terça-feira, 23 de março de 2021

CALUSTE GULBENKIAN - ENGENHEIRO, MILIONÁRIO, FILANTROPO - NASCEU EM 1869 - 23 DE MARÇO DE 2021

 


Calouste Gulbenkian

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Calouste Gulbenkian
Գալուստ Սարգիս Կիւլպէնկեան
Calouste Gulbenkian
Nascimento23 de março de 1869
Turquia Üsküdar[1]
Morte20 de julho de 1955 (86 anos)
Portugal Lisboa
Estatura1,72 m
CônjugeNevarte Essayan (1892)
OcupaçãoEngenheiro do petróleo e empresário

Calouste Sarkis Gulbenkian, em arménioԳալուստ Սարգիս Կիւլպէնկեան GCC (Üsküdar23 de março de 1869 — Lisboa20 de julho de 1955), foi um engenheiro do petróleo e empresário arménio otomano naturalizado britânico (1902), activo no sector do petróleo e um dos pioneiros no desenvolvimento desse sector no Médio Oriente.[2][3] Foi também um mecenas, tendo dado um grande contributo para o fomento da cultura em Portugal. A sua herança esteve na origem da constituição da Fundação Calouste Gulbenkian.

Biografia

Nasceu numa família de abastados comerciantes arménios de Istambul. O seu pai importava petróleo da Rússia.

Estudou em Marselha e em Londres, no King's College, onde obteve o diploma de engenharia do petróleo (1887).

Fez uma viagem à Transcaucásia em 1891, visitando os campos petrolíferos de Baku. Aos 22 anos de idade, publicou o livro La Transcaucasie et la Péninsule d'Apchéron - Souvernirs de Voyage, do qual alguns capítulos foram publicados numa revista que chegou às mãos do ministro das Minas do governo otomano.[4] Gulbenkian foi por este encarregado de elaborar um relatório sobre os campos de petróleo do Império Otomano, em especial na Mesopotâmia.

Negociador hábil e esclarecido, perito financeiro de grande categoria, Gulbenkian negociou contratos de exploração petrolífera com os grandes financistas internacionais e as autoridades otomanas, fomentando a exploração racional e organizada desta fonte de energia emergente. A indústria internacional dos petróleos começava a tomar forma no fim do século XIX. Gulbenkian organizou o grupo Royal Dutch, serviu de ligação entre as indústrias americanas e russas e deu o primeiro impulso à indústria na região do Golfo Pérsico.

Durante a Primeira Guerra Mundial sugeriu em França a criação de um gabinete para controlo do petróleo, o Comité Générale du Pétrole, chefiado por Henri Bérenger.[5] Ao serviço deste comité, obteve êxito para um seu plano: pelo Tratado de San Remo (1920), a França ganhou à Grã-Bretanha o direito a administrar os interesses do Deutsche Bank na companhia de petróleo turca (os ingleses faziam-no desde 1915).

Em 1928, desempenhou papel fulcral nas negociações multipartidas entre grandes empresas internacionais para a divisão da então Turkish Petroleum Co., Ltd. (hoje a Iraq Petroleum Co., Ltd.) entre a Anglo-Persian Oil Co. (hoje a BP), a Royal Dutch Shell Group, a Companhia Francesa de Petróleos e a Near East Development Corp. (metade da Standard Oil e metade da Socony Mobil Oil). A cada uma coube 23,75% do capital e, a Calouste Gulbenkian, 5%. Este facto originou que Gulbenkian ficasse conhecido na indústria do petróleo como "o Senhor Cinco por Cento". A riqueza que acumulou permitiu-lhe satisfazer a paixão pelas obras de arte.

Durante a II Guerra Mundial, passou a viver em Lisboa, no Hotel Aviz (hoje desaparecido), em Abril de 1942. Vivia no hotel, juntamente com a mulher, a secretária privada Isabelle Theis e o genro Kevork, ocupando 5 das 33 suites do hotel.

Em 17 de Dezembro de 1942, depois de recusar vagar uma das suites por ordem do governo, Calouste e Kevork foram levados à força para uma esquadra de polícia. O passaporte diplomático de Calouste foi apreendido, ele foi separado de Kevork e informado de que se encontrava na situação de prisioneiro, não obstante não ter havido detenção formal. Calouste nunca aprendeu português e quando pediu alguém que falasse francês foi-lhe dito com rudeza que se sentasse e esperasse. Foi interrogado e mandaram-no assinar uma declaração em português que, mais uma vez, ele não sabia o que tinha escrito. Embora de começo recusasse assinar, acabou por fazê-lo sob ameaça. Não havia embaixada iraniana em Portugal, por isso Kevork apelou ao embaixador egípcio, Fakhry Paxá que negociou a libertação de Gulbenkian[6].

A 28 de Fevereiro de 1950 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.[7]

Vida pessoal e familiar

Em 1892 casou em Londres com Nevarte Essayan, tal como ele natural de Cesareia e descendente de família arménia nobre e abastada. Do casamento nascem dois filhos: Nubar Sarkis (1896-1972) e Rita Sirvarte (1900-1977).

