quarta-feira, 25 de novembro de 2020

GOLPE DE 25 DE NOVEMBRO DE 1975 - PORTUGAL - 45 ANOS DEPOIS - 25 DE NOVEMBRO DE 2020

 


Golpe de 25 de Novembro de 1975

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Aglomeração de militares e civis no Rossio, durante o Golpe de 25 de Novembro de 1975.

golpe de 25 de Novembro de 1975 foi uma tentativa de golpe militar conduzido por uma fação das forças armadas, apoiadas pelo o PCP, com o objectivo de uma ditadura do proletariado, cujo fracasso resultou no fim do Processo Revolucionário em Curso, instaurando em Portugal uma democracia baseada numa economia de mercado, em vez da democracia direta de economia planificada pretendida pelos setores da esquerda radical.[1]

Após o Verão Quente desse ano, em que se efetua a disputa entre forças revolucionárias e forças moderadas pela ocupação do poder do Conselho da Revolução, civis e militares começaram a contar espingardas para um possível confronto armado. Este, tantas vezes anunciado, pareceu por fim inevitável, quando, na madrugada de 25 de Novembro de 1975, tropas paraquedistas ocupam diversas bases aéreas, na expectativa de receber apoio do COPCON. Mas, opondo-se-lhes um grupo operacional de militares, chefiado por Ramalho Eanes, conseguiu contrariar a revolta, com a garantia do Partido Comunista Português de não convocar qualquer manifestação para esse dia, substituindo o PREC, acrónimo para Processo Revolucionário em Curso, pelo Processo Constitucional em Curso.[2]

Contexto histórico

O levantamento militar de 25 de Abril de 1974, conhecido pela Revolução dos Cravos, teve como objectivo principal a implantação, em Portugal, de um regime democrático, pondo fim a 48 anos de ditadura e proporcionando uma solução política imediata para a guerra colonial. A definição desse regime não foi consensual entre as diversas facções partidárias e movimentos sociais e políticos que então surgiram. Com a adesão espontânea de grande parte da população das principais cidades do País, o Golpe de Estado transformou-se em processo revolucionário (PREC). Na noite de 25 de Abril de 1974, o MFA deu a conhecer à população portuguesa o seu Programa político e militar, o qual comportava diversas medidas de carácter político, jurídico, social e económico. O Programa do MFA não apontava para qualquer tipo específico de regime democrático mas, em contrapartida, o seu ponto 6 apontava para uma reorganização económica e social do País, de tipo socialista (ou no mínimo socializante), antimonopolista e favorável às classes e camadas sociais mais desfavorecidas[3]. Foi, sobretudo, a favor ou contra estas previsões do Programa do MFA que a luta política, social, ideológica, económica e militar — a luta de classes — se iria desencadear. Esse debate ideológico ainda permanece, nos moldes da democracia portuguesa, ao nível de historiadores, politólogos, especialistas de relações internacionais ou elementos da classe política.

As forças mais identificadas com o modelo económico e social, comummente definidas de economia de mercado, de livre iniciativa, ou capitalista, considerando os respetivos conceitos da Ciência Política, como o PS, o PPD, o CDS, o PPM e as fações militares suas aliadas (spinolistas, direita militar mais conservadora, melo-antunistas, moderados mais ou menos aliados à ala direita do PS, como os soaristas) iriam tudo fazer para inviabilizar a implementação do ponto 6 a) e b) do Programa do MFA. Aliar-se-iam, inclusive, a potências estrangeiras e às respetivas agências de espionagem (EUA, RU/GB, RFA).

Algumas forças mantiveram-se fiéis ao referido PREC, acrónimo para Processo Revolucionário em Curso, nomeadamente as forças políticas da esquerda parlamentar e constitucional, formada pelo MDP/CDE - Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral e a UDP União Democrática Popular e, de vez em quando, aliadas ao PCP - Partido Comunista Português. Constituíam o que se chamou Frente de Unidade Revolucionária, e todas visavam a implantação de uma república popular.[necessário esclarecer] Todas elas detinham, em conjunto com o PCP, 36 dos 250 Deputados Constituintes.

