sábado, 25 de julho de 2020

MIRA - FERIADO - 25 DE JULHO DE 2020


Mira (Portugal)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisa
Mira
Brasão de MiraBandeira de Mira
Localização de Mira
Área124,03 km²
População12 465 hab. (2011)
Densidade populacional100,5  hab./km²
N.º de freguesias4
Presidente da
câmara municipal
Raul Almeida (PSD)
Fundação do município
(ou foral)
1442
Região (NUTS II)Centro (Região das Beiras)
Sub-região (NUTS III)Região de Coimbra
DistritoCoimbra
ProvínciaBeira Litoral
OragoSão Tomé
Feriado municipal25 de Julho (São Tomé)
Código postal3070
Sítio oficialwww.cm-mira.pt
Municípios de Portugal Flag of Portugal.svg

Mira é uma vila portuguesa do distrito de Coimbra, situada na província da Beira Litoralregião do Centro (Região das Beiras) e sub-região Região de Coimbra, com cerca de 7 300 habitantes.

É sede de um município com 124,03 km² de área[1] e 12 465 habitantes (2011),[2][3] subdividido em 4 freguesias.[4] O município é limitado a norte pelo município de Vagos, a leste e a sul por Cantanhede e a oeste tem litoral no Oceano Atlântico.

História[editar | editar código-fonte]

A região onde se situa Mira já é habitada há longos tempos, apesar de sua história precoce ser bastante obscura. São conhecidos locais onde se encontram indícios de ocupação pré-histórica como lascas em sílex (vala da , bifaces e machados de pedra polida. Encontram-se ainda principalmente a sul do concelho indícios de ocupação romana, alguns materiais de construção, nomeadamente "tegulae" (telhas), cerâmica doméstica e escória que levam crer que ali se encontrava um casal rústico (o equivalente a uma moderna quinta) no entanto o local exacto desta possível edificação ainda não foi encontrado. Pouco é conhecido sobre a área nos tempos dos Visigodos, mas durante o período de domínio árabe, Mira era já uma povoação com praça. No período Muçulmano esta região terá sido palco de guerras entre cristãos e árabes quando estes dominaram esta zona do litoral. Como era prática então, os invasores substituíam parte da população como gentes de outras áreas da península, e foi durante este tempo que a vila adquiriu o nome de Mira. Leva-se a crer que já os cristãos ali existentes tinham devoção predilecta ao Apóstolo São Tomé, e os devotos chamavam a este local Terras do Senhor São Tomé, que segundo lenda levara os mouros a aceitarem o termo que em árabe é Emir. Mira é corrupção da palavra árabe mir ou Emir, que quer dizer senhor, chefe ou príncipe. Porém, há alguns historiadores que aceitam a ideia de que os árabes, dando-lhe este nome, quiseram distingui-la pela sua beleza, situação e amenidade do clima, chamando-lhe Terra do Senhor. A influência árabe foi muito nítida na região, sendo o local foco de moçarabismo.

Com a Reconquista Cristã, sobretudo na última conquista de Coimbra aos árabes em 1064, a história das terras de Mira passa a ficar mais claramente documentada. O povoado mouro foi capturado ainda antes da independência do condado Portucalense, talvez por Dom Henrique, pai de Dom Afonso Henriques. A povoação já aparece mencionada na doação que o primeiro governador de Coimbra, o moçárabe Sisnando, fizera no ano de 1094 aos novos povoadores de Montemor-o-Velho. A estes concedeu a posse desta terras gandaresas e todos os seus termos com a condição de lavrar e cultivar todos os terrenos incultos, não podendo doá-los, vendê-los ou trocá-los sem o consentimento do governador. A posse fora confirmada em Fevereiro de 1095, por Dom Raimundo e Dona Urraca, então Senhores de Portucale, a Soleima Godinho, doando todas as terras de São Tomé de Mira e nomeando-o seu proprietário e senhorio, sub condição de as arroteadas, valorizar e levar à criação de novos povoados.

