Guerra Civil Sul-Sudanesa
Guerra Civil Sul-Sudanesa | |||||||
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Situação militar no Sudão do Sul: Sob o controle do Governo do Sudão do Sul Sob o controle do Movimento Popular de Libertação do Sudão na Oposição Sob o controle do Governo do Sudão | |||||||
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Combatentes | |||||||
Governo do Sudão do Sul | MPLS-O[3] | ||||||
Líderes e comandantes | |||||||
Salva Kiir Mayardit James Hoth Mai (2013-2014)[5] Paul Malong Awan Kuol Manyang Juuk Yoweri Museveni Katumba Wamala | Riek Machar[6] Pagan Amum Peter Adwok Mabior Garang Rebecca Garang Peter Gadet | ||||||
Forças | |||||||
150 000 combatentes 15 000 soldados (2019)[7] | Rebeldes: 10 000[8] em Bor Exército Branco Nuer: 25 000[4][9][10] No mínimo 15 000 SPLA desertores[11] | ||||||
190 000 mortes violentas[12] 193 000 mortes causadas por fome, doenças e deslocamentos forçados[12] | |||||||
A Guerra Civil Sul-Sudanesa foi um conflito militar que aconteceu no Sudão do Sul, entre as forças do governo e as da oposição.[13][14][15][16] Estimativas apontam que pelo menos 400 mil pessoas foram mortas na guerra e outras duas milhões foram deslocadas de suas casas, de acordo com a ONU.[17][18] Diversas tentativas de cessar-fogo fogo já ocorreram, mas todas acabaram falhando. A primeira delas em 23 de janeiro[19] seguida por mais uma em 9 de junho.[20] O conflito tinha um caráter fortemente étnico e sectário, sendo o governo representado pelos dinka e a oposição pelos nuer.[21]
Em 22 de fevereiro de 2020, o presidente Salva Kiir e Riek Machar, seu principal rival, firmaram um acordo para formar um governo de unidade nacional, encerrando, pelo menos formalmente, a guerra.[22]
Desenvolvimento do conflito
O conflito teve início em 15 de dezembro de 2013, no encontro do Conselho da Libertação Nacional em Nyakuron, quando os líderes de oposição Riek Machar, Pagan Amum e Rebecca Garang votaram por boicotar o encontro a ocorrer em 15 de dezembro.[23] O presidente Salva Kiir ordenou então o desarmamento de todas as tropas. Depois de desarmadas foi ordenado o rearmamento dos Dinka,[23] em resposta os membros da etnia Nuer se rearmaram. Os combates irromperam entre esses grupos e se espalharam para as ruas da capital Juba quando membros dinka do SPLM começaram a atacar civis da etnia Nuer [23]
O presidente acusou seus opositores de tentarem um golpe de Estado, mas que a situação estava controlada.[24] Em 18 de dezembro, Machar negou qualquer tentativa de golpe e acusou o presidente de fabricar tal alegação para atacar adversários políticos, afirmando que a violência havia sido iniciada pela guarda de Kiir.[25]
A violência se espalhou de Juba para as cidades vizinhas.[26] Em 19 de dezembro a cidade de Bor foi atacada e tomada por milícias Nuer. Sendo retomada por forças do governo no fim de dezembro.[27] Os combates se intensificaram entre dezembro e janeiro, e no dia 23 de janeiro ocorreu a primeira tentativa de cessar-fogo.[19] Esse acordo foi rompido em 26 de dezembro quando forças leais ao governo atacaram posições rebeldes, acusação que o governo nega, culpando os rebeldes pela ofensiva.[28]
Em 20 de abril de 2014, mais de 200 civis foram massacrados por tropas Nuer em Bentiu. Suspeitas de que todas as vítimas fossem da etnia Dinka.[29] Em 9 de maio um segundo cessar-fogo foi assinado, mas colapsou em questão de horas.[30] Em 11 de Junho, Kiir e Machar concordaram em iniciar negociações para a formação de um novo governo. Contudo ambos os lados boicotaram as negociações e em 16 de junho o cessar-fogo foi violado.[31]
Em 2 de outubro de 2014, as negociações de paz foram retomadas.[32]
