Martin Heidegger
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Martin Heidegger | |
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Nascimento | 26 de setembro de 1889 Meßkirch, Baden, Império alemão |
Morte | 26 de maio de 1976 (86 anos) Friburgo em Brisgóvia, Baden-Württemberg, Alemanha |
Alma mater | Universidade de Friburgo Universidade de Marburgo |
Magnum opus | Ser e Tempo |
Escola/tradição | Ontologia Fenomenologia Hermenêutica Existencialismo |
Principais interesses | Filosofia cristã Ontologia Metafísica Poesia Linguagem |
Ideias notáveis | Dasein Gestell Terminologia Heideggeriana |
Assinatura | |
Martin Heidegger (Meßkirch, 26 de setembro de 1889 – Friburgo em Brisgóvia, 26 de maio de 1976) foi um filósofo, escritor, professor universitário e reitor alemão. Foi um pensador seminal na tradição continental e hermenêutica filosófica, e é "amplamente reconhecido como um dos filósofos mais originais e importantes do século XX." É mais conhecido por suas contribuições para a fenomenologia e existencialismo, embora, como a Enciclopédia de Stanford de Filosofia adverte, "seu pensamento deve ser identificado como parte de tais movimentos filosóficos apenas com extremo cuidado e qualificação".[1]
Seu primeiro e mais conhecido livro, Ser e Tempo (1927), embora inacabado, é uma das obras filosóficas centrais do século XX. Em sua primeira divisão, Heidegger tentou se afastar das questões "ônticas" sobre os seres para as questões ontológicas sobre o Ser, e recuperar a questão filosófica mais fundamental: a questão do Ser, do que significa para algo ser. Heidegger abordou a questão através de uma investigação sobre o ser que tem uma compreensão do Ser, e faz a pergunta sobre ele, a saber, o Ser Humano, que ele chamou de Dasein ("estar lá"). Heidegger argumentou que o Dasein é definido por Care, seu modo de ser-no-mundo praticamente engajado e preocupado, em oposição a pensadores racionalistas como René Descartes, que localizou a essência do homem em nossas habilidades de pensamento.
O pensamento de Heidegger versa sobre coisas originalmente descobertas em nossos compromissos práticos cotidianos. A conseqüência disso é que nossa capacidade de pensar não pode ser a qualidade mais central de nosso ser, porque o pensamento é uma reflexão sobre essa maneira mais original de descobrir o mundo. Na segunda divisão, Heidegger argumenta que o ser humano é ainda mais fundamentalmente estruturado por sua temporalidade, ou sua preocupação com a relação com o tempo, existindo como uma "possibilidade-de-ser" estruturalmente aberta. Ele enfatizou a importância da autenticidade na existência humana, envolvendo uma relação verdadeira com a nossa inclinação para um mundo com o qual estamos "sempre" preocupados, e com o nosso ser-para-a-morte, a finitude do tempo e do ser que nos é dado, e o fechamento de nossas várias possibilidades de ser através do tempo.[2] Também fez contribuições críticas às concepções filosóficas da verdade, argumentando que seu significado original era o não-encanto, a análise filosófica da arte como um local da revelação da verdade e à compreensão filosófica da linguagem como a "casa do ser". O trabalho posterior de Heidegger inclui críticas à compreensão instrumentalista da tecnologia na tradição ocidental como "enquadramento", tratando toda a natureza como uma "reserva permanente" para fins humanos.
Heidegger é uma figura controversa, em grande parte por sua afiliação com o nazismo, afiliação pela qual ele não pediu desculpas públicas.[3]
Biografia[editar | editar código-fonte]
Nascido na pequena cidade de Meßkirch, distrito de Kaden, no interior da Alemanha. Inicialmente quis ser padre e chegou mesmo a estudar teologia na Universidade de Freiburg. Depois, estudou filosofia na mesma Universidade, com Edmund Husserl, o fundador da fenomenologia.
