sábado, 29 de agosto de 2020

DIA INTERNACIONAL CONTRA TESTES NUCLEARES - 29 DE AGOSTO DE 2020

 

Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares

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Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares é o primeiro acordo internacional legalmente vinculante a proibir exaustivamente as armas nucleares, com o objetivo de levar à sua eliminação total. Foi aprovado em 7 de julho de 2017.[1][2] Para entrar em vigor, é necessária a assinatura e ratificação de pelo menos 50 países. Para as nações que fazem parte dele, o tratado proíbe o desenvolvimento, teste, produção, armazenamento, colocação, transferência, uso e ameaça de uso de armas nucleares, bem como assistência e incentivo às atividades proibidas. Para os Estados que possuem armas nucleares que aderiram ao tratado, ele prevê uma estrutura temporal para as negociações que levam à eliminação verificada e irreversível de seu programa de armas nucleares.

De acordo com um mandato adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em dezembro de 2016,[3] as negociações sobre o tratado começaram nas Nações Unidas em março de 2017 e continuaram de 15 de junho a 7 de julho de 2017. Na votação do texto do tratado, 122 foram a favor, 1 votou contra (Países Baixos) e 1 absteve-se (Singapura). 69 nações não votaram, entre elas todos os estados com armas nucleares e todos os membros da OTAN, exceto os Países Baixos.[4]

Conceito[editar | editar código-fonte]

O tratado de proibição de armas nucleares, de acordo com seus proponentes, constituirá um "compromisso político inequívoco" para alcançar e manter um mundo livre de armas nucleares. [6] No entanto, ao contrário de uma convenção abrangente sobre armas nucleares, não se destinava a conter todas as medidas legais e técnicas necessárias para chegar ao ponto de eliminação. Tais disposições serão, em vez disso, objeto de negociações subseqüentes, permitindo que o acordo inicial seja concluído de forma relativamente rápida e, se necessário, sem o envolvimento de nações com armas nucleares.[5]

Os proponentes do tratado de proibição acreditam que ele ajudará a "estigmatizar" as armas nucleares e servir como um "catalisador" para a eliminação.[6] Cerca de dois terços dos países do mundo se comprometeram a trabalhar juntos "para preencher a lacuna legal" no atual regime internacional que governa as armas nucleares [9] e a considerar um tratado de proibição de armas nucleares como uma opção para atingir esse objetivo.[7]

As armas nucleares - diferentemente das armas químicas, armas biológicas, minas terrestres antipessoal e munições cluster - não são proibidas de maneira abrangente e universal.[8] O Tratado de Não-Proliferação (TNP) de 1968 contém apenas proibições parciais, e os tratados de zona livre de armas nucleares proíbem armas nucleares somente dentro de certas regiões geográficas.

Visão geral[editar | editar código-fonte]

O preâmbulo do tratado explica a motivação pelas "conseqüências catastróficas" de um uso de armas nucleares, pelo risco de sua pura existência, pelo sofrimento dos hibakusha (as vítimas sobreviventes dos bombardeios atômicos de 1945 em Hiroshima e Nagasaki) e as vítimas de testes nucleares, pelo "ritmo lento do desarmamento nuclear" e pela "dependência contínua de armas nucleares em conceitos militares e de segurança", como a dissuasão. Reconhece "o impacto desproporcional das atividades de armas nucleares sobre os povos indígenas". Expressa conformidade com a lei existente: a carta da ONU, o direito internacional humanitário, a lei internacional de direitos humanos, a primeira resolução da ONU adotada em 24 de janeiro de 1946, o TNP, o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares e seu regime de verificação, bem como zonas livres de armas nucleares. Além disso, o "direito inalienável" de um uso pacífico da energia nuclear é enfatizado. Finalmente, fatores sociais para a paz e o desarmamento são reconhecidos: participação de mulheres e homens, educação, consciência pública, "organizações internacionais e regionais, organizações não-governamentais, líderes religiosos, parlamentares, acadêmicos e hibakusha".

O Artigo 1 contém proibições contra o desenvolvimento, teste, produção, armazenamento, colocação, transferência, uso e ameaça de uso de armas nucleares, bem como contra assistência e encorajamento às atividades proibidas. Finalmente, qualquer "controle direto ou indireto sobre armas nucleares ou outros artefatos nucleares explosivos" é proibido.

