Carlos Viegas Gago Coutinho
Carlos Viegas Gago Coutinho | |
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Nascimento | 17 de fevereiro de 1869 São Brás de Alportel |
Morte | 18 de fevereiro de 1959 (90 anos) Lisboa |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | Oficial da Marinha de Guerra Portuguesa, Geógrafo , Historiador, Navegador |
Assinatura | |
Carlos Viegas Gago Coutinho GCTE • GCC • ComA • GOA • GCA • GCSE • GCIC (Lisboa, 17 de fevereiro de 1869 — Lisboa, 18 de fevereiro de 1959) foi um geógrafo cartógrafo, oficial da Marinha Portuguesa, navegador e historiador. Juntamente com o aviador Sacadura Cabral, tornou-se um pioneiro da aviação ao efetuar a Primeira travessia aérea do Atlântico Sul, no hidroavião Lusitânia em 1922.[1][2]
Biografia
Carlos Viegas Gago Coutinho nasceu em São Brás de Alportel, Faro, mas foi registado em Belém, Lisboa, em 17 de fevereiro de 1869, filho de José Viegas Gago Coutinho e de sua mulher e prima em segundo grau Fortunata Maria Coutinho.[3]
De família humilde, não pode frequentar, como desejava, o curso de Engenharia na Alemanha e ingressou, aos 17 anos, na Marinha Portuguesa, tendo terminado o curso da Escola Naval em 1888.
Serviu em vários navios e participou nas operações militares de Tungue (Moçambique) em 1890 e em Timor em 1912.
Distinguiu-se como cartógrafo e geodeta a partir de 1898, aquando de sua primeira comissão em Timor. Até 1920 levantou e cartografou não apenas aquele território mas também o de Niassa (1900), Congo (1901), Zambézia (1904-1905), Barotze (1912-1914), São Tomé e Príncipe (1916), estabelecendo vértices geodésicos e determinando coordenadas em missões científicas onde conseguia precisões notáveis, devido ao seu rigor e dedicação à missão que lhe fora confiada. Respondeu pela delimitação definitiva da parte norte da fronteira entre Angola e Zaire.
No decurso destes trabalhos fez a pé a travessia da África, onde conheceu Sacadura Cabral. Este incentivou-o a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de horizonte artificial, posteriormente comercializado pela empresa alemã Plath com o nome "Sistema Gago Coutinho".[4] Juntos inventaram ainda um "corretor de rumos" (o "plaqué de abatimento") para compensar o desvio causado pelo vento. Para testar essas ferramentas de navegação aérea, realizaram em 1921 a travessia aérea Lisboa-Funchal.
A 11 de Março de 1919 foi feito Comendador da Ordem Militar de São Bento de Avis, tendo sido elevado a Grande-Oficial da mesma Ordem a 19 de Outubro de 1920.[5]
Assim preparados, em 1922, no contexto das comemorações do centenário da Independência do Brasil, os dois aviadores realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, sendo recebidos entusiasticamente em várias cidades do Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife), bem como no regresso a Portugal.[6]
Gago Coutinho e Sacadura Cabral regressaram a Portugal a bordo da Barca Foz do Douro, de Joaquim Costa Carvalho ("A minha viagem na Barca Foz do Douro, do Brasil a Portugal" Editora Maritímo-Colonial Lda., Lisboa).
Gago Coutinho recebeu largo reconhecimento devido a este feito, tendo sido promovido a contra-almirante e condecorado com as mais altas e prestigiosas distinções do Estado Português, tendo sido agraciado com a Grã-Cruz da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito a 21 de Abril de 1922 e com a Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico a 1 de Maio do mesmo ano, 35.º Sócio Honorário do Ginásio Clube Figueirense a 2 de Junho de 1922,[7] e elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar de São Bento de Avis a 18 de Outubro de 1926,[5] além de ter recebido várias outras condecorações estrangeiras. Retirou-se da vida militar em 1939. A 28 de Janeiro de 1943 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Império Colonial e a 28 de Junho de 1947 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo.[5]
Em 1954 a TAP convidou-o para um voo experimental ao Rio de Janeiro em um DC-4, antecipando a futura linha regular que se estabeleceria em 1961.
A partir de 1925 dedicou-se à História Náutica, tendo desenvolvido vasta obra de investigação científica, publicando significativa variedade de trabalhos geográficos e históricos, principalmente acerca das navegações portuguesas, como, por exemplo, "O Roteiro da Viagem de Vasco da Gama" e a sua versão de "Os Lusíadas". Vários de seus trabalhos encontram-se compilados na "Náutica dos Descobrimentos".
Conhece-se colaboração da sua autoria na revista Boletim Fotográfico[8] (1900-1914), na Gazeta das colónias[9] (1924-1926) e na edição mensal do Diário de Lisboa[10] (1933).
Correspondeu-se com grandes nomes da história da aviação da época como Alberto Santos Dumont, apoiou Sarmento de Beires e João Ribeiro de Barros.
Pertenceu ao Grande Oriente Lusitano da Maçonaria Portuguesa e foi sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa, onde foi responsável por uma das secções.
Por decisão da Assembleia Nacional e mediante decreto específico foi promovido a Almirante em 1958.[11] Faleceu no dia seguinte a completar 90 anos, sendo sepultado no Cemitério da Ajuda em Lisboa.
Notas
- ↑ Sacadura Cabral, site www.vidaslusofonas.pt
- ↑ Sobre a recente biografia de Gago Coutinho leia-se RTP: Biografia de Gago Coutinho.
- ↑ Gago Coutinho (1869 - 1959), site do Instituto Camões
- ↑ Foi utilizado, por exemplo, na viagem de circum-navegação do LZ 127 Graf Zeppelin.