Em 1442, Dom Pedro, regente de Portugal e Duque de Coimbra, concedeu autonomia municipal a Mira e diversos privilégios para fixar população e desenvolver o local. Recebeu foral de Dom Manuel I em Lisboa que a eleva a vila a 27 de Agosto de 1514 e nomeia como administrador e senhor da vila Dom Gonçalo de Tavares. Mais tarde, Dom Manuel de Sousa Tavares foi senhor e alcaide-mor da vila. O Senhorio de Mira manteve-se nas mãos da família dos Tavares até ao século XVIII, quando passou a integrar a Casa das Rainhas. Aí se manteve até à extinção do regime senhorial em 1833.

Contudo, a freguesia antecede o concelho. A igreja de S. Tomé de Mira, sendo a primitiva originalmente construída noutro local, foi mandada edificar pelo filho do proprietário Saleima, Zalema Godinho, que foi também o seu primeiro pároco. Gazela Golfinho após poucos anos de cura de almas, trocou a sua paróquia pelo hábito de monge augustiniano, doando ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra a igreja de Mira. Passando a freguesia a ser apresentação de Santa Cruz de Coimbra, o geral dos cónegos fazia-se representar pelo vigário dando-lhe uma pensão de 401$250 réis.

Aqui viveu grande parte da sua vida Francélio Vouguense, pseudónimo de Francisco Joaquim Bingre, poeta arcádico e pré-romântico português. Embora sendo natural de CanelasEstarreja, aqui exerceu as funções de escrivão do Juízo, câmara e tabelião. Morreu aos 93 anos no dia 26 de Março de 1865.

Após a grande recessão do século XIV, que também terá atingido terras de Mira, chegando mesmo a desaparecer alguns lugares até aí conhecidos, foi a realeza, na dinastia de Avis, que lhe trouxe novo e grande impulso de desenvolvimento. D. João I beneficiou seu filho, Pedro, tornando-o duque de Coimbra, senhor de Montemor, da vila de Aveiro e das terras de Mira. Terá sido D. Pedro, o senhor de Mira, quem mais se interessou pelo lugar, e, em 12 de Outubro de 1442 concede carta de privilégios aos moradores de Mira (carta esta que foi confirmada pelo seu sobrinho, rei Afonso V, a 22 de Julho de 1447).

Em 12 de Julho de 1448, D. Afonso V doa oficialmente, ao Infante D. Pedro, seus filhos e netos, as vilas de Mira e Aveiro e simultaneamente desanexa Mira do termo de Coimbra, elevando-a a concelho e concedendo-lhe autonomia administrativa.

Em 1497, a 3 de março, o rei D.Manuel I doa os direitos reais de Mira a Gonçalo Tavares, e em 27 de agosto de 1514 assina o foral concedido a estas terras, como instrumento de governação local, garantindo a representatividade do povoado e seus habitantes, relativamente a obrigações e encargos, limitando o poder dos senhores em favor dos povos.

O senhorio de Mira manteve-se na família dos Tavares até que, no reinado de D. João IV, por doação desse rei a sua esposa D. Luisa de Gusmão, passou a integrar o património da Casa das Rainhas. Foi D. Luisa de Gusmão, que em 2 de abril de 1644, ordenou ao corregedor, da Comarca de Coimbra, a tomada de posse da vila e seu termo, e aí se manteve até 1833 (aquando da extinção do regime senhorial, do reconhecimento da garantia plena da propriedade privada e no controlo exclusivo pela lei e pelos tribunais).

Todo o século XIX foi rico em reformas administrativas. Mira, tradicionalmente ligada à cidade do Mondego, pertenceu administrativamente ao distrito de Aveiro. A freguesia da Mamarosa esteve integrada no concelho de Mira, havendo um documento de 30 de junho de 1837 que referia que o concelho de Mira tinha duas freguesias, Mira e Mamarosa (esta freguesia pertenceu a Mira até 31 de dezembro de 1853, tal como a freguesia de Covão do Lobo pertenceu ao concelho de Mira de 1853 a 1855).

Em 1839, o concelho estava integrado na Comarca de Aveiro e em 1852 na de Anadia. No ano de 1853, o decreto de 31 de dezembro reintegrou o concelho de Mira no Distrito de Coimbra.

