sábado, 29 de agosto de 2020

MARTÍRIO DE SÃO JOÃO BAPTISTA - 29 DE AGOSTO DE 2020

 


Decapitação de João Batista

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Degolação de São João Batista.
1924. Por Benedito Calixto, na Igreja Matriz de São João Batista, em BocainaSão Paulo.

Decapitação de João Batista (alternativamente Decapitação de São João Batista ou Decapitação do Anunciador) é um dia santo observado por várias denominações cristãs. Este dia comemora o martírio de João Batista.

Em 29 de agosto de 2012, durante uma audiência pública televisionada no palácio de verão de Castel Gandolfopapa Bento XVI defendeu que a descoberta da cabeça fragmentada de São João Batista pela segunda vez atesta a veneração milenar da santidade da relíquia, que data da era apostólica.[1] Além disso, o pontífice também lembrou da festa que comemora o translado desta relíquia para o novo santuário na Basílica de San Silvestro in Capite, em Roma.

Relatos[editar | editar código-fonte]

O relato bíblico representa a decapitação de João Batista por Herodes Antipas (em Mateus 14:1-12Marcos 6:14-29 e Lucas 9:7-9). De acordo com os evangelhos sinóticos, Herodes mandou prender João por ele o ter admoestado por se divorciar de sua esposa (Fasélia - Phasaelis) e, ilegitimamente, tomar como amante Herodias, a esposa de seu irmão Herodes Filipe I. No aniversário de Herodes, a filha de Herodias (tradicionalmente chamada de Salomé) dançou perante o rei e seus convidados. Sua dança agradou tanto Herodes que, bêbado, ele prometeu a ela qualquer coisa que desejasse, limitando a promessa em metade de seu reino. Quando a filha perguntou à mãe o que deveria pedir, Herodias pediu que ela pedisse a cabeça de João Batista numa bandeja. Mesmo chocado com o pedido, Herodes relutantemente concordou e mandou executar João na prisão.

O historiador judeu Flávio Josefo também relata, em suas "Antiguidades Judaicas", que Herodes mandou matar João, afirmando que ele o fez "pois a grande influência que João tinha sobre o povo poderia colocar em suas [de João] mãos o poder e a vontade de levantar uma rebelião, (pois o povo parecia pronto para fazer o que quer ele pedisse), [assim Herodes] pensou que o melhor seria eliminá-lo". Ele afirma ainda que muitos dos judeus acreditavam que o desastre militar que sobreveio a Herodes pelas mãos de Aretas, seu sogro (pai de Fasélia), fora uma punição por seu comportamento no caso de João.[2]

Festividades[editar | editar código-fonte]

Festa de Herodes.
século XVII. Por Rubens, atualmente na Galeria Nacional da Escócia, em Edimburgo.

A comemoração litúrgica da Decapitação de São João Batista é quase tão antiga quanto as comemorações de seu nascimento, que é uma das festas mais antigas, se não a mais antiga, a serem introduzidas nas liturgias do oriente e do ocidente para homenagear um santo.

Igreja Católica Romana celebra a festa em 29 de agosto, assim como a Igreja Luterana e a Igreja Anglicana, incluindo aí diversas províncias nacionais da Comunhão Anglicana.

Igreja Ortodoxa e as Igrejas Católicas Orientais também celebram em 29 de agosto, só que no calendário juliano, utilizado entre outras pelas Igrejas Ortodoxas RussaMacedônica e Sérvia, e que corresponde ao dia 11 de setembro no calendário gregoriano. O dia é sempre observado como um dia de jejum rigoroso. Em algumas culturas ortodoxas mais piedosas, o povo se recusa a comer num prato, usar facas ou comer alimentos de formato redondo neste dia.

Igreja Apostólica Armênia celebra a Decapitação de São João Batista no sábado da Semana de Páscoa.

Igreja Ortodoxa Síria, a Igreja Ortodoxa Malancara e a Igreja Católica Siro-Malancar comemoram o martírio de João em 7 de janeiro.

