quinta-feira, 26 de novembro de 2020

MÁRIO CESARINY - POETA E PINTOR - MORREU EM 2008 - 26 DE NOVEMBRO DE 2020

 


Mário Cesariny

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Mário Cesariny
Nome completoMário Cesariny de Vasconcelos
Nascimento9 de agosto de 1923
LisboaPortugal
Morte26 de novembro de 2006 (83 anos)
LisboaPortugal
NacionalidadePortugal Português
OcupaçãoPoetapintor
PrémiosGrande Prémio Vida Literária APE/CGD (2005)

Mário Cesariny de Vasconcelos GCL (Lisboa9 de Agosto de 1923 — Lisboa26 de Novembro de 2006) foi poeta e pintor, considerado o principal representante do surrealismo português. É de destacar também o seu trabalho de antologista, compilador e historiador (polémico) das actividades surrealistas em Portugal.

Vida

Figuras de Sopro, 1947, óleo sobre cartão, 37,5 x 24,5 cm

Mário Cesariny de Vasconcelos nasceu, por acaso, na Vila Edith, em Benfica, mais precisamente, na Estrada da Damaia, dessa freguesia, onde os pais estavam a passar férias.

Foi o último filho (com três irmãs mais velhas) de Viriato de Vasconcelos, natural de TondelaTondela, e de sua mulher María de las Mercedes Cesariny (de ascendência paterna corsa e materna espanhola), natural de Paris. O pai, com uma personalidade dominadora e pragmática, era empresário ourives, com loja e oficina na rua da Palma, na freguesia de Santa Justa, em plena baixa lisboeta.

Depois da escola primária, o pai mandou o jovem Mário frequentar o Liceu Gil Vicente, após o que, ao fim de um ano, com o intuito de dar continuidade ao negócio da família, o mudou para um curso de cinzelagem na Escola de Artes Decorativas António Arroio. Na António Arroio Cesariny conheceria Artur do Cruzeiro Seixas e Fernando José Francisco.

Completado o curso de cinzelagem, como não lhe agradasse o trabalho de ourives, frequentou um curso de habilitação à Escola de Belas-Artes de Lisboa, que não chegou a frequentar. Também estudou música, gratuitamente, com o compositor Fernando Lopes Graça. Cesariny era um talentoso pianista, mas o pai, enfurecido, proibiu-o de continuar esses estudos.

Desde o final da adolescência, Cesariny e os amigos frequentam várias tertúlias nos cafés de Lisboa e descobrem o neo-realismo e depois o surrealismo. Em 1947 Cesariny viaja até Paris onde, graças a uma bolsa, frequenta a Académie de la Grande Chaumière.

É por essa altura, encontrando-se em Paris, que Cesariny visita André Breton. Ao abandonar Paris, no mesmo ano de 1947, e influenciado por Breton, impulsiona a criação do Grupo Surrealista de Lisboa, tendo a seu lado figuras como António PedroJosé Augusto FrançaCândido Costa PintoVespeiraJoão Moniz Pereira e Alexandre O´Neill.

O grupo, que reunia na Pastelaria Mexicana, surgiu como forma de protesto libertário contra o movimento do neo-realismo, dominado pelo Partido Comunista Português, ao mesmo tempo que também não alinhava com o regime salazarista.

Mais tarde, funda o antigrupo (dissidente) Os Surrealistas, sendo seguido por António Maria LisboaRisques PereiraArtur do Cruzeiro SeixasPedro OomFernando José Francisco e Mário-Henrique Leiria.

Também em finais da década de 1940, Viriato, seu pai, abandona a família para se fixar no Brasil com uma amante. Isto faz com que Mário se aproxime mais de sua mãe e da sua irmã Henriette.

Na década de 1950, Cesariny dedica-se à pintura, mas também, e sobretudo, à poesia, que escreve nos cafés. Tem colaboração na revista Pirâmide[1] (1959-1960). O seu editor é Luiz Pacheco, com quem mais tarde (nos anos 1970) se incompatibilizaria por completo. É também durante esse período que começa a ser incomodado e a ser vigiado pela Polícia Judiciária, por "suspeita de vagabundagem", obrigado a humilhantes apresentações e interrogatórios regulares, devido à sua homossexualidade, que vivencia diariamente, de modo franco e destemido. Só a partir de 25 de Abril de 1974 deixará de ser perseguido e atormentado pela polícia.

