quinta-feira, 22 de outubro de 2020

GRÂNDOLA - FERIADO - 22 DE OUTUBRO DE 2020

 Grandola Vila Morena.JPG

Grândola

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Grândola
Município de Portugal
Grandola Vila Morena.JPG
Memorial ao 25 de Abril
Brasão de GrândolaBandeira de Grândola
Localização de Grândola
GentílicoGrandolense
Área825,94 km²
População14 826 hab. (2011)
Densidade populacional18  hab./km²
N.º de freguesias4
Presidente da
câmara municipal
António Figueira Mendes (CDU)
Fundação do município
(ou foral)
1544
Região (NUTS II)Alentejo
Sub-região (NUTS III)Alentejo Litoral
DistritoSetúbal
ProvínciaBaixo Alentejo
OragoNossa Senhora da Penha
Feriado municipal22 de Outubro
Código postal7570
Sítio oficialwww.cm-grandola.pt

Grândola é uma vila portuguesa no distrito de Setúbal, região (NUTS II) do Alentejo e sub-região (NUTS III) do Alentejo Litoral, com cerca de 6 800 habitantes.[1]

É sede de um município com 825,94 km² de área[2] e 14 826 habitantes (2011),[3][4] subdividido em 4 freguesias.[5] O município é limitado a norte pelo município de Alcácer do Sal, a leste por Ferreira do Alentejo, a sul por Santiago do Cacém, a oeste pelo oceano Atlântico e a noroeste, através do Estuário do Sado, por Setúbal.

Caracterização

Geografia

Em termos geológicos, o território de Grândola é caracterizado por três grandes zonas: a serra de Grândola, a planície e a faixa litoral, que apresentam marcadas diferenças na composição do solo, no relevo, na flora e na paisagem em geral.

A serra de Grândola, predominantemente xistosa, data do período Carbonífero Inferior e representa a geologia antiga da Meseta Ibérica, tendo o seu ponto máximo no outeiro da Atalaia, com 326 m de altitude. Constituindo um obstáculo físico que delimita a área costeira, com influência nos aspetos climáticos e paisagísticos, é a área menos povoada do concelho e está na sua maior parte coberta de sobreiros.

A Planície é caracterizada, a nascente, pelo prolongamento e os declives suaves da Serra, e a norte e noroeste pelas formações terciárias da bacia do Sado, constituídas por areias e argilas do Plioceno. De norte para sul, o revestimento florestal passa gradualmente de pinhal a montado, e é nesta zona que vive a maior parte da população.

A Orla Costeira é caracterizada pelos seus 45 km de praias de areias brancas e águas cristalinas, o fundo marinho é arenoso e vasoso, em resultado da acumulação de materiais sedimentares. Para o interior do território, desenvolvem-se sistemas dunares de porte variado e vegetação típica que se prolongam em grandes manchas de pinhal. No Litoral, destaca-se a lagoa de Melides e, mais a norte, o estuário do Sado, com os arrozais do Carvalhal e os bancos lodosos e os sapais de Troia.[6]

Clima

Não obstante a sua extensa costa, o clima deste concelho pode considerar-se mediterrânico com influência atlântica. Devido a vários fatores, apresenta simultaneamente características marítimas e continentais, sendo frequente a alternância de dias atlânticos e de características continentais.A temperatura média ronda os 16.7 °C.[7]

pluviosidade é muito irregular ao longo do ano, a distribuição de anos secos e chuvosos é relativamente aleatória, e a precipitação média anual ronda os 600mm.[6]

População

Número de habitantes[8]
186418781890190019111920193019401950196019701981199120012011
5 5536 2306 8877 53910 01111 08113 37017 69921 37521 06015 52516 04213 76714 90114 826

(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste concelho à data em que os censos se realizaram.)

