domingo, 14 de fevereiro de 2021

PÁLIDO PONTO AZUL - 1990 - 14 DE FEVEREIRO DE 2021

 


Pálido Ponto Azul

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Disambig grey.svg Nota: Se procura o livro de Carl Sagan, veja Pale Blue Dot.
Vista a seis bilhões de quilômetros, a Terra é um minúsculo ponto (a mancha azulada-branca que se encontra aproximadamente no meio da faixa marrom) perdida na vastidão do espaço profundo.

Pálido Ponto Azul (em inglêsPale Blue Dot) é uma fotografia da Terra tirada em 14 de fevereiro de 1990 pela sonda Voyager 1, de uma distância de seis bilhões de quilômetros (40,5 AU) da Terra, como parte de uma série de imagens do Sistema Solar denominada Retrato de Família.

Nessa fotografia, o tamanho aparente da Terra é menor do que um pixel; o planeta aparece como um pequeno ponto na imensidão do espaço, no meio de um raio solar captado pela lente da câmera.[1]

Voyager 1, que tinha completado sua missão principal e estava deixando o Sistema Solar, recebeu comandos da NASA para virar sua câmera e tirar uma última fotografia da Terra em meio a vastidão espacial, a pedido do astrônomo e escritor Carl Sagan,[2] autor do livro Pale Blue Dot.

Contexto

Em setembro de 1977, a NASA lançou a Voyager 1, uma espaçonave robótica de 722 kg com a missão de estudar o Sistema Solar exterior e eventualmente o espaço sideral.[3] Depois do encontro com o Sistema Joviano[4] e da exploração de Saturno em 1980,[5] a missão principal foi declarada completa em novembro do mesmo ano. A Voyager 1 foi a primeira sonda espacial a fornecer imagens detalhadas dos dois maiores planetas do nosso sistema e suas principais luas.[6]

A sonda espacial Voyager 1.

A espaçonave, que continua a viajar a 64 000 km/h, é o objeto feito pelo homem mais distante da Terra e o primeiro a deixar o Sistema Solar.[7] Sua missão foi prolongada e continua até os dias atuais, como o objetivo de investigar os objetos transnetunianos, incluindo o cinturão de Kuiper, a heliosfera e o espaço sideral. Operando por 43 anos, 5 meses e 7 dias em 14 de fevereiro de 2021, recebe comandos rotineiros e transmite dados para a Rede de Espaço Profundo.[8][9]

Inicialmente era esperado que a Voyager 1 funcionasse somente até o encontro com Saturno, porém, quando a sonda espacial passou pelo planeta em 1980, Sagan propôs a ideia que a espaçonave tirasse uma última foto da Terra.[10] Ele pontuou que tal fotografia não teria muito valor científico, já que a Terra apareceria muito pequena pelas câmeras da Voyager 1 para capturar qualquer detalhe, mas ainda assim seria imprescindível para termos uma perspectiva da nossa localização no universo.[11]

Embora muitos participantes do programa Voyager apoiassem a ideia, existiam dúvidas se tirar uma foto da Terra tão perto do Sol iria causar um dano irreparável no sistema de imagem da sonda. A ideia de Sagan só foi posta em prática em 1989, mas o instrumento de calibração sofreu um atraso, e o pessoal que era encarregado de transmitir rádios comandos para a Voyager 1 acabaram sendo demitidos ou transferidos para outros projetos. Finalmente, o Administrador da NasaRichard Truly, tomou providências para assegurar que a foto fosse tirada.[7][12][13]

Câmera

O Subsistema de Imagens Científicas da Voyager 1, atualmente desativado, consiste em duas câmeras: uma contendo uma lente focal de 200 mm e de baixa resolução para ângulos abertos, usada para imagens panorâmicas, e uma de 1500 mm e de alta resolução para ângulos menores - a que foi usada para um "Pálido Ponto Azul" - com a função de fotografar imagens detalhadas de pontos específicos. Ambas as câmeras eram de tubo e equipadas com oito filtros coloridos.[14]

