sábado, 12 de setembro de 2020

ANO 1736 DA ERA DE DIOCLECIANO - 12 DE SETEMBRO DE 2020

 

Diocleciano

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Diocleciano
Augusto do Império Romano do Oriente
Imperador Romano
Reinado20 de novembro de 284
1 de maio de 305
PredecessorCarino
SucessoresConstâncio Cloro e Galério
RivalCarino (284–285)
Co-monarcaMaximiano (286–305, Oeste)
 
EsposaPrisca
DescendênciaGaléria Valéria
Nome completoCaio Aurélio Valério Diocleciano Augusto
Nome de nascimentoDiocles
Nascimentoc. 22 de dezembro de 244
SalonaDalmáciaRoma
Morte3 de dezembro de 311 (66 anos)
EspalatoDalmáciaRoma
EnterroPalácio de Diocleciano

Diocleciano (Diocletianus)[1] foi um imperador romano cujos dados de nascimento são incertos, mas que pode ter nascido em Salona no dia 22 de dezembro de 243244 ou 245.[2] Ele governou de c. 284[2] a 305.[3] Filho de pai escriba e ex-escravo,[1][2] foi comandante da escolta imperial (domesticus regens) antes de ascender ao poder, o que ocorreu após a morte do imperador Marco Aurélio Caro e seu filho Numeriano numa incursão em território persa, tendo sido proclamado pelo exército romano.[2][4] Existe uma insuficiência de fontes ou informações a respeito da vida anterior a sua ascensão que é característica daquele momento. Seu reinando, entretanto, é bem documentado, tanto pelos editos e leis como por edifícios construídos.[5]

O imperador teve participação em várias batalhas para manter seu poder e a unidade do Império Romano,[6] dentre elas a batalha do rio Margo em 285, na qual o último candidato ao trono, Carino, foi morto pelas próprias tropas.[7] Além disso, aplicou diversas reformas administrativas e econômicas durante seu reinado, sendo a primeira a nomeação de Maximiano entre os anos 285 e 286,[8][7] que mais tarde culminaria na formação da tetrarquia com a nomeação de dois Césares (Galério e Constâncio) em 293.[9][10] Uma assembleia com militares e oficiais foi convocada por Diocleciano no ano 305 para que ele renunciasse por estar velho e doente demais. Sua morte também é uma incerteza; os anos estipulados são 311 e 312.[3]

Ascensão ao poder[editar | editar código-fonte]

A ascensão de Diocleciano ao poder se tornou possível com a morte de Marco Aurélio Caro e dos possíveis herdeiros do trono, principalmente os filhos desse imperadorCarino e Numeriano.[11] Entre a morte de Marco Aurélio Caro, no verão de 283,[2] e a proclamação de Diocleciano, o qual era comandante da escolta imperial (domesticus regens) até então,[2] como imperador, diversos eventos relativos à detenção do poder imperial se desenrolaram.

A morte de Marco Aurélio Caro ocorreu depois da captura de Ctesifonte, numa incursão em território persa, e o relatório oficial alega que ele tenha sido morto por um relâmpago, mas acredita-se que isso seja uma tentativa de esconder uma morte comum, por doença ou pela mão de rivais, por exemplo.[12] O assassinato de Numeriano, que já havia sido nomeado César por seu pai,[12] ocorre no início de novembro de 284 pelas mãos de Aper,[2] e o seu sogro e prefeito pretoriano, o qual era responsável, junto com seu genro e a corte imperial, pela administração do leste do império,[12] eliminando o primeiro dos possíveis sucessores de Marco Aurélio Caro. Foi com a descoberta desse assassinato que o oficial da guarda Diocleciano foi escolhido para conduzir o exército romano.[4] Já no início de 285, há o assassinato de outro pretendente ao trono: Juliano, morto por Carino em Verona.[7] O último, Carino, foi morto antes mesmo de maio por suas próprias tropas na batalha do rio Margus, na Mésia, contra Diocleciano.[7]

Reformas administrativas[editar | editar código-fonte]

O imperador empreendeu diversas reformas administrativas, as quais devem ser entendidas no seu contexto histórico, que tem sido reconstruído sob diversas perspectivas pelos diferentes pesquisadores da área.

Crise do terceiro século[editar | editar código-fonte]

Por longo tempo muitos estudiosos do Alto Império Romano costumeiramente identificaram a dinastia dos Antoninos como o ápice do sistema político imperial.[13] Essa proposição levou a interpretação de que os governos que se seguiram contribuíram fortemente para a instauração de uma crise ou período de decadência do Império. Nesse sentido, a dinastia dos Severos, por terem sucedido os Antoninos, foi reiteradas vezes tida como responsável pelas várias crises que ocorreram na passagem do século II para o século III. O fim da dinastia severiana levou a historiografia a classificar como “Anarquia Militar”, “Crise do terceiro século” ou “Período dos Imperadores-Soldados” o período dos vários governos após a dinastia severiana entre 235 e 284 d.C.[13]

A dinastia severiana, devido a sua ligação com elementos militares para a manutenção de seu poder, é muitas vezes vista pela historiografia como responsável pela criação de uma “monarquia militar” na passagem do século III para o IV d.C. Esse seria o momento em que a crise, que marcaria os governos do século VI d.C., teria tido início. Nesse sentido, os Severos, por se preocuparem apenas com o apoio dos soldados, teriam se afastado da positiva forma de governo adotada pelos Antoninos, que preocupavam-se em conseguir apoio junto a outras camadas da sociedade. Dessa forma, os governos posteriores ao assassinato de Caracala, último imperador da dinastia severiana, são apresentados como governos marcados por sérias dificuldades, como o aumento da inflação, a impossibilidade de manutenção da segurança nas fronteiras e descontentamento das legiões. Em 235 d.C., Maximino Trácio, ao proclamar-se imperador após assassinar Alexandre Severo e sua mãe, inicia-se o período conhecido como Crise do Terceiro Século, que se estendeu até 284 d.C., quando Diocleciano chegou ao poder.[14]

Essa imagem de crise e decadência instaurada no século III vem sendo reiteradas, vezes contestada, pelos estudos mais recentes sobre o período. Os historiadores que defendem a tese da não crise apresentam dois motivos principais para a não existência dela: o primeiro deles é que, apesar das mudanças estruturais ocorridas ao longo desse período, manteve-se um sistema político-econômico estável ao longo de todo o império e, depois, a ideia de crise não era um consenso entre os habitantes das diferentes regiões do vasto império.