Cesariny vivia com dificuldades financeiras, ajudado pela família. Apesar da excelência da sua escrita, esta não o sustentava financeiramente e Cesariny, a partir de meados dos anos 1960, acabaria por se dedicar por inteiro à pintura, como modo de subsistência.

A partir da década de 1980, a obra poética de Cesariny é reeditada pelo editor Manuel Hermínio Monteiro e redescoberta por uma nova geração de leitores.

Nos últimos anos da sua vida, Cesariny viveu com a sua irmã mais velha, Henriette (falecida em 2004), num apartamento na Rua de Basílio Teles, 6 - 3º, em CampolideLisboa. Ao contrário do que acontecia anteriormente, abriu-se aos meios de comunicação dando frequentes entrevistas e falando sobre a sua vida íntima. Em 2004Miguel Gonçalves Mendes realizou o documentário Autografia, filme intenso e comovente onde Cesariny se expõe e revela de modo total.

Mário Cesariny morreu em 26 de Novembro de 2006, às 22h30, de cancro da próstata, de que sofria havia anos. Foi sepultado no Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. Em 8 de dezembro de 2016, os restos mortais do poeta foram trasladados para um jazigo individual, numa cerimónia presidida pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, com a presença do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, do diretor cultural da Fundação EDP, José Manuel dos Santos, e de Teresa Caeiro, em representação da família. Cesariny passará a ter um monumento funerário com escultura projetado por Manuel Rosa.[2]

Doou em vida o seu espólio à Fundação Cupertino de Miranda e, por testamento, deixou um milhão de euros à Casa Pia.[1]

Obra

Mário Cesariny adopta uma atitude estética de constante experimentação nas suas obras e pratica uma técnica de escrita e de (des)pintura amplamente divulgada entre os surrealistas. A sua poesia é animada por um sentido de contestação a comportamentos e princípios institucionalizados ou considerados normais nos campos do pensamento e dos costumes. Ao recorrer a processos tipicamente surrealistas (enumerações caóticas, utilização sistemática do sem-sentido ou do humor negro, formas paródicas, trocadilhos e outros jogos verbais, automatismo, etc.) alcança uma linguagem que sabe encontrar o equilíbrio entre o quotidiano e o insólito.[3] Nos últimos anos de vida, desenvolveu uma frenética actividade de transformação e reabilitação do real quotidiano, da qual nasceram muitas colagens com pinturas, objectos, instalações e outras fantasias materiais.

Sobre as sessões para que o convidavam e em que o aplaudiam, o poeta comentava: Estou num pedestal muito alto, batem palmas e depois deixam-me ir sozinho para casa. Isto é a glória literária à portuguesa[4].

Bibliografia

  • Corpo Visível, 1950
  • Discurso sobre a Reabilitação do Real Quotidiano, 1952
  • Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos, 1953
  • Manual de Prestidigitação, 1956
  • Pena Capital, 1957
  • Alguns Mitos Maiores e Alguns Mitos Menores Postos à Circulação pelo Autor 1958
  • Nobilíssima Visão, 1959
  • Poesia, 1944 - 1955
  • Planisfério e Outros Poemas, 1961
  • Um Auto para Jerusalém, 1964
  • Titânia e A Cidade Queimada, 1965
  • 19 Projectos de Prémio Aldonso Ortigão Seguidos de Poemas de Londres, 1971
  • As Mãos na Água a Cabeça no Mar, 1972
  • Burlescas, Teóricas e Sentimentais, 1972
  • Primavera Autónoma das Estradas, 1980
  • Vieira da Silva, Arpad Szenes ou O Castelo Surrealista, 1984
  • O Virgem Negra, 1989
  • Titânia, 1994
  • A alma e o mundo, 1997

Prémios

Condecorações[5]

  • Portugal Grã-Cruz da Ordem da Liberdade de Portugal (21 de novembro de 2005) Atribuída pelo então Presidente da República Jorge Sampaio

Homenagens

Possui uma rua com o seu nome em Entrecampos, Lisboa.