Por oposição, outras facções mais moderadas, que um ano depois, em 1975, detinham uma ampla maioria dentro da Assembleia Constituinte (214 dos 250 Deputados Constituintes), constituída por PS - Partido SocialistaPPD - Partido Popular Democrático e CDS - Centro Democrático Social, defendem a implantação de uma Democracia constitucional de cariz semi-presidencialista.

Antecedentes

25 de Abril de 1975 decorreram as eleições para a Assembleia Constituinte. O Partido Socialista vence as eleições, as primeiras eleições livres dos últimos 50 anos, com uma participação eleitoral excepcional e sem incidentes de maior, dando a este 38% e 116 eleitos. O Partido Popular Democrático obtém 26,5% e 81 eleitos, o Partido Comunista Português obtém 12,5% e 30 eleitos, o Centro Democrático Social obtêm 7,6% e 16 eleitos, o MDP/CDE - Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral obtêm 4,14% e 5 eleitos, a UDP - União Democrática Popular obtém 0,79% e 1 eleito e a Associação para a Defesa dos Interesses de Macau (ADIM; representava os interesses de Macau e estava conotada com o CDS) obtém 0,3% e 1 eleito.

A 21 de Junho, Otelo Saraiva de Carvalho, à data detentor do comando do COPCON, juntamente com o capitão Marques Júnior, à data membro do Conselho da Revolução, iniciaram uma visita de 10 dias a Cuba. A viagem, realizada a pedido do Partido Comunista Português e apoiada pelo comunismo internacional, tinha como intuito atrair Otelo para o seu lado e, assim, garantir o controle do poder militar por parte dos comunistas.[4]

11 de Novembro, uma manifestação de trabalhadores da construção civil cerca a Assembleia Constituinte, impedindo a saída dos deputados constituintes e do Primeiro-Ministro do Palácio de S. Bento, após 36 horas. No dia 13 de Novembro o almirante Pinheiro de Azevedo é obrigado a ceder às reivindicações dos operários que exigiam aumentos salariais.

Em 16 de Novembro é realizada uma manifestação de trabalhadores da cintura industrial de Lisboa e das Unidades Colectivas de Produção alentejanas no Terreiro do Paço, em Lisboa, de apoio ao "Poder Popular", nesse dia vários dirigentes e deputados do PS, PPD e CDS estão no Porto, correndo rumores que a Assembleia Constituinte pode vir a ser transferida para aquela cidade.

20 de Novembro o VI Governo Provisório auto-suspende-se enquanto não lhe forem dadas garantias para poder governar, nesse dia é realizada uma manifestação em frente ao Palácio de Belém a favor do "Poder Popular", Costa Gomes fala com os manifestantes, afirmando ser indispensável evitar uma guerra civil.

No dia 21 de Novembro, o Conselho da Revolução destitui o general Otelo Saraiva de Carvalho do comando da Região Militar de Lisboa e substitui-o pelo capitão Vasco Lourenço ligado à linha moderada, dois dias depois é realizado em Lisboa um comício do PS, em apoio ao VI Governo Provisório, na Alameda D. Afonso Henriques, o mesmo conta com milhares de pessoas. No dia seguinte em 24 de Novembro, os populares de Rio Maior[5] e os agricultores associados da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal), na altura conotados com a direita tradicional e patriótica, cortam as estradas de acesso a Lisboa, separando o Norte de Portugal e o Sul.

Golpe Militar de 25 de Novembro

No dia 25 de Novembro

Na sequência de uma decisão do coronel piloto-aviador José Morais da SilvaChefe do Estado-Maior da Força Aérea,[6] que dias antes tinha mandado passar à disponibilidade cerca de 1000 paraquedistas de Tancos, da Base Escola de Tropas Paraquedistas ocupam o Comando da Região Aérea de Monsanto, Escola Militar da Força Aérea e mais cinco bases aéreas e detêm o tenente-coronel Aníbal Pinho Freire e exigem a demissão de Morais da Silva.