O desafio da equipe de imagens era que, enquanto a missão progredia, os objetos a serem fotografados ficavam cada vez mais longe da espaçonave, portanto menores e iriam requerer uma fotografia de longa exposição e até mesmo um giro nos equipamentos para adequá-la em um plano horizontal ou vertical, a fim de garantir uma boa qualidade. A capacidade de telecomunicação era comprometida com a distância, limitando o número de dados que poderiam ser usados no sistema de imagens.[15]

Depois de tirar a série de imagens denominadas Retrato de Família, incluindo um "Pálido Ponto Azul", os líderes da missão da NASA ordenaram que desativassem as câmeras da Voyager 1, já que no restante da missão a espaçonave não estava indo para nenhum lugar de relevância fotográfica, enquanto que outros instrumentos que iriam coletar dados ainda precisariam de energia para a longa jornada interestelar.[16]

A fotografia

A fotografia da câmera de ângulo aberto expondo o Sol e os planetas menores (não visíveis), com um "Pálido Ponto Azul" sobreposto na esquerda, e Vênus na direita.

O comando sequencial a ser retransmitido para a espaçonave e os cálculos para cada tempo de exposição das fotografias foram desenvolvidos pelas cientistas espaciais Candy Hansen, da Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA, e Carolyn Porco, da Universidade do Arizona. Depois que o plano de imagem foi tirado em 14 de fevereiro de 1990, os dados da câmera foram inicialmente armazenados em um gravador na própria sonda. A transmissão para a Terra foi também retransmitida para as missões Magellan e Galileo, recebendo prioridade no uso da Rede de Espaço Profundo. Então, entre março e maio de 1990, a Voyager 1 enviou 60 fotogramas para a Terra, com os sinais de rádios viajando na velocidade da luz por quase cinco horas e meia para cobrir a distância.[7]

Três desse fotogramas recebidos mostravam a Terra como um pequeno ponto de luz no espaço vazio. Cada fotograma foi tirado usando diferentes filtros coloridos: azul, verde e violeta, com o tempo de exposição de 0,72, 0,48 e 0,72 segundos, respectivamente. Os três fotogramas foram então combinados para produzir a imagem que seria chamada de "Pálido Ponto Azul".[17]

Pálido Ponto Azul republicado pela NASA em 2020 por causa do 30º aniversário da imagem. Usando programas modernos para processamento de imagem, o brilho e as cores foram balanceados para aumentar a nitidez da área contendo a Terra.[18]

Dos 640.000 pixels individuais que formam cada fotograma, o da Terra ocupa menos que um (0,12 pixels, de acordo com a NASA). A faixa de luz que cruza a fotografia é o resultado de uma difração causada pela luz solar, por causa da relativa proximidade entre o Sol e a Terra.[7][19] O ponto de vista da Voyager 1 era de aproximadamente 32° acima da projeção eclíptica. Observações detalhadas sugerem que a câmera também detectou a Lua, embora esteja muito longe para ser visível sem um método especial.[17]

A cor do pálido ponto azul é resultado da polarização eletromagnética e da difração da luz refletida da Terra. A polarização por sua vez depende de vários fatores, como posição das nuvens, áreas expostas dos oceanos, florestas, desertos, polos gelados, etc.[20]

Pálido Ponto Azul que foi capturada pela outra câmera, a de ângulo aberto, também foi publicada como parte de uma fotografia mostrando o Sol e a região do espaço contendo a Terra e Vênus. A imagem de ângulo aberto foi inserida em duas fotos de ângulos mais fechados: "Pálido Ponto Azul" e a foto similar de Vênus. A fotografia de ângulo aberto foi tirada com um filtro mais escuro e com a exposição mais curta possível (5 milissegundos), para evitar a saturação dos tubos das câmeras pela difração da luz. Mesmo assim, o resultado foi uma imagem ofuscada com múltiplas refrações na óptica da câmera e o Sol aparecendo muito maior que a atual dimensão do disco solar. Os raios em volta do Sol são uma padrão de difração da lâmpada de calibração que é instalada na frente das lentes de ângulo aberto.[17]