Referências

  1.  Daniel Pires (1999). «Ficha histórica: Pirâmide : antologia (1959-1960)» (PDF)Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX (1941-1974) | Lisboa, Grifo, 1999 | Vol.II, 1º Tomo | pp. 46Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 20 de março de 2015
  2.  «Restos mortais do poeta Cesariny trasladados hoje em cerimónia nos Prazeres»
  3.  Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, volume V, Lisboa, 1998
  4.  in Público 27 de novembro de 2006
  5.  «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Mário Cesariny de Vasconcelos". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 26 de fevereiro de 2015

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SÃO LEONARDO DE PORTO MAURICIO - 26 DE NOVEMBRO DE 2020

 

Leonardo de Porto Maurício

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Leonardo de Porto Maurício
São Leonardo
Nascimento20 de dezembro de 1676 em Porto MaurícioItália
Morte26 de novembro de 1751 (74 anos) em RomaItália
Nome nascimentoPaolo Girolamo Casanova
Nome religiosoFrei Leonardo de Porto Maurício
Veneração porIgreja Católica
Beatificação19 de junho de 1796 por Papa Pio VI
Canonização29 de junho de 1867 por Papa Pio IX
Festa litúrgica26 de novembro
Padroeiroprisioneiros; Impéria, Itália
Gloriole.svg Portal dos Santos

Leonardo de Porto Maurício, nascido Paolo Girolamo Casanova, foi um religioso italiano da Ordem dos Frades Menores (franciscano), idealizador e promotor da prática da Via Crucis.[1] Foi beatificado em 1796 e proclamado santo em 1867 pelo papa Pio IX. Autor de um dos mais famosos sermões de todos os tempos da cristandade: "O pequeno número dos que se salvam."

São Leonardo, o grande missionário do século XVIII, como lhe chamou Santo Afonso Maria de Ligório, nasceu em Porto Maurício, perto de Gênova, Itália, a 20 de dezembro de 1676. Aconteceu que Leonardo perdeu muito cedo sua mãe, tendo sido criado e educado pelo seu tio. Encontrou cedo sua vocação ao Sacerdócio, por isso, ao renunciar a si mesmo, foi para Roma formar-se no Colégio da Companhia de Jesus. Por causa da sua inocência e sólida virtude, conquistou a simpatia e a alta consideração de seus superiores, que nele viam outro angélico Luís Gonzaga. Entrou para a Ordem Franciscana, no Convento de São Boaventura, e com 26 anos já era Padre.

Começou a vivenciar toda a riqueza do Evangelho e a radicalidade típica dos imitadores de Francisco, por isso ocupou posições cada vez maiores no serviço à Ordem, à Igreja e para com todos. Devoto da Virgem Maria, que lhe salvou a vida num tempo de incurável doença (tuberculose), São Leonardo de Porto Maurício era devotíssimo do Sagrado Coração de Jesus na forma da adoração ao Jesus Eucarístico.

Foi, no século XVIII, o grande apóstolo do santo exercício da Via-Sacra. Era um grande amante da pobreza radical e franciscana. Toda a vida, penitências e orações de São Leonardo convergiam para a salvação das almas. Era tal a unção, a caridade ardente e o entusiasmo que repassava em suas pregações, que o célebre orador Bapherini, encanecido já no exercício da palavra, sendo enviado por Clemente XII a ouvir os sermões de Leonardo para depois o informar a este respeito, desempenhou-se da sua missão dizendo “que nunca ouvira pregador mais arrebatador, que o efeito de seus discursos era irresistível, que ele próprio não pudera reter as lágrimas”. São Leonardo era digno sucessor de Santo Antônio de Lisboa, de São Bernardino de Sena e de São João Capistrano.

O próprio Pontífice Bento XIV quis ouvir o famoso missionário, e para isso chamou-o a Roma, em 1749, a fim de preparar os fiéis para o Ano Santo. Depois de derramar-se por Deus e pelos outros, São Leonardo de Porto Maurício, não se tornou mártir, como tão desejava, mas deu toda sua vida no dia-a-dia até adoecer e entrar no Céu a 26 de novembro de 1751, no Convento de São Boaventura, em Roma, onde, 54 anos antes, se consagrara ao Senhor sob o burel de São Francisco. Não se limitou apenas à pregação o ilustre missionário de Porto Maurício; deixou também vasta coleção de escritos, publicados a princípio isoladamente, e reunidos depois numa grande edição, que prolonga no futuro a sua prodigiosa ação missionária, não apenas dentro das fronteiras da Itália, mas cujo âmbito é todo o mundo civilizado, pelas traduções feitas em quase todas as línguas cultas. Estes escritos constituem, em geral, um rico tesouro de verdades ascéticas e ensinamentos morais e homiléticos.

Referências

  1.  «Leonardo de Porto Maurício»Biblioteca Nacional da Alemanha (em alemão). Consultado em 1 de dezembro de 2019

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