paris,[4] durante a última ofensiva alemã da Primeira Guerra Mundial. Encontra-se sepultado no Cemitério de Passy, em Paris.[7] Pouco tempo depois, em 14 de julho de 1919, também morreria sua filha, Chouchou, de difteria. Ela foi sepultada no túmulo de seu pai, em Passy.

Obra

À exceção de algumas peças mais conhecidas, Debussy deixou obra pouco acessível, pelo caráter inovador. Para o grande público seu nome está ligado aos sketches sinfônicos de La mer (1905), ao terceiro movimento da Suite bergamasque (1809-1905), Clair de Lune, aos noturnos para orquestra e algumas peças dos Prelúdios para piano. É o Debussy impressionista, autor de uma música vaga 'que se ouve com a cabeça reclinada nas mãos', segundo Cocteau.

Características de sua composição

Tais conceitos foram, depois, reformulados. Mas, por algum tempo, Debussy foi vítima do equívoco de ser considerado autor de uma música 'literária' e 'pictórica', por causa de suas ligações com a poesia simbolista e com o Impressionismo nas artes plásticas. Sua inovação foi, entretanto, de ordem musical, e é em termos musicais que a sua obra passou depois a ser compreendida.[8]

Impressionismo

impressionismo de Debussy residiria no caráter fluido e vago, de seus sutis joguinhos harmônicos, em que a melodia parecia dissolver-se. Mas essa fluidez era a aparência, como depois se viu. A melodia não se dissolveu propriamente, mas libertou-se dos cânones tradicionais, das repetições e das cadências rítmicas. Debussy não seguiu também as regras da harmonia clássica: deu uma importância excepcional aos acordes isolados, aos timbres, às pausas, ao contraste entre os registros. Trouxe uma nova concepção de construção musical, que se acentuou na sua última fase. Por isso foi incompreendido. O que não lhe desagradaria, pois ele mesmo propôs, certa vez, a criação de uma 'sociedade de esoterismo musical'.

Gêneros

A obra de Debussy é bastante diversificada, do ponto de vista dos gêneros e das formas que utilizou. Não se pode dizer que tenha sido compositor essencialmente vocal ou instrumental, sinfônico ou de câmara, pois todas as suas obras, em que pese a diversidade de meios que utilizou, parecem transmitir a mesma mensagem. A abertura de um universo sonoro inteiramente novo, em que a sugestão ocupou o lugar da construção temática e definida. De modo geral, sua obra pode ser dividida em música para orquestra, música de câmara e para instrumentos solo, música para piano, canções e música coral, obras cênicas e música incidental.

Música orquestral

A música orquestral de Debussy é a que corresponde melhor à sua imagem de impressionista. Em 1894, o "Prelúdio à tarde de um fauno", baseado no poema de Mallarmé, causou estranheza pela 'ausência de melodia': Debussy lançou na verdade, a sugestão de um tema melódico, sem desenvolvimento. Os Noturnos (1893-1899), O mar e Imagens para orquestra (1909) pareciam confirmar a imagem do músico vago, cujas melodias não tinham contornos definidos e cuja construção harmônica parecia desarticulada: o tom poético dos títulos confirmaria a imagem de uma música 'literária'. Mas a poesia estava na música, na liberdade melódica, na pesquisa dos timbres, numa nova construção harmônica. O efeito disso era uma nova e estranha sonoridade.

Música de câmara

A música de câmara e para instrumentos solistas é uma seção reduzida na obra de Debussy. Em 1893 compõe o Quarteto para cordas em sol menor, obra singular cuja construção difere essencialmente do quarteto clássico beethoveniano. Também as três sonatas do seu período final foram construídas segundo princípios inteiramente diversos da sonata clássica vienense, mas por outros motivos. Foram compostas no período da guerra, e Debussy, nacionalista intransigente, rejeitou os princípios da sonata clássica vienense para recuperar a forma cíclica da sonata francesa. As três sonatas (1915-1917), parte de um ciclo que ficou incompleto, para instrumentos diversos, das quais a mais importante é a Sonata para Piano e violino, são obras avançadas, com asperezas inéditas em sua música anterior. Entre as composições para instrumento solo destaca-se, em estilo semelhante, Syrinx, para flauta desacompanhada.

