Batalha de Nínive (627)
Batalha de Nínive | |||
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Guerra bizantino-sassânida de 602-628 (guerras bizantino-sassânidas) | |||
Mapa dos movimentos dos exércitos envolvidos na batalha | |||
Data | 12 de dezembro de 627 (1 392 anos) | ||
Local | Pérsia, perto de Nínive | ||
Desfecho | Vitória bizantina | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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A batalha de Nínive de 627 foi a batalha final da guerra bizantino-sassânida de 602-628, travada na Pérsia, perto da cidade de Nínive.[a] A vitória bizantina derrotou o poderio da dinastia sassânida e durante alguma tempo restaurou as antigas fronteiras do Império Bizantino no Médio Oriente. Porém, este ressurgimento de poder e prestígio não duraria muito, pois numa questão de décadas surgiu um califado islâmico no deserto da Arábia e mais uma vez o império foi levado à beira da destruição.
Antecedentes
Quando Maurício I (r. 582–602) foi assassinado pelo usurpador Focas (r. 602–610), Cosroes II (r. 590–628) declarou-lhe guerra, a pretexto de vingar a morte do seu benfeitor. Os Persas tiveram bastante êxito durante as primeiras fases da guerra, conquistando grande parte do Levante, Egito e até partes da Anatólia, mas a sorte mudou de rumo quando Heráclio (r. 610–641) ascendeu ao trono bizantino e conduziu os Persas à derrota. As campanhas de Heráclio alteraram o equilíbrio de forças, forçando os Persas a uma atitude defensiva e permitindo aos bizantinos recuperar o impulso. Aliados aos Ávaros, os Persas tentaram tomar Constantinopla em 626, mas foram foram ali derrotados.
Enquanto decorria o cerco de Constantinopla, Heráclio aliou-se com o que as fontes bizantinas chamam Cazares que são identificados como sendo os Goturcos do Canato Túrquico Ocidental liderados por Ziebel (Tong Jabgu).[3] Este foi subornado com belos presentes e a promessa como recompensa aliança da porfironogénita Eudóxia Epifânia. Os turcos do Cáucaso responderam enviando 40 000 dos seus homens para devastar e saquear o Império Persa em 626, dando início à terceira guerra turco-persa.[4] As operações conjuntas entre Bizantinos e Goturcos focaram-se no cerco de Tiflis.[5]
Invasão da Mesopotâmia
Em meados de setembro de 627, deixando Ziebel a cercar Tiflis, Heráclio invadiu o interior da Pérsia, com um exército de 25 000 a 50 000 Bizantinos e 40 000 Goturcos. No entanto, estes abandonaram-no rapidamente devido às inusuais condições climatéricas de inverno.[1] Heráclio foi seguido pelo exército de Razates, de 12 000,[2] do qual conseguiu escapar, dirigindo-se para o interior do território inimigo, no que é hoje o Iraque. Indo à frente, abastecendo-se de comida para os homens e animais no campos por onde passava, Heráclio dificultava de sobremaneira o abastecimento de Razates, que tinha dificuldades em encontrar provisões, o que se refletiu na saúde dos animais.[6][7]
A 1 de dezembro, Heráclio atravessou o Grande Zab e acampou perto de Nínive, num movimento de sul para norte, contrário o que era esperado pelo inimigo. Esta manobra pode também se vista como uma forma de evitar cair numa emboscada do exército persa no caso de derrota. Razates aproximou-se de Nínive por outro direção.[6] Chegaram informações a Heráclio de que se aproximavam 3 000 reforços persas, forçando-o a atuar. Deu a entender que estava a retirar da Pérsia atravessando o Tigre.[7]
A batalha
Heráclio posicionou-se numa planície a oeste do Grande Zab, a alguma distância a leste de Nínive,[8] o que lhe permitiu tirar partido da sua vantagem em lanças e combate corpo a corpo. O nevoeiro reduziu a vantagem dos Persas em relação a projéteis e permitiu aos Bizantinos carregar sem sofrer grandes baixas por fogo de barragem.[7] Walter Kaegi acredita que a batalha ocorreu perto da ribeira Karamlays.[9]