Este atos são considerados pelos militares ligados ao Grupo dos Nove como o indício de que poderia estar em preparação um golpe de estado vindo de sectores mais radicais, da esquerda. Esses militares apoiados pelos partidos políticos moderados como o PS e o PPD e depois do Presidente da República, General Francisco da Costa Gomes ter obtido por parte do PCP a confirmação de que não convocaria os seus militantes e apoiantes para qualquer acção de rua,[7] decidem então intervir militarmente para controlar o país.

Regimento de Artilharia de Lisboa (RALIS), conotado com a Esquerda Militar, toma posições no aeroporto de Lisboa, portagem de Lisboa A1 e Depósito de Material de Guerra de Beirolas; e forças da Escola Prática de Administração Militar ocupam a RTP e a PM controla a Emissora Nacional, as duas Unidades militares eram conotadas respectivamente com a esquerda revolucionária e com a referida Esquerda Militar ('gonçalvistas') e com a Esquerda Militar Radical ('otelistas').

Regimento de Comandos da Amadora, conotada com os moderados, com a Direita Militar ('spinolistas' e outros sectores conservadores e ultra-conservadores militares, e identificados com os partidos da Direita política parlamentar, a Igreja e sectores da Extrema-Direita) e com o Centro Militar ('melo-antunistas' ou 'moderados', identificados com o PS e o 'grupo do Florida'), cerca o Emissor de Monsanto, ocupado pelos Paraquedistas, e a emissão da RTP é transferida para o Porto.

Mário SoaresJorge Campinos e Mário Sottomayor Cardia, da Comissão Permanente do PS, no seguimento de um plano contra-revolucionário previamente estabelecido, saem clandestinamente de Lisboa, na tarde do dia 25, e seguem para o Porto, onde se apresentam ao moderado Pires Veloso no Quartel da Região Militar Norte, através do General piloto-aviador José Lemos Ferreira que teria oferecido resistência ao seu comandante o brigadeiro graduado Eurico de Deus Corvacho.

O Presidente da República decreta o estado de sitio na área da Região Militar de Lisboa, e teve um papel determinante na contenção dos extremos. O Tenente-coronel António Ramalho Eanes, adjunto de Vasco Lourenço e futuro Presidente da República, ilude pressões dos militares da extrema-direita que o incitam a mandar bombardear unidades.

Vasco Lourenço dá voz de prisão a Diniz de AlmeidaCampos AndradaCuco Rosa e Mário Tomé, todos militares conotados com forças políticas de esquerda revolucionária, sendo o último inclusivamente filiado na UDP; diversos Oficiais ditos 'moderados' estavam então conotados com o PS (com o qual conspiraram na preparação do plano e das operações que desembocaram no '25 de Novembro de 1975') e o PPD.

Posteriormente o "Grupo dos Nove", vanguarda de todas as forças políticas e militares do Centro e da Direita (parlamentar e extra-parlamentar) e os seus aliados, alcançam o controlo da situação.

No dia 26 de Novembro

Jaime Neves, e uma unidade por si dirigida dos Comandos da Amadora, ligados aos moderados, atacam o Regimento da Polícia Militar da Ajuda, unidade militar tida como próxima das forças políticas de esquerda revolucionária. Após a rendição, o resultado são três mortos,[8] tendo posteriormente os militares revoltosos sido presos. As forças das Regiões Militares do Norte e Centro deslocam-se para Lisboa, e Melo Antunes declara na RTP que o PCP "é indispensável à democracia”.

