terça-feira, 20 de outubro de 2020

MASSACRE DE SÁBADO À NOITE - (1973) - 20 DE OUTUBRO DE 2020

 


Massacre de Sábado à Noite

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Archibald Cox (na foto) era procurador especial de Watergate até ser demitido por ordens de Richard Nixon, no que ficou conhecido como o "Massacre de Sábado à Noite".

Massacre de Sábado à Noite refere-se às ordens do Presidente dos Estados UnidosRichard Nixon, de demitir o promotor especial independente Archibald Cox, o que levou às renúncias do Procurador-GeralElliot Richardson, e do Vice-Procurador-Geral, William Ruckelshaus, em 20 de outubro de 1973, durante o escândalo de Watergate.[1][2]

Demissão

O Procurador-Geral Elliot Richardson nomeou Cox em maio de 1973, depois de prometer ao Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes que nomearia um promotor especial para investigar os eventos relacionados à invasão dos escritórios do Comitê Nacional Democrata no Watergate Hotel em Washington, D.C, em 17 de junho de 1972. A nomeação foi criada como uma posição de carreira reservada no departamento de Justiça, o que significa que foi feita sob a autoridade do Procurador-Geral, que só poderia remover o promotor especial "por justa causa", como, por exemplo, se existirem irregularidades graves ou malversação no cargo. Richardson, em suas audiências de confirmação perante o Senado, prometeu não usar sua autoridade para demitir o promotor especial de Watergate, a não ser "por justa causa."[3]

Quando Cox emitiu uma intimação a Nixon, pedindo cópias de conversas gravadas no Salão Oval, o presidente se recusou a cumprir. Na sexta-feira, dia 19 de outubro de 1973, Nixon ofereceu o que mais tarde se tornou conhecido como o Compromisso Stennis, em que pediu ao Senador John C. Stennis, um democrata do Estado de Mississippi, para ouvir as fitas e depois resumi-las a Cox. O procurador especial recusou o compromisso na mesma noite e acreditava-se que haveria um pequeno descanso na manobra legal enquanto os gabinetes do governo estavam fechados para o fim de semana.[3]

No entanto, no dia seguinte, um sábado, Nixon ordenou que o Procurador-Geral Richardson demitisse Cox. Richardson recusou e renunciou em protesto. Nixon ordenou então ao Vice-Procurador-Geral William Ruckelshaus que cumprisse a ordem contra Cox. Ruckelshaus também se recusou e renunciou.[3]

Nixon ordenou então que o Advogado-GeralRobert Bork, como chefe interino do departamento de Justiça, demitisse Cox. Richardson e Ruckelshaus deram garantias pessoais aos comitês de supervisão do Congresso que não interfeririam, mas Bork não o havia feito. Embora Bork mais tarde alegasse que acreditava que a ordem de Nixon era válida e apropriada, ele ainda considerou renunciar para evitar ser "percebido como um homem que fez a ordem do presidente para salvar meu trabalho."[4] No entanto, após ir a Casa Branca em uma limusine e ser empossado como Procurador-Geral em exercício, Bork escreveu a carta demitindo Cox – e o Massacre de Sábado à Noite estava completo.[5][6]

Reações

Página inicial do The New York Times, de 21 de outubro de 1973, anunciando a demissão de Cox e as renúncias de Richardson e Ruckleshaus.

Inicialmente, a Casa Branca afirmou ter demitido Ruckelshaus, mas um artigo publicado no dia seguinte pelo jornal The Washington Post indicou que "a carta do presidente a Bork também disse que Ruckelshaus renunciou."[2]

Na noite em que foi demitido, o Vice-Procurador de Archibald Cox e assessores de imprensa realizaram uma emocionada entrevista coletiva, em que argumentaram que a demissão não aconteceria em uma democracia.[7]

Em 14 de novembro de 1973, o juiz Gerhard Gesell decidiu que demitir Cox era ilegal na ausência de uma descoberta de impropriedade extraordinária conforme especificado no regulamento que estabeleceu o cargo de procurador especial.[5]

O Congresso ficou enfurecido com o que viu como um abuso grosseiro do poder presidencial, assim como muitos norte-americanos, que enviaram um número excepcionalmente grande de telegramas para a Casa Branca e o Congresso em protesto. Posteriormente, o jornal The Modesto Bee, da Califórnia, indicou que 71.000 telegramas foram enviados.[8][9]

Menos de uma semana após o Massacre de Sábado à Noite, uma pesquisa de Oliver Quayle para a NBC News mostrou que, pela primeira vez, uma pluralidade de cidadãos norte-americanos apoiavam o impeachment do Presidente Nixon, com 44% favoráveis, 43% contrários e 13% estavam indecisos, com uma margem de erro de 2 a 3%.[10]

Impacto e legado

Leon Jaworski (na foto) substituiu Cox como procurador especial.