Em 1913, doutorou-se em Filosofia. Ao estudar os clássicos protestantes de Martinho Lutero, João Calvino, entre outros, enfrentou uma crise espiritual e rompeu com o catolicismo. Em 1917 se casa com a Luterana Elfrid Petri.[4]
Em 1916, como tese de habilitação ao ensino universitário, publicou A Doutrina das Categorias e do Significado em Duns Escoto. Mais tarde descobrir-se-ia que a obra de Escoto considerada por Heidegger, isto é, a Gramática Especulativa não era de Duns Escoto. Mas isso não tinha muita relevância no pensamento de Heidegger, já que o seu trabalho, com os interesses metafísicos e teológicos que dominam, é mais teórico do que histórico.
Nesse meio tempo Husserl foi chamado a ensinar em Friburgo e Heidegger o seguiu como assistente. Professor por alguns anos na Universidade de Marburgo, em 1929 Heidegger sucedeu Husserl na cátedra de filosofia em Friburgo, dando sua aula inaugural sobre O que é a Metafísica?. Desse mesmo ano é o ensaio Sobre a Essência do Fundamento, bem como o livro Kant e o Problema da Metafísica.
Em 1927, porém, saíra o trabalho fundamental de Heidegger, Ser e Tempo. A obra seria seguida de uma segunda parte, que, no entanto, não apareceu, já que os resultados alcançados na primeira parte impediam o seu desenvolvimento. Ser e Tempo é dedicado a Husserl, que posteriormente não aprovou a obra, o que ocasionou o rompimento entre ambos. Heidegger, no entanto, afirmava trabalhar com o método fenomenológico.
Heidegger inscreveu-se no Partido Nazista (NSDAP) em 1 de maio de 1933 (ano da chegada ao poder de Adolf Hitler), tendo posteriormente sido nomeado reitor da Universidade de Friburgo, pronunciando o discurso A Auto-afirmação da Universidade Alemã. Porém, pouco depois se demitiu do cargo de reitor, sendo pressionado por outros professores da universidade, que tentavam boicotar o Partido Nazista para o qual Heidegger emprestou sua credibilidade.
Martin Heidegger teve como aluna a judia Hannah Arendt, que se tornou também uma importante filósofa do século XX, com quem se envolveu amorosamente.
Filosofia[editar | editar código-fonte]
Heidegger considerava o seu método fenomenológico e hermenêutico. Ambos os conceitos referem a intenção de dirigir a atenção (a circunvisão) para o trazer à luz daquilo que na maior parte das vezes se oculta naquilo que se mostra, mas que é precisamente o que se manifesta nisso que se mostra. Assim, o trabalho hermenêutico visa a interpretar o que se mostra pondo a lume isso que se manifesta aí mas que, no início e na maioria das vezes, não se deixa ver.
O método vai diretamente ao fenómeno, procedendo à sua análise, pondo a claro o modo como da sua manifestação. Heidegger afirma que esta metodologia corresponde a um modelo kantiano, ou copernicano da colocação ou projeção da perspectiva. Neste sentido, a sua metodologia operava uma inflexão do ponto de vista, na medida em que o foco deveria ser desviado do dasein para o ser. Esta inflexão focaliza os modos de ser do ente, correspondendo a uma inversão da ontologia tradicional.
Além da sua relação com a fenomenologia, a influência de Heidegger foi igualmente importante para o existencialismo e desconstrucionismo.
Conceitos fundamentais[editar | editar código-fonte]
É habitual dividir a produção filosófica de Heidegger em duas partes, uma até ao final da década de 1920, outra a partir daí. Por vezes considera-se também uma terceira anterior à produção de O Conceito de Tempo (conferência proferida em 1924, mas publicada apenas em 1983, em Francês). Assim é comum falar-se do primeiro ou do segundo Heidegger, conforme se faz referência às suas produções anteriores ou posteriores ao seu livro Da essência da Verdade, escrito em 1930, embora a publicação seja de 1943. Gianni Vattimo fala de três momentos da filosofia de Heidegger.
A divisão da filosofia de Heidegger em momentos não é pacífica. Há quem recuse a divisão, defendendo a continuidade do seu pensamento.
