sexta-feira, 9 de outubro de 2020

MALALA YOUSAFZAI - FOI VÍTIMA DE ATENTADO EM 2012 NO PAQUISTÃO - 9 DE OUTUBRO DE 2020

 


Malala Yousafzai

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Disambig grey.svg Nota: ""Malala"" redireciona para este artigo. Este artigo é sobre a ativista paquistanesa. Para o documentário sobre ela, veja He Named Me Malala.
Malala Yousafzai
Malala numa entrevista em 2014.
Nome completoMalala Yousafzai
Nascimento12 de julho de 1997 (23 anos)[1]
SwatKhyber PakhtunkhwaPaquistão
ResidênciaBirminghamInglaterraReino Unido
Nacionalidadepaquistanesa
ProgenitoresMãe: Tor Pekai Yousafzai
Pai: Ziauddin Yousafzai
Ocupaçãoestudante, ativista, blogueira
PrémiosPrémio Sakharov (2013)

Prémio Internacional Catalunha (2013)
Nobel da Paz (2014)

Malala Yousafzai (em pachto ملاله یوسفزۍ[2] em urduملالہ یوسف زئی Malālah YūsafzaySwat12 de julho de 1997) é uma ativista paquistanesa. Foi a pessoa mais nova a ser laureada com um prémio Nobel.[3] É conhecida principalmente pela defesa dos direitos humanos das mulheres e do acesso à educação na sua região natal do vale do Swat na província de Khyber Pakhtunkhwa, no nordeste do Paquistão, onde os talibãs locais impedem as jovens de frequentar a escola. Desde então, o ativismo de Malala tornou-se um movimento internacional.

A família de Malala gere uma cadeia de escolas na região. No início de 2009, quando tinha 11-12 anos de idade, Malala escreveu para a BBC um blog sob pseudónimo, no qual detalhava o seu cotidiano durante a ocupação talibã, as tentativas destes em controlar o vale e os seus pontos de vista sobre a promoção da educação para as jovens no vale do Swat. No verão seguinte, o New York Times publicou um documentário[4] sobre o cotidiano de Malala à medida que o exército paquistanês intervinha na região. A popularidade de Malala aumentou consideravelmente, dando entrevistas na imprensa e na televisão e sendo nomeada para o prémio internacional da Criança pelo ativista sul-africano Desmond Tutu.

Na tarde de 9 de outubro de 2012, Malala entrou numa van escolar na província de Khyber Pakhtunkhwa. Um homem armado chamou-a pelo nome, apontou-lhe uma pistola e disparou três tiros. Uma das balas atingiu o lado esquerdo da testa e percorreu o interior da pele, ao longo da face e até ao ombro.[5] Nos dias que se seguiram ao ataque, Malala manteve-se inconsciente e em estado grave. Quando a sua condição clínica melhorou foi transferida para um hospital em Birmingham na Inglaterra. Em 12 de outubro, um grupo de 50 clérigos islâmicos paquistaneses emitiu uma fátua contra os homens que a tentaram matar, mas os talibãs reiteraram a sua intenção de matar Malala. A tentativa de assassinato desencadeou um movimento de apoio nacional e internacional. A Deutsche Welle escreveu em 2013 que Malala se tornou "a mais famosa adolescente em todo o mundo".[6] O enviado especial das Nações Unidas para a educação global, Gordon Brown, lançou uma petição da ONU em nome de Malala com o slogan I am Malala ("Eu sou Malala"), exigindo que todas as crianças do mundo estivessem inscritas em escolas até ao fim de 2015, petição que impulsionou a retificação da primeira lei de direito à educação no Paquistão.[7]

Em 29 de abril de 2013, Malala foi capa da revista Time e considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Em 12 de julho do mesmo ano, Malala discursou na sede da Organização das Nações Unidas, pedindo acesso universal à educação. Malala foi ainda homenageada com o prémio Sakharov de 2013. Em fevereiro de 2014, foi nomeada para o World Children's Prize na Suécia.[8] Em 10 de outubro, foi anunciada a atribuição do Nobel da Paz a Malala pela sua luta contra a repressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação. Com apenas 17 anos, Malala foi a mais jovem laureada com o Nobel.[9][10] Malala partilhou o Nobel com Kailash Satyarthi, um ativista indiano dos direitos das crianças.[11]