Existem evidências que entre os séculos II e IV fatores como poder imperial, cultura literária da elite e os modos de vida no interno das cidades e áreas rurais, permanecerem inabaláveis. O sistema imperial como um todo não foi perturbado, apesar das turbulências político-militares.[15] Por outro lado, os problemas com exército, inflação, política e até mesmo a substituição da mão de obra escrava também ocorreram nos séculos II e IV,[16] por isso a ideia de crise não poderia ser restrita apenas ao século III, ela foi característica de um longo período.

A ideia de crise também não era um consenso na época, visto que a maior parte da população não tinha essa noção, sendo algo mais restrito aos políticos, soldados e pessoas que viviam nas áreas de fronteiras, onde ocorreram diversas invasões.[17] Um modelo histórico tão geral não tem como dar conta de explicar toda a complexidade e as situações individuais que marcaram um império tão vasto como o romano[18]. Outro ponto que corrobora esse argumento é o fato de que algumas regiões do Império, como a província do Egito e outras regiões do norte da África, apresentaram crescimento econômico e não teriam sido afetadas pelas ameaças militares.[19]

Dominato[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Dominato

Dominato ou o Baixo Império Romano é uma forma de governo que se inicia, grosso modo, com a ascensão de Diocleciano, em 284 d.C, se estendendo até a deposição de Rômulo Augusto, em 476. É caracterizado como responsável pelo restabelecimento da ordem, na qual o Estado romano, com a intenção de manter a unidade imperial, empreendeu amplas reformas no setor público, como as instituídas por Diocleciano e Constantino, criadores dessa forma de governo.[20]

Diocleciano reorganizou a administração imperial com a criação da Tetrarquia, sistema de governo baseado na divisão administrativa entre quatro titulares, melhorando a gestão e a defesa do território romano a fim de manter a unidade imperial. Na administração pública, a institucionalização do Dominato levou a uma forte burocratização do aparato administrativo, devido a hierarquização e especialização de funções e cargos pela separação de tarefas e delimitação de competências dos funcionários públicos. Ideologicamente, o Dominato é marcado pela aproximação mítico-religiosa feita pelos imperadores, de forma que tudo que os cercava era tido como sagrado, afirmando o direito divino dos soberanos e reforçando a influência oriental, helenística e persa, principalmente. Diocleciano e Maximiano, por exemplo, eram investidos, respectivamente, pelos Jóvio, ou Júpiter, e Hercúlio, ou Hércules, remetendo-os a uma origem divina.[21]

Para restaurar a ordem, os imperadores tiveram que se valer de discursos que realçavam seus atributos heroicos que, quando inseridos no contexto pós anarquia militar e aliados ao ritual de divinização do imperador, encontravam na justificativa teológica, ou seja, na pressuposição de que o imperador governa por um direito dado pelos deuses, a explicação para constituição do poder em torno do Dominus, ou senhor.[22]

O Dominato e as teorias sobre o fim do Império Romano[editar | editar código-fonte]

Dominato foi marcado pelo estigma do declínio, da queda, da ruína ou do esgotamento do Império Romano. Com isso, é bastante comum a interpretação de que o Império Romano, nessa época, encontrava sérios problemas para a manutenção política, econômica e cultural com o avanço da inflação, invasões e a constante rotatividade de imperadores. A dificuldade de análise do Dominato levou à formação de três propostas principais para o entendimento do período.[23]

A primeira proposta aborda uma explicação de caráter político, que atribui valor negativo ao Estado no Baixo Império, utilizando como base o argumento de que o poder imperial não teria entrado em sintonia com os anseios da sociedade do seu tempo. Dentro dessa perspectiva, muitos autores afirmam que o aumento da fiscalização, da burocracia e do exército, a fim de manter a unidade imperial, culminou na derrocada do império. Dessa forma, o Estado romano teria se afastado de características tidas como essenciais, como o ideal de cidadania, a centralidade do senado e as tradições pagãs.[24]

A segunda proposta insere-se nas explicações de caráter materialista, que usam como base o argumento de que as transformações na estrutura político-ideológica do Baixo Império estão ligadas ao modo de produção escravista, que entrou em declínio após o encerramento das fronteiras imperiais depois de Trajano, impossibilitando a manutenção do sistema econômico devido à escassez de mão-de-obra.[25]

Por fim, dentro da terceira proposta estão os autores que adotam uma interpretação de caráter culturalista do final do Mundo Antigo, enfatizando o conceito de Antiguidade Tardia. O conceito é a reinterpretação sob uma nova perspectiva daquilo que convencionalmente chamou-se de “decadência” do Império Romano, evidenciando acontecimentos e/ou aspectos da sociedade romana que, até então, eram tratados como secundários ou não relevantes, como por exemplo, as vestimentas e as transformações arquitetônicas, manifestações que contribuíram com as mudanças políticas e econômicas do império.[26]

Diarquia[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Diarquia

A diarquia é um sistema de governo pautado na divisão administrativa entre dois titulares. No governo de Diocleciano, a diarquia iniciou-se no momento da nomeação de Maximiano ao posto de César.[27]

Entre os anos de 285 e 286, Diocleciano iniciou uma série de reformas que visavam a restauração da ordem no Império Romano. Ocorre, inicialmente, a instalação da diarquia e posteriormente, Diocleciano adotou algumas medidas como a reformulação da anona (imposto sobre a produção agrícola); fortalecimento dos curiales; e fixação dos agricultores às suas terras, sem que tivessem o direito de se retirar delas, apenas podendo transmiti-las aos seus descendentes. Essas medidas acabaram por levantar questões sobre o excesso de arbitrariedade de Diocleciano, pois instituíam um sistema de classes viabilizando o imobilismo da estrutura econômica do império. Não demorou muito para que a diarquia fosse ampliada para a Tetrarquia, a partir da nomeação de Maximiano a Augusto e a eleição de Galério e Constâncio Cloro como césares.[27]

Tetrarquia[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Tetrarquia
As 12 dioceses na nova divisão tetrárquica do Império Romano implantada por Diocleciano por volta de 300 d.C.