O ponto de partida do pensamento de Heidegger, principal representante alemão da filosofia existencial, é o problema do sentido do ser. Heidegger aborda a questão tomando como exemplo o ser humano, que se caracteriza precisamente por se interrogar a esse respeito. O homem está especialmente mediado por seu passado: o ser do homem é um "ser que caminha para a morte" e sua relação com o mundo concretiza-se a partir dos conceitos de preocupação, angústia, conhecimento e complexo de culpa. O homem deve tentar "saltar", fugindo de sua condição cotidiana para atingir seu verdadeiro "eu".
As bases de sua filosofia existencial foram expostas em 1928, na obra inacabada Ser e Tempo, 1927, publicada em Marburgo, que o tornou célebre fora dos meios universitários. Oriundo de uma família humilde, Heidegger pôde completar sua formação primária graças a uma bolsa eclesiástica, que lhe permitiu também iniciar estudos de teologia e de filosofia. Profundamente influenciado pelo estudioso de fenomenologia Edmund Husserl, de quem foi assistente após a Primeira Guerra Mundial (até 1923), começou então seus estudos no seio da corrente existencialista.
Embora sempre tenha vivido em Friburgo, exceto nos cinco anos em que foi professor em Marburgo (recusou uma proposta para Berlim), cedo se tornou um dos filósofos mais conhecidos e influentes, influência essa que se estendeu mesmo à moderna teologia de Karl Rahner ou Rudolf K. Bultman. Sua disponibilidade para colaborar com o regime nazista, após a tomada de poder por Hitler, em 1933, aceitando o lugar de reitor em substituição a outro vetado pelos nazistas, abalou seu prestígio. Também contribuiu para isso o fato de equiparar o "serviço do saber" na escola superior ao serviço militar e funcional. Em 1946, as autoridades francesas de ocupação retiraram-lhe a docência, que lhe foi restituída em 1951. Outras importantes obras suas são "Introdução à Metafísica", 1953, "Que Significa Pensar?", 1964, e "Fenomenologia e Teologia", 1970. A obra completa de Heidegger foi editada na Alemanha em 70 volumes.
Dasein[editar | editar código-fonte]
Ainda assim, até ao final da década de 30, a leitura da filosofia de Heidegger estrutura-se sobre conceitos como Dasein (o ser-aí ou o ser-no-mundo), morte, angústia ou decisão. Como entroncamento central de toda a sua fenomenologia encontra-se o conceito de Jeweiligkeit: ser-a-cada-momento ou de-cada-vez (respetividade). Esta noção é fundamental para se compreender a de Dasein, que não deve ser sem mais vertida para Ser humano, homem, nem mesmo para Realidade Humana (ver, a este respeito, A Carta sobre o Humanismo- para mais pormenores sobre a difícil tarefa da tradução do termo veja-se o artigo correspondente, Dasein).
O horizonte de fundo de toda a sua investigação é o do sentido de Ser, os modos e as maneiras de enunciação e expressão de ser. Nesta medida o importante está em alcançar a colocação correta da questão pelo sentido de ser. Assim, ele põe a claro a desvirtuação dessa investigação ao longo da tradição que sempre se prendeu a uma compreensão ôntica (metafísica), dominada pelo ente, em vez de se dedicar adequadamente ao estudo do ser. Dessa forma, crítica os gregos por fundamentarem-se em uma metafísica cosmológica, os medievais por se fundamentarem em uma metafísica teológica, e o humanismo moderno por um discursos positivo-epistemológico do sujeito (que também qualifica como metafísico).[5] Esta notificação deve indicar-nos que não apenas o ente é, mas que o ser tem modos: há modos de ser. E cada ente deve ser abordado a partir do modo adequado de o abordar, o que deve ser esclarecido a partir do modo de ser próprio do ente que em cada caso está em estudo.
O Dasein, pela sua especificidade, inicia qualquer interrogação. O Dasein é o ente que em cada caso propriamente questiona e investiga. É também o Dasein que detém a possibilidade de enunciar o ser, pois é ele que tem o poder da proposição em geral. Daí que na questão acerca do sentido de ser seja fundamental começar por abordar o ser deste ente particular. E tem que ser o próprio Dasein a fazer isso, tem que ser ele próprio a mostrá-lo, a partir duma análise fenomenológica esclarecida (hermenêutica).