Em fevereiro de 2020, em celebração aos 30 anos da foto, A NASA publicou uma versão atualizada da imagem utilizando tecnologias modernas de processamento gráfico.[21]

Distância

A localização aproximada da Voyager 1 enquanto a fotografia era tirada é mostrada em verde.

De acordo com a ferramenta HORIZON do centro tecnológico Jet Propulsion Laboratory da NASA, as distâncias entre a Voyager 1 e a Terra em 14 de fevereiro de 1990 e 15 de maio de 1990, foram as seguintes:[22]

Distâncias da Voyager 1 em relação a Terra
Unidade de medida14 de fevereiro de 199015 de maio de 1990
Unidade astronômicas40.47222940.417506
Quilômetros6.054.587.0006.046.400.000
Milhas3.762.146.0003.757.059.000

Reflexões de Carl Sagan

Sagan indicou que nesse ponto, "cada ser humano que já existiu viveu a sua vida".

Durante uma palestra pública na Universidade Cornell em 1994, Carl Sagan apresentou a imagem para a audiência e compartilhou suas reflexões sobre o profundo significado atrás da ideia do "pálido ponto azul":[23]

Olhem de novo esse ponto. É aqui, é a nossa casa, somos nós. Nele, todos a quem ama, todos a quem conhece, qualquer um sobre quem você ouviu falar, cada ser humano que já existiu, viveram as suas vidas. O conjunto da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas confiantes, cada caçador e coletor, cada herói e covarde, cada criador e destruidor da civilização, cada rei e camponês, cada jovem casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada professor de ética, cada político corrupto, cada "superestrela", cada "líder supremo", cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu ali - em um grão de pó suspenso num raio de sol.

A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena cósmica. Pense nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores, para que, na sua glória e triunfo, pudessem ser senhores momentâneos de uma fração de um ponto. Pense nas crueldades sem fim infligidas pelos moradores de um canto deste pixel aos praticamente indistinguíveis moradores de algum outro canto, quão frequentes seus desentendimentos, quão ávidos de matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.

As nossas posturas, a nossa suposta auto importância, a ilusão de termos qualquer posição de privilégio no Universo, são desafiadas por este pontinho de luz pálida. O nosso planeta é um grão solitário na imensa escuridão cósmica que nos cerca. Na nossa obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de outro lugar para nos salvar de nós próprios.

A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que abriga vida. Não há outro lugar, pelo menos no futuro próximo, para onde a nossa espécie possa emigrar. Visitar, sim. Assentar-se, ainda não. Gostemos ou não, a Terra é onde temos de ficar por enquanto.

Já foi dito que astronomia é uma experiência de humildade e criadora de caráter. Não há, talvez, melhor demonstração da tola presunção humana do que esta imagem distante do nosso minúsculo mundo. Para mim, destaca a nossa responsabilidade de sermos mais amáveis uns com os outros, e para preservarmos e protegermos o "pálido ponto azul", o único lar que conhecemos até hoje.
— Carl Sagan

Em homenagem à fotografia, Sagan deu ao título do seu livro de 1994 o nome de Pale Blue Dot.[12][24]

