segunda-feira, 5 de outubro de 2020

GONDOMAR - FERIADO - 5 DE OUTUBRO DE 2020


 

Gondomar

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Gondomar
Município de Portugal
Areja - Portugal (35850623434) (cropped).jpg
Igreja de Gondomar Portugal 01.jpgMonumento de Homenagem ao Mineiro - Areja - Portugal (36338557351) (cropped).jpgIgreja de Rio Tinto.jpg
Câmara Municipal de Gondomar - Portugal (40227211060).jpgA tasteful manor (24716953388).jpg
Brasão de GondomarBandeira de Gondomar
Localização de Gondomar
Mapa de Gondomar
GentílicoGondomarense
Área131,86 km²
População174 159 hab. (2011[1])
Densidade populacional1 320,8  hab./km²
N.º de freguesias7
Presidente da
câmara municipal
Marco Martins pelo PS
Fundação do município
(ou foral)
1193
Região (NUTS II)Norte
Sub-região (NUTS III)Área Metropolitana do Porto
DistritoPorto
ProvínciaDouro Litoral
OragoSantos Cosme e Damião
Feriado municipalSegunda-feira após o 1º Domingo de Outubro - Nª Sra do Rosário
Código postal4420 Gondomar
Sítio oficialwww.cm-gondomar.pt

Gondomar é um município e cidade portuguesa que pertence ao distrito de Porto, à Área Metropolitana do Porto (NUTS III) e à Região do Norte (NUTS II). Sendo um dos municípios mais populosos da Área Metropolitana do Porto, com aproximadamente 174 159 habitantes (2011), a cidade de Gondomar (freguesia de S.Cosme) conta com 31 mil habitantes no seu perímetro urbano (2011). Mais recentemente, com a união de freguesias, a cidade de Gondomar pertence a união de freguesias de São Cosme, Valbom e Jovim que conta com aproximadamente 54 mil habitantes no seu perímetro urbano.

O município é limitado a oeste pelo município do Porto, a sudoeste por Vila Nova de Gaia, a nordeste por Valongo e Paredes, a noroeste pela Maia, a sueste por Penafiel e Castelo de Paiva e a sul por Arouca e Santa Maria da Feira.

É sede de um município com 131,86 km² de área[2] e 174 158 habitantes (2011),[1] dividido em 7 freguesias.[3] As sete freguesias que fazem parte do concelho de Gondomar são Baguim do Monte, a união das freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova, a união das freguesias de Foz do Sousa e Covelo, a Lomba, a união das freguesias de Melres e MedasRio Tinto e a união de freguesias de Gondomar, Valbom e Jovim.

Gondomar possui, no seu concelho, as passagens do Rio Douro, Rio Tinto, Rio Torto, Rio Sousa e Rio Ferreira.[4] O destaque vai para o Rio Douro que ao longo das suas margens conta com uma extensão de aproximadamente 37 km. Este importante recurso confere-lhe fortes potencialidades turísticas ao nível do Turismo Náutico e da Natureza. Neste contexto sobressaem as praias fluviais que, pelo seu enquadramento paisagístico ímpar, se afirmam como polos de grande atratividade na época balnear, contando assim com a Praia da Lomba, a Praia de Zebreiros, a Praia de Melres e a Praia de Marecos. Além das praias, Gondomar também possui no seu território paisagens lindíssimas no contexto de serras. Os municípios de Gondomar, Valongo e Paredes formaram a associação do Parque das Serras do Porto, onde se espera a requalificação de uma vasta área de cerca de 6 mil hectares, nas Serras de Santa Justa, Pias, Castiçal, Flores, Santa Iria e Banjas, formando assim o maior "pulmão verde" da Área Metropolitana do Porto.

ex-líbris da cidade, o Monte Crasto,[5] constitui uma fortaleza natural num terreno elevado, com 194 metros de altitude, tornando-se assim um dos principais miradouros do município, de onde se podem alcançar vistas deslumbrantes sobre o rio Douro e sobre os municípios de Gondomar, Porto e Vila Nova de Gaia.