Influências[editar | editar código-fonte]
Neokantismo[editar | editar código-fonte]
Algumas obras de Heidegger revestem-se de inspiração kantiana, quer pelo método crítico que os rege, quer pelos seus resultados, quer pela escolha dos temas. Regra geral considera-se que as obras anteriores a Ser e Tempo são de teor kantiano. Esta fase do seu pensamento constitui para alguns estudiosos o primeiro momento da sua filosofia, marcado pela influência de Kant e pela pujança fenomenológica. Apesar das reservas dos seguidores da sua metodologia, Heidegger tende a ser aproximado ao movimento existencialista. Esta fase é aquela que mais facilmente se relaciona com este movimento.
A tese de doutoramento sobre A teoria do juízo no psicologismo (1913), a tese de docência acerca de A doutrina das categorias e do significado em Duns Escoto (1916) e o tratado A História do Conceito de Tempo, também conhecido como Conceito de Tempo em Historiografia (1914), são consensualmente aceites como (neo)kantianas. Estas obras, dentro de uma terminologia e temática próprias do Neokantismo, abordam problemas que o extravasam e já não podem ser resolvidas nas estritas fronteiras kantianas.
A facticidade da existência, que viria a fazer parte da terminologia de Ser e Tempo, torna impraticável a posição de um sujeito do conhecimento como sujeito puro que se supõe na reflexão de tipo transcendental. A consciência implica uma temporalidade irredutível ao tempo físico, estritamente métrico ou cronológico. Esta temática torna-se o cerne da sua lição inaugural, na Faculdade de Teologia da Universidade de Marburgo, A História do Conceito de Tempo.
Husserl[editar | editar código-fonte]
Nos escritos de Husserl, na formulação conhecida até 1920, Heidegger podia encontrar já uma novidade radical relativamente ao Neokantismo. Este privilegiava a ciência e aspirava para a Filosofia uma linguagem igualmente rígida e estrita. Para Husserl, o ato de cognição resolvia-se na intuição eidética (Anschauung). O ato cognitivo não podia assim ser limitado ao conhecimento científico, pois trata-se dum encontrar as coisas.
O ir às coisas elas mesmas husserliano ficou conhecido para sempre: trata-se dum encontro com as coisas em carne e osso. Esta conceção já não entende o fenómeno em oposição à coisa em si ou ao númeno, mas como manifestação positiva da própria essência da coisa, por assim dizer (veja-se a este respeito H. G. Gadamer, Die phänomenologische Bewegung em Philosophisce Rundschau 1963, pp. 19-20). Esta posição saía da matriz neokantiana e dos limites do transcendentalismo.
Fenomenologia[editar | editar código-fonte]
Heidegger encontra na fenomenologia, na forma que tinha à época, nas obras de Husserl até então publicadas, um mundo em pleno desenvolvimento. Husserl afirmava que "a Fenomenologia somos eu e Heidegger".
A Fenomenologia recebe assim influência de Heidegger que lhe inculca alguns dos seus problemas e temas centrais, tais como a Lebenswelt. A influência é, portanto, mútua. Nesta altura Heidegger recebe também vigorosas influências provenientes da segunda edição de Kierkegaard e de Dostoievski, ao mesmo tempo que vê surgir o interesse por Hegel e Schelling por todo o meio académico alemão. As poesias de Rilke e de Trakl são outras fontes de inspiração. Nietzsche, influência e preocupação maior dos anos que vão de 1935 a 1943, está ainda, entre 1910 e 1916, longe do seu pensamento.
A esta altura Heidegger encontra-se principalmente ocupado na interpretação de Dilthey e Kierkegaard.
Dilthey[editar | editar código-fonte]
Dilthey ocupará um lugar central em Ser e Tempo. O pensamento dele e o do conde de Yorck têm o sentido de mostrar que a historicidade só se pode fundamentar se fundeada numa recolocação do problema do ser. Em permanente diálogo com Duns Escoto começam-se a delinear em Heidegger as linhas mestras que haveriam de produzir Ser e Tempo: o problema da historicidade é um problema da filosofia da vida. São precisamente os fenómenos da historicidade e da vida que instam à recolocação do problema do ser.
Nesta envolvência instala-se essa preocupação fundamental com a dinâmica existencial. É nesta perspetiva que Kierkegaard adquire uma relevância importante.