O concelho teve uma efémera extinção, resultado da lei de 26 de junho de 1867 que preconizava uma reforma administrativa, regulamentada por decreto de 10 de dezembro desse mesmo ano, que extinguia vários concelhos, entre os quais Mira e Vagos, tendo Mira ficado integrada no concelho de Cantanhede. Entretanto, o decreto de 14 de janeiro de 1868 anulou a lei e decreto anterior, pelo que o concelho de Mira esteve extinto um mês e quatro dias.

Novamente por decreto, de 7 de Setembro de 1895, após as reformas administrativas do início do liberalismo, Mira voltou a ser incorporada no concelho de Cantanhede. Mas após um período de dois anos e quatro meses, voltou a recuperar a sua autonomia, acabando o concelho por ser restaurado, por decreto de 13 de Janeiro de 1898.

Heráldica[editar | editar código-fonte]

“De negro com um ramo de espigas de milho folhadas e atadas em ponta, tudo de ouro. Bordadura cosida de verde carregada de oito conchas de ouro, realçadas de negro. Coroa mural de prata de quatro tôrres. Listel branco com letras de negro. Bandeira amarela. Cordões e borlas de ouro e de negro. Lança e haste douradas.”[5]

População[editar | editar código-fonte]

Número de habitantes [6]
186418781890190019111920193019401950196019701981199120012011
6 0126 5547 4008 0758 7269 1589 67111 57113 09913 38413 14913 29913 25712 87212 465

(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste concelho à data em que os censos se realizaram.)

Número de habitantes por Grupo Etário [7]
190019111920193019401950196019701981199120012011
0-14 Anos2 7503 0062 8682 8343 5614 1493 9463 8403 3532 6201 9221 560
15-24 Anos1 3911 4541 7281 8792 0142 2542 4522 1002 1482 1071 7691 233
25-64 Anos3 2563 3593 6894 1774 8705 5175 8615 9706 1046 4856 7576 528
= ou > 65 Anos5726766237359251 0321 1251 2651 6942 0452 4243 144
> Id. desconh01522229

(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no concelho à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente)

Política[editar | editar código-fonte]

Eleições autárquicas[editar | editar código-fonte]

Data%V%V%V%V
PPD/PSDPSCDS-PPIND
197648,47337,9325,43-
197968,41425,131
198240,15222,40131,712
198539,38324,95231,252
198938,08325,62232,412
199332,54347,3048,44-
199744,51351,674
200151,50444,0031,05-
200541,34346,6041,75-5,65-
200928,48255,99510,86-
201340,93339,7930,89-11,491
201760,25529,9820,43-4,62-

Eleições legislativas[editar | editar código-fonte]

Data%
PSDPSCDSPCPUDPADAPU/CDUFRSPRDPSNBEPANPàF
197641,7234,1811,511,890,57
1979AD33,41ADAPU0,6554,973,91
1980FRS0,3258,353,6330,32
198338,9041,3811,640,522,94
198541,1832,6611,090,602,847,22
198759,4627,734,86CDU0,262,071,61
199158,7831,103,811,210,211,43
199541,1447,337,070,461,360,16
199943,8442,487,152,021,23
200250,2035,528,271,301,64
200540,4444,225,531,474,19
200936,4238,939,451,757,92
201150,2427,119,132,353,710,85
2015PàF29,89PàF2,517,460,7050,56

Freguesias[editar | editar código-fonte]

Freguesias do concelho de Mira.

O concelho de Mira está dividido em 4 freguesias:

Património[editar | editar código-fonte]

Figuras Ilustres[editar | editar código-fonte]

Referências

  1.  Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013»Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013. Arquivado do original (XLS-ZIP) em 9 de dezembro de 2013
  2.  INE (2012). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Centro. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 98. ISBN 978-989-25-0184-0ISSN 0872-6493. Consultado em 27 de julho de 2013
  3.  INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia» (XLSX-ZIP)Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_CENTRO". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013
  4.  Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
  5.  «Pesquisa - DRE»dre.pt. Consultado em 23 de janeiro de 2017
  6.  Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  7.  INE - http://censos.ine.pt/xporta

Etiquetas

Seguidores

Pesquisar neste blogue