A Tetrarquia foi um sistema de governo baseado na divisão administrativa imperial entre quatro titulares, marcado pela adoção de amplas reformas no setor público as quais, visavam a restauração e reorganização do Estado e a manutenção do exército, não obstante, dentro da Tetrarquia, ocorre a aproximação mítico-religiosa com o sistema imperial, consagrando a autoridade do Augusto sênior.[28]

A vitória militar de Maximiano sobre os rebeldes bagaudas levou Diocleciano a investi-lo com o título de Augusto a fim de evitar que Maximiano se tornasse um usurpador em potencial. Galério e Constâncio Cloro foram nomeados César após se casarem com as filhas de Diocleciano e Maximiano, respectivamente. Dessa forma, era constituída uma aliança política através da aliança familiar, composta por dois augustos e dois césares, num sistema que se convencionou chamar de Tetrarquia.

Nesse sistema, a defesa e a administração do império foram divididas entre cada um dos quatro membros, de forma que cada membro possuía sua própria capital. Diocleciano ficou responsável pelo Oriente e o Egito, Galério ficou responsável pela Grécia e pelas províncias danubianas, Maximiano pela Itália e a África e Constâncio Cloro pelas províncias ocidentais e Alpes Gálicos, sendo que a unidade do colégio imperial era mantida por Diocleciano, enquanto o augusto sênior que se intitulou de Jóvio, ou Júpiter, comparando-se às próprias divindades, legitimando seu poder a partir da justificativa teológica que consistia segundo os pagãos, a uma assistência prestada pelos deuses aos imperadores, garantindo na terra a reprodução da ordem divina.[29]

A criação da Tetrarquia em conjunto com outras medidas adotadas no período levou a um processo de burocratização da administração pública, pela separação e especialização dos cargos e tarefas administrativas, se estendendo também às reformas realizadas no exército como a separação das carreiras civil e militar e o crescente aumento do seu efetivo.[30]

Reformas econômicas[editar | editar código-fonte]

Quando Diocleciano assumiu o poder como imperador, junto ele assumiu todos os problemas econômicos do império, então durante seu governo ele tomou várias medidas para estabilizar a economia. Dentre estas medidas estão a reforma feita na cobrança de impostos e a maneira como eles seriam cobrados, que contava com um censo para saber com quanto cada cidadão poderia contribuir. Também fez uma mudança na cunhagem das moedas, organizou a sua produção para tentar resolver a instabilidade da economia e dar novamente valor para as moedas do império. Além destas, houve também a emissão do Edito de Preço Máximo, que estabelecia um preço máximo e fixo para todos os produtos, na intenção de estabilizar a inflação.[31][32]

Reformas fiscais[editar | editar código-fonte]

Império Romano vinha de uma falta de organização na taxação dos produtos e cobrança dos impostos, além de receber o império já com uma inflação muito alta e com a sua moeda valendo muito pouco. Pensando nisso, Diocleciano decidiu fazer algumas alterações no sistema de impostos, que nesta época eram necessários não somente para o uso geral do império, como também para cobrir os custos e gastos com o contingente militar de Diocleciano [33]

Ele enviou então agentes para analisar todos os produtos e a quantidade que cada cidadão produzia, para com isso fazer um recenseamento e assim saber quanto cada um produzia e com quanto cada um poderia ajudar. Esta avaliação era feita através de uma análise de bens (caput) e da terra (iuga), no qual o preço a ser pago dependeria do tamanho da terra, dos animais, da quantidade de trabalhadores que ali exerciam sua função.[32] Mas mais um problema precisava ser solucionado para que este novo método de impostos funcionasse, o modo de pagamento. Como a moeda romana vinha passando por uma grande desvalorização, Diocleciano decidiu a forma de pagamento dos impostos, que não seriam mais feitos com dinheiro, mas com produtos. Uma lista das necessidades era gerada e cada cidadão pagaria com o que poderia e com a quantia que lhe cabia, dependendo do resultado do recenseamento.[34]

Outra reforma de Diocleciano dizia respeito à proibição de abandono por parte dos colonos agricultores e arrendatários das terras que cultivavam. Os trabalhadores urbanos também deveriam passar seus ensinamentos para seus filhos, mantendo assim uma estabilização na demanda e produção.[1]

Reforma na cunhagem[editar | editar código-fonte]

As moedas do império chegaram ao comando de Diocleciano valendo muito pouco. Então Diocleciano fez uma reforma nas moedas e suas formas de cunhagem. Em 294, ele reorganizou as casas de cunhagens romanas, que na época eram muitas e espalhadas por várias províncias, o que dificultava ainda mais o processo de fiscalização. Criou então algumas casas principais, nas principais cidades do império para que se tivesse um padrão de qualidade nas moedas. Ele inseriu então três moedas. As de ouro (áureo), serviam para realizar apenas os pagamentos militares, as moedas de prata (argento) e as moedas de bronze (denário) que seriam usadas para as transações menores e corriqueiras.[1][35][36]

Essas moedas foram implantadas não somente para revigorar a economia romana, mas também traziam em seu corpo desenhos que representavam a riqueza do império e também ajudavam na construção da imagem de legitimidade do imperador. Muitas dessas moedas cunhadas possuíam imagens de Diocleciano de um lado e de Júpiter do outro ou então Maximiano e Hércules. Essas associações divinas representavam a aprovação divina e além de legitimar o poder tanto de Diocleciano quanto de Maximiano contribuiu para que durante grande parte da Tetrarquia fossem considerados filhos desses deuses.[37]

Moedas com a efígie de Diocleciano[editar | editar código-fonte]

Alguns exemplos de moedas com a efígie do imperador Diocleciano:

Edito Máximo - 301 d.C.[editar | editar código-fonte]