Ver também

Referências

  1.  «A Pale Blue Dot» (em inglês). The Planetary Society. Consultado em 21 de dezembro de 2014
  2.  «From Earth to the Solar System, The Pale Blue Dot»(em inglês). NASA. Consultado em 24 de dezembro de 2014
  3.  «Voyager 1» (em inglês). nssdc.gsfc.nasa.gov. Consultado em 28 de fevereiro de 2017
  4.  Stone, Ec; Lane, Al (junho de 1979). «Voyager 1 Encounter with the Jovian System». Science204 (4396): 945–948. Bibcode:1979Sci...204..945SJSTOR 1748134PMID 17800428doi:10.1126/science.204.4396.945
  5.  «Saturn Then and Now: 30 Years Since Voyager Visit» (em inglês). Nasa.gov. Consultado em 5 de março de 2017
  6.  «Planetary Voyage» (em inglês). nasa.gov. Consultado em 5 de março de 2017
  7. ↑ Ir para:a b c d Sagan, Carl (9 de setembro de 1990). «The Earth from the frontiers of the Solar system - The Pale, Blue Dot». PARADE Magazine
  8.  Butrica, Andrew.J (1994). From Engineering Science To Big Science (1st ed.). [S.l.]: New York: Random House. 251 páginas
  9.  «An Earthly View of Mars» (em inglês). space.com. Consultado em 28 de fevereiro de 2017
  10.  «It's our dot: For Carl Sagan, planet Earth is just a launch pad for human explorations of the outer universe» (em inglês). The Cosmic Compedium. Consultado em 28 de fevereiro de 2017
  11.  «The Earth would appear too small for Voyager's cameras to make out any detail, but it could have been meaningful nevertheless as a perspective on our place in the universe.» (em inglês). The Cosmic Compedium. Consultado em 5 de março de 2017
  12. ↑ Ir para:a b Sagan, Carl. Pale Blue Dot: A Vision of the Human Future in Space (em inglês). [S.l.]: The Washington Post Book World. 4 páginas
  13.  Greenfieldboyce, Nell. «An Alien View Of Earth» (em inglês). npr.org. Consultado em 28 de fevereiro de 2017
  14.  «Cassini Solstice Mission – ISS» (em inglês). NASA
  15.  «Voyager 1 Narrow Angle Camera Description» (em inglês). Planetary Rings Node. SETI Institute. Consultado em 28 de fevereiro de 2008
  16.  «Frequently Asked Questions: Can the Voyager imaging cameras be turned back on?» (em inglês). NASA. Consultado em 28 de fevereiro de 2017. Arquivado do original em 21 de Julho de 2011
  17. ↑ Ir para:a b c «PIA00450: Solar System Portrait - View of the Sun, Earth and Venus» (em inglês). photojournal.jpl.nasa.gov. Consultado em 28 de fevereiro de 2017
  18.  Staff. «Pale Blue Dot Revisited»Jet Propulsion LaboratoryNASA. Consultado em 13 de fevereiro de 2020
  19.  «Solar System Exploration-Pale Blue Dot» (em inglês). solarsystem.nasa.gov. Consultado em 28 de fevereiro de 2017. Arquivado do original em 11 de março de 2017
  20.  «The Spectrum of Earthshine: A Pale Blue Dot Observed from the Ground» (em inglês). The American Astronomical Society. 8 de março de 2002. Consultado em 28 de fevereiro de 2017
  21.  «Pale Blue Dot Revisited»www.jpl.nasa.gov. Consultado em 14 de fevereiro de 2020
  22.  «NASA's JPL Horizon System for calculating ephemerides for solar system bodies». ssd.jpl.nasa.gov. Consultado em 13 de julho de 2011
  23.  «A Pale Blue Dot» (em inglês). The Big Sky Astronomy Club. Consultado em 28 de fevereiro de 2017
  24.  Garfinkel, Simson.L (5 de fevereiro de 1995). «Sagan looks to space for future salvation» (em inglês). The Daily Gazette. Consultado em 28 de fevereiro de 2017

Ligações externas

BATALHA DO CABO DE SÃO VICENTE - 1797 - 14 DE FEVEREIRO DE 2021

 


Batalha do Cabo de São Vicente (1797)