- ↑ ab c «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Carlos Viegas Gago Coutinho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 12 de abril de 2015
- ↑ Pinheiro Corrêa. Gago Coutinho, precursor da navegação aérea. Edição do Centenário (1869 - 1969) Porto, 1969
- ↑ http://www.ginasiofigueirense.com/media/socios_honorarios2.pdf
- ↑ João Oliveira (31 de Janeiro de 2012). «Ficha histórica: Boletim photographico (1900-1914)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 4 de Julho de 2014
- ↑ Pedro Mesquita (12 de Junho de 2014). «Ficha histórica: Gazeta das colonias: semanário de propaganda e defesa das colonias (1924-1926)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 28 de Outubro de 2014
- ↑ Diário de Lisboa : edição mensal (1933) [cópia digital, Hemeroteca Digital]
- ↑ Decreto-Lei n.º 41636, de 22 de Maio de 1958, que promove ao posto de almirante o vice-almirante Carlos Viegas Gago Coutinho.
Homenagens
Entre outras homenagens, vários lugares homenageiam Gago Coutinho:
- Uma rua em Recife, no bairro do Pina.
- Uma rua em Curitiba, no bairro Bacacheri, próximo ao Cindacta II
- Uma rua no Rio de Janeiro, próxima ao Parque Guinle
- Uma rua em São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil
- Uma rua em Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
- Uma rua em Londrina, Paraná, Brasil
- Uma rua em São Paulo, São Paulo, Brasil
- Uma rua no bairro Jardim Chapadão, em Campinas, São Paulo, Brasil.
- Uma rua em Uberlândia, Minas Gerais, Brasil
- Avenida Gago Coutinho, em Montemor-o-Novo, Portugal
- Praça onde localiza-se o Aeroporto Internacional de Salvador, Salvador, Bahia, Brasil
- Avenida Almirante Gago Coutinho, em Lisboa, Portugal
- Uma avenida em Santo André, na Grande São Paulo
- Uma rua em Guarulhos, na Grande São Paulo
- O edifício da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, no Algarve, Portugal, tem sede na rua Rua Gago Coutinho, n.º1
- Uma rua em Cuiabá, Mato Grosso, próximo a Av. CPA
- Uma rua em Praia Grande, no bairro campo da aviação
- Uma praça em Santos, próxima ao Ferry Boat, na Ponta da Praia
- Uma rua no Montijo, Portugal
- Uma rua em Vendas Novas, Portugal
- Uma rua em Olhão, Portugal
- Uma Rua e Travessa em Nisa, Portugal
- Uma escola secundária em Alverca do Ribatejo, Portugal
- Uma rua perto do Aeroporto Internacional de Mavalane, cidade de Maputo, Moçambique
- Uma Rua em Buriti Sereno, Aparecida de Goiânia, Goiás, Brasil
- Nome do aeródromo que pertence ao Condomínio Fly-in em Jaboticatubas, Minas Gerais, Brasil
- Uma Rua em Barretos, São Paulo
- Uma rua em Las Palmas de Gran Canaria, Ilhas Canárias
- Nome na Galeria de Nomes Históricos da Loja Maçônica "Refúgio do Guaporé"/Vilhena/Rondônia/Brasil
- Foram impressas uma série de notas de 100$00 (com Artur de Sacadura Freire Cabral), 500$00 e 1.000$00 de Moçambique e uma nota de 20$00 Chapa 9 de Portugal com a sua imagem.
- Uma rua em Bairro de Fátima, na cidade de Serra, Espírito Santo[1]
- Uma escola em Praia Grande na Cidade Ocean em São Paulo.
- CS-TTB, A319 da TAP AIR PORTUGAL, aquando da sua entrega à companhia portuguesa em Dezembro de 1997, foi baptizado com o nome do ilustre historiador.
- Uma rua no Bairro do Paraíso, Portugal
Monografias
Entre muitas outras obras dispersas por periódicos, é autor das seguintes monografias:
- A náutica dos descobrimentos. Os descobrimentos marítimos vistos por um navegador. Colectânea de artigos, conferências e trabalhos inéditos do Almirante Gago Coutinho, Org. e pref. do Comandante Moura Braz, 2 vols., Lisboa, Agência Geral do Ultramar, 1951-1952.
- Ainda Gaspar Corte-Real, 35 p., Lisboa, 1950.
- Influencia que as primitivas viagens portuguesas a América do Norte tiveram sobre o descobrimento das "Terras de Santa Cruz", 26 p, Lisboa, 1937.
- Descobrimento do Brasil: Conferências. Liceu Literário, 1955
Ver também
Bibliografia
- CORREIA, Pinheiro, Gago Coutinho, Precursor da Navegação Aérea, Lisboa, edição de autor, 1965
- MOTA, Avelino Teixeira da (org.), Obras Completas de Gago Coutinho. Obras Técnicas, Científicas e Históricas (1893-1915), vols. I (1893-1915) e II (1917-1921), Lisboa, Junta de Investigações Científicas do Ultramar, 1972-75
- PINTO, Rui Miguel da Costa. ”Gago Coutinho simples aventureiro ou um homem de Ciência” in Filatelia Lusitana, série III, nº19, Lisboa, Federação Portuguesa de Filatelia, 2009.
- PINTO, Rui Miguel da Costa. Gago Coutinho, breve perfil biográfico, Lisboa, Academia da Marinha, 2009.
- PINTO, Rui Miguel da Costa. Gago Coutinho e as relações luso brasileiras, Espírito Santo (Brasil), Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, 2009.
- PINTO, Rui Miguel da Costa - Gago Coutinho - O Último Grande Aventureiro Português. Eranus. Lisboa. 2014