Império Romano passava por uma grande inflação devido a total desvalorização das moedas locais, para isso junto com a reorganização das casas de cunhagem, Diocleciano lançou um Edito para tentar contornar esta situação. Um edito era a maneira com a qual o imperador fazia para se comunicar com todo o resto da população, dando avisos e ditando leis, estas ficavam geralmente expostas em lojas e centros de mercados, onde a maioria das pessoas teria acesso para ler. [38]

O Edito Máximo tinha como premissa fixar o preço máximo que um produto poderia ser vendido. Se algum comerciante, vendedor ou produtor quisesse vender seus produtos por um preço menor, nada o impediria disso, ele apenas não poderia vender seus produtos por preços maiores que os ditados pelo edito. Caso alguém vendesse por preços maiores que os propostos, seria condenado a pena capital, a mesma atribuída para crimes como o estupro de uma Vestal e traição. Um dos produtos incluídos dentro do edito foi a seda de cor púrpura. A única pessoa capaz de obter esse tipo de mercadoria seria o próprio imperador. Com base nisso muitos estudiosos tendem a acreditar que esse ato serviria para mostrar para a população que o imperador seguiria os mesmos padrões dos demais habitantes do império.[39]

Porém, sua única função não foi estabilizar a economia romana, mas também para confirmar o poder e controle de Diocleciano sobre a economia. Se o édito conseguisse estabilizar a economia, Diocleciano continuaria no comando do império. Para isso, na introdução escrita por ele mesmo para o edito alega que muitas outras vezes na história do império, outros imperadores já haviam usado editos para tentar resolver questões pertinentes. Além disso, Diocleciano alega ao povo que a culpa estava nos mercadores que por causa da ganância, causaram este grande problema.[40]

Existem dúvidas acerca da abrangência geográfica do edito. Pelo fato de não se ter encontrado evidências sobre o edito no lado Ocidental do Império, muitos pesquisadores acreditam que ele tenha sido promulgado somente para o Império Oriental. Mas é necessário levar em conta que as cartas, editos e/ou mensagens demoravam muito tempo para chegarem de um lado do império até o outro. Outro fator que deve ser considerado é o fato que em 303 d.C., dois anos após a emissão do Edito Máximo, Diocleciano promulgou também o Edito Contra os Cristãos, que fez com que Diocleciano tivesse sua atenção voltada muito mais para os cristãos, dando assim muito mais importância para a perseguição a eles.[41]

A Grande Perseguição[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Perseguição de Diocleciano

Desde o século I, os cristãos praticavam sua religião no território romano, mas não reconheciam a divindade do imperador, logo, foram considerados praticantes de uma religião transgressora, que desconsiderava a moralidade.[42] O cristianismo estava disseminado pelo Império Romano, exercendo sua religião ilícita e tomando espaço entre os romanos, implicando nas medidas persecutórias (éditos) de Diocleciano para restaurar a pureza moral do Império Romano, o respeito às leis romanas que promoveriam a indulgência divina[43] e a credibilidade na divindade do Imperador.[44]

Os primeiros éditos persecutórios - promulgados em 303 - removeram cristãos de cargos públicos e destruíram igrejas[43], mas o que mais temiam os cristãos era o dies traditionis, que consistia no dia da entrega das escrituras bíblicas ao império, para que estas fossem queimadas. O medo se caracterizava, pois acreditava-se na perda do poder sacramental que esses elementos continham.[45] Os próximos éditos lançados até 304, tornavam a vida e o culto cristãos cada vez mais árduos, pois estabeleciam medidas como detenção de líderes eclesiásticos e a obrigatoriedade do sacrifício aos deuses pagãos sob pena de execução.[45] Diferindo do tetrarca Galério, Diocleciano não era favorável ao assassínio, porém houve esse apelo no quarto édito.[46]

A diligência era liderada geralmente por um curador, um delegado da autoridade imperial, que durante o governo de Diocleciano ganhou o poder para administrar a finança e a polícia da cidade. Estes curadores eram auxiliados pelos officium publicum (secretários, escrivães, arquivistas) para cumprir as demandas fiscais contra os cristãos, e para isso, acredita-se que usavam de trabalhadores braçais para o transporte dos bens adquiridos das igrejas.[47]

Após a abdicação de Diocleciano e Maximiano, em 305, a perseguição não se manteve no império ocidental. No oriente, em 311 d.C, Galério, enfermo, promulgou sua retratação, permitindo os cristãos a retomarem sua religião e seus lugares de culto. Galério ainda pediu que rezassem pela saúde dos imperadores e da res publica.[46]

Edito de Galério, em 311, cessou oficialmente a perseguição, tornou o Deus dos cristãos umas da divindades patrona do império e ajudou na consolidação das relações do cristianismo com o poder imperial. Entretanto, a perseguição no oriente se manteve sob a jurisdição de Maximino Daia, um César sobrinho de Galério.[46]

Desde meados dos século III, as ações persecutórias financiadas pelo poderio imperial romano podem ser compreendidas como globais. Por meio de éditos imperiais, buscava-se a legislação sobre uma unidade normativa de culto que tinha por objetivo manter a pax deorum (“paz dos deuses”).[48]

Batalhas travadas durante seu governo[editar | editar código-fonte]

Além da vitória contra Carino na batalha do rio Margo no início de 285,[7] outras batalhas foram travadas antecedendo formação da diarquia. Dentre essas, destacam-se as ações de Maximiano na Gália contra os bagaudas, bandoleiros rurais descontentes com a tributação pesada, em 285[49] e as ações contra as invasões feitas por coalizões tribais (incluindo burgúndios/alamanos e caibões/hérulos) através do Reno entre 287 e 288.[50] A visão de Eutrópio, segundo a qual Maximiano não teve problemas em controlar as revoltas desse campesinato, é questionada pelos pesquisadores.[49] Há também a incursão de Maximiano atravessando o Reno em direção a Alemanha após a inauguração de seu consulado na cidade de Tréveris ser interrompida por ataques bárbaros em 287, essa já posterior a sua nomeação,[51] e as campanhas de Diocleciano contra os Sármatas em 285.[52]