Número de habitantes por Grupo Etário[9]
190019111920193019401950196019701981199120012011
0-14 Anos2 7673 5884 1145 0116 7296 7795 5272 8903 1052 3221 8101 837
15-24 Anos1 4921 9072 1902 7203 1254 2033 8302 2902 0791 6351 8081 304
25-64 Anos3 3084 4404 3075 4056 9869 22710 3418 6408 5707 2017 6697 897
= ou > 65 Anos1922925155206911 0071 3621 7052 2882 6093 6143 788
> Id. desconh4221332135

(Obs.: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no concelho à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente.)

Freguesias

Freguesias do concelho de Grândola.
O concelho de Grândola está dividido em 4 freguesias:

Política

Eleições autárquicas

Data%V%V%V%V%V
APU/CDUPSADPPD/PSDIND
197656,47435,833
197965,02511,08120,881AD
198263,01515,63113,021
198567,43528,622
198957,37521,50117,331
199348,22422,17123,902
199748,19433,93310,39-
200142,25343,9549,58-
200538,06349,6146,92-
200933,07255,9655,29-
201334,56323,62218,791
18,671
201743,48431,4527,81-12,971

Eleições legislativas

Data%
PCPPSPSDCDSUDPAPU/

CDU

ADFRSPRDPSNBEPANPàFLCHIL
197650,9423,8612,022,462,12
1979APU16,45ADAD2,2254,1222,08
1980FRS1,6152,8523,5816,28
198321,5514,283,861,0454,82
198514,0516,192,541,3950,9610,28
1987CDU14,4525,101,700,8144,416,91
199125,5028,432,3833,670,720,92
199540,5916,873,711,0532,080,16
199942,8116,273,5431,140,271,76
200242,7421,393,1926,562,53
200546,8513,472,9026,955,64
200933,8714,695,5828,3412,27
201129,0722,186,9327,816,000,84
201536,17PàFPàF26,659,191,0018,590,73
201936,5513,552,6124,659,102,910,651,420,52

História

Dos primórdios ao fim da Época Medieval

Ruínas romanas de Troia

De acordo com as escavações e estudos até agora realizados, a presença humana no território grandolense remonta, pelo menos, ao Mesolítico, período a partir do qual existem estações arqueológicas de quase todas as épocas posteriores. De referir que, na Antiguidade, o período Romano foi, muito possivelmente, aquele em que o espaço grandolense atingiu os maiores índices de povoamento e desenvolvimento económico e social.

Após a formação do espaço nacional, o território ficou a pertencer ao termo de Alcácer do Sal e, na sua maior parte, à Ordem Militar de Santiago da Espada. A primeira medida, que abriu a porta à posterior instituição do concelho e ao desenvolvimento deste espaço, foi a criação da comenda de Grândola, por volta de 1380, no reinado de D. João I. Na sequência deste acontecimento e da política de povoamento levada a efeito pelos reis e pela Ordem de Santiago, o território grandolense começou a progredir. Foram distribuídas terras, edificadas as primeiras ermidas e moinhos e o lugar da Gramdolla adquiriu o estatuto de aldeia.

Nos finais da época medieval, a aldeia de Grândola tinha cerca de 150 habitantes, e a Comenda, no seu conjunto, cerca de 900, distribuídos por cerca de 220 fogos.[10]

Do princípio do século XV a finais do século XIX

Mina do Lousal

Em franco progresso, a população da Comenda solicitou, a D. João III, que atribuísse a Grândola a Carta de Vila e a libertasse da tutela de Alcácer do Sal, o que veio a suceder a 22 de outubro de 1544. Na sequência desta atribuição, foi criado o Concelho (no espaço da Comenda), que foi dividido em três freguesias: Grândola, Bayrros e Santa Margarida da Serra. Com a autonomia municipal, o concelho entrou numa fase decisiva da sua história e passou a dispor de dois juízes ordinários, três vereadores, um procurador, dois almotacés, um escrivão, três tabeliães, um juiz dos órfãos, um alcaide-pequeno, várias quadrilhas (com funções de polícia) e três companhias de Ordenanças.