Festas relacionadas[editar | editar código-fonte]

Há duas outras festas relacionadas observadas pelos cristãos orientais:

  • Primeira e Segunda descoberta da Cabeça de São João Batista (em 24 de fevereiro). De acordo com a tradição, após a execução de João Batista, seus discípulos enterraram seu corpo em Sebaste, mas Herodias enterrou a sua cabeça num monte de esterco. Posteriormente, Santa Joana, que era casada com um servo de Herodes (vide Lucas 8:3), recuperou secretamente a cabeça e a enterrou no Monte das Oliveiras, onde ela permaneceu escondida por séculos[3]:
    • A "Primeira descoberta" ocorreu no século IV. A posse do local no Monte das Oliveiras onde a cabeça foi enterrada eventualmente passou para as mãos de um oficial do governo que se tornara um monge de nome Inocente. Ele construiu uma igreja e uma cela monástica ali. Quando ele começou a cavar para fazer a fundação, o recipiente com a cabeça de João foi encontrada. Mas, temeroso de que a relíquia pudesse ser dessecrada por infiéis, ele a escondeu novamente no mesmo lugar onde a encontrara. Após a sua morte, a igreja se arruinou e acabou sendo destruída.
    • A "Segunda descoberta" ocorreu no ano de 452. Durante os dias de Constantino, dois monges em peregrinação a Jerusalém teriam tido visões de João Batista, que lhes revelou a localização de sua cabeça. Eles descobriram a relíquia, a colocaram num saco e voltaram para casa. No caminho, encontraram um ceramista de nome desconhecido e lhe deram o saco para carregar, sem contar-lhe o que ele continha. João então apareceu para ele e ordenou que ele fugisse dos preguiçosos e descuidados monges, levando consigo o que tinha em mãos. Ele o fez e levou a cabeça para casa consigo. Antes de morrer, ele a colocou num vasilhame e o entregou para sua irmã. Após algum tempo, um hieromonge de nome Eustácio, um ariano, tomou posse da cabeça e a utilizou para atrair fiéis para sua crença. Ele então enterrou a cabeça perto de Emesa, onde, eventualmente, um mosteiro foi construído. No ano de 452, São João apareceu para o arquimandrita deste mosteiro, Marcelo, e lhe indicou onde a cabeça estava escondida, enterrada num jarro de água. A relíquia foi então levada à cidade de Emesa e foi posteriormente transferida para Constantinopla.

Relíquias[editar | editar código-fonte]

Cabeça de João Batista.
Na Catedral de Amiens, na França.
Cabeça de João Batista.
Na Residenz, em Munique.
Cabeça de João Batista.
Na igreja de San Silvestro in Capite, em Roma.

De acordo com antigas tradições, o local onde o corpo de João Batista foi enterrado foi Sebaste, perto da moderna Nablus na Cisjordânia, em já no século IV se mencionam relíquias suas sendo homenageadas ali. Os historiadores Rufino e Teodoreto relatam que um templo a João foi dessecrado ali em 362 por ordem de Juliano, o Apóstata, que queimou parte dos ossos. Uma parte das relíquias foi salva e levada a Jerusalém, depois para Alexandria, onde, em 27 de maio de 395, elas foram depositadas na basílica recém-dedicada ao Precursor, justamente no local onde antes estava o Serapeu (Serapeum). O túmulo em Sebaste continuou, ainda assim, a ser visitado por peregrinos e São Jerônimo foi testemunha de milagres sendo realizados ali. Atualmente, o túmulo está preservado no interior da Mesquita de Nabi Yahya ("Mesquita de João Batista"), que é considerado um profeta pelo Islã.

O destino final da cabeça de João é difícil de determinar. Nicéforo[5] e Simeão Metafrástes dizem que Herodias a enterrou a na fortaleza de Machaerus (em concordância com Josefo). Outros escritores dizem que ela foi enterrada no Palácio de Herodes em Jerusalém. Ali ela foi descoberta durante a época de Constantino e foi, secretamente, levada para Emesa, na Fenícia, onde ela foi novamente escondida em um lugar que permaneceu secreto até que a localização foi novamente revelada milagrosamente em 452/3.

Cabeça de São João Batista[editar | editar código-fonte]

Com o passar dos séculos, houve muitas discrepâncias nas várias lendas e nas histórias de diversas supostas relíquias no mundo cristão. Diversos locais diferentes reivindicam a posse da cabeça de João Batista. Entre os vários, estão[6]:

Outras relíquias[editar | editar código-fonte]

Acredita-se que diversas outras relíquias de João Batista existam, inclusive as seguintes:

Referências

  1.  «Benedict XVI, General Audience, August 29, 2012». Vatican.va. 29 de agosto de 2012. Consultado em 25 de dezembro de 2014
  2.  Flávio JosefoAntiguidades Judaicas Arquivado em19 de abril de 2007, no Wayback Machine. XVIII, v, 2.
  3.  «Primeira e Segunda Descoberta da Cabeça do Precursor» (em inglês). Orthodox Church of America. Consultado em 21 de fevereiro de 2012
  4.  «Terceira Descoberta da Cabeça do Precursor» (em inglês). Orthodox Church of America. Consultado em 21 de fevereiro de 2012
  5.  Nicéforo, "História Eclesiástica" I, ix. Veja Patrologia Grega, cxlv.-cxlvii.
  6. ↑ Ir para:a b Lost Worlds: Knights Templar, July 10, 2006 video documentary on The History Channel, directed and written by Stuart Elliott
  7.  Sean Martin, The Knights Templar: The History & Myths of the Legendary Military Order, 2005. ISBN 1-56025-645-1
  8.  «Benedict XVI, General Audience, August 29, 2012». Vatican.va. 29 de agosto de 2012. Consultado em 25 de dezembro de 2014
  9.  «Silly relic-worship»The New York Times: 10. 16 de janeiro de 1881. Consultado em 12 de julho de 2009
  10.  Hooper, Simon (30 de agosto de 2010). «Are these the bones of John the Baptist?». Cable News Network. Turner Broadcasting System, Inc. Consultado em 31 de agosto de 2011
  11. ↑ Ir para:a b Grima, Noel (25 de julho de 2010). «Re-establishing a long-lost connection»Malta Independent. Consultado em 24 de junho de 2011
  12.  Priory Palace
  13.  «Cetinje - The Old Royal Capital of Montenegro | Relics». The City of Cetinje. Consultado em 24 de junho de 2011. Arquivado do original em 9 de outubro de 2011
  14.  St. Macarius Monastery
  15.  Remains of John the Baptist Found, Archaeologists Claim Arquivado em 6 de agosto de 2010, no Wayback Machine., 3 August 2010

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

[1] A nova reforma ortográfica alterou a grafia de Batista. Antes era grafado Baptista. Agora a consoante P desapareceu de algumas palavras com PT, batismo, batizado, batista, batismal e batistério e as formas conjugadas do verbo batizar. Apenas as consoantes que são pronunciadas foram mantidas, como em eucalipto, adepto, apto, rapto.

João Batista é um prenome composto, que significa aquele que batiza com a graça de Deus.

Não confunda prenome (que significa nome de batismo ou nome próprio em linguagem informal) com sua parônima pronome escrita com O, que é usada na gramática, para indicar uma palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui, retoma ou acompanha o substantivo indicando-o como pessoa do discurso ou situando-o no espaço, no tempo e no texto, podendo ser classificado em pessoal, possessivo, demonstrativo, indefinido, interrogativo, relativo, reflexivo, recíproco, caso reto, caso oblíquo e de tratamento

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Commons possui uma categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre Relíquias de João Batista
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sexta-feira, 28 de agosto de 2020

SEGUNDA GUERRA DOI CONGO - (1998) - 28 DE AGOSTO DE 2020

 


Segunda Guerra do Congo

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Segunda Guerra do Congo
Parte da Guerra Civil no Congo
DRC Rwanda line.jpg
Civis esperando para atravessar a fronteira entre a RD Congo e o Ruanda (2001)
Data2 de agosto de 1998 – 18 de julho de 2003
LocalRepública Democrática do Congo
DesfechoImpasse militar
Combatentes
Pró-governo:
Flag of the Democratic Republic of the Congo (1997-2003).svg República Democrática do Congo
 Angola
 Chade
 Namíbia
 Zimbabwe
Forças anti-Uganda:
Flag of Lord's Resistance Army.svg LRA
 Sudão (supostamente)

Milícias anti-Ruanda:
Flagge FDLR.svg FDLR

Milícias Anti-Burundi:

Milicias aliadas a Ruanda:

Milícias aliadas a Uganda:

Forças Anti-Angola:
Flag of UNITA.svg UNITA
Nações estrangeiras:
 Uganda
 Ruanda
 Burundi


Nota: Ruanda e Uganda lutaram uma breve guerra em junho de 2000 disputando uma parte do território congolês.
Líderes e comandantes
RD Congo:
Laurent-Désiré Kabila
(1997–2001)
Joseph Kabila
(2001–2003)
Namíbia:
Sam Nujoma
Dimo Hamaambo
Martin Shalli
Zimbabwe:
Robert Mugabe
Emmerson Mnangagwa
Constantine Chiwenga
Perence Shiri
Angola:
José Eduardo dos Santos
João de Matos
Chade:
Idriss Déby
MLC:
Jean-Pierre Bemba
RCD:
Ernest Wamba dia Wamba
Grupos Tutsi:
Laurent Nkunda
Uganda:
Yoweri Museveni
Ruanda:
Paul Kagame
Burundi:
Pierre Buyoya
2,7 – 5,4 milhões de mortos (1998–2008)[1][2]