Ao auxiliar, em 287, o rei persa Vararanes II, neto de Sapor I, o qual passava por problemas internos causados pela revolta de seu irmão Hormisda, Diocleciano foi capaz de restaurar o trono da Armênia ao cliente romano Tirídates III e, possivelmente, a Mesopotâmia, que havia sido cedida por Roma. Isso faz com que, em 290, Diocleciano reclame o título de Pérsico Máximo para si. É possível que ele tenha fortificado Circésio nessa ocasião para fortalecer as defesas de Roma contra o perigo persa na Síria. Fortificações também foram feitas em 288 no Egito, em Hieracômpolis. Ainda em 288, Diocleciano retorna ao Ocidente e protagoniza uma campanha na Récia, após a qual se encontrou com Maximiano, que parte para a fronteira do Danúbio para lutar contra os Sármatas em 289. As últimas campanhas de Diocleciano antes da formação da tetrarquia ocorrem em 290 contra os Sarracenos na Síria.[52]

Após a nomeação dos Césares e a formação da tetrarquia em 293, Diocleciano e Galério partem para Bizâncio ainda no começo do ano, durante a primavera. Entre o final de 293 e o começo de 294, o imperador retorna a Sirmio e obtém uma vitória contra os Sármatas nas planícies húngaras, obtendo o título de Sarmático Máximo. Enquanto isso, Galério se encontra no Egito devido a uma revolta na região de Copto, conflito resolvido com sucesso por ele. Diocleciano, em 295 ou 296, desce o Danúbio numa importante campanha contra os Carpos, resultando numa grande migração de tribais para dentro da Panônia.[10]

Combate à Revolta Carausiana[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Revolta de Caráusio

Ao deixar a Gália no inverno de 285 e se dirigir a MilãoMaximiano delegou a um de seus oficiais, Caráusio, um comando naval baseado em Bolonha para que lidasse com piratas francos e saxões na costa gaulesa, mas desconfiando do enriquecimento suspeito dele, ordenou sua execução, provocando uma reação maior ainda. Em 286, Britânia e Gália declaram seu apoio a ele, dando início à Revolta Carausiana.[50]

Maximiano provavelmente já tinha começado a construção de uma frota para lidar a revolta em 287 e delegado a seus subordinados que lidassem com os francos no estuário do Reno, o que levou à restauração do reinado do franco Genobudes na região de Tréveris. Entre esses subordinados, a principal figura era Constâncio Cloro, que havia servido como tribuno militar e governador da Dalmácia. Ele seria, posteriormente, um dos tetrarcas responsável pelo Império Romano.[50]

[Caráusio passou a denominar-se cônsul a partir de 287 e investe na cunhagem como instrumento de legitimação, reclamando a lealdade dos legionários britânicos e posteriormente afirmando colegialidade com os imperadores legítimos, reivindicação essa que nunca foi reconhecida. Em 280 ou 290, há uma tentativa falha de Maximiano em pôr fim à Revolta de Caráusio, mas Constâncio deu início, em 293, a ações para resolver esse problema. Seu primeiro passo foi sitiar Bolonha, a qual Caráusio ainda controlava, construindo um porto que impedisse os sitiados de fugir pelo mar e também de receber auxílio da frota de Caráusio. Bolonha caiu facilmente perante Constâncio Cloro, que começou a construção de uma frota para invadir a Britânia.[53]

O segundo comandante de Caráusio, Aleto, possivelmente após Constâncio Cloro]] tentar invadir a Britânia pela primeira vez, tirou sua vida e seguiu com o controle da Britânia até ser surpreendido por duas ofensivas frentes navais, sendo a que partiu de Bolonha comandada por Constâncio Cloro e a que partiu da foz do rio Sena comandada por Júlio Asclepiodoto, o prefeito pretoriano. A morte de Aleto marcou o fim da revolta e teve ação decisiva de Asclepiodoto. É possível que Constâncio tenha sido forçado a voltar à Gália por uma tempestade temporariamente e só tenha alcançado a Britânia quando a principal batalha já estivesse terminada.[54]

Conflito com a Pérsia[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Guerras romano-persas

O conflito persa, iniciado em 296 com a ascensão do rei persa Narses em 294, será o principal evento na parte oriental do Império Romano no período. Essa guerra, apesar da falta de detalhes conhecidos pelos historiadores, foi empreendida, segundo narra Eutrópio, em duas campanhas, das quais a primeira foi perdida por Galério nas proximidades de Calínico, obrigando-o a se retirar para a Antioquia. Enquanto isso, Maximiano, após uma esperada vitória na Britânia, saía em campanha pela Espanha em seu caminho para a África, onde era necessário para conter a rebelião das tribos mouras Quinquegentianos. A guerra contra os persas é retomada com a chegada de Diocleciano e reforços em 297 / 298. Galério estabeleceu uma base em Satala, na Armênia, e foi capaz de derrotar Narses. O César avançou para a Média e Adiabena, dominou Nísibis e seguiu para Ctesifonte, que foi capturado. Em 299, um tratado de paz com os persas foi concluído. A Armênia foi anexada ao território romano e Roma tomou o direito de indicar o rei da Ibéria, além de deter o controle sobre territórios entre o Tigre e a Armênia.[55]

Combate à Revolta no Egito[editar | editar código-fonte]

Diocleciano cessa seu envolvimento no conflito com os persas no início de 298 e se dirige ao Egito para lidar com uma revolta que estourou em 297 liderada por um usurpador nomeado Domício Domiciano, a qual durou oito meses e fez parecer com que a província já não estivesse mais sob o controle romano. A situação é resolvida com o cerco e captura de Alexandria. Então, Diocleciano se afasta do litoral, visitando a fronteira sul do Egito e fortificando a ilha de Filas. Ainda em 298, ele retorna a Nísibis e, posteriormente, à Antioquia, em 299. Ao retornar à Alexandria, em 302, o imperador ordena a execução de líderes maniqueístas, a queima de seus livros, a execução de seus fiéis e a desapropriação de suas terras. As últimas campanhas durante governo de Diocleciano foram aquelas de Galério contra os sármatas (302), carpos (303) e pictos (305).[56]