Até finais do século XVI, a vila viu surgir algumas construções emblemáticas, como os Paços do Concelho, a cadeia, o pelourinho, o 1º hospital, o celeiro da comenda, a Santa Casa da Misericórdia e algumas ermidas e igrejas. Há, ainda, notícia de ter sido instituído um celeiro comum, em 1579, que funcionou até cerca de 1880, e teve como função o empréstimo de cereais a juros reduzidos para sementeira a lavradores pobres. Por volta de 1600, a população do concelho rondava os 1550 habitantes, e Grândola, principal núcleo urbano, tinha cerca de 480 (distribuídas por 120 fogos). Progressivamente, nos dois séculos seguintes, a população aumentou e, em 1798, foram recenseados cerca de 4000 habitantes (distribuídos por cerca de 977 fogos).

Na 2ª metade do século XIX, apareceram duas atividades que alteraram o perfil económico e social do concelho: a indústria mineira (com início em 1863, no Canal Caveira, e mais tarde no Lousal) e a indústria corticeira. O comércio, ligado essencialmente às atividades económicas tradicionais e à transação de bens de primeira necessidade, foi outra das atividades que teve um desenvolvimento progressivo, ainda que lento. Em 1513, já havia uma estalagem no concelho e as primeiras feiras anuais, a de Santo António e a de S. Lourenço, começaram a realizar-se a partir de 1642.

De realçar que, em 1855, decorridos mais de quatro séculos sobre a sua criação, o concelho viu aumentado o seu território, com a anexação das freguesias de Melides e de São Mamede do Sádão. Na sequência desta anexação e das alterações económicas e sociais entretanto verificadas, a população continuou a aumentar. Em 1864, foram-lhe atribuídos 5553 residentes, distribuídos pelas suas quatro freguesias (Azinheira dos Barros e São Mamede do Sádão, Grândola, Melides e Santa Margarida da Serra). Entre 1890 e 1900 a população sofreu um aumento gradual.[10]

Século XX

Monumento a Zeca Afonso.

Na história de Grândola, o século XX foi, sem dúvida, aquele em que se verificaram as mais significativas mudanças económicas, demográficas e sociais.

Ao nível da Agricultura, assistiu-se ao incremento da cultura de cereais, nomeadamente do trigo, fomentada pela política protecionista e ruralista do Estado Novo, que teve o seu auge durante a chamada Campanha do Trigo. Nas várzeas de Melides e do Carvalhal, a cultura do arroz adquiriu crescente expressão. Beneficiando da construção da ferrovia do Vale do Sado, a indústria corticeira ganhou um novo impulso e surgiram dezenas de fábricas de diversa dimensão.

Enquanto as minas da Caveira entravam em declínio (tendo chegado a encerrar), as do Lousal, sob a tutela do grupo Mines et Industries, criado em 1936, aumentaram os níveis de exploração e fizeram do local um pólo de desenvolvimento que, em 1960, atingiu cerca de 2 000 habitantes. Devido a este surto de crescimento económico, instalaram-se no concelho milhares de pessoas que fizeram disparar os índices demográficos. Assim, a população, que atingia as 7801 pessoas em 1900, subiu sucessivamente até 1950, ano em que foi atingido o máximo demográfico. Com o aumento do número de trabalhadores rurais, operários e mineiros, a elevação da consciência política, o agravar das condições de vida e a repressão salazarista, vieram as greves e outras manifestações populares. Foi elevado o número de pessoas detidas por razões políticas, o que trouxe a Grândola a fama de terra revolucionária.

O aumento populacional contribuiu, ainda, para o aparecimento de associações culturais, desportivas e recreativas, nomeadamente na sede do concelho e, entre elas, a Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, que inspiraria a José Afonso a célebre canção "Grândola, Vila Morena".