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Batalha do Cabo de São Vicente
Guerras revolucionárias francesas
The Battle of Cape St Vincent, 14 February 1797 RMG BHC0486.jpg
Batalha do Cabo de São Vicente, 14 de Fevereiro de 1797
Quadro de Robert Cleveley
Data14 de fevereiro de 1797
LocalCabo de São Vicente
DesfechoVitória britânica
Beligerantes
Flag of Great Britain (1707–1800).svg Reino da Grã-Bretanha Espanha
Comandantes
Flag of Great Britain (1707–1800).svg Sir John Jervis
Flag of Great Britain (1707–1800).svg William Waldegrave
Flag of Great Britain (1707–1800).svg Charles Thompson
Flag of Great Britain (1707–1800).svg Sir William Parker
Flag of Great Britain (1707–1800).svg Horatio Nelson
Espanha Don José de Córdoba
Forças
15 navios de linha
fragatas
corveta
cutter
27 navios de linha
fragatas
Baixas
73 mortos,
227 feridos
4 navios capturados,
250 mortos,
550 feridos,
3 000 prisioneiros

Batalha do Cabo de São Vicente (1797) foi uma batalha naval travada em 1797 ao largo do Cabo de São Vicente entre forças britânicas, comandadas pelo almirante John Jervis, e espanholas.[1]

Plano de fundo

A obrigação da Espanha de declarar guerra à Inglaterra e de atacá-la com sua marinha resultou do tratado de aliança de San Ildefonso com a França de 18 de agosto de 1796. A Espanha declarou guerra à Inglaterra em outubro de 1796 e tornou insustentável a posição britânica na área do Mediterrâneo. A frota franco-espanhola combinada com 38 navios superou em número a frota britânica do Mediterrâneo com 15 navios e os forçou a desistir de suas posições na Córsega e na Ilha de Elba. Na primavera de 1797 a frota espanhola com 27 navios estava em Cartagena com a intenção de seguir para Cádizpara ir e depois juntar-se à frota francesa em Brest. A frota espanhola comandada por Don José de Córdoba deixou Cartagena em 1º de fevereiro e teria chegado a Cádis com segurança se o Levante, um vento de leste, não tivesse empurrado a frota mais longe no Atlântico do que o planejado. Quando o vento diminuiu, a frota retomou sua rota para Cádis.

Enquanto isso, a frota britânica do Mediterrâneo comandada pelo almirante John Jervis deixou o porto de Lisboa com 10 navios para interceptar a frota espanhola. Em 6 de fevereiro de 1797, mais cinco navios da linha da Frota do Canal sob o contra-almirante William Parker reforçaram o esquadrão inglês.

Em 11 de fevereiro, a fragata britânica Minerve navegou sob o comando do Capitão George Cockburn com o Comodoro Horatio Nelson a bordo em seu caminho de Gibraltar para o Atlântico, graças ao forte nevoeiro, através da frota espanhola e alcançou a frota britânica em 13 de fevereiro. Nelson informou Jervis da posição da frota espanhola, mas não tinha visto o tamanho dela no nevoeiro.

Em 14 de fevereiro, Jervis soube que a frota espanhola estava contra o vento.[2]

A batalha

Na madrugada de 14 de fevereiro de 1797, a frota britânica estava em posição de ataque. O almirante Jervis percebeu que sua frota estava em menor número que os espanhóis. Mas teria sido difícil se retirar neste momento. Jervis também sabia que a fusão das frotas espanhola e francesa seria ainda mais perigosa. Para vantagem dos britânicos, os espanhóis ainda não estavam prontos para atacar. Sua frota ainda estava dividida em dois grupos, enquanto os navios britânicos já estavam alinhados em ordem de batalha. Jervis decidiu dirigir entre os dois grupos para minimizar o fogo inimigo e ser capaz de atirar em ambos os lados. Ao passar entre os dois grupos, o grupo maior foi capaz de se virar e se afastar quase na direção oposta, enquanto o grupo menor estava em uma posição semelhante. Jervis ordenou que seus navios se virassem para interceptar o grupo maior antes que eles pudessem chegar a Cádiz.