Música para piano

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Clair de Lune, de Debussy.[9][10]

A música pianística é uma seção importante na obra de Debussy. São conhecidas sobretudo as coleções Suite Bergamasque (1890)], Estampas (1903), Imagens (1905-1907), Canto das crianças (1906-1908), 24 Préludes I e II (1910) e os Estudos (12) I e II (1915). Da Suite Bergamasque aos Estudos a evolução é marcante: os títulos poéticos desaparecem. Os títulos técnicos dos estudos (notas repetidas, sonoridades opostas, escalas cromáticas, etc.) apenas revelam a consciência técnica inovadora que se ocultava atrás de títulos poéticos como Jardins sob a chuva, Sinos por entre as folhagens, A catedral submersa, YA., em outros conjuntos (Estampas, Imagens, Préludes, etc.).

No último período, não só a música pianística se torna mais abstrata como também mais áspera na pesquisa de novos timbres. Finalmente, em Seis Epígrafes Antigas e Em Branco e Negro, ambos de 1915, Debussy retorna às fontes clássicas francesas, Couperin e Rameau.

Música vocal

Debussy começou a sua carreira compondo música vocal, persistindo no gênero até os últimos anos de criatividade. O acervo é grande, incluindo a musicalização de muitos poetas. Entre as coleções mais célebres estão os Cinco poemas de Baudelaire (1887-1889), Arietas esquecidas (1888), de Verlaine, as Canções de Bilitis (1897), de Pierre Louys, e as Três baladas de François Villon (1913). A técnica melódica de Debussy fundamenta-se na melodia dos próprios versos, mas, nas baladas de Villon, nota-se a evolução para um severo despojamento.

Ópera e balé

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Ópera de Debussy, Pelléas et Mélisande

Em 1902, a estréia da ópera Pelléas et Mélisande, sobre texto de Maeterlinck, causou estranheza: era quase uma antiópera, que se pretendia anti-wagneriana na sua extrema contenção de texto declamado. Nela Debussy voltou-se contra toda a tradição dramática, de Berlioz a Wagner. Anos depois, em 1911O martírio de São Sebastião é uma obra cênica ainda mais insólita. Da mesma época é a música para balé Jeux (1912), obra de surpreendentes inovações e de grande complexidade harmônica.

Na astronomia

O asteroide 4492 Debussy.

O asteroide 4492 recebeu o nome de Debussy, em homenagem ao compositor. O nome de Debussy também foi dado a uma cratera do planeta Mercúrio, com mais de 80 km de diâmetro. A cratera foi formada possivelmente pela colisão de um meteoro e é caracterizada por sulcos que, a partir dela, se estendem por vários quilômetros, o que seria uma metáfora da influência do músico.[11][12]

Bibliografia

  • Carpeaux, Otto Maria (1977). «De Debussy a Ravel». Uma Nova História da Música 3 ed. Rio de Janeiro: Alhambra

Referências

  1. ↑ Ir para:a b Archives départementales des Yvelines, état-civil de Saint-Germain-en-Layeregistre des naissances de l'année 1862, cote 1139097, acte n°239 (p.49).
  2. ↑ Ir para:a b Carpeaux (1977), p. 269
  3.  Júlio Ottoboni (22 de março de 2005). «Clair de Lune, composição de Debussy, completa cem anos». Portal Paraná-Online
  4. ↑ Ir para:a b Carpeaux (1977), p. 270
  5.  Myriam Chimènes, Mécènes et Musiciens : Du salon au concert à Paris sous La IIIe République, Fayard, 2004, 776 p. (ISBN 2-213-61696-5)
  6. ↑ Ir para:a b Debussy's Life - a brief synopsis
  7.  Claude Debussy (em inglês) no Find a Grave
  8.  Carpeaux (1977), p. 271
  9.  Campbell, Gordon (22 de outubro de 2008). Clair de lune. Col: Oxford Art Online. [S.l.]: Oxford University Press
  10.  Debussy, Claude (c. 1987), Clair de lune - music of Debussy, RCA, OCLC 874206111, consultado em 16 de setembro de 2020
  11.  «NASA divulga fotos de Mercúrio tiradas pela sonda Messenger». Jornal Digital. Consultado em 31 de março de 2011. Arquivado do original em 6 de janeiro de 2014
  12.  Ten Craters On Mercury Receive New Names. 18 de março de 2010