Após décadas de crescimento e desenvolvimento, o concelho viu abater sobre si o espetro de uma grave crise que desmantelou as suas principais estruturas económicas e de suporte social. O fim do protecionismo e dos incentivos contribuiu para a diminuição da produção de cereais e do número de agricultores, o que levou ao despovoamento progressivo das zonas rurais do concelho.

A indústria corticeira, sob a pressão da concorrência dos grandes grupos económicos do setor, viu encerrar as suas fábricas e tornou-se residual. A extração mineira, que atingiu no Lousal o seu auge entre as décadas de 40 e 60, deixou de ser rentável, o que levou ao encerramento das minas em 1988. Devido a este facto, a povoação mineira sofreu uma drástica redução populacional.

Devido a este conjunto de acontecimentos e, ainda, à repressão política e às guerras coloniais, uma parte significativa da população migrou. Em concomitância com esta redução, verificou-se a diminuição do número de jovens (e o consequente encerramento de muitas escolas), de trabalhadores ativos e o aumento dos índices de envelhecimento.

Com o advento do 25 de Abril de 1974 e as alterações político-sociais daí decorrentes, o concelho entrou numa nova fase da sua história. Com a Democracia, o poder autárquico adquiriu nova expressão e introduziu alterações a nível dos equipamentos sociais, que vieram melhorar significativamente a vida da generalidade da população. Em consequência disto, surgiram paradigmas económicos mais consentâneos com as novas realidades. De concelho agrícola, operário e mineiro, Grândola tem vindo a transformar-se gradualmente num espaço de desenvolvimento turístico e de oferta de serviços, apostado na preservação ambiental e na oferta cultural.[10]

Património

Barragem romana do Pego da Moura

Arte pública

Classificado pelo IPPAR

Personalidades

  • António Inácio da Cruz
  • António Pires Cabral
  • Carlos Palhinhas Candeias
  • Evaristo de Sousa Gago
  • Frédéric Marie Joseph Velge
  • Hélder Mateus Pereira da Costa
  • Honorato de Sousa Nunes
  • João Guerreiro Vital
  • Joaquim Alves da Mata
  • Joaquim Ângelo da Silva
  • Jorge de Vasconcelos Nunes
  • José Jacinto Nunes
  • Licínio Chaínho Pereira
  • Manuel Baptista dos Reis
  • Manuel Costa Gaio Tavares de Almeida
  • Manuel Gameiro
  • Manuel Matos Caturra
  • Maria José Embaixador Pascoal
  • Teófilo Saguer
  • Vítor Manuel Ribeiro da Rocha

Heráldica

GDL.png
Brasão: Escudo de prata com um javali a negro dentado do metal do campo e acompanhado por dois carvalhos a verde. Em chefe, uma cruz da Ordem de Santiago, a vermelho, carregada no cruzamento por um pelicano de ouro, ferido de vermelho, alimentando três filhos no ninho, tudo de ouro realçado de negro, acompanhado por duas torres a negro, abertas e iluminadas do campo. Em contra-chefe, uma faixa ondada de azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com legenda a negro: "VILA DE GRÂNDOLA".[11]
Pt-gdl1.png
Bandeira: Esquartelada de amarelo e negro. Cordões e borlas de ouro e negro. Haste e lança de ouro.[11]

Geminações

O concelho de Grândola é geminado com as seguintes cidades:[12]

Festas de Grândola

  • GDLIVE
  • Feira “Ar Puro, Feira de Caça, Pesca e Atividades ao Ar Livre"
  • Feira de Grândola
  • Feira do Chocolate