O Douro influencia a gastronomia do Concelho onde o sável e a lampreia são os seus produtos mais emblemáticos.

Para além destes segmentos, destaca-se o riquíssimo património cultural e as tradições onde se mantêm as ancestrais artes de trabalhar a filigrana e a talha. A ourivesaria é a atividade principal do concelho. Dada a tradição dos gondomarenses, esta é a arte que melhor caracteriza Gondomar, valendo-lhe o título de "Capital da Ourivesaria".

História[editar | editar código-fonte]

Gondomar, o seu nome tem ressonâncias históricas. Entre outras versões, a denominação "Gondomar" é atribuída ao rei visigodo Gundemaro ou ‘Gundemarus’ (mais precisamente do seu genitivo, ‘Gundemari’), constituído pelas palavras góticas "gunthi" (luta) e "marhs" (cavalo) que, em 610 teria aqui fundado um couto. Vários achados revelam as velhas raízes da vivência humana neste local desde a pré-história. A exploração das minas de ouro nas regiões próximas e a posição estratégica do "Castro" comprovam a permanência dos romanos nestas terras. Apesar de não haver vestígios dos cavaleiros visigóticos, Gondomar recebeu o primeiro foral em 1193, de D. Sancho I que, mais tarde, foi confirmado pelo rei D. Afonso II através das Inquirições. O monarca "fez honra de Gondomar" a D. Soeiro Reymondo, que aqui tinha um solar.

No reinado de D. Manuel I foi outorgado o segundo foral ao "Município de Gondomar", em 1514.[6] Também estas férteis terras foram doadas a D. Margarida de Vilhena, concedendo-lhes direitos de renda, foros, etc. Nos séculos seguintes o "julgado de Gondomar" não enquadrou sempre as actuais freguesias. Ao longo dos anos diversas modificações do estatuto e demarcações de algumas localidades - Melres Rio TintoLomba e São Pedro da Cova - fizeram variar a forma do concelho. Se bem que fossem integradas as referidas freguesias com todas as suas potencialidades, ao concelho já pertenceram Avintes - hoje ligada à cidade de Vila Nova de Gaia - e Campanhã - freguesia do Porto fronteiriça com os limites de Gondomar.

Data de 1868 a incorporação no concelho das freguesias de São CosmeValbomRio TintoFânzeresSão Pedro da CovaJovimFoz do SousaCoveloMedasMelres e Lomba. Formalmente, só em 1927 a sede do concelho - São Cosme - foi confirmada como Vila de Gondomar,[6] mediante pedido à presidência da República. Em 1985 foi promulgada a lei de criação da Freguesia de Baguim do Monte, em 1991 Gondomar ascende a cidade, o mesmo acontecendo com Rio Tinto, em 1995. Valbom ascendeu à categoria de cidade em janeiro de 2005.

População[editar | editar código-fonte]

Número de habitantes [7]
186418781890190019111920193019401950196019701981199120012011
21 83424 29531 14232 42838 25141 81849 75861 75571 05884 599105 075130 751143 178159 096174 158

(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste concelho à data em que os censos se realizaram.)

Número de habitantes por Grupo Etário [8]
190019111920193019401950196019701981199120012011
0-14 Anos12 23114 42515 24217 97821 68123 03029 69536 09536 63029 93828 41125 845
15-24 Anos6 6497 6388 30610 04011 02513 71713 65518 16024 29025 43723 64118 756
25-64 Anos12 07414 18916 04319 51725 38430 65036 73744 52560 38475 28994 06598 256
= ou > 65 Anos1 2901 6211 6841 9892 6053 4854 5126 2959 44712 51417 97925 170
> Id. desconh70561255992

(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no concelho à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente)

Escudo de Armas[editar | editar código-fonte]

Armas: de negro, com o coração de filigrana de ouro esmaltado de azul, acompanhado por uma grinalda de oito espigas de trigo de ouro, sustidas e folhadas do mesmo. Coroa mural de prata de cinco torres, Lintel branco com os dizeres "Município de Gondomar" em negro.