Abdicação e morte[editar | editar código-fonte]

No que se refere a abdicação de Diocleciano, os registros dos meses restantes da Tetrarquia vêm sendo questionados devido a inclusão de um diálogo literal entre Galério e Diocleciano, feito por Lactâncio, no qual o César Galério coloca pressão para que Diocleciano se retire do poder. Segundo Lactâncio, cujos registros são a principal fonte, Diocleciano foi do Oeste para Roma, em 20 de novembro de 303, para comemorar o aniversário de vinte anos de governo (vicenália). Na mesma ocasião foi comemorado o décimo ano (decenália) de reunião dos césares, na qual Maximiano também esteve presente. É incerto o local de presenteamento dos césares Maximiano e Galério, pois Lactâncio em um de seus registros alegou que Galério não havia ido para Roma antes de 307, mas ao que parece, deve ter existido alguma discussão acerca dos planos futuros tanto entre os imperadores Diocleciano e Maximiano quanto entre os quatro comandantes. Porém, tudo indica que a abdicação de Diocleciano e Maximiano teria sido premeditada, pois segundo a tradição, Diocleciano teria projetado seu plano em Maximiano, fazendo-o jurar, durante a visita em Roma, seu compromisso no templo de Júpiter Capitolino.[57]

Após o seu aniversário de vinte anos de governo (vicenália), Diocleciano deixou Roma e assumiu o consulado em 1º de 304, em Ravena. Ele passou o verão na fronteira do Danúbio no ano de 304, e sua saúde apresentava sinais de que estava ainda pior quando chegou em Nicomédia, no dia 20 de novembro, data do seu vigésimo primeiro aniversário de ascensão. Sua chegada a Nicomédia implicou numa série de boatos que acabaram por contribuir para a crença de que havia morrido, tendo sido declarado luto público, porém, foi suspendido devido à existência de outro boato que dizia o contrário. Diocleciano só apareceu em público novamente no dia 1º de março de 305, com os efeitos de sua doença ainda mais aparentes.[58]

No dia 1º de maio de 305, Diocleciano convocou uma assembleia de oficiais e soldados para se encontrar a alguns quilômetros de Nicomédia, no qual ele entregou uma carta em que se dizia velho e doente para comandar o império e que deveriam confiar este cargo para alguém mais jovem. Após esse ato, Maximiano se afastou do seu cargo, e Diocleciano foi para o palácio que havia construído em Split na costa de Dalmácia, local onde mantinha uma vida fora dos problemas relacionados ao império como mostra uma conferência em Carnuntum em 308, em que ele se recusou a tomar qualquer decisão em relação a políticas imperiais futuras. Diocleciano morreu de uma maneira incerta, suicídio ou doenças podem ter sido as causas, os anos estipulados são 311 e 312.[3]

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d CARLAN, 2006, p. 9
  2. ↑ Ir para:a b c d e f g BOWMAN, 2005, p. 68
  3. ↑ Ir para:a b c BOWMAN, 2005, p. 87-88
  4. ↑ Ir para:a b DRINKWATER, 2005, p. 57-58
  5.  FINLEY, 1991, p. 166
  6.  BOWMAN, 2005, p. 71-82
  7. ↑ Ir para:a b c d e BOWMAN, 2005, p. 69
  8.  CARLAN, 2008, p. 40
  9.  SILVA; MENDES, 2006, p. 199-201
  10. ↑ Ir para:a b BOWMAN, 2005, p. 80
  11.  BOWMAN, 2005, p. 68-69
  12. ↑ Ir para:a b c DRINKWATER, 2005, p. 57
  13. ↑ Ir para:a b GONÇALVES, 2006, p. 175
  14.  GONÇALVES, 2006, p. 180-186
  15.  WISTCHEL, 2004, p. 273 apud ANTIQUEIRA, 2015, p. 158
  16.  BRAVO CASTAÑEDA, 2012, p. 121 apud ANTIQUEIRA, 2015, p. 159
  17.  ANTIQUEIRA, 2015, p. 156
  18.  WITSCHEL, 2004, p. 252 apud ANTIQUEIRA, 2015, p. 157
  19.  STROBEL, 1993, p. 11 apud ANTIQUEIRA, 2015, p. 156
  20.  SILVA; MENDES, 2006, p. 193-196
  21.  SILVA; MENDES, 2006, p. 195-203
  22.  SILVA; MENDES, 2006, p. 201-203
  23.  SILVA; MENDES, 2006, p. 193-194
  24.  SILVA; MENDES, 2006, p. 194
  25.  SILVA; MENDES, 2006, p. 194-195
  26.  SILVA; MENDES, 2006, p. 195
  27. ↑ Ir para:a b CARLAN, 2008, p. 40
  28.  SILVA; MENDES, 2006, p. 197-199
  29.  SILVA; MENDES, 2006, p. 199-201
  30.  SILVA; MENDES, 2006, p. 203-208
  31.  PETITT, 2012, p. 2, 67
  32. ↑ Ir para:a b SILVA; MENDES, 2006, p. 211
  33.  PETITT, 2012, p. 66-68.
  34.  PETITT, 2012, p. 69-71
  35.  BOWMAN, 2005, p. 83
  36.  PETITT, 2012, p. 67
  37.  CARLAN, 2006, p. 9-11
  38.  PETITT, 2012, p. 67, 73, 83
  39.  PETITT, 2012, p.79, 82
  40.  PETITT, 2012, p.66, 72, 75, 80
  41.  PETITT, 2012, p. 83-85
  42.  CHEVITARESE, 2006, p. 169 apud OLIVEIRA, 2010, p. 19
  43. ↑ Ir para:a b SILVA, 2011, p. 37
  44.  OLIVEIRA, 2010, p. 19-21
  45. ↑ Ir para:a b OLIVEIRA, 2010, p. 22
  46. ↑ Ir para:a b c SILVA, 2011, p. 38
  47.  LEPELLEY, 1979, p. 225-227 apud OLIVEIRA, 2010, p. 23-34
  48.  SILVA, 2011, p. 40
  49. ↑ Ir para:a b BOWMAN, 2005, p. 70
  50. ↑ Ir para:a b c BOWMAN, 2005, p. 71
  51.  BOWMAN, 2005, p. 72
  52. ↑ Ir para:a b BOWMAN, 2005, p. 73
  53.  BOWMAN, 2005, p. 72, 78
  54.  BOWMAN, 2005, p. 79
  55.  BOWMAN, 2005, p. 81
  56.  BOWMAN, 2005, p. 81-82
  57.  BOWMAN, 2005, p. 86
  58.  BOWMAN, 2005, p. 86-87