Clubes desportivos e recreativos

Acessibilidade

Rodoviária

Autoestrada

Estrada

  • IC1
  • IC33
  • N120
  • N261-1
  • N261-2

Portuária

Ferroviária

Aeroportuária

Ver também

Ligações externas

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Referências

  1.  INE (2013). Anuário Estatístico da Região Alentejo 2012 (PDF). Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 30. ISBN 978-989-25-0214-4ISSN 0872-5063. Consultado em 5 de maio de 2014
  2.  Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013»Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013. Arquivado do original (XLS-ZIP) em 13 de novembro de 2017
  3.  INE (2012). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Alentejo (PDF). Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 95. ISBN 978-989-25-0182-6ISSN 0872-6493. Consultado em 27 de julho de 2013
  4.  INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia» (XLSX-ZIP)Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_ALENTEJO". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013
  5.  Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
  6. ↑ Ir para:a b «Geografia | Grândola»www.cm-grandola.pt. Consultado em 30 de junho de 2017
  7.  «Clima: Grândola - Gráfico climático, Gráfico de temperatura, Tabela climática - Climate-Data.org»pt.climate-data.org. Consultado em 30 de junho de 2017
  8.  Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  9.  INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros
  10. ↑ Ir para:a b c «História | Grândola»www.cm-grandola.pt. Consultado em 30 de junho de 2017
  11. ↑ Ir para:a b «Ordenação heráldica do brasão e bandeira de Grândola»www.ngw.nl. Consultado em 30 de junho de 2017
  12.  «Geminações de Cidades e Vilas - Grândola»www.anmp.pt. Consultado em 30 de junho de 2017

DIA MUNDIAL DA GAGUEZ - 22 DE OUTUBRO DE 2020

 

Disfemia

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Disfemia
Tartamudez escrita.png
Especialidadefoniatria
Classificação e recursos externos
CID-10F98.5
CID-9307.0
OMIM184450 609261
MedlinePlus001427
MeSHD013342
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disfemia, conhecida popularmente como gagueira ou gaguez, é uma desordem de fluência da fala. Os sintomas mais evidentes da gagueira são a repetição de sílabas, os prolongamentos de sons e os bloqueios dos movimentos da fala, sobretudo na primeira sílaba, no momento em que o fluxo suave de movimentos da fala precisa ser iniciado. Também usam-se os termos tartamudezdisfemismo ou disfluência. Além de gago, o indivíduo que apresenta disfemia recebe o nome de disfêmicotartamudobalbo (de balbuciar) ou tardíloquo.

Cerca de 5% das crianças entre dois e quatro anos de idade apresentam episódios de disfemia, sendo geralmente episódios transitórios, que duram poucos meses, ocorrendo em consequência de uma combinação de vários fatores durante o desenvolvimento da fala. Um destes fatores é a maturação lenta das redes neurais de processamento da linguagem, que resulta numa habilidade ainda pequena para articular palavras e encadeá-las em frases nesta idade.[1]

O rápido fluxo de pensamentos, em contraste com a relativa imaturidade do sistema fonoarticulatório, contribui para que a criança apresente alguma dificuldade para produzir um ritmo regular e suave em sua fala. Esta disfluência pode aumentar quando a criança está ansiosa, cansada ou doente e quando está tentando dominar muitas palavras novas.[2]

Normalmente, este distúrbio é transitório, apenas 20% das crianças que apresentam disfemia em tenra idade necessitarão de tratamento especializado.[3] Estes poucos casos que persistem por mais tempo do que o habitual podem estar associados a uma história familiar de gagueira, sugerindo uma predisposição hereditária. Um estudo do Instituto Nacional de Desordens da Comunicação nos EUA (NIDCD), divulgado em fevereiro de 2010 em uma das mais importantes revistas de saúde e ciências médicas do mundo, o The New England Journal of Medicine,[4] encontrou 3 genes relacionados à origem da gagueira: GNPTAB, GNPTG e NAGPA.[5] Neste estudo, foram descobertas mutações capazes de alterar o funcionamento normal de células cerebrais localizadas no centro de controle da fala em pessoas que gaguejam.[6]