Bandeira[editar | editar código-fonte]

Gironada de oito peças de amarelo e azul. Cordão e borlas de ouro e de azul. Haste e lança douradas..

Selo[editar | editar código-fonte]

Circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres "Município de Gondomar". Como os esmaltes principais das armas são de ouro e azul, a bandeira é amarela (que corresponde ao ouro) e azul. Quando destinada a cortejos e outras cerimónias, a bandeira é de seda bordada e deve ter a área de um metro quadrado; quando é para arvorar, é de fiel e terá as dimensões julgadas necessárias, podendo deixar de incluir a representação das armas. O negro indicado para o campo das armas, e o esmalte que na heráldica simboliza a terra e significa firmeza, obediência, honestidade e cortesia.

O coração de filigrana, representando as indústrias locais e significando o sentimento artístico com que esta indústria é executada em Gondomar, é de ouro, metal que alude ao nome da cidade e é o mais rico da heráldica e que significa nobreza, fé, sabedoria, fidelidade, constância, poder e liberdade. O coração é esmaltado de azul e o esmalte significa zelo, lealdade e caridade.

A grinalda das espigas de trigo, simbolizando a riqueza agrícola regional, é de ouro, cujo significado já foi descrito.

Ensino[editar | editar código-fonte]

O concelho de Gondomar possui cinco escolas secundárias públicas, duas privadas e duas básicas.

Escola Secundária de Gondomar na freguesia de São Cosme, a Secundária de Rio Tinto na freguesia de Rio Tinto, a Escola Secundária de S. Pedro da Cova na freguesia de São Pedro da Cova, a Escola Secundária de Valbom na freguesia de Valbom e a Escola Básica e Secundária À Beira Douro,na freguesia de Medas.Escola Básica de Gondomar(S.Cosme),Escola Básica de Jovim.[9] Conta ainda com o Colégio Paulo VI e com o Colégio Camões.

Política[editar | editar código-fonte]

Eleições autárquicas[editar | editar código-fonte]

Câmara Municipal[editar | editar código-fonte]

Partidos%M%M%M%M%M%M%M%M%M%M%M%M
197619791982198519891993199720012005200920132017
PS37,5437,3338,4436,4431,2442,0519,6225,4318,7229,3446,4745,56
PPD/PSD23,1231,4332,2327,3343,0567,4959,17
FEPU/APU/CDU18,6220,0220,8218,8213,728,517,47,717,15,912,2115,42
CDS-PP15,016,84,110,112,31,52,7
AD39,04
MDP11,81
IND57,5842,8519,92
PSD-CDS7,2115,3222,1311,01
B.E.3,6

Assembleia Municipal[editar | editar código-fonte]

%M%M%M%M%M%M%M%M%M%M%M%M
Partido197619791982198519891993199720012005200920132017
PS37,91135,31637,61832,6932,61241,51525,1928,61021,2730,61142,61841,815
PPD/PSD24,0630,51433,1929,51140,61459,02153,019
FEPU/APU/CDU19,9520,81021,61020,4615,1510,739,439,338,537,4214,0515,85
CDS-PP14,946,934,517,822,712,03,21
AD39,118
UDP2,210,70,60,50,60,5
PRD6,821,7
MDP8,63
BE1,54,514,214,615,52
IND50,51936,51318,36
PSD-CDS9,6317,2622,5913,35

Eleições legislativas[editar | editar código-fonte]

Partido%
19761979198019831985198719911995199920022005200920112015
PS45,9834,9735,5142,9121,6826,0432,9146,4348,3242,7249,2840,9332,0133,27
PPD/PSD22,6724,5025,7646,8748,1635,1730,9035,8724,1125,7235,20
PCP/APU/CDU12,6821,3517,8119,9818,2614,569,858,809,087,068,238,439,3110,47
CDS-PP11,758,256,782,733,016,195,777,774,918,378,87
UDP1,281,791,290,791,000,690,33
AD37,6439,56
PRD22,574,900,52
PSN1,130,220,18
B.E.2,252,877,8010,866,0512,99
PAN1,031,84
PàF32,67

Património[editar | editar código-fonte]

Equipamentos públicos[editar | editar código-fonte]

Freguesias[editar | editar código-fonte]

Freguesias do concelho de Gondomar.