O Artigo 2 exige que cada parte declare se possui armas nucleares próprias ou instaladas em seu território, incluindo a eliminação ou a conversão de instalações relacionadas.

O Artigo 3 exige que as partes que não possuam armas nucleares mantenham suas salvaguardas existentes da AIEA e, caso ainda não o tenham feito, aceitem salvaguardas com base no modelo para Estados não-nucleares sob o TNP.

O Artigo 4 estabelece procedimentos gerais para negociações com um estado armado nuclear individual que se torna parte no tratado, incluindo prazos e responsabilidades. Se esse estado tiver eliminado suas armas nucleares antes de se tornar parte do tratado, uma "autoridade internacional competente" não especificada verificará essa eliminação, e o Estado também deve concluir um acordo de salvaguardas com a AIEA para fornecer garantia confiável de que não desviou material e não tem material ou atividades nucleares não declarados. Se esse estado ainda não destruiu seu arsenal, ele deve negociar com essa "autoridade internacional competente" um plano para a eliminação verificada e irreversível de seu programa de armas nucleares, que será submetido à próxima reunião de estados signatários ou para a próxima conferência de revisão, o que ocorrer primeiro.

O Artigo 5 é sobre implementação nacional. O Artigo 6 obriga a remediação ambiental e assistência às vítimas do uso e teste de armas nucleares. De acordo com o Artigo 7, os estados devem ajudar-se mutuamente a esses propósitos, com especial responsabilidade das potências nucleares. De maneira mais geral, todos os estados partes devem cooperar para facilitar a implementação do tratado. O Artigo 8 fixa as reuniões dos Estados Partes, cujos custos são compartilhados pelos Estados de acordo com a escala de avaliação da ONU (Artigo 9). Os artigos 10 a 12 versam sobre a possibilidade de emendas, a solução de controvérsias e o "objetivo de adesão universal de todos os Estados ao Tratado".

De acordo com os Artigos 13–15, o tratado estava aberto para assinatura a partir de 20 de setembro de 2017 na sede da ONU em Nova York. O "Tratado entrará em vigor 90 dias após o quinquagésimo instrumento de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão".

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1.  Gladstone, Rick (7 de julho de 2017). «A Treaty Is Reached to Ban Nuclear Arms. Now Comes the Hard Part.»The New York Times. Consultado em 9 de agosto de 2017
  2.  «Treaty banning nuclear weapons approved at UN: Supporters hail step towards nuclear free world as treaty is backed by 122 countries»The Guardian. 7 de julho de 2017. Consultado em 9 de agosto de 2017
  3.  UN General Assembly approves historic resolution, ICAN, 23 de dezembro de 2016
  4.  «United Nations Conference to Negotiate a Legally Binding Instrument to Prohibit Nuclear Weapons, Leading Towards their Total Elimination, 27 April to 22 May 2016»www.un.org (em inglês). Consultado em 7 de julho de 2017
  5.  «Banning nuclear weapons without the nuclear armed states» (PDF). Article36. Outubro de 2013. Consultado em 15 de julho de 2017
  6.  Reaching Critical Will and Article 36, "A treaty banning nuclear weapons" (May 2014)
  7.  Working paper 36 submitted to the UN open-ended working group on nuclear disarmament, Geneva, 4 May 2016
  8.  Article 36 and Reaching Critical Will, "Filling the legal gap: the prohibition of nuclear weapons" (April 2015)

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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BERNARDO SANTARENO (António Martinho do Rosário) - (DRAMATURGO) - 29 de AGOSTO DE 2020

 

Bernardo Santareno

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António Martinho do Rosário
Pseudónimo(s)Bernardo Santareno
Nascimento19 de novembro de 1920
SantarémPortugal
Morte29 de agosto de 1980 (59 anos)
OeirasPortugal
Nacionalidadeportuguês
OcupaçãoMédico e dramaturgo
PrémiosPrémio Bordalo 1962 Teatro
Prémio Bordalo 1963 Teatro
Magnum opusO judeu: narrativa dramática em três actos