Kierkegaard[editar | editar código-fonte]
Para Heidegger, para os heideggereanos e, de facto, para a maior parte dos existencialistas, Kierkegaard é um pensador que enunciou explicitamente o problema da existência. Contudo, Heidegger considera que a colocação do problema não remanesceu existencialmente, mas que, pelo contrário, permaneceu geralmente a um nível existenciário ou ôntico.
A formação do pensamento que levaria ao Ser e Tempo encontraria ainda contributos de São Paulo, de Lutero e de Calvino. No semestre de Inverno do ano escolar de 1919-1920, Heidegger profere um dissertação em jeito de discurso sobre os Fundamentos da mística medieval e, no ano seguinte, um de Introdução à fenomenologia da religião.
No semestre de verão de 1921 surge um discurso intitulado S. Agostinho e o neoplatonismo. Isto numa época em que as suas preocupações estão centradas na problemática da temporalidade com o estudo de Kierkegaard a fornecer-lhe novos horizontes, e Heidegger traçava novos planos teóricos rasgando com o esquema da ontologia clássica que o próprio Kierkegaard havia deixado intacto, bem como com a estrutura metafísica helénica preservada pelo neoplatonismo e adaptada por Aurélio Agostinho.
Estudiosos lusófonos da obra de Heidegger[editar | editar código-fonte]
De acordo com Beneval de Oliveira, os primeiros autores dedicados à obra de Heidegger poderiam ser divididos em 4 grupos:[6][7]
- O primeiro, de Eudoro de Souza e seus alunos da Universidade de Brasília, que propunham uma reinterpretação da filosofia grega a partir de Heidegger. [6]
- O segundo, dedicado à ontologia, formado pelo grupo do filósofo Vicente Ferreira da Silva.[8][9]
- O terceiro, de Emmanuel Carneiro Leão dedicado à hermenêutica.[6]
- O quarto, dedicado à uma elaboração da ontologia da finitude, formado por Ernildo Stein e Gerd Bornheim.[6]
Outro pioneiro nos estudos de Heidegger no país foi Benedito Nunes.[10] Destacam-se ainda entre os pioneiros e importantes estudiosos brasileiros, António Caeiro e Željko Loparić.[11]
O pensamento de Heidegger e a psicoterapia[editar | editar código-fonte]
Em 1947, Heidegger respondeu pessoalmente a uma carta enviada pelo psiquiatra suíço Medard Boss pedindo esclarecimentos sobre suas ideias filosóficas.
Iniciaram um processo de troca de correspondência e visitas que se prolongou por doze anos e frutificou na iniciativa de Boss em promover a realização de uma série de encontros com a participação aberta para alunos e colegas psiquiatras, os Seminários de Zollikon, realizados entre 1959 e 1969.
Considerados fundamentais na conceção e conceituação da Daseinsanalyse, nestes seminários discutiram as possibilidades de integração da ontologia e da fenomenologia de Heidegger à teoria e práxis da medicina, psicologia, psiquiatria e psicoterapia.
Os protocolos destes seminários e as correspondências trocadas por Heidegger e Boss foram publicados na Alemanha em 1987.
Heidegger também contribuiu e participou da edição da obra de Boss "Existential Foundations of Medicine and Psychology", publicada em 1979, texto que advoga uma fundamentação existencial para a medicina e para a psicologia.