O concelho de Gondomar está dividido em 7 freguesias:

Geminações[editar | editar código-fonte]

A cidade de Gondomar é geminada com as seguintes cidades:[10]

Transportes públicos[editar | editar código-fonte]

O concelho de Gondomar é servido por transportes públicos em grande parte das suas freguesias:

As freguesias de Rio Tinto, Fânzeres, São Cosme e São Pedro da Cova são servidos pelo operador público rodoviário STCP. As freguesias de Rio Tinto, Baguim do Monte e Fânzeres são servidas pela linha F do Metro do Porto

A empresa de transportes gondomarense (ETG) também serve grande parte dos gondomarenses.

Referências

  1. ↑ Ir para:a b «População residente, segundo a dimensão dos lugares, população isolada, embarcada, corpo diplomático e sexo, por idade (ano a ano)». Informação no separador "Q601_Norte". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 12 de Março de 2014Cópia arquivada em 4 de dezembro de 2013
  2.  Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013»Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013. Arquivado do original (XLS-ZIP) em 9 de dezembro de 2013
  3.  Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28 de janeiro de 2013.
  4.  «REDE DE RIOS - AMP PORTO»rios.amp.pt. Consultado em 2 de setembro de 2017
  5.  Marketing, H2.3 Web. «União de Freguesias de Gondomar (São cosme), Valbom e Jovim - Monte Crasto»www.uf-gvj.pt. Consultado em 2 de setembro de 2017
  6. ↑ Ir para:a b «Paróquia de São Cosme». Arquivo Distrital do Porto. Consultado em 21 de Fevereiro de 2014
  7.  Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  8.  INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros
  9.  «EB e Sec. À Beira Douro : À Beira Douro»abeiradouro.net (em inglês). Consultado em 21 de agosto de 2018
  10.  http://www.anmp.pt/anmp/pro/mun1/gem101l0.php?cod_ent=M4420

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


PortalA Wikipédia tem o portal:

FUNDAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL (1143) - HÁ 877 ANOS - 5 DE OUTUBRO DE 2020

 


Independência de Portugal

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Portugal e o contexto ibérico no ano 1150

Dentro dos limites da atual fronteira política de Portugal habitaram ao longo dos séculos diferentes civilizações, partindo dos povos ibéricos pré-romanos, passando por romanosbárbarosvisigodos, e muçulmanos (Al-Andalus e distintas Taifas). Da sua presença existem inúmeros vestígios não só arqueológicos, mas também culturais e linguísticos que se mantêm vivos na língua portuguesa dos nossos dias.

A constituição do Condado Portucalense e principalmente a posterior independência do Reino de Portugal e sua consequente expansão é um processo que terá várias fases e datas chave: em 1139 com a Batalha de Ourique, em 1140 o Conde Afonso Henriques passa a utilizar o título de Rei dos portugueses,[1] e finalmente a 5 de outubro de 1143 D. Afonso Henriques assina com o primo Afonso VII de Leão e Castela o Tratado de Zamora que reconhece a soberania portuguesa.