Bernardo Santarenopseudónimo literário de António Martinho do Rosário (Santarém19 de Novembro de 1920 — Oeiras29 de Agosto de 1980) foi um dramaturgo português do século XX.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Bernardo Santareno nasceu em 19 de Novembro de 1920, em Santarém, no Ribatejo, filho de Maria Ventura Lavareda e de Joaquim Martinho do Rosário. Estudou no Liceu Nacional de Sá da Bandeira até 1939, em Santarém, após o que frequentou os cursos preparatórios para a Faculdade de Medicina, na Universidade de Lisboa. Em 1945 transferiu-se para a Universidade de Coimbra, onde se licenciou em medicina em 1950. Viria a especializar-se em Psiquiatria.[1]

Em 1957 e 1958, a bordo dos navios David MelgueiroSenhora do Mar e do navio-hospital Gil Eanes, acompanhou as campanhas de pesca do bacalhau como médico. A sua experiência no mar serviria de inspiração a muitas das suas obras, como O LugreA Promessa e o volume de narrativas Nos Mares do Fim do Mundo.

Bernardo Santareno foi distinguido por duas vezes com o Prémios Bordalo. Primeiro, foi-lhe atribuído o Óscar da Imprensa 1962, na categoria Teatro, juntamente com os actores Laura Alves e Rogério Paulo e o Teatro Moderno de Lisboa, entregue pela Casa da Imprensa em 1963. No ano seguinte, ser-lhe-ia novamente atribuído na mesma categoria o Prémio Imprensa 1963, agora acompanhado dos actores Eunice Muñoz e Jacinto Ramos, do autor Luís de Sttau Monteiro e da Companhia do Teatro Moderno de Lisboa.[2]

Intelectual de esquerda, teve várias vezes problemas com o regime salazarista, tendo a sua peça A Promessa sido retirada de cena após a estreia por pressão da Igreja Católica.[1] Depois da revolução de 1974 milita activamente no partido MDP/CDE e no Movimento Unitário dos Trabalhadores Intelectuais.[1]

Bernardo Santareno faleceu em CarnaxideOeiras, em 1980, com 59 anos de idade, e está sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.[1]

Em 1981, Bernardo Santareno foi feito Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em 13 de Julho. [3]

Santareno deixou inédito um dos seus mais vigorosos dramas, O Punho, cuja acção se localiza no quadro revolucionário da Reforma Agrária, em terras alentejanas. A sua obra dramática completa está publicada em quatro volumes. Parte do espólio de Bernardo Santareno encontra-se no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da Biblioteca Nacional de Portugal. O seu livro O Lugre será transformado num filme intitulado Terra Nova, cuja estreia em Portugal está agendada para Março de 2020.[4]

Obra[editar | editar código-fonte]

Poesia[editar | editar código-fonte]

Médico de profissão, formado pela Universidade de Coimbra, revelou-se como autor de teatro apenas depois de publicar três livros de poesia (1954 - Morte na Raiz, 1955 - Romances do Mar, 1957 - Os Olhos da Víbora), onde se enunciam alguns temas e motivos dominantes da sua obra dramática.

Teatro[editar | editar código-fonte]

Reconhecido como o mais pujante dramaturgo português do século XX, a sua obra reparte-se por dois ciclos, menos distanciados um do outro do que a evolução estética e ideológica do autor terá feito supôr, já que as peças compreendidas em qualquer deles respondem à mesma questão essencial: a reivindicação feroz do direito à diferença e do respeito pela liberdade e a dignidade do homem face a todas as formas de opressão, a luta contra todo o tipo de discriminação, política, racial, económica, sexual ou outra.

Esta temática exprime-se, nas peças integrantes do primeiro ciclo (A PromessaO Bailarino e A Excomungada, publicadas conjuntamente em 1957; O Lugre e O Crime de Aldeia Velha, 1959; António Marinheiro ou o Édipo de Alfama, 1960; Os Anjos e o SangueO Duelo e O Pecado de João Agonia, 1961; Anunciação, 1962), através de um naturalismo poético apoiado numa linguagem extremamente plástica e coloquial e estruturado sobre uma acção de ritmo ofegante que atinge, nas cenas finais, um clima de trágico paroxismo.

