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Attlee, Truman e Stalin em Potsdam
A Conferência de Potsdam - ocorreu em Potsdam, Alemanha (perto de Berlim), entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945. Os participantes foram os vitoriosos aliados da Segunda Guerra Mundial, que se juntaram para decidir como administrar a Alemanha, que tinha se rendido incondicionalmente nove semanas antes, no dia 8 de maio, Dia da Vitória na Europa.[1] Os objetivos da conferência incluíram igualmente o estabelecimento da ordem pós-guerra, assuntos relacionados com tratados de paz e contornar os efeitos da guerra.
- Chegou à conferência com um dia de atraso, justificando-se com "assuntos oficiais" que requereram a sua atenção, embora seja possível que, na realidade, Stalin tenha tido alguma problemas cardiovasculares.[2] Apesar disso, a iniciativa da aliança contra o nazismo foi dele.[3]
- Os resultados das eleições britânicas foram conhecidos durante a conferência. Como resultado da vitória do Partido Trabalhista sobre o Partido Conservador, o cargo de primeiro-ministro mudou de mãos.
- Stalin sugeriu que Truman fosse o único chefe de estado presente na conferência, sugestão que foi aceita por Churchill.
Estes foram os pontos da conferência:[4]
- O Acordo de Potsdam, que estabelecia a divisão da Alemanha e da Áustria em zonas de ocupação, como anteriormente decidido na Conferência de Ialta, e a similar divisão de Berlim e Viena em quatro zonas (americana, britânica, francesa e soviética).[5] Posteriormente, em 1961, a zona aliada (americana, britânica, francesa) em Berlim seria isolada do resto da Alemanha Oriental pelo Muro de Berlim, que completou a fronteira interna alemã;
- Acordo sobre as indenizações de guerra. Os aliados estimaram as suas perdas em 200 bilhões (português brasileiro) ou 200 mil milhões (português europeu) de dólares. Após insistências das forças ocidentais (excluindo assim a União Soviética), a Alemanha foi obrigada apenas ao pagamento de 20 bilhões (português brasileiro) ou 20 mil milhões (português europeu), em propriedades, produtos industriais e força de trabalho. No entanto, a Guerra Fria impediu que o pagamento se processasse na totalidade;
- Stalin propôs que a Polónia não tivesse direito a uma indemnização directa, mas sim que tivesse direito a 15% da compensação da União Soviética (esta situação nunca aconteceu);
- Todos os outros assuntos seriam tratados na conferência de paz final, que seria convocada assim que possível.
Antigas e novas fronteiras da Polônia, 1945. O território previamente parte da Alemanha está identificado em rosa. A nova fronteira soviético-polonesa segue aproximadamente a Linha Curzon. | |
Enquanto que a fronteira entre a Alemanha e a Polónia foi praticamente determinada e tornada irreversível através da transferência forçada de populações, facto acordado em Potsdam, o Ocidente queria que na conferência final de paz se confirmasse a linha Oder- Neisse como marco permanente.
Dado que a Segunda Guerra Mundial nunca foi terminada com uma conferência de paz formal, a fronteira germano-polaca foi confirmada com base em acordos mútuos: 1950 pela República Democrática Alemã, 1970 pela República Federal Alemã e em 1990 pela Alemanha já reunificada (Ver: Reunificação da Alemanha). Este estado de incerteza levou a uma grande influência da União Soviética sobre a Polónia e a Alemanha. A Arábia Saudita desde a conferência recebeu capitais norte-americanos depois da derrota de qualquer possibilidade imediata de se abrir o mercado petroleiro russo.[6][7]
Os aliados ocidentais, especialmente Churchill, mostraram-se desconfiados das jogadas de Stalin, o qual já tinha instalado governos comunistas em países da Europa Central sob sua influência; a conferência de Potsdam acabou por ser a última conferência entre os Aliados.
Durante a conferência, Truman mencionou a Stalin uma "nova arma potente" não especificando detalhes. Stalin, que ironicamente já sabia da existência desta arma muito antes que Truman soubesse da mesma, encorajou o uso de uma qualquer arma que proporcionasse o final da guerra. Perto do final da conferência foi apresentado um ultimato ao império do Japão, ameaçando uma "rápida e total destruição", sem mencionar a nova bomba.
Após a recusa do Japão, ocorreram os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, com o lançamento de bombas atómicas sobre Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto). 15 de agosto de 1945 foi o dia V-J (dia da vitória sobre o Japão). Representantes japoneses assinaram a rendição oficial do país em 2 de setembro.
Truman tomou a decisão de usar armamento atómico para acabar com a guerra enquanto esteve na conferência. Ainda que, hodiernamente, a historiografia recente admita que as bombas foram utilizadas com o intuito de apenas abreviar a guerra para que a URSS não avançasse mais na frente oriental.
Em janeiro de 1946, o Conselho de Controlo Aliado dividiu a Alemanha em 4 zonas de ocupação controladas por Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido, e França. Estes países ocuparam a Alemanha de 1945 até 1948.
O território austríaco foi igualmente dividido e ocupado, ficando sob controle aliado até 1955. De acordo com o historiador norte-americano Frank McCann,[8] o Brasil teria sido chamado a também ocupar a Áustria.[9][10]
| Áustria ocupada no período 1945-1955 |
Referências
- ↑ Former friends about USSR's contribution to victory in WWII
- ↑ John Martin Carroll, George C. Herring. Modern American Diplomacy (1986) p. 131
- ↑ Holdsworth, Nick (18 de outubro de 2008). «Stalin 'planned to send a million troops to stop Hitler if Britain and France agreed pact'» (em inglês). ISSN 0307-1235
- ↑ Michael Neiberg, Potsdam: The End of World War II and the Remaking of Europe, Basic Books, 2015
- ↑ Henry Heller, The Cold War and the New Imperialism: A Global History, 1945-2005, Monthly Review Press, New York, 2006.
- ↑ F. William Engdahl, Gods of Money,2009, edition.engdahl, Wiesbaden, pp. 190-193.
- ↑ You Can’t Understand ISIS If You Don’t Know the History of Wahhabism in Saudi Arabia
- ↑ (em inglês) UNH - Página acessada em 25 de Novembro de 2010.
- ↑ (em português) Estadão - País foi chamado a ocupar a Áustria. Página acessada em 2 de Janeiro de 2011.
- ↑ (em português) Mondopost - Brasil foi chamado a ocupar a Áustria. Acessado em 25 de Novembro de 2010.
- de Zayas, Alfred M. A terrible Revenge. Palgrave/Macmillan, New York, 1994. ISBN 1-4039-7308-3.
- de Zayas, Alfred M. Nemesis at Potsdam. London, 1977. ISBN 0-8032-4910-1.
- MAGNOLI, Demetrio. História da Paz. São Paulo: Contexto, 2008. 448p. ISBN 8572443967
- MEE, Charles L. Paz em Berlim: a conferência de Potsdam e seu mister de encerrar a Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. ISBN 978-85-209-1978-1
- Naimark, Norman. Fires of Hatred. Ethnic Cleansing in Twentieth. Century Europe. Cambridge, Harvard University Press, 2001.
- Prauser, Steffen and Rees, Arfon. The Expulsion of the "German" Communities from Eastern Europe at the End of the Second World War Florence, Italy, European University Institute, 2004.