Ligações externas

FREDERICO MISTRAL - ESCRITOR - MORREU EM 1914 - 25 DE MARÇO DE 2021

 


Frédéric Mistral

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Frédéric Mistral
Nascimento8 de setembro de 1830
Maillane
Morte25 de março de 1914 (83 anos)
Maillane
Nacionalidadefrancês
PrémiosNobel prize medal.svg Nobel de Literatura (1904)
Magnum opusMireio: poema provençal
Assinatura
Signature Frédéric Mistral.png
Campo(s)literatura

Frédéric Mistral (Maillane8 de setembro de 1830 — Maillane, 25 de março de 1914) foi um escritor francês em língua occitana ou provençal.

Seus pais se chamavam François Mistral e Adélaide Poulinet. Começou a ir à escola bastante tarde, aos nove anos. Entre 1848 e 1851, estuda direito em Aix-en-Provence e se converte em cantor da independência da Provença e sobretudo do provençal, "primeira língua literária da Europa civilizada".

De volta a Maillane, Mistral se une ao poeta Roumanille, e ambos se convertem nos artífices do renascimento da língua occitana. Juntos fundam o movimento do félibrige, que permitiu promover a língua occitana com a ajuda de Alphonse de Lamartine: este movimento acolherá todos os poetas occitanos expulsos da Espanha por Isabel II.

Com sua obra, Mistral reabilita a língua provençal, levando-a às mais altos cumes da poesia épica: a qualidade desta obra se consagrará com a obtenção dos prêmios mais prestigiosos.

Sua obra principal foi Mirèio (Mireia) à que dedicou oito anos de esforços. Publicou-a em 1859. Em oposição ao que seria a ortografia habitual Mistral teve que ceder à imposição de seu editor, Roumanille, e optar por uma grafia simplificada, que desde então se chama "mistraliana", em oposição à grafia "clássica" herdada dos trovadores. Mireia conta o amor de Vincent e da bela provençal Mireia. Esta história é equiparável à de Romeu e Julieta.

Charles Gounod fez uma ópera com este tema em 1863.

Além de Mireia, Mistral é autor de "Calendal", "Nerte", Lis isclo d’or ("As Ilhas de Ouro"), Lis oulivado ("As olivadas"), "O poema do Ródano", obras todas elas que servem para que se lhe considere o maior dos escritores em língua provençal.

Mistral recebeu o Nobel de Literatura de 1904, junto a José Echegaray y Eizaguirre. Com o custo do prêmio criou o Museu Arlaten em Arles.

Casado com Marie-Louise Rivière, não teve filhos e morreu em 25 de março de 1914 em Maillane.

Principais obras

  • Mirèio (1859)
  • Calendau (1867)
  • Coupo Santo (1867)
  • Lis Isclo d'or (1875)
  • Lou Tresor dóu felibrige ou Dictionnaire provençal-français, (1879)
  • Nerto, romance (1884)
  • La Rèino Jano, drama (1890)
  • Lou Pouèmo dóu Rose (1897)
  • Moun espelido, Memòri e Raconte ou Mes origines (1906)
  • Discours e dicho (1906)
  • La Genèsi, traducho en prouvençau (tradução de Livre de la Genèse, 1910)
  • Lis óulivado (1912)
  • Proso d’Armana (posthume) (1926, 1927, 1930)
  • Contes de Provence, colectânea de obras publicadas no L’Almanach provençal e L’Aiòli, coligidas por Françoise Morvan na tradução francesa de Pierre Devoluy, edições Ouest-France, colecção « Les grandes collectes », 2009 ISBN 978-2737347511.

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