Publicações[editar | editar código-fonte]
- Novas Indagações sobre Lógica (1912);
- O Problema da Realidade na Filosofia Moderna (1912);
- A Doutrina do Juízo no Psicologismo (1914);
- A Doutrina das Categorias e da Significação em Duns Scoto (1916);
- O Conceito de Tempo na Ciência da História (1916);
- Ser e Tempo (1927);
- Que é Metafísica? (1929);
- Da Essência do Fundamento (1929);
- Kant e o Problema da Metafísica (1929);
- Hölderlin e a Essência da Poesia (1936);
- A Doutrina de Platão sobre a Verdade (1942);
- Da Essência da Verdade (1943);
- A Carta sobre o Humanismo (1949);
- Caminhos Interrompidos ou Caminhos de Floresta(1950);
- A Origem da Obra de Arte (1950);
- Introdução à Metafísica (1953);
- Da Experiência de Pensar (1954);
- O Que é Isto, a Filosofia? (1956);
- Da Pergunta sobre o Ser (1956);
- O Princípio da Razão (1956);
- Identidade e Diferença (1957);
- A Caminho da Linguagem (1959);
- Língua e Pátria (1960);
- Nietzsche (1961);
- A Pergunta sobre a Coisa (1962);
- Tese de Kant sobre o Ser (1962);
- Marcas do Caminho (1967);
- Sobre o Assunto Pensamento (1969);
- Fenomenologia e Teologia (1970);
- Heráclito (1970);
- Parmênides (1982);
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ Michael Wheeler (12 de outubro de 2011). «Stanford Encyclopedia of Philosophy: Martin Heidegger». Consultado em 2 de março de 2016
- ↑ John Richardson, Heidegger, Routledge, 2012.
- ↑ The 1966 interview published in 1976 after Heidegger's death as «Only a God Can Save Us». Traduzido por William J. Richardson. Der Spiegel. 31 de maio de 1976. pp. 193–219. For critical readings, see the «Special Feature on Heidegger and Nazism» Winter 1989 ed. , Critical Inquiry, 15 (2), doi:10.1086/ci.15.2.1343581, particularly the contributions by Jürgen Habermas and Blanchot. The issue includes partial translations of Jacques Derrida's Of Spirit and Philippe Lacoue-Labarthe's Heidegger, Art, and Politics: the Fiction of the Political.
- ↑ «Martin Heidegger». Consultado em 19 de abril de 2017
- ↑ Vasconcelos, V. V. A Crítica do Humanismo em Heidegger. Universidade Federal de Minas Gerais. 2005.
- ↑ ab c d de Oliveira, Beneval, A Fenomenologia no Brasil. Rio de Janeiro : Pallas, 1983. 84 p.
- ↑ Antonio Paim - Filosofia Brasileira Contemporanea, Filosofia no Brasil e na América Latina p.152
- ↑ Guimarães, A. C. (2000). O pensamento fenomenológico no Brasil. Revista Brasileira de Filosofia, 50(198), 258-267.
- ↑ Morujão, A. F. (1990). Fenomenológico (Movimento). In J. B. Chorão (Dir.), Logos. Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia (vol. 2, pp.495-503). Lisboa: Verbo.
- ↑ Morre aos 81 anos filósofo e crítico literário Benedito Nunes
- ↑ Estudos de Psicologia (Campinas) Print version ISSN 0103-166XOn-line version ISSN 1982-0275 Estud. psicol. (Campinas) vol.33 no.3 Campinas July/Sept. 2016 http://dx.doi.org/10.1590/1982-02752016000300002 Fenomenologia e Psicologia no Brasil: aspectos históricos Phenomenology and Psychology in Brazil: Historical aspects Adriano Furtado HOLANDA
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- McNeill, William (2006). The Time of Life: Heidegger and Ēthos. Albany, NY: State University of New York Press. ISBN 978-0-7914-6783-1
- Polt, Richard (2003). Heidegger: An Introduction. Londres: Routledge. ISBN 1-85728-719-3
- Raffoul, Francois; Nelson, Eric S. (2013). The Bloomsbury Companion to Heidegger. Londres: Bloomsbury Academic. ISBN 978-1-4411-7504-5
- Richardson, John (2012). Heidegger. Abingdon, Oxon: Routledge. ISBN 978-0-415-35070-9
- Sheehan, Thomas (2010). Heidegger: The Man and the Thinker. New Brunswick, Nova Jérsei: Transaction Publishers. ISBN 978-1-4128-1537-6
- Young, Julian (1998). Heidegger, Philosophy, Nazism. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-58276-8
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Martin Heidegger
- «Heidegger en castellano» (em espanhol)
- «Ereignis». (em inglês)
- Que é isto – A Filosofia?, por M. Heidegger
- HyperHeidegger
- Sobre a Serenidade de Martin Heidegger, por Isabel Maia
- "O século de Heidegger"[ligação inativa]
- Heidegger, por Julián Marías
- Martin Heidegger; La política del Ser y Nacional socialismo privado