Nixon foi obrigado a permitir que Bork nomeasse um novo promotor especial. Bork escolheu Leon Jaworski. Havia a dúvida sobre se Jaworski limitaria sua investigação a Watergate ou seguiria Cox e examinasse outras atividades corruptas, como as que envolviam os "encanadores da Casa Branca."[11] Continuando a investigação de Cox, Jaworski analisou amplamente o caso de corrupção envolvendo a Casa Branca.[12]

Enquanto Nixon continuava a se recusar a revelar as fitas, ele concordou em lançar as transcrições de um grande número delas. O presidente disse que o fez em parte porque qualquer áudio pertinente à segurança nacional teria que ser expurgado das fitas. Houve uma controvérsia maior em 7 de novembro, quando foi descoberto que uma parcela de uma fita foi apagada. A secretária pessoal de Nixon, Rose Mary Woods, alegou que apagou acidentalmente a fita. A posterior análise forense determinou que a fita tinha sido apagada em vários segmentos.[13]

Em retrospecto, o jornal brasileiro O Globo concluiu que a demissão "[...] não diminuiu a pressão sobre Nixon. Pelo contrário. Aumentou o interesse da população sobre o caso, e as suspeitas de que o presidente estava ciente de infrações cometidas por sua campanha na invasão do Comitê Nacional Democrata no Edifício Watergate — e que havia trabalhado diretamente para ocultá-las."[14]

O Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes não aprovou sua primeira denúncia passível de impeachment até 27 de julho de 1974, quando acusou Nixon de obstruir a justiça. Nixon renunciou menos de duas semanas depois, em 8 de agosto de 1974.[15][16]

Em suas memórias postumamente publicadas, Bork afirmou que Nixon, após aceitar demitir Cox, prometeu-lhe nomear para o próximo assento que ficasse vago na Suprema Corte. Nixon não conseguiu cumprir sua promessa. O Presidente Ronald Reagan nomeou Bork para a Suprema Corte em 1987, mas a indicação foi rejeitada pelo Senado com 58 votos contrários e 42 favoráveis.[17][18]

Ver também

Nota

Referências

  1.  «Ronald Ziegler reads a statement outlining events surrounding Nixon's 'Saturday Night Massacre'». Critical Past. 20 de outubro de 1973. Consultado em 18 de junho de 2017
  2. ↑ Ir para:a b Carroll Kilpatrick (21 de outubro de 1973). «Nixon Forces Firing of Cox; Richardson, Ruckelshaus Quit». The Washington Post. Consultado em 18 de junho de 2017
  3. ↑ Ir para:a b c «Watergate»Discovery Channel. Worldcat. 1994. Consultado em 18 de junho de 2017
  4.  Kenneth B. Nobile (2 de julho de 1987). «Bork Irked by Emphasis on His Role in Watergate». The New York Times. Consultado em 18 de junho de 2017
  5. ↑ Ir para:a b Kenneth B. Nobile (26 de julho de 1987). «New Views Emerge Of Bork's Role in Watergate Dismissals». The New York Times. Consultado em 18 de junho de 2017
  6.  «Richard Nixon fires Cox; Richardson Quits»Associated Press. The Vindicator. 21 de outubro de 1973. Consultado em 18 de junho de 2017
  7.  Lesley Oelsner (21 de outubro de 1973). «COX OFFICE SHUT ON NIXON'S ORDER». The New York Times. Consultado em 18 de junho de 2017
  8.  «Record Numbers Jam Western Union». The Modesto Bee. 22 de outubro de 1973. Consultado em 18 de junho de 2017
  9.  «Impeachment Mail Floods Congress». Gadsden Times. 24 de outubro de 1973. Consultado em 18 de junho de 2017
  10.  «Polls Shows Many for Impeachment»Associated Press. Spokane Daily Chronicle. 22 de outubro de 1973. Consultado em 18 de junho de 2017
  11.  Rowland Evans e Robert Novak (6 de novembro de 1973). «Nixon Hoping Jaworski Will Drop Plumber Probe». Pittsburgh Post-Gazette. Consultado em 18 de junho de 2017
  12.  Rowland Evans e Robert Novak (19 de novembro de 1973). «Jaworski: in Cox's footsteps». The Free Lance–Star. Consultado em 18 de junho de 2017
  13.  Adam Clymer (9 de maio de 2003). «National Archives Has Given Up on Filling the Nixon Tape Gap». The New York Times. Consultado em 18 de junho de 2017
  14.  «Richard Nixon demite Archibald Cox e chama atenção para caso Watergate»Associated Press. O Globo. 11 de maio de 2017. Consultado em 18 de junho de 2017
  15.  James M. Naughton (28 de julho de 1974). «A HISTORIC CHARGE». The New York Times. Consultado em 18 de junho de 2017
  16.  «Nixon resigns». The Washington Post. Consultado em 18 de junho de 2017
  17.  «Bork: Nixon Offered Next High Court Vacancy in '73»ABC News. Yahoo! News. 25 de fevereiro de 2013. Consultado em 18 de junho de 2017
  18.  «Bork loses by 58-42 Senate vote»Associated Press. Eugene Register-Guard. 24 de outubro de 1987. Consultado em 18 de junho de 2017