A independência de Portugal foi outorgada definitivamente pelo Papa Alexandre III a 23 de maio de 1179 com a Bula pontifícia Manifestis Probatum.[2]

A Reconquista e o Condado[editar | editar código-fonte]

Mapa político da Península Ibérica no ano 1000

O processo gradual de conquista levado a cabo pelo movimento ibérico cristão, denominado Reconquista, originou o nascimento de pequenos reinos que se expandiam à medida que as batalhas eram bem sucedidas. Em vários pontos da Península Ibérica, tanto pelo Reino das Astúrias, como a partir do ano 824 será levada a cabo pelo Reinos Navarra, por Leão a partir de 910, Castela a partir de 1065, pelo Condado de Ribagorça (que dará origem ao Reino de Aragão em 1035) e Condado de Barcelona, cujo Conde deixa de prestar vassalagem aos reis francos no século X.

Em 1096, descontente com as políticas bélicas do conde Raimundo de Borgonha, o rei Afonso VI de Leão e Castela entrega o governo do Condado Portucalense a um primo de Raimundo, o conde D. Henrique de Borgonha, juntamente com a sua outra filha, a infanta D. Teresa, passando Henrique a ser conde de Portucale.

A formação do Reino[editar | editar código-fonte]

Deste condado, nasceria o reino de Portugal. D. Henrique governou no sentido de conseguir uma completa autonomia para o seu condado e deixou uma terra portucalense muito mais livre do que aquela que recebera.[3] Aquando a morte de D. Henrique (1112), sucede-lhe a viúva deste, D. Teresa, no governo do condado durante a menoridade do seu filho Afonso Henriques de Borgonha. Inicialmente, o pensamento de D. Teresa foi idêntico ao do seu marido: fortalecer a vida portucalense, conseguir a independência para o condado. D. Teresa começou (1121) a intitular-se rainha, mas os muitos conflitos diplomáticos e a influência que concedeu a alguns nobres galegos (principalmente a Fernão Peres) na gerência dos negócios públicos prejudicou o seu esforço de tal maneira a que D. Teresa foi obrigada a abdicar das suas pretensões e mudar de política.[4]

Aos dezasseis anos de idade (1125), o jovem Afonso Henriques, com o apoio da nobreza portuguesa da época, arma-se a si próprio cavaleiro – segundo o costume dos reis – tornando-se assim guerreiro independente. A posição de favoritismo em relação aos nobres galegos e a indiferença para com os fidalgos e eclesiásticos portucalenses por parte de sua mãe, D. Teresa, originou a revolta destes, sob chefia do seu filho, D. Afonso Henriques.[4]

A luta entre D. Afonso Henriques e sua mãe desenrola-se, até que a 24 de Junho de 1128 se trava a batalha de São Mamede (em Guimarães) e D. Teresa é expulsa da terra que dirigira durante 15 anos. Uma vez vencida, D. Afonso Henriques toma conta do condado, declarando-o reino independente, dado que ele era neto de Afonso VI, Imperador de toda a Hispânia, passando a assinar todos os documentos oficiais não como conde, mas sim como rei.

Continuou, no entanto, a lutar contra as forças do seu primo, o rei Afonso VII de Leão e Castela (inconformado com a perda das terras portuguesas, pois à semelhança de seu avô, Afonso VI, ele também se intitulava como Imperador), enquanto paralelamente travava lutas contra os muçulmanos. Em 1139, depois de uma estrondosa vitória na batalha de Ourique contra um forte contingente mouro, D. Afonso Henriques afirma-se como rei de Portugal a partir de 1140 com o apoio dos nobres portugueses, e é reconhecido como rei soberano com o Tratado de Zamora em 1143.

Nascia o Reino de Portugal e a sua primeira dinastia e Casa Real: os Borgonha sendo D. Afonso Henriques o primeiro rei: Afonso I de Portugal.

A sua independência e reconhecimento[editar | editar código-fonte]

Contudo, o estatuto de independência carecia de reconhecimento, e foi no Torneio de Valdevez ou Recontro de Valdevez nas margens do rio Vez, em Arcos de Valdevez, que D. Afonso Henriques, após a vitória na Batalha de Ourique (1139), rompeu a paz de Tui (1137) e invadiu a Galiza. Em resposta, as forças de Afonso VII de Leão e Castela entraram em terras portuguesas, arrasando os castelos à sua passagem, e desceram as montanhas do Soajo em direção a Valdevez.