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • ANTIQUEIRA, Moisés. Era uma vez a crise do Império romano no século III: percursos de um recente itinerário historiográfico. Revista Diálogos Mediterrânicos, v. 9, p.152-168, dez. 2015.
  • BOWMAN, Alan K. Diocletian and the first tetrarchy, A.D. 284-305. In: CAMERON, Averil; GARNSEY, Peter; BOWMAN, Alan K. (orgs.). The Cambridge ancient history. Volume 12, The Crisis of Empire, A.D. 193-337. 2nd ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2005. p. 67-88.
  • CARLAN, Cláudio Umpierre. Poder e Imagens em Roma: Diocleciano, Constantino e a Nova/Velha Ordem. In: FUNARI, Pedro Paulo A.; SILVA, Glaydson José da; MARTINS, Adilton Luís (Org.). História Antiga contribuições brasileiras. São Paulo: Annablume Editora.comunicação, 2008. Cap. 2. p. 37-46.
  • CARLAN, Cláudio Umpierre. Poder, imagem e Arqueologia: a iconografia monetária e o exército romano. Revista de História da Arte e Arqueologia, Campinas, SP, n. 6, p.7-14, dez. 2006. Semestral. Disponível em: <http://www.unicamp.br/chaa/rhaa/downloads/Revista%206%20-%20artigo%201.pdf >. Acesso em: 16 set. 2016.
  • DRINKWATER, John. Maximinus to Diocletian and the ‘Crisis’. In: CAMERON, Averil; GARNSEY, Peter; BOWMAN, Alan K. (orgs.). The Cambridge ancient history. Volume 12, The Crisis of Empire, A.D. 193-337. 2nd ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2005. p. 28-66.
  • FINLEY, Moses. O imperador Diocleciano. In: FINLEY, Moses. Aspectos da antiguidade. São Paulo: Martins Fontes, 1991. p. 165-175.

DIA DO PROGRAMADOR - 12 DE SETEMBRO DE 2020

Dia do Programador

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Dia do Programador (em russoДень программиста) é um feriado profissional oficial na Rússia, celebrado no 256º dia do ano (13 de setembro; ou 12 de setembro nos anos bissextos),[1] conforme decreto presidencial russo.[2]

O número 256 () foi escolhido para esta data porque 256 é o número de valores distintos que podem ser representados com um byte de oito bits, um número bem conhecido entre os programadores.[3] Além disso, '256' em hexadecimal é '100' ('0x100'), e é a maior potência de 2 abaixo de 365 (o número de dias em um ano).

No Brasil existe um acordo coletivo comemorando o Dia do Profissional de Informática na terceira segunda feira do mês de outubro[4]. Em 2011 foi 17 de outubro, em 2016 foi dia 19 de outubro.

Referências

  1.  «Dmitry Medvedev estabeleceu oficialmente um novo feriado profissional oficial, o Dia do Programador»Kremlin.ru. 12 de setembro de 2009. Consultado em 12 de setembro de 2009O Dia do Programador será celebrado no 256º dia de cada ano, isto é: no dia 13 ou 12 de setembro, variando caso o ano seja um ano bissexto.
  2.  «Decreto Presidencial da Federação Russa sobre o Dia do Programador»Kremlin.ru. 11 de setembro de 2009. Consultado em 12 de setembro de 2011. Arquivado do original em 18 de novembro de 2010. Decreto Presidencial - O Dia do Programador.
  3.  «Cópia arquivada». Consultado em 13 de setembro de 2009. Arquivado do original em 14 de setembro de 2009
  4.  «20 de outubro é o Dia do Profissional de Informática nas empresas particulares»SINDPD-RJ. 15 de outubro de 2014
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DIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A COOPERAÇÃO SUL-SUL - 12 DE SETEMBRO DE 2020

 

Cooperação Sul-Sul

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cooperação Sul-Sul é o processo de articulação política e de intercâmbio econômico, científico, tecnológico, cultural e em outras áreas entre países em desenvolvimento (conhecidos até os anos 1990 como nações do Terceiro Mundo, e hoje chamados de Sul Global), para fins de promover o desenvolvimento. O termo "sul" se deve ao fato de grande parte desses países se localizarem no hemisfério sul, embora haja vários deles cujo território se localiza parcial ou integralmente no hemisfério norte. Basicamente, a cooperação Sul-Sul inclui países da ÁfricaÁsia e América Latina, além dos pequenos países do Caribe e da Oceania.

A cooperação Sul-Sul pode ou não, segundo diferentes critérios, incluir as trocas exercidas entre os chamados países emergentes, como BRICs e IBAS. Também pode se dar em nível global (como na ONU, no Movimento Não-Alinhado e no Grupo dos 77) ou regional (como no Mercosul e na CEDEAO).

História[editar | editar código-fonte]

A cooperação Sul-Sul tem início com o processo de descolonização, ainda no contexto da Guerra Fria, entre o fim da Segunda Guerra Mundial e os anos 1970. Era "Sul-Sul" toda relação entre os países que tinham acabado de ficar independentes, a maioria deles em estágio de extrema pobreza. Isso se dava em contraste com as relações das ex-colônias com as potências (Norte-Sul) e entre os próprios países industrializados (Norte-Norte), fossem eles socialistas ou capitalistas. As relações Sul-Sul eram, muitas vezes, sob influência de interesses das duas grandes potências da bipolaridade: os Estados Unidos e a União Soviética.

A cooperação Sul-Sul tem origens ideológicas no anti-imperialismo, que por sua vez recebeu muita influência de correntes marxistas. A ajuda mútua entre os países pobres era uma forma de fomentar o desenvolvimento sem prejudicar sua soberania.