Em Agosto de 2015, ambas as partes concordaram em assinar um tratado de cessar-fogo.[33] Entre outras recomendações, o acordo garantia o retorno de Machar a vice-presidência do país. Em Abril de 2016, este retornou a capital Juba e a vice-presidência.[34]
Em Julho de 2016, houve a retomada de fortes conflitos armados na região de Juba. Mais de 300 pessoas morreram e mais de 40 ficaram feridas.[35] Após o presidente Kiir e o vice-presidente Machar tentarem por fim aos confrontos, Maachar deixou Juba. Para a continuação das negociações de paz, Taban Deng Gail, ministro de minas e negociador-chefe dos rebeldes, foi indicado para o seu lugar como vice-presidente. Machar porém alega que as negociações são inválidas pois já havia despedido Gail.[36]
Em fevereiro de 2020, Salva Kiir e Riek Machar anunciaram que haviam chegado a um acordo para formar um governo de unidade nacional. Entre alguns pontos de disputa, estavam o número de estados que o país teria e quem controlaria as regiões produtoras de petróleo (a principal fonte de renda do Sudão do Sul).[37] Em 22 de fevereiro, Machar foi empossado como vice de Kiir, encerrando, formalmente, as hostilidades entre os dois.[38]
Nações Unidas identifica crimes contra a humanidade
Em fevereiro de 2018, a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas no Sudão do Sul tornou público um relatório onde identifica 40 militares do governo como os responsáveis por diversos crimes de guerra e contra a humanidade, tendo como alvo a população civil.[39]
Entre os casos de violência descritos no documento estavam pessoas que foram castradas, tiveram seus olhos arrancados ou foram degoladas. O documento ainda inclui o relato de uma mulher, mãe de um menino de 12 anos, que para sobreviver teve que estuprar a própria avó. A mesma mulher viu seu marido ser castrado.
O relatório inclui apenas uma parte de toda a informação recolhida, que inclui 58 mil documentos e declarações de 230 testemunhas. O relatório deve ser usado para julgar os autores em tribunais e para outros mecanismos previstos no Acordo de Paz assinado em 2015.[40]
Ver também
Referências
- ↑ «Clone of Sudanese President Juba discuss crisis», Al Jazeera, janeiro de 2014
- ↑ Akiva Eldar (8 de julho de 2015), Why is Israel turning a blind eye to South Sudan arms sales?
- ↑ «South Sudan oil town changes hands for fourth time. Why?». The Christian Science Monitor. 5 de maio de 2014
- ↑ ab «South Sudan: 'White Army' militia marches to fight». USA Today. 28 de dezembro de 2013
- ↑ «South Sudan's president sacks army chief». Lebanon: The Daily Star. 23 de abril de 2014. Consultado em 24 de julho de 2014
- ↑ «South Sudan rebel leader sets out conditions for talks». Trust. Consultado em 24 de dezembro de 2013
- ↑ «Pride and reverence reign as UNMISS celebrates International Day of UN Peacekeepers in South Sudan». ONU. 29 de maio de 2019. Consultado em 2 de agosto de 2019
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- ↑ «South Sudan forces battle 'White Army'». The Daily Star. LB. 29 de dezembro de 2013
- ↑ «25,000 rebels march on strategic South Sudan town». IR: Press TV. 29 de dezembro de 2013
- ↑ «South Sudan's army advances on rebels in Bentiu and Bor». BBC. 9 de janeiro de 2014. Consultado em 9 de janeiro de 2014
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- ↑ «UN: War crimes happening in South Sudan». Al Jazeera. 18 de janeiro de 2014. Consultado em 19 de janeiro de 2014
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- ↑ «ONU identifica crimes contra a humanidade cometidos por militares no Sudão do Sul». ONU. Consultado em 24 de março de 2018