Biografia

Nasceu em Mingora, Swat, Jaiber Pastunjuá, Paquistão. Seu pai é Ziauddin Yousafzai e sua mãe é Tor Pekai Yousafzai e tem dois irmãos. Fala pachto e inglês e é conhecida por seu ativismo em favor dos direitos civis, especialmente os direitos das mulheres do vale do rio Swat, onde o Taliban proibiu a frequência escolar de meninas. Aos 13 anos, Malala Yousafzai alcançou notoriedade ao escrever um blog para a BBC sob o nome de Gul Makai, explicando sua vida sob o regime do Tehrik-i-Taliban Pakistan (TTP) e as tentativas de recuperar o controle do vale após a ocupação militar que obrigou-os a ir para as áreas rurais. Os taliban forçaram o encerramento de escolas pǘblicas e proibiram a educação de meninas entre 2003 e 2009.[12][13]

Em 9 de outubro de 2012 foi atacada por um miliciano do TTP em Mingora: foi baleada no crânio e teve de ser operada. O porta-voz do TTP, Ehsanullah Ehsan disse que tentariam um novo ataque.[14] Duas estudantes ficaram feridas juntamente com Malala enquanto se dirigiam para casa em um ônibus escolar. Foi levada de helicóptero para um hospital militar. Ao redor da escola onde as meninas agredidas estudam, centenas de pessoas foram protestar para a rua. A mídia paquistanesa deu ampla cobertura.[15]

Em 10 de outubro de 2012, o ministro do Interior do Paquistão, Rehman Malik, afirmou que o atirador havia sido identificado.[16] O ataque foi condenado pela comunidade internacional e Malala Yousafzai foi apoiada por numerosas figuras públicas, como Asif Ali ZardariPervez Raja AshrafSusan RiceDesmond TutuBan Ki-moonBarack ObamaLaura Welch BushSelena Gomez e Madonna. Em 15 de outubro de 2012 foi transferida para o hospital Queen Elizabeth, em BirminghamReino Unido para continuar a recuperação. Após quase 3 meses de internação, Malala deixou o hospital em 4 de janeiro de 2013.[17]

Em 12 de julho de 2013, Malala comemorou seu aniversário de 16 anos discursando na Assembleia da Juventude na Organização das Nações Unidas em Nova Iorque, Estados Unidos: [...] "Vamos pegar nossos livros e canetas. Eles são nossas armas mais poderosas. Uma criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo. A educação é a única solução". [...] [18] Esta foi a sua primeira aparição pública após se recuperar do ataque que sofreu pelo Talibã.[19] Em 3 de setembro de 2013, Malala inaugurou em Birmingham (Inglaterra) a maior biblioteca pública da Europa.[20]

Em 10 de outubro de 2013 Malala Yousafzai foi galardoada com o Prémio Sakharov, atribuído pelo Parlamento Europeu.[21] A ativista paquistanesa foi escolhida por unanimidade pelos líderes dos grupos políticos do Parlamento Europeu, cabendo o anúncio oficial da escolha ao presidente do Parlamento, Martins Schulz.[22]

Em 7 de junho de 2016, Malala Yousafzai foi laureada com o título de doutora honoris causa pela Universidade de Pádua, na Itália.[23][24][25]

Em 12 de abril de 2017, Malala Yousafzai recebeu a cidadania canadense honorária e o título de doutora honoris causa pela Universidade de Ottawa, também situada no Canadá.[26][27]

Em 2020, terminou sua graduação e conquistou seu diploma universitário em filosofia, política e economia pela Universidade de Oxford.[28][29][30]