A partir de 1966, com a "narrativa dramática" O Judeu, que retrata o calvário do dramaturgo setecentista António José da Silva, queimado pelo Santo Ofício, o autor plasma as suas criações no molde do teatro épico de matriz brechteana, adaptando-o ao seu estilo próprio, e assume uma posição de crescente intervencionismo que irá retardar até à queda do regime fascista a representação dessa e das suas peças seguintes: O Inferno, baseada na história dos "amantes diabólicos de Chester" (1967), A Traição do Padre Martinho (1969) e Português, Escritor, 45 Anos de Idade (1974), drama carregado de notações autobiográficas e que seria o primeiro original português a estrear-se depois de restaurada a ordem democrática no país.

Em 1979, depois de uma curta incursão no teatro de revista, colaborando com César de Oliveira, Rogério Bracinha e Ary dos Santos na autoria do texto da peça de Sérgio de AzevedoP'ra Trás Mija a Burra (1975), publica quatro peças em um acto sob o título genérico Os Marginais e a Revolução (RestosA ConfissãoMonsanto e Vida Breve em Três Fotografias), em que combina elementos das duas fases da sua obra, inserindo a problemática sexual das primeiras peças no âmbito mais vasto de um convulsivo processo social que é a própria substância das segundas.

Santareno, ele próprio um "homossexual discreto"[5] aborda a temática da homossexualidade em muitas das suas peças, antevendo a importância que esta questão — e outras relacionadas com os direitos e as liberdades individuais face aos preconceitos morais e sociais da época, como o adultério, a virgindade, o papel da mulher no casamento, a moral religiosa, e outros — viriam a ter num futuro mais ou menos próximo.[6] A homossexualidade desempenha papel central no drama de algumas das suas obras, como em O pecado de João Agonia, em que o "pecado" é a orientação sexual de João,[7] ou em Vida Breve em Três Fotografias, em que prostituição masculina é o ponto focal.

Prosa[editar | editar código-fonte]

Publicou em 1959 um volume de narrativas, Nos Mares do Fim do Mundo, fruto da sua experiência como médico da frota bacalhoeira, experiência que dramaticamente transpôs em O Lugre.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Poesia
  • A Morte na Raiz (1954)
  • Romances do Mar (1955)
  • Os Olhos da Víbora (1957)
Teatro
  • A Promessa (1957)
  • Nos Mares do Fim do Mundo (1957)
  • O Bailarino e a Excomungada (1957)
  • O Lugre (1959)
  • O Crime da Aldeia Velha (1959)
  • António Marinheiro ou o Édipo de Alfama (1960)
  • Os Anjos e o Sangue (1961)
  • O Duelo (1961)
  • O Pecado de João Agonia (1961)
  • Anunciação (1962)
  • O Judeu (1966)
  • O Inferno (1967)
  • A Traição do Padre Martinho (1969)
  • Português, Escritor, 45 Anos de Idade (1974)
  • Os Marginais e a Revolução (“Restos”, “A Confissão”, “Monsanto”, “Vida Breve em Três Fotografias”) (1979)
  • O Punho (publicado postumamente em 1987)

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d Mário Lopes (25 de outubro de 2006). «Santarém comemora 50º aniversário da primeira peça de Bernardo Santareno». Tinta Fresca, jornal de arte, cultura e cidadania. Consultado em 24 de setembro de 2008
  2.  «Prémios Bordalo». Em 1962 denominados "Óscar da Imprensa"e em 1963 "Prémio da Imprensa". Sindicato dos Jornalistas. 22 de janeiro de 2002. Consultado em 22 de setembro de 2017
  3.  «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Bernardo Santareno". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 22 de setembro de 2017
  4.  Pinto, João. «Terra Nova, Ambicioso Filme Português Estreia em Março»Portal Cinema. Consultado em 13 de fevereiro de 2020
  5.  Daniel Abrunheiro. «O herbário de António, o Santareno». Jornal "O Ribatejo". Consultado em 24 de setembro de 2008
  6.  Sociedade Portuguesa de Autores. «"Bernardo Santareno - lutar Contra o Esquecimento». Consultado em 22 de setembro de 2008
  7.  Isabelita Maria Crosariol. «Bernardo Santareno e a representação de Portugal em um tempo de tragédia» (PDF). Consultado em 22 de setembro de 2008

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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