Nelson estava na parte inferior da frota britânica em seu navio, o Captain, e estava mais próximo do grande grupo de navios espanhóis. Ele concluiu que a manobra ordenada não permitiria que os navios britânicos ultrapassassem os espanhóis. Ele ignorou a ordem, saiu da formação e se virou mais cedo para alcançar o grupo mais rapidamente. Isso o colocou bem na frente dos navios espanhóis. Quando Jervis viu a manobra do capitão, ordenou que seu último navio, o Excellent, fizesse o mesmo. Ao mesmo tempo, os primeiros navios da formação haviam terminado sua manobra e estavam ao alcance dos navios espanhóis.

Captain foi agora exposto ao fogo de seis navios espanhóis, três dos quais eram de três conveses com 122 canhões e a nau capitânia de Córdoba, o Santissima Trinidad, com 130 canhões. Logo, grande parte do cordame do Captain foi destruído, tornando-se quase impossível manobrar. Nelson então dirigiu perto do San Nicolás para poder abordar o navio inimigo.

Enquanto isso, no Excellent, o Capitão Collingwood atacou o San José de 112 canhões, que já estava tão perto do San Nicolás foi que Nelson ordenou que sua tripulação embarcasse no segundo navio através do primeiro navio espanhol. Ambos os navios foram abordados. Essa manobra era tão incomum e tão admirada na Marinha Real que logo foi chamada de "ponte patenteada de Nelson para embarcar em um navio inimigo".

Os espanhóis finalmente conseguiram se afastar, o que encerrou a batalha. Jervis cruzou para o Irresistible - onde Nelson estava agora que o Captain não era mais manobrável - e prestou homenagem à insubordinação de Nelson. Ele ressaltou que a manobra teria sido suicida se os espanhóis tivessem sido mais bem treinados.[2][3]

Consequências

No dia seguinte, os espanhóis foram vistos novamente. Eles se retiraram quando os britânicos definiram seu curso para eles. Poucos dias depois, o danificado Santissima Trinidad foi avistado a caminho da Espanha e atacado pela fragata Terpsichore. Mas ela conseguiu escapar.

Do lado britânico, houve 73 mortos, 227 gravemente feridos e 100 levemente feridos. Os espanhóis tiveram cerca de 1 000 feridos ou mortos. Os navios espanhóis da linha Salvador del MundoSan JoséSan Nicolás e San Ysidro foram presos.

Jervis foi nomeado Conde de São Vicente e Primeiro Lorde do Almirantado. Nelson foi nomeado cavaleiro e promovido a contra-almirante. Córdoba foi exonerado da Marinha Espanhola e não tinha mais permissão para comparecer à corte real.

Depois de provar que a capacidade de sua frota era superior à da espanhola, Jervis ordenou um bloqueio na baía de Cádiz para manter os espanhóis ali. O bloqueio foi mantido por três anos e restringiu com sucesso a capacidade da frota espanhola de agir até a Paz de Amiens em 1802. A contenção da ameaça espanhola e o aumento do tamanho de sua frota permitiram que Jervis enviasse um esquadrão sob o comando de Nelson ao Mediterrâneo no ano seguinte. Este esquadrão, restaurou a supremacia da Marinha Real no Mediterrâneo na batalha marítima em Abukir.[2][3]

Referências

  1.  Coleman, Terry (2001). Nelson: The man and the legend. [S.l.]: Bloomsbury. ISBN 0-7475-5900-7
  2. ↑ Ir para:a b c Hannay, David (1911). "São Vicente, Batalha de"  . Encyclopædia Britannica . 24 (11ª ed.). pp. 50–51.
  3. ↑ Ir para:a b Drinkwater, John (1840). A narrative of the Battle of St. Vincent; with anecdotes of Nelson, before and after that battle. London: Saunders and Otley

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