Razates dispôs as suas tropas em três unidades e atacou.[10] Heráclio simulou uma retirada para atrair os Persas para a planície antes de virar as suas tropas contra o inimigo, para surpresa deste.[7] Depois de oito horas de combates, os Persas retiraram subitamente para o sopé das colinas próximas, mas ainda não estavam exatamente derrotados.[11][12] Entretanto as baixas persas ascenderam a 6 000.[2][13]
Na sua obra História Breve, Nicéforo (c. 758–828) relata que Razates desafiou Heráclio para uma luta pessoal. Heráclio aceitou e matou Razates com um só golpe; houve mais dois duelos que também foram ganhos pelos Bizantinos.[2][12] Mesmo que esta versão seja fantasiosa, o certo é que Razates morreu durante a batalha.[2]
Os 3 000 reforços persas chegaram demasiado tarde e provavelmente juntaram-se ao que restava das forças de Razates.[2][14]
Rescaldo
A vitória em Nínive dos Bizantinos não foi completa, pois não conseguiram tomar o acampamento inimigo. Contudo, a vitória foi suficientemente significativa para destroçar a resistência dos Persas.[15] Sem tropas persas que se lhe opusessem, o exército vitorioso de Heráclio saqueou Dastagirda, o palácio de Cosroes.[16] Este tinha entretanto fugido para as montanhas de Susiana para ali tentar reunir apoio para a defesa de Ctesifonte, a capital sassânida.[12][17] Os Bizantinos não puderam atacar Ctesifonte porque o canal de Naravã estava bloqueado devido ao colapso duma ponte que o atravessava.[16]
O exército sassânida rebelou-se contra Cosroes e derrubou-o do poder, substituindo-o no trono pelo seu filho Cavades II (também conhecido como Siroes). Cosroes morreu numa masmorra depois de resistir durante cinco dias a duras condições, sendo executado lentamente no quinto dia com flechas. Cavades apressou-se a enviar uma oferta de paz a Heráclio. Este não impôs condições duras, pois estava ciente de que o seu próprio império se encontrava à beira da exaustão. Nos termos do tratado de paz, os Bizantinos recuperaram os territórios perdidos, os seus prisioneiros de guerra e uma indemnização de guerra, além de relíquias de grande valor religioso, nomeadamente a Vera Cruz, que tinha sido perdida em 614 em Jerusalém.[18][19]
Notas e referências
- Este artigo foi inicialmente traduzido do artigo da Wikipédia em inglês, cujo título é «Battle of Nineveh (627)», especificamente desta versão.
- [a] ^ Nínive situava-se junto ao que é hoje a cidade de Mossul, no Curdistão iraquiano, no norte do Iraque. Supõe-se que a batalha foi travada no vale do Uádi Xaur, a cerca de 20 quilómetros a leste de Mossul.[9]
- ↑ ab Kaegi 2003, p. 158–159.
- ↑ ab c d e f g Kaegi 2003, p. 167.
- ↑ Kaegi 2003, p. 143.
- ↑ Norwich 1997, p. 92.
- ↑ Kaegi 2003, p. 144.
- ↑ ab Kaegi 2003, p. 160.
- ↑ ab c d Kaegi 2003, p. 161.
- ↑ Kaegi 2003, p. 162.
- ↑ ab Kaegi 2003, p. 163.
- ↑ Kaegi 2003, p. 161–162.
- ↑ Kaegi 2003, p. 163.
- ↑ ab c Norwich 1997, p. 93.
- ↑ Kaegi 2003, p. 169.
- ↑ Kaegi 2003, p. 170.
- ↑ Kaegi 2003, p. 168.
- ↑ ab Kaegi 2003, p. 173.
- ↑ Oman 1893, p. 211.
- ↑ Norwich 1997, p. 94.
- ↑ Oman 1893, p. 212.
Bibliografia
- Kaegi, Walter E. (2003), Heraclius, Emperor of Byzantium, ISBN 9780521814591 (em inglês), Cambridge University Press, consultado em 11 de dezembro de 2012
- Norwich, John Julius (1997), A Short History of Byzantium, ISBN 9780679772699 (em inglês), Vintage Books
- Oman, Charles William Chadwick (1893), Europe, 476-918 (em inglês), Macmillan, consultado em 11 de dezembro de 2012