O filho de Rita Sirvarte, Mikhael Essayan (1927-2012), foi Presidente honorário da Fundação e seu filho, Martin Essayan – bisneto de Calouste Gulbenkian – é, actualmente, administrador da Fundação, responsável pelas actividades na Grã-Bretanha e na República da Irlanda, e também pelo Serviço das Comunidades arménias.

Coleccionador de arte

Calouste Gulbenkian foi um amante de arte e homem de raro e sensível gosto, além de reunir uma extraordinária colecção de arte, principalmente europeia e asiática, de mais de seis milhares de peças.

Na arte europeia, reuniu obras que vão desde os mestres primitivos à pintura impressionista. Uma parte dessa colecção esteve exposta por empréstimo, entre 1930 e 1950, na National Gallery (Londres) em Londres, e na Galeria Nacional de Arte em Washington, DC.[8] Figuram na colecção obras de CarpaccioRubensVan DyckRembrandtGainsboroughRomneyLawrenceFragonardCorotRenoirBoucherManetDegasMonet e muitos outros.

Além da pintura, reuniu um importante espólio de escultura do antigo Egiptocerâmicas orientais, manuscritos, encadernações e livros antigos, artigos de vidro da Síriamobiliário francês, tapeçarias, têxteis, peças de joalharia de René Laliquemoedas gregas, medalhas italianas do Renascimento, etc. Quando de sua morte, em 1955, a sua coleção de obras de arte estava avaliada em mais de 15 milhões de dólares.

Foi desejo de Gulbenkian que a colecção que reuniu ao longo da vida ficasse exposta num único local. Assim é que está em Lisboa, desde Junho de 1960. Em 1969 foi inaugurado o edifício-sede da Fundação Calouste Gulbenkian (que acolhe os serviços centrais da Fundação, 2 auditórios, salas de conferências e 2 espaços expositivos) e o Museu, onde se encontra esta colecção permanente. Em 1983 foi inaugurado o Centro de Arte Moderna, no mesmo parque junto à Praça de Espanha onde se localizam todos esses edifícios.

Filantropia

Tal como soube reunir uma enorme fortuna ao longo da vida, Gulbenkian soube distribuí-la em testamento com generosidade. Na caridade, deixou verbas para especial protecção das comunidades arménias, que à altura não tinham asseguradas as necessidades básicas pelas organizações internacionais. Foi benfeitor do Patriarcado Arménio de Jerusalém. Como era devoto da Igreja Arménia, fez construir em Londres a Igreja de São Sarkis, dedicado à memória dos seus pais e onde se encontram as suas cinzas.

Em Abril de 1942, entrou em Portugal pela primeira vez, convidado pelo embaixador de Portugal em França. Inicialmente, Lisboa seria apenas uma escala numa viagem a Nova Iorque, mas o empresário adoeceu e acabou ficando mais tempo do que planeara, agradado com a paz que em Portugal se vivia durante o conflito que devastava o resto da Europa. Sentindo-se bem acolhido, estabeleceu residência permanente em Lisboa, no Hotel Aviz, onde acabou por se instalar definitivamente até à sua morte, em 1955.

O testamento, datado de 18 de Junho de 1953, criou a fundação com o seu nome que ficou herdeira do remanescente da sua fortuna, e que tem fins artísticos, caritativos, científicos e educativos, elegendo Portugal para a sua fixação - agradecendo, postumamente, o acolhimento que teve num momento crítico da história da Europa e sabendo o respeito que em Portugal haveria pelo escrupuloso cumprimento da sua vontade.

Referências

  1.  Mystery Billionaire, Robert Coughlan, Life, 27 de Novembro de 1950, 82
  2.  «Calouste Gulbenkian Dies at 86. One of the Richest Men in the World. Oil Financier, Art Collector Lived in Obscurity, Drove in Rented Automobile.» (em inglês). The New York Times. 11 de julho de 1955. Consultado em 19 de julho de 2012
  3.  «Solid Gold Scrooge» (em inglês). TIME. 23 de julho de 1958. Consultado em 19 de julho de 2012
  4.  Colin John Campbell (2005). Oil Crisis (em inglês). [S.l.]: Multi-Science Publishing. 75 páginas. ISBN 0-906522-39-0
  5.  Norwich, J. J., & Henson, B. (1987). Mr. Five Percent: The Story of Calouste Gulbenkian. [S.l.]: Home Vision. ISBN 978-0-7800-0755-0OCLC 31611185
  6.  «Jonathan Conlin: "Gulbenkian deixou o negócio da família ir à falência. Ele era muito rico, mas não salvou ninguém"»
  7.  «Ordens Honoríficas Portuguesas»Presidência da República Portuguesa. Ordens.presidencia.pt
  8.  «St sarkis» (em inglês). Accc.org.uk. Consultado em 19 de julho de 2012