Como um importante desdobramento dessa descoberta, em julho de 2015 foi publicada uma abrangente pesquisa epidemiológica mundial[7] que revelou a quantidade de pessoas com gagueira associada a mutações nos genes GNPTAB, GNPTG e NAGPA. De forma inesperada, os pesquisadores descobriram que essa quantidade era muito maior do que se imaginava na época em que este subtipo do distúrbio veio à tona (fevereiro de 2010). Segundo os dados da última pesquisa, um em cada seis casos de gagueira persistente não-sindrômica tem como causa essas mutações (uma frequência três vezes maior do que a estimativa inicial, que era de um em cada 20).[8] Embora essa não seja a única causa genética da gagueira, até o presente momento esta é a única com um nível adequado de esclarecimento bioquímico (via metabólica e enzimas/proteínas envolvidas) e estatístico-populacional (distribuição e frequência de casos).

Em relação à cronificação da gagueira, uma característica que pode estar relacionada à tendência de o distúrbio tornar-se persistente nas crianças é o surgimento de sintomas adicionais bastante semelhantes a alguns verificados na Síndrome de Tourette, como: comportamentos obsessivo-compulsivos; esgares faciais (caretas), mioclonias e tiques involuntários enquanto fala; contrair os olhos ou bater o pé em sinal de desconforto nos momentos em que a fala bloqueia. Nestes casos em que a criança já tem plena consciência do problema e também percebe que sua fala pode ser julgada como fora do padrão normal, ela tende a adotar comportamentos de evitação, muitas vezes preferindo ficar em silêncio a interagir verbalmente. Neste estágio, na falta de tratamento especializado, a maioria das crianças com gagueira começa a se retrair e ter sua auto-estima prejudicada. O bullying escolar é uma possível complicação à qual pais e professores devem estar muito atentos.[9]

A disfemia que persiste após os cinco anos de idade está associada a alterações anatômicas e funcionais do cérebro, conforme vêm demonstrando as pesquisas mais modernas de neuroimagem.[10] Dados de neuroimagem publicados em 2013 na prestigiada revista científica Brain[11] mostraram que, desde os 3 anos de idade, já é possível detectar, por meio de fMRI e DTI, diferenças de conectividade nas redes neurais em crianças com gagueira que podem ajudar a prognosticar a evolução e cronificação do distúrbio.

A avaliação e o tratamento precoces são decisivos para que a criança consiga compensar cedo essas eventuais deficiências, antes do aparecimento de complicações secundárias. Por essa razão, recomenda-se que toda criança com sintomas recorrentes de gagueira passe por avaliação fonoaudiológica tão cedo quanto possível.[12]

O fonoaudiólogo é o clínico responsável pelo atendimento da maioria dos pacientes com gagueira. No entanto, nem todo fonoaudiólogo está devidamente capacitado para tal tarefa. Em muitos casos, apenas a terapia fonoaudiológica é insuficiente para atender de forma adequada todas as necessidades do paciente com gagueira, tornando necessária a adoção de medidas adicionais de suporte, como assistência médica e farmacológica, sobretudo no adulto ou quando há a presença de comorbidades importantes, como: depressão, TOC, síndrome de Tourette, TDAH, síndrome de Asperger, fobia social, epilepsia focal, epilepsia rolândica, síndrome de Landau–Kleffner,[13] insônia, apneia obstrutiva do sono,[14] bruxismo, disfunção da articulação temporomandibular, etc.

Nos últimos anos, tem havido uma mobilização internacional crescente no sentido de conscientizar a sociedade sobre os preconceitos e a discriminação a que estão sujeitas as pessoas com gagueira. Como parte dessa iniciativa, alguns bons vídeos educativos sobre o assunto foram produzidos. Entre eles, destaca-se "Ssstutter", um curta-metragem canadense bastante desconcertante e reflexivo, estrelado por uma adolescente de 16 anos que possui a desordem.

Também como forma de ajudar no processo de conscientização social do problema, o dia 22 de outubro foi instituído como o Dia Internacional de Atenção à Gagueira.

Ver também

Referências

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