No dia 27 de Novembro

Os Generais Carlos Fabião e Otelo Saraiva de Carvalho são destituídos, respectivamente, dos cargos de Chefe de Estado Maior do Exército e de Comandante do COPCON. Ramalho Eanes é nomeado Chefe de Estado Maior do Exército em substituição de Carlos Fabião e graduado em General. O COPCON é integrado no Estado Maior Geral das Forças Armadas. Por decisão do Conselho de Ministros a Rádio Renascença é devolvida à Igreja Católica. São enviadas para a prisão de Custóias algumas dezenas de militares detidos na sequência dos acontecimentos do 25 de Novembro, sendo que Costa Gomes, Presidente da República, decreta o estado de sítio parcial na região abrangida pela Região Militar de Lisboa.

Acalmia

A 28 de Novembro, o VI Governo Provisório retoma as suas funções e é suspensa a publicação dos jornais estatizados, no dia seguinte em conferência de imprensa, Sá Carneiro acusa o PCP de ser responsável pela insubordinação militar verificada, o PS tem idêntica atitude.

É levantado o estado de sítio em Lisboa a 2 de Dezembro,[9] no dia seguinte a Assembleia Constituinte PSPPD e CDS acusam o PCP de estar envolvido nos acontecimentos de 25 de Novembro.

Em conferência de imprensa, a 4 de Dezembro, Mário Soares acusa o PCP de ter participado activamente no 25 de Novembro, utilizando a extrema-esquerda como ponta-de-lança e critica o PPD por "anti-comunismo retrógrado" ao pretender o afastamento do PCP, como condição da sua permanência no Governo, nesse mesmo dia o PS a par do PPD e CDS defendem a revisão do "Pacto MFA-Partidos".

O PCP realiza, em 7 de Dezembro, um comício no Campo PequenoÁlvaro Cunhal reconhece a derrota sofrida pela esquerda revolucionária, e apela à "unidade das forças interessadas na salvaguarda das liberdades, da democracia e da revolução".

1 de Janeiro de 1976 a GNR intervém, junto à prisão de Custóias, para dispersar a manifestação de solidariedade com os militares presos após o 25 de Novembro de que resultam quatro mortos e seis feridos [10]

É preso, em 19 de Janeiro, Otelo Saraiva de Carvalho após a divulgação do Relatório Preliminar dos acontecimentos de 25 de Novembro, alegadamente este estaria implicado no possível golpe militar de esquerda.

É realizada uma grande manifestação popular, no dia 20 de Fevereiro, em Lisboa pela libertação dos militares presos em consequência dos acontecimentos de 25 de Novembro.

No dia 3 de Março de 1976, Otelo Saraiva de Carvalho, é libertado e passa ao regime de residência fixa.

Referências

  1.  Manuel Braga da Cruz (1994). «O Presidente da República na génese e evolução do sistema de governo português»Análise Social29 (125/126): 237-265
  2.  25 de NOVEMBRO- QUANTOS GOLPES AFINAL? - Maria Manuela Cruzeiro - Centro de Documentação do 25 de Abril
  3.  Estado-Maior do Exército (10 de setembro de 1975). «Programa do M.F.A.». Centro de Documentação do 25 de Abril, Universidade de Coimbra. Consultado em 24 de novembro de 2017
  4.  «Otelo em Cuba a pedido do PCP». Diário de Notícias. 31 de julho de 2005. Consultado em 30 de abril de 2015
  5.  Memórias do 25 de Novembro: A «moca» de Rio Maior, Aventar
  6.  Morreu coronel Morais da Silva, ex-chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Observador, 30 de Dezembro de 2014
  7.  https://www.dorl.pcp.pt/index.php/obras-alvaro-cunhal-menumarxismoleninismo-107/2135-lvaro-cunhal-o-25-de-novembro-cap-8-qverdade-e-mentira-na-rev-de-abril
  8.  Jaime Neves - Militar de elite chega a general na reforma para de ambos os lados, Diário de Notícias, 11 abril 2009]
  9.  Presidência da República (2 de dezembro de 1975). «Decreto N.º 674-B/75 - Diário do Governo N.º 278/1975, 1º Suplemento, Série I de 1975-12-02». Imprensa Nacional Casa da Moeda - Diário da República Electrónico (DRE)
  10.  Diário de Lisboa, 2 e 3 de Janeiro de 1976