Para evitar a batalha campal, foram selecionados os melhores cavaleiros de ambos os lados para lutarem entre si num torneio ou justa, conforme o uso na Idade Média. A sorte das armas pendeu para o lado português, tendo os cavaleiros leoneses ficado detidos, conforme o código da cavalaria medieval.

Com a vitória dos seus cavaleiros no Recontro de Valdevez, Afonso Henriques aproveitou as boas graças da Igreja, e, por intermédio do Arcebispo de Braga, D. João Peculiar, fez com que o Papa Inocêncio II aceitasse a sua vassalagem contra o pagamento de um censo (quantia que os reis ou condes pagavam ao Papa) de quatro onças de ouro por ano.[4]

O Arcebispo enviou depois o Cardeal Guido de Vico junto de Afonso VII, obtendo deste, no tratado de Samora (Zamora), o título de rei que D. Afonso Henriques passou a usar, no papel, e de facto e de direito a 5 de Outubro de 1143, data em que o rei Afonso VII assinou o Tratado de Zamora, que assinalaria a separação entre os reinos. Desde então, D. Afonso Henriques (Afonso I) procurou consolidar a independência por si declarada. Fez importantes doações à Igreja e fundou diversos conventos. Dirigiu-se ao papa Inocêncio II e declarou Portugal tributário da Santa Sé, tendo reclamado para a nova monarquia a proteção pontifícia. Em 1179 o papa Alexandre III, através da Bula Manifestis Probatum, confirma e reconhece a Portugal como reino independente e soberano protegido pela Igreja Católica.[4]

Na continuação das conquistas procurou também terreno ao sul, povoado, até então, por mouros. Após ver malograda a primeira tentativa de conquistar Lisboa em 1142, conquista-a em 24 de Outubro de 1147, após conquistar Santarém no dia 15 de março, com o auxílio de uma poderosa esquadra com 160 navios e um contingente de 12 a 13 mil cruzados que se dirigiam para a Terra Santa.

A independência de Portugal em perigo[editar | editar código-fonte]

A independência de Portugal foi ameaçada por diversas vezes ao longo dos séculos, tendo sido perdida mas também recuperada. Merecem destaque os seguintes acontecimentos:

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1.  Barroca, Mário Jorge (Agosto 2017). «No tempo de D. Afonso Henriques» (PDF). Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. p. 237. Consultado em 11 de setembro de 2020
  2.  «″Está claramente demonstrado.″ Portugal independente faz hoje 840 anos - DN»www.dn.pt. Consultado em 11 de setembro de 2020
  3.  Como se formou Portugal? – nota sumária em A História de Portugal
  4. ↑ Ir para:a b c d Saraiva, José (1993). História de Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América
  5.  Costa, António Martins. «A Batalha de Toro e as relações entre Portugal e Castela: dimensões políticas e militares na segunda metade do século XV» (em inglês). Consultado em 11 de setembro de 2020

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • ARCO Y GARAY, Ricardo del. Sepulcros de la Casa Real de Castilla (em espanhol). Madrid: Instituto Jerónimo Zurita. Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1954.OCLC 458504262
  • MARTIN, George. (Dezembro 2010). "Hilando un reino. Alfonso VI y las mujeres" (em espanhol). e-Spania. Revue interdisciplinaire d'etudes hispaniques médievales e modernes (10). Paris: Sorbonne Université. ISSN 1133-1240.
  • MARTÍNEZ DIEZ, Gonzalo. Alfonso VI: señor del Cid, conquistador de Toledo (em espanhol). Madrid: Temas de Hoy, 2003. ISBN 978-84-8460-251-4
  • Pallares Méndez, María del Carmen; Portela, Ermelindo. La Reina Urraca (em espanhol). San Sebastián: Nerea, Seria media, 21, 2006. ISBN 978-84-96431-18-8
  • Saraiva, JoséHistória de Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1993.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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