Ligações externas

BATALHA DE NAVARINO - 1827 - 20 DE OUTUBRO DE 2020


 

Batalha de Navarino

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Batalha de Navarino
Parte da(o) Guerra de Independência da Grécia
Navarino.jpg
Batalha Naval de Navarino (1827).Pintura de Garneray.
Data20 de Outubro de 1827
LocalNavarino Grécia
DesfechoVitória decisiva das Forças Aliadas
Combatentes
Flag of the United Kingdom (1801).png Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda
França Reino da França
Russian Emperor Flag.jpg Império Russo
Fictitious Ottoman flag 2.svg Império Otomano
Fictitious Ottoman flag 2.svg Império Otomano do Egito
Fictitious Ottoman flag 2.svg Império Otomano da Tunísia
Líderes e comandantes
Blue Ensign of Great Britain (1707-1800).svg Edward Codrington
França Henri de Rigny
Marinha da Rússia Lodewijk Heyden
Fictitious Ottoman flag 2.svg Ibrahim Paxá
Fictitious Ottoman flag 2.svg Amir Tair Paxá
Fictitious Ottoman flag 2.svg Moharram Bei
Fictitious Ottoman flag 2.svg Capitão Bei
Forças
10 navios de batalha3 navios de batalha
Vítimas
181 mortos, 480 feridos Total: 6614.109 mortos ou feridos

Batalha Naval de Navarino foi travada em 20 de outubro de 1827, durante a guerra de independência da Grécia (1821–1832), na baía de Navarino, na costa ocidental do Peloponeso, no mar Jônico. Uma armada otomana e egípcia foi destruída por uma força naval conjunta composta por forças britânicasfrancesas e russas. É conhecida pelo fato de ser a última batalha naval da história a ser travada inteiramente com navios a vela. As embarcações aliadas eram melhor armados que os seus oponentes egípcios e otomanos e suas tripulações eram melhor treinadas, o que contribuiu para uma vitória completa.

O fator central a precipitar a intervenção das três grandes potências europeias no conflito grego foram as ambições da Rússia no sentido de expandir-se na região do mar Negro às expensas do Império Otomano, bem como o apoio sentimental russo aos seus correligionários gregos ortodoxos, que se haviam rebelado contra os suseranos otomanos em 1821. Tendo em vista que as intenções russas na região eram consideradas pelas demais potências como uma grande ameaça geoestratégica, a diplomacia britânica e austríaca agiu com a meta de impedir a intervenção da Rússia, esperando que o governo otomano lograsse reprimir a rebelião. Mas em 1825 a ascensão ao trono russo do Tsar Nicolau I, que adotou uma política mais agressiva com respeito à situação grega, obrigou o Reino Unido a intervir, temendo que a Rússia, agindo sozinha, terminasse por desmantelar de uma vez por todas o Império Otomano e estabelecesse uma hegemonia russa no Oriente Próximo. A França juntou-se às outras duas potências contra os otomanos para restaurar seu protagonismo nos assuntos europeus, fragilizado após a sua derrota nas Guerras Napoleônicas. Os governos das três potências também estavam sob intensa pressão das respetivas opiniões públicas, que favoreciam os gregos, especialmente após a invasão do Peloponeso em 1825 pelo vassalo otomano Ibrahim Paxá do Egito e as atrocidades cometidas por suas forças contra a população local.

No tratado de Londres (1827), as potências convieram em forçar o governo otomano a conceder autonomia aos gregos, no seio do Império, e enviaram esquadrões navais ao Mediterrâneo oriental para garantir a execução de sua política. A batalha naval ocorreu mais por acidente do que intencionalmente, resultando de uma manobra pelo comandante-em-chefe aliado, Almirante Codrington, que buscava coagir Ibrahim a obedecer as instruções aliadas. O afundamento da frota mediterrânea do Império Otomano salvou do colapso a jovem República Grega. Entretanto, duas outras intervenções militares foram necessárias - pela Rússia, na forma da Guerra Turco-Russa (1828–1829), e pela França, que enviou uma força expedicionária ao Peloponeso - para compelir a retirada das tropas otomanas da Grécia central e meridional e para garantir a independência grega.

Batalha de Navarino, Museu de História National, Atenas, Grécia


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