Ligações externas

Ver também

CICLONE NISHA - SRI LANKA - (2008) - 25 DE NOVEMBRO DE 2020

 


Ciclone Nisha (2008)

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Ciclone Nisha
Tempestade ciclônica (Escala IMD)
Tempestade tropical (SSHWS)
O ciclone Nisha em 26 de novembro de 2008
Formação25 de novembro de 2008
Dissipação29 de novembro de 2008
Ventos mais fortessustentado 3 min.: 85 km/h (50 mph)
sustentado 1 min.: 95 km/h (60 mph)
Pressão mais baixa996 hPa (mbar); 29.41 inHg
Fatalidades204 diretas
DanosDesconhecidos
Áreas afectadasSri Lanka e sul da Índia
Parte da
Temporada de ciclones no Oceano Índico norte de 2008

tempestade ciclônica Nisha (designação do JTWC: 06B; conhecido simplesmente como Ciclone Nisha) foi um ciclone tropical que afetou Sri Lanka e o sul da Índia, causando pelo menos 204 fatalidades. Sendo o nono ciclone tropical e o quarto sistema tropical dotado de nome da temporada de ciclones no Oceano Índico norte de 2008, Nisha formou-se de uma área de perturbações meteorológicas a leste de Sri Lanka em 25 de novembro. Seguindo inicialmente para nordeste, o sistema rapidamente se intensificou para uma depressão tropical profunda, mesmo com a sua interação com os terrenos montanhosos de Sri Lanka. As condições meteorológicas favoráveis perduraram e o Departamento Meteorológico da Índia (DMI) classificou o sistema para a tempestade ciclônica "Nisha" durante as primeiras horas (UTC) de 26 de novembro. Seguindo lentamente sobre o estreito de Palk, entre a Índia e Sri Lanka, Nisha atingiu seu pico de intensidade mais tarde naquele dia, com ventos máximos sustentados de 95 km/h, segundo o Joint Typhoon Warning Center (JTWC), ou 85 km/h, segundo o DMI, e uma pressão central mínima de 996 mbar. O sistema continuou a seguir lentamente para noroeste até atingir a costa da província indiana de Tamil Nadu durante as primeiras horas (UTC) de 27 de novembro, com ventos de até 95 km/h, segundo o JTWC. A partir de então, Nisha começou a se enfraquecer rapidamente sobre terra e foi desclassificado para uma depressão tropica pelo DMI mais tarde naquele dia. Com isso, o JTWC emitiu seu aviso final sobre o sistema durante aquela manhã, e o DMI fez o mesmo durante o começo da madrugada (UTC) de 28 de novembro.

Nisha causou chuvas torrenciais no Sri Lanka e no sul da Índia. Enchentes severas castigaram o norte de Sri Lanka; pelo menos 90.000 pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas. Pelo menos 14 pessoas morreram devido aos efeitos de Nisha naquele país. A Índia foi grandemente afetada pelo ciclone. A província de Tamil Nadu foi a mais castigada. Enchentes severas, deslizamentos de terra e avalanches de lama causaram pelo menos 189 fatalidades no país. Os prejuízos econômicos diretos causados pelo ciclone são estimados em mais de 800 milhões de dólares (valores em 2008) somente na Índia.