Prêmio Nobel da Paz

Na manhã de sexta-feira, no dia 10 de outubro de 2014, o comitê do Nobel anunciou oficialmente a entrega do prêmio à Malala "pela sua luta contra a supressão das crianças e jovens e pelo direito de todos à educação", juntamente com o ativista indiano Kailash Satyarthi, de 60 anos. Com isso, Malala é a mais jovem ganhadora de um Nobel na história, posto antes ocupado pelo físico australiano Lawrence Bragg, que ganhou o Nobel de Física em 1915, aos 25 anos.[31]

Premiações e honrarias

Malala Yousafzai na Sala Oval em 2013

Obras publicadas

  • Eu sou Malala - A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã - 2013.[43]
  • Malala e Seu Lápis Mágico - 2017, livro voltado para o público infantil.[44]
  • Longe de casa: Minha jornada e histórias de refugiadas pelo mundo - 2019.[45]

Notas

  1.  À família de Malala foi negada a permissão para participar da cerimônia de premiação pelas autoridades paquistanesas sob a alegação de "questões de segurança", de modo que o prêmio foi levado às escondidas ao pai pelo cineasta anglo-paquistanês Ali Sevy.

Referências

  1.  Memmot, Mark (9 de outubro de 2012). «Taliban Say They Shot Teenaged Pakistani Girl Who Exposed Their Cruelty»NPR (em inglês). Consultado em 17 de outubro de 2012
  2.  «‏امنسټي انټرنېشنل پر ملاله یوسفزۍ برید وغانده». BBC Pashto. 18 de outubro de 2012. Consultado em 11 de outubro de 2013
  3.  «Malala Yousafzai Becomes Youngest-Ever Nobel Prize Winner». 10 de outubro de 2014. Consultado em 11 de outubro de 2014
  4.  The New York Times (2009). «Class Dismissed». Consultado em 11 de outubro de 2012
  5.  Schifrin, Nick (7 de outubro de 2013). «The 72 Hours That Saved Malala: Doctors Reveal for the First Time How Close She Came to Death». Yahoo News. Consultado em 10 de outubro de 2014
  6.  Kyle McKinnon (18 de janeiro de 2013). «Will Malala's Influence Stretch to Europe?». Consultado em 24 de julho de 2013
  7.  «Quiet Progress for Education in Pakistan». Brookings Institution. 8 de abril de 2013. Consultado em 13 de outubro de 2013
  8.  «Malala nominated for 'Children's Nobel Prize'». The Hindu. 7 de fevereiro de 2014. Consultado em 11 de outubro de 2014
  9.  Público (10 de outubro de 2014). «Malala, o jovem rosto do Nobel da Paz». Consultado em 17 de outubro de 2014
  10.  «The Nobel Peace Prize for 2014». Nobel Media AB. 10 de outubro de 2014. Consultado em 10 de outubro de 2014
  11.  Alan Cowell e Declan Walshoct (10 de outubro de 2014). «Nobel Peace Prize for Malala Yousafzai and Kailash Satyarthi». New York Times. Consultado em 10 de outubro de 2014
  12.  BBC News (19 de janeiro de 2009). «Diary of a Pakistani schoolgirl» (em inglês)
  13.  BBC News (24 de novembro de 2011). «Pakistani girl, 13, praised for blog under Taliban» (em inglês)
  14.  Clarín (11 de outubro 2012). «Los talibán prometen un nuevo ataque a la nena de 14 años» (em espanhol). Consultado em 11 de outubro de 2012
  15.  El Tiempo (10 de outubro de 2012). «Talibanes le dispararon a una niña pakistaní que lucha por los derechos» (em espanhol). Consultado em 11 de outubro de 2012
  16.  Euronews (11 de outubro de 2012). «Pakistán se vuelca con Malala» (em espanhol). Consultado em 11 de outubro de 2012
  17.  «Três meses após ataque, Malala deixa hospital britânico»
  18.  publico. «Malala esteve na ONU e apelou à educação para todos e à tolerância». Consultado em 13 de julho de 2013
  19.  «Malala Yousafzai aparece pela 1ª vez após atentado em discurso na ONU». Marie Claire