Bibliografia

SÃO TURÍBIO DE MONGROVEJO - 23 DE MARÇO DE 2021

 


Toríbio de Mongrovejo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Turíbio de Mongrovejo)
Toríbio de Mongrovejo
Santo da Igreja Católica
Arcebispo de Lima
Atividade eclesiástica
DioceseArquidiocese de Lima
Nomeação16 de maio de 1579
Entrada solene24 de maio de 1581
PredecessorDom Diego Gómez de Lamadrid, O.SS.T.
SucessorDom Bartolomé Lobo Guerrero
Mandato1579 - 1606
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral1578
Nomeação episcopal16 de maio de 1579
Ordenação episcopal23 de agosto de 1580
Catedral de Sevilha
por Dom Cristóbal Rojas Sandoval
Nomeado arcebispo16 de maio de 1579
Brasão arquiepiscopal
Template-Metropolitan Archbishop.svg
Santificação
Beatificação28 de junho de 1679
Roma
por Papa Inocêncio XI
Canonização10 de dezembro de 1726
Roma
por Papa Bento XIII
Veneração porIgreja Católica
Igreja Episcopal
Comunhão Anglicana
Festa litúrgica23 de março
27 de abril (Antigo)
23 de agosto (Igreja Episcopal)
AtribuiçõesBáculo
PadroeiroBispos sul-americanos, índios, Peru
Dados pessoais
NascimentoMayorga
16 de novembro de 1538
MorteSaña
23 de março de 1606 (67 anos)
Nacionalidadeespanhol
dados em catholic-hierarchy.org
Categoria:Igreja Católica
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Toríbio de Mongrovejo ou Turíbio de Mongrovejo (MayorgaValladolid18 de novembro de 1538 — SañaPeru1606) foi um prelado da Igreja Católica espanholarcebispo de Lima, hoje venerado como santo.

Hagiografia

Estudou Direito nas Universidades de Coimbra e Salamanca. O rei Felipe II o nomeou juiz supremo da Tribunal da Santa Inquisição em Granada, no sul da Espanha.[1]

Embora fosse leigo, seu conhecimento teológico e sua piedade fizeram com que fosse nomeado arcebispo de Lima, no Peru, em 1579, pelo Papa Gregório XIII. Recebeu as ordens menores, foi ordenado sacerdote em 1578 e em recebeu a sagração episcopal em 23 de agosto de 1580, por Dom Cristóbal Rojas Sandoval, arcebispo de Sevilha[2], e chegou ao porto de Paita, Piura, em março de 1581 e partiu para Lima. Ele ingressou na capital do Peru em 12 de maio do mesmo ano.[1]

Aí revelou grande preocupação com a população indígena e verdadeiro benfeitor dos índios. Ele dedicou 17 de seus 25 anos como bispo às visitas pastorais. Ele celebrou 13 sínodos e fundou o primeiro Seminário da América em Lima (1591).[1]

Compreendeu o seu ministério episcopal como evangelizador e catequista. Fazendo eco a Tertuliano, gostava de repetir: «Cristo é verdade, não costume». Reiterava-o sobretudo em relação aos conquistadores que oprimiam os índios em nome de uma superioridade cultural e aos sacerdotes que não tinham coragem de defender a sorte dos mais pobres. Missionário incansável, percorria os territórios da sua Igreja, procurando sobretudo os indígenas para lhes anunciar a Palavra de Deus com uma linguagem simples e facilmente acessível. Nos seus vinte e cinco anos de episcopado organizou Sínodos diocesanos e provinciais, fez-se catequista, com a produção dos primeiros catecismos para os indígenas da América do Sul, em língua espanhola, em quéchua e em aymara.

Aos sessenta e oito anos, adoeceu em Pacasmayo, ao norte de Lima, partiu para a cidade de Santa e fez seu testamento no qual deixava seus pertences para seus servos e o restante de suas propriedades para os pobres.[1]

Seu processo de canonização foi iniciado de imediato após sua morte, com o reconhecimento de suas virtudes heróicas. Foi beatificado em 28 de junho de 1679 pelo Papa Inocêncio XI, mediante sua Bula Laudeamus e canonizado em 10 de dezembro de 1726 pelo Papa Bento XIII, mediante sua Bula Quoniam Spiritus.

A sua obra de evangelização deu frutos inesperados com milhares de índios que chegaram à fé, tendo encontrado Cristo na caridade do Bispo. Foi ele a conferir o sacramento da Confirmação a dois santos daquela Igreja: Martinho de Porres e Rosa de Lima. Em 1983, São João Paulo II proclamou-o patrono do Episcopado latino-americano. Assim, é sob a proteção deste grande catequista que se coloca também o novo Diretório para a Catequese.

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d Arzobispado de Lima - Especial: Santo Toribio de Mogrovejo
  2.  Catholic Hierarchy

Ligações externas

Commons possui uma categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre Toríbio de Mongrovejo

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