História meteorológica

O caminho de Nisha

Nisha formou-se a partir de uma área de perturbações meteorológicas a leste de Sri Lanka que começou a mostrar sinais de organização em 24 de novembro. Inicialmente o sistema não foi capaz de se organizar rapidamente devido à desorganização de seu centro ciclônico de baixos níveis, que estava se interagindo com os terrenos montanhosos de Sri Lanka, apesar de estar numa região com condições meteorológicas favoráveis, tais como baixo cisalhamento do vento e bons fluxos de saída.[1] Porém, a partir das primeiras horas (UTC) de 25 de novembro, o sistema começou a se consolidar rapidamente; novas áreas de convecção profunda começaram a se formar em associação ao centro ciclônico de baixos níveis, que estava se organizando rapidamente mesmo com a interação com terra. Com isso, o Joint Typhoon Warning Center (JTWC) emitiu um Alerta de Formação de Ciclone Tropical (AFCT) sobre o sistema ainda naquela manhã (UTC).[2] Praticamente ao mesmo tempo, o Departamento Meteorológico da Índia (DMI classificou a perturbação para uma depressão tropical.[3] O sistema continuou a se consolidar gradualmente e o DMI classificou novamente o sistema para uma depressão tropical profunda, classificação equivalente a uma tempestade tropical, ainda naquela tarde.[4] As condições meteorológicas favoráveis perduraram durante o restante daquele dia, e durante aquela noite (UTC), o JTWC classificou o sistema para um ciclone tropical significativo, atribuindo-lhe a designação "06B".[5]

Seguindo para norte-noroeste, e depois para oeste devido à intensificação de uma alta subtropical ao seu norte, o sistema continuou a se intensificar gradualmente sobre o estreito de Palk, entre a Índia e o Sri Lanka; o único fator que prevenia o ciclone se sofrer rápida intensificação era a interação de sua circulação ciclônica de baixos níveis com os terrenos montanhosos do Sri Lanka e do sul da Índia.[6] Durante as primeiras horas (UTC) de 26 de novembro, o DMI classificou a depressão tropical profunda para uma tempestade ciclônica, atribuindo-lhe o nome Nisha, que foi submetido à lista de nomes dos ciclones por Bangladesh.[7] As condições meteorológicas favoráveis, principalmente os bons fluxos de saída, continuaram a permitir a intensificação gradual de Nisha. No entanto, Nisha parou de se intensificar assim que seu centro ciclônico de baixos níveis fez landfall na costa sudeste da Índia, por volta do meio-dia (UTC) de 26 de novembro.[8] Nisha atingiu seu pico de intensidade naquele momento, com ventos máximos sustentados de 100 km/h,[8] segundo o JTWC, ou 85 km/h, segundo o DMI.

O JTWC chegou a anunciar o seu aviso final sobre Nisha naquele momento devido à aparente rápida dissipação do ciclone sobre o sul da Índia.[8] Porém, o ciclone conseguiu reformar outro centro ciclônico de baixos níveis sobre o largo da costa indiana. Com isso, o JTWC retomou os avisos regulares sobre o sistema durante aquela noite (UTC).[9] O novo centro ciclônico de baixos níveis também seguiu lentamente para oeste sob a influência de uma alta subtropical ao seu norte, e também fez landfall na costa da província indiana de Tamil Nadu, pouco antes das 01:00 (UTC) de 27 de novembro, com ventos máximos sustentados de 95 km/h, segundo o JTWC.[10][11] A partir de então, Nisha começou a se enfraquecer rapidamente sobre terra, perdendo praticamente todas as suas áreas de convecção profunda associadas. Com isso, o JTWC emitiu seu aviso final sobre o sistema naquela manhã (UTC).[12] Praticamente ao mesmo tempo, o DMI desclassificou Nisha para uma simples depressão tropical.[13] O sistema continuou a seguir para oeste-noroeste durante o restante daquele dia, e assim que o centro ciclônico de baixos níveis começou a seguir sobre o Mar Arábico, o DMI desclassificou o sistema para uma área de baixa pressão remanescente e emitiu seu aviso final sobre o sistema durante as primeiras horas (UTC) de 28 de novembro.[14]