Segunda Guerra do Congo, também conhecida como a Guerra Mundial Africana[3] ou a Grande Guerra de África, foi um conflito armado que se iniciou em 1998 e terminou oficialmente em 2003 quando o governo de transição da República Democrática do Congo tomou o poder. A maior guerra na história moderna de África, um dos conflitos mais mortíferos desde a Segunda Guerra Mundial, envolveu directamente oito países africanos, bem como cerca de 25 grupos armados. 3,8 milhões de pessoas morreram, a maioria de inanição e doenças. Vários outros milhões foram deslocados das suas casas ou procuraram asilo em países vizinhos.[4]

O conflito começou no contexto das tensões pós genocídio em Ruanda, logo em sequência da Primeira Guerra do Congo. Em 1996, o governo ruandês estava preocupado com a ascensão de milícias hutus na região, que utilizavam o Zaire (atual Congo) para atacar e recuar. Apoiados por Angola e por Uganda, soldados e milicianos de Ruanda partiram pelo rio Congo e eventualmente instauraram Laurent-Désiré Kabila no poder. Uma das suas primeiras ações foi mudar o nome do país de Zaïre para República Democrática do Congo. Corrupção, problemas econômicos e a visão de que Kabila era um peão de potências estrangeiras, puxou muito a popularidade do presidente para baixo, gerando muita instabilidade. Tentando demonstrar força, Kabila começou a tomar medidas nacionalísticas, em detrimento de Ruanda e dos outros aliados. Em 1998, ele exigiu que as tropas das nações africanas vizinhas se retirassem. Os tutsis de Banyamulenge ficaram tenebrosos com essa notícia, temendo que fossem alvos das milícias hutu. Isso escalou ainda mais a tensão na região, e ao fim de 1998, tropas de Ruanda invadiram o Congo. Logo outros países se envolveriam, como Burundi e Uganda, além de milícias como a UNITA, vindo em apoio de Ruanda, enquanto AngolaChadeZimbabwe e Namíbia apoiavam a República Democrática do Congo. A região foi mergulhada numa grande guerra, com milícias se formando para apoiar cada lado, milhares de mortes, falta de comida e remédios, enorme deslocamento de refugiados e regiões inteiras jogadas na anarquia. Em 1999 a guerra chegou no seu auge, com milhares de mortos. Ao mesmo tempo, iniciativas de paz começaram, como o acordo de cessar-fogo de Lusaka. Em janeiro de 2001, Laurent-Désiré Kabila foi morto, sendo logo depois sucedido por seu filho, Joseph. Em 2002, novas tentativas de paz, puxadas pela Comunidade Internacional, tentaram resolver a situação, sem muito resultado. Contudo, em 2003, um acordo mais definitivo foi assinado. Tropas de Uganda e Ruanda começaram a se retirar, as milícias congolesas foram, em contrapartida, desarmadas e um Governo de Transição firmado. Três anos mais tarde uma constituição foi outorgada no Congo.[5][6][7]

Apesar do fim oficial da guerra em Julho de 2003 e de um acordo entre as partes beligerantes para criar um governo de unidade nacional, 1000 pessoas morreram diariamente em 2004 de casos de subnutrição e doenças facilmente evitáveis.[8] Um perito em direitos humanos da ONU relatou em Julho de 2007 que atrocidades sexuais contra mulheres congolesas vão "muito para além de violação" e incluem escravatura sexualincesto forçado, e canibalismo.[9] Uma nova pesquisa, em 2008, apontou que o conflito matava 45 mil pessoas por mês.[10]

Imagens[editar | editar código-fonte]

Referências

  1.  Coghlan B; Brennan RJ; Ngoy P; et al. (Janeiro de 2006). «Mortality in the Democratic Republic of Congo: a nationwide survey» (PDF)Lancet367 (9504): 44–51. PMID 16399152doi:10.1016/S0140-6736(06)67923-3. Consultado em 27 de dezembro de 2011
  2.  [Staff] (20100120) "DR Congo war deaths 'exaggerated'" BBC News
  3.  Government Accounting Office (GAO). U.N. peacekeeping executive branch consultations with Congress did not fully meet expectations in 1999-2000, 2000. Page 52.
  4.  Congo Civil War Global Security
  5.  Baregu, Mwesiga. "The Clones of 'Mr. Kurtz': Violence, War and Plunder in the DRC." (')
  6.  Berkeley, Bill. (2001) The Graves Are Not Yet Full: Race, Tribe, and Power in the Heart of Africa. Basic Books. ISBN 0-465-00642-6
  7.  Edgerton, Robert G. (2002) The Troubled Heart of Africa: A History of the Congo. St. Martin's Press. ISBN 0-312-30486-2
  8.  1,000 a day dying in Congo, agency says, December 10, 2004. CBC
  9.  Congo's Sexual Violence Goes 'Far Beyond Rape', July 31, 2007. The Washington Post.
  10.  War in Congo kills 45,000 people each month - 23 de janeiro de 2008

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