  20.  «Europe's largest public library officially opened by Malala» (em inglês). Consultado em 3 de setembro de 2013
  21.  publico.pt. «Prémio Sakharov entregue a Malala». Consultado em 10 de outubro de 2013
  22. http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/10/garota-paquistanesa-malala-ganha-premio-sakharov-do-europarlamento.html%7Ctítulo=Garota[ligação inativa] paquistanesa Malala ganha Prêmio Sakharov do Europarlamento|autor=http://g1.globo.com/%7C10/10/2013=%7Cacesso=10[ligação inativa] de outubro de 2013
  23. ↑ Ir para:a b ANSA (7 de junho de 2016). «Padova laurea Spielberg e Malala». Consultado em 19 de junho de 2020
  24. ↑ Ir para:a b Padova Oggi (7 de junho de 2016). «Padova, laurea ad honorem a Spielberg e al premio Nobel per la pace Malala». Consultado em 19 de junho de 2020
  25. ↑ Ir para:a b Leya Portugal (20 de junho de 2016). «Manuel Alegre Doutorado "Honoris Causa" em Itália, ao lado de Steven Spielberg e Malala Yousafzai». Consultado em 19 de junho de 2020
  26.  O Globo (12 de junho de 2017). «Malala recebe das mãos de Trudeau cidadania honorária do Canadá». Consultado em 19 de junho de 2020
  27. ↑ Ir para:a b University of Ottawa (12 de junho de 2017). «Gazette». Consultado em 19 de junho de 2020
  28.  «Início de um sonho, deu tudo certo: Malala se forma em Oxford»G1. 19 de junho de 2020. Consultado em 19 de junho de 2020
  29.  «Malala Yousafzai festeja formatura na Universidade de Oxford»Revista Marie Claire. 19 de junho de 2020. Consultado em 19 de junho de 2020
  30.  «Malala completes Oxford University exams»BBC News(em inglês). 19 de junho de 2020
  31.  G1 (10 de outubro de 2014). «Indiano Kailash Satyarthi e Malala Yousafzay vencem Nobel da Paz». G1. Consultado em 10 de outubro de 2014
  32.  «Malala Yousufzai to be given Pak's highest civilian bravery award»The Indian Express. 16 de outubro de 2012
  33.  «The FP Top 100 Global Thinkers»Foreign Policy. 26 de novembro de 2012. Arquivado do original em 28 de novembro de 2012
  34.  Carbone, Nick (18 de dezembro de 2012). «TIME Reveals Its Short List for Person of the Year 2012»Time. Consultado em 20 de dezembro de 2012
  35.  «Teresa awards given away»The Indian Express. 29 de novembro de 2012. Consultado em 9 de dezembro de 2012
  36.  «Top words of 2012 capture 'impending doom'»USAToday. 1 de janeiro de 2013
  37.  «Teenage icon: Rome again honours Malala, father collects reward»Express Tribune
  38.  «Awarding of the Simone de Beauvoir Prize to Malala Yousafzai (January 9, 2013)». France Diplomatie. 2013
  39.  «The Fred & Anne Jarvis Award». NUT. Arquivado do original em 31 de outubro de 2013
  40.  «Malala Yousafzai receives OFID 2013 Annual Award for Development». Ofid.org
  41.  «Premi Internacional Catalunya». Generalitat de Catalunya. 27 de maio de 2013. Consultado em 12 de julho de 2013. Arquivado do original em 10 de novembro de 2013
  42.  Claudio Cavalhares. «Malala Yousafzai – International Children's Peace Prize 2013 / Prêmio 'Internacional da Paz da Criança'» (em inglês). Consultado em 18 de outubro de 2013
  43.  Companhia das Letras, ed. (2013). Eu sou Malala. São Paulo: [s.n.] 360 páginas. ISBN 8580868491
  44.  Cia das Letrinhas, ed. (2017). Malala e Seu Lápis Mágico. São Paulo: [s.n.] 44 páginas. ISBN 857406811X
  45.  Editora Seguinte, ed. (2019). Eu sou Malala. São Paulo: [s.n.] 232 páginas. ISBN 8554513479

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