Preparativos e impactos

Nisha causou chuvas torrenciais no Sri Lanka e no sul da Índia. Enchentes severas castigaram o norte de Sri Lanka; pelo menos 90.000 pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas. Pelo menos 14 pessoas morreram devido aos efeitos de Nisha naquele país. A Índia foi grandemente afetada pelo ciclone. A província de Tamil nadu foi a mais castigada. Enchentes severas, deslizamentos de terra e avalanches de lama causaram pelo menos 189 fatalidades no país. Os prejuízos econômicos diretos causados pelo ciclone são estimados em mais de 800 milhões de dólares (valores em 2008) somente na Índia.

Ver também

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Referências

  1.  «SIGNIFICANT TROPICAL WEATHER ADVISORY FOR THE INDIAN OCEAN»Joint Typhoon Warning Center (em inglês). 24 de novembro de 2008. Consultado em 22 de fevereiro de 2009
  2.  «TROPICAL CYCLONE FORMATION ALERT»Joint Typhoon Warning Center (em inglês). 25 de novembro de 2008. Consultado em 22 de fevereiro de 2009
  3.  «Tropical Depression Warning»Departamento Meteorológico da Índia (em inglês). 25 de novembro de 2008. Consultado em 22 de fevereiro de 2009
  4.  «Deep Tropical Depression Warning»Departamento Meteorológico da Índia (em inglês). 25 de novembro de 2008. Consultado em 22 de fevereiro de 2009
  5.  «TROPICAL CYCLONE 06B WARNING 001»Joint Typhoon Warning Center (em inglês). 25 de novembro de 2008. Consultado em 22 de fevereiro de 2009
  6.  «TROPICAL CYCLONE 06B WARNING 002»Joint Typhoon Warning Center (em inglês). 26 de novembro de 2008. Consultado em 22 de fevereiro de 2009
  7.  «Cyclonic Storm Nisha Warning»Departamento Meteorológico da Índia (em inglês). 26 de novembro de 2008. Consultado em 22 de fevereiro de 2009

ASSINATURA DO PACTO ANTICOMINTERM - (1936) - 25 DE NOVEMBRO DE 2020

 


Pacto Anticomintern

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Embaixador japonês Kintomo Mushakoji e o ministro alemão Joachim von Ribbentrop na assinatura do pacto.

Pacto Anticomintern foi assinado em 25 de novembro de 1936 entre o Império do Japão e a Alemanha nazista, onde ambas as nações se comprometeram a tomar medidas para se protegerem contra a ameaça da Internacional Comunista (Comintern). O pacto, basicamente, era específico para garantir a capacidade do "Eixo" de atacar uma potencial ameaça soviética em duas frentes: ao Leste com a Alemanha e ao Oeste com o Japão, tentando impedir o avanço da União Soviética e de revoluções pró- União Soviética na Ásia.[1]

Em caso de ataque da União Soviética contra a Alemanha ou o Japão, os dois últimos comprometiam-se a efetuar consultas acerca das medidas a serem tomadas para proteger os seus interesses comuns. Também concordaram que nenhum dos dois concluiria tratados políticos com a União Soviética. A Alemanha, ademais, concordou em reconhecer o Manchukuo, o Estado-fantoche japonês na Manchúria. Em 1937, a Itália aderiu ao Pacto, formando o grupo que mais tarde seria conhecido como o Eixo. Em 1939, aderiram a Espanha, a Hungria e o Manchukuo. Apesar do pacto de não-agressão germano-soviética de 1939 (Pacto Molotov-Ribbentrop) e do tratado de neutralidade assinado por Tóquio com Moscou, o pacto foi renovado por outros cinco anos, em novembro de 1941.[carece de fontes]

Ver também

Referências

  1.  Weinberg, Gerhard (1970). The Foreign Policy of Hitler's Germany Diplomatic Revolution in Europe 1933–36. Chicago: University of Chicago Press. p. 342–346. ISBN 0226885097

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