Um primeiro marco das relações Sul-Sul foi a Conferência Afro-Asiática de Bandung, na Indonésia, em 1955. Lá, ficaram definidos os princípios da ideologia diplomática do não-alinhamento, que em seguida daria origem ao Movimento dos Países Não-Alinhados. Esse movimento reuniu a maior parte dos países do mundo e representou os interesses das nações subdesenvolvidas em fóruns multilaterais (como a ONU), ao mesmo tempo em que promovia a cooperação entre esses mesmos países, dando origem à cooperação Sul-Sul.

Alguns dos principais defensores da cooperação Sul-Sul foram líderes como Josip Broz Tito (Iugoslávia), Jawaharlal Nehru (Índia), Sukarno (Indonésia), Gamal Abdel Nasser (Egito), Muamar Gadafi (Líbia) e Saddam Hussein (Iraque) — muitos dos quais foram ditadores, e não presidentes eleitos democraticamente em seus países. Entre os intelectuais estudiosos do assunto, destacaram-se também Mustafá Masmudi (Tunísia), Samir Amin (Egito), Tárique Aziz (Iraque) e Samuel Pinheiro Guimarães (Brasil).

Em 1978, a ONU criou a Unidade de Cooperação Sul-Sul para promover o comércio Sul-Sul e a colaboração dentro de suas agências. No entanto, a ideia de cooperação Sul-Sul só começou a influenciar o campo do desenvolvimento na prática no final dos anos 1990. A cooperação Sul-Sul tem conseguido diminuir a dependência dos programas de ajuda dos países desenvolvidos e na promoção de uma mudança no jogo de poder internacional.

O fim da Guerra Fria, entre 1989 e 1991, gerou um grande desafio para a cooperação Sul-Sul, que durante décadas se equilibrou sobre o jogo de forças entre as duas superpotências. Com o desaparecimento da União Soviética e do bloco socialista, os países em desenvolvimento perderam tanto o lastro da cooperação socialista quanto o interesse norte-americano em promover ajuda internacional para evitar que entrassem na esfera de influência soviética. Esse foi o caso de países da África, que deixaram de ser objeto de interesse geopolítico de EUA e URSS ao mesmo tempo. Nesse vácuo de poder e intercâmbio econômico, a China é uma potência que vem ocupando gradativamente maior espaço.

Devido ao espectro geográfico, grande parte dessa cooperação se dá no eixo agora conhecido como ASA (América do Sul-África), no Atlântico Sul. A cooperação ASA até agora realizou duas cúpulas: a primeira foi em Abuja, na Nigéria, em 2006, com 53 delegados da África e 12 da América do Sul; a segunda foi na Ilha Margarita, na Venezuela, em setembro de 2009, da qual participaram 49 chefes de Estado da África e 12 da América do Sul.

Cooperação econômica[editar | editar código-fonte]

Um dos principais objetivos da cooperação é fortalecer e melhorar as relações econômicas entre os países em desenvolvimento. Algumas das áreas em que as nações do Sul esperam melhorar são os investimentos conjuntos em energia e petróleo, o comércio diversificado e a criação de um banco comum. Entre outros acordos regionais de comércio fechados durante a cúpula de 2009 esteve um entre a Venezuela e a África do Sul no setor de petróleo e um memorando de entendimento com Serra Leoa para formar uma empresa de mineração conjunta. Enquanto isso, o Brasil desenvolveu um modelo cada vez mais bem-sucedido de ajuda exterior, com orçamento de mais de US$ 1 bilhão por ano (à frente de muitos doadores tradicionais), concentrado na troca de experiência técnica e em transferência de tecnologia. A forma brasileira de desenvolvimento Sul-Sul tem sido chamada de "modelo global em ascensão".

Os continentes africano e sul-americano têm, juntos, mais de um quarto dos recursos de energia do mundo. Isso inclui a reservas de petróleo e gás natural de Bolívia, Brasil, Equador, Venezuela, Argélia, Angola, Líbia, Nigéria, Chade, Gabão e Guiné Equatorial.

Articulação política[editar | editar código-fonte]

Outra área em que alguns dos líderes do Sul pretendem ver maior evolução é na arena política. Para eles, a cooperação deveria dar aos subdesenvolvidos maior poder político quando se trata de arena global. Por meio da articulação diplomática entre os governos dos países pobres, tem-se o objetivo de defender posições comuns, falando em uníssono e votando em bloco em fóruns multilaterais. Isso ficou evidente, por exemplo, nas negociações da rodada de Doha em que a Índia teve papel ativo e representou interesses de outros países do Sul frente às doutrinas liberais de comércio internacional de países do Norte.

Algumas lideranças também esperam que a cooperação ofereça maior liberdade na escolha de sistemas políticos. Por exemplo, o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez esperava usar a cooperação Sul-Sul como um palco para ampliar o alcance de sua mensagem do socialismo do século XXI.

Segurança e defesa[editar | editar código-fonte]

As responsabilidades de paz e segurança também estão no topo da agenda para a cooperação. Durante a cúpula de 2009, o Coronel Ghaddafi propôs uma aliança de defesa entre os dois continentes, chamando uma aliança possível de "OTAN do Sul" (sendo que o N OTAN é referência ao Norte) ou OTAS. Este tipo de aliança pretenderia atuar como uma alternativa para o Conselho de Segurança da ONU, em que não há nenhum dos membros permanentes dos dois continentes.

Desafios e críticas[editar | editar código-fonte]

Independentemente de um contínuo interesse de muitos países da África e da América do Sul, a cooperação Sul-Sul ainda enfrenta grandes desafios. Um exemplo é a falta de capital suficiente para fundar um "Banco do Sul" como alternativa para o FMI e o Banco Mundial.

A crítica mais evidente é que há apenas algumas vozes ainda ouvidas. Essas vozes são, muitas vezes, partidas dos países relativamente ricos e mais poderosos do Sul (como Brasil, a África do Sul, o Irã e a Venezuela).

Organizações e iniciativas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

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