quarta-feira, 24 de junho de 2020

SERTÃ - FERIADO MUNICIPAL (FESTA DE SÃO NUNO DE SANTA MARIA) - 24 DE JUNHO DE 2020

Sertã

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Sertã
Brasão de SertãBandeira de Sertã
Serta1640.jpg
Perfil Davila Eigreia Matris Davila Dasertan Aqvaltem 300 Vezinhos Efica Ocastelo Én Hvalto
A Sertã em 1618[1]
gravura de Pedro Nunes Tinoco[2][3]
Certa1852.jpg
A Sertã em 1852.[4]
Certam.png
Antigo brasão (1629)[5]
Srtoldcrest.jpg
Antigo brasão utilizado na cerimónia de aclamação de
D. Pedro V, em 1853.[6][7]

Localização de Sertã
GentílicoSertaginense; Sertagenense; Sertanense
Área453,13 km²
População15 880 hab. (2011)
Densidade populacional35  hab./km²
N.º de freguesias10
Presidente da
câmara municipal
José Farinha Nunes (PSD)
Região (NUTS II)Centro
Sub-região (NUTS III)Médio Tejo
DistritoCastelo Branco
ProvínciaBeira Baixa
OragoSão Pedro
Feriado municipal24 de Junho (Nascimento do Santo Condestável)
Código postal6100 Sertã
Sítio oficialwww.cm-serta.pt
Municípios de Portugal Flag of Portugal.svg

Sertã é uma vila portuguesa pertencente ao distrito de Castelo Branco, na província da Beira Baixa. Integrando a Região do Centro e sub-região do Médio Tejo. Faz parte da diocese de Portalegre-Castelo Branco e conta com cerca de 5 500 habitantes,[8]

É sede de um município com 453,13 km² de área[9] e 6 196 habitantes (2011),[10][11] subdividido em 10 freguesias.[12]

Índice

Etimologia e ortografia[editar | editar código-fonte]

Diz a caldeira à sertã: Tira-te para lá não me enfarrusques.[13]

— Do rifoneiro tradicional.

É provável que a Sertã fosse conhecida durante o Império Romano, com o nome de Sartago,[14] em acusativo Sartágimem, de cujo declinação deriva o topónimo Sertã.[15].[16] No famoso Dicionário etimológicoAntenor Nascentes[17], menciona Sartã como provindo do latim Sartagine, através do espanhol sartén e da versão arcaica sartãe.[18]

Variações ortográficas arcaicas, modernas e hodiernas[editar | editar código-fonte]

De entre as grafias arcaicas, podem assinalar-se Sartagine nas Inquirições de Afonso IISartaãe nos documentos dos tempos de D. DinisSertaã durante o reinado de Afonso IVSartaã[19] e Sartãe[20] durante o reinado de Afonso VAsertam[21]Sertam[22] Sertaam[23] ou Sertaãe nos tempo de Manuel ICertãa[24][25] Certan[26][27] e Sertãa no século XVIII.[28][29] A grafia Certã[30] tornou-se comum no século XVII, embora se ateste a forma etimológica Sertã desde a dinastia filipina.[31][32] No entanto, outras grafias, tais como Certãa ainda eram frequentes no final do século XIX.[33][34] Deve assinalar-se ainda a forma Sertãe em obras como o Auto da Lusitânia de Gil Vicente.[35] É possível encontrar também as grafias Certam,[5] Sertan,[36] Sartan[37][38][39] e Sartã[40][41]

No Vocabulario Portuguez e Latino, do padre Raphael Bluteau, o primeiro grande dicionário de língua portuguesa, publicado em dez volumes entre 1712 a 1728 em Coimbra, pelo Colégio das Artes da Companhia de Jesus surgem tanto as palavras CertãaCertanSartãaSertãa e Sertaâ, explicando que estas últimas palavras derivam de Sertago e Sartão.[42] No Diccionario da Língua Portugueza de António de Morais Silva, de 1789, já só surge Certã.[43]

Compendio de Orthografia de Luis do Monte Carmello de 1767 clarifica que o nome da localidade é Certaã, mas que Sertãa (com S e e) seria preferível dada a fundação por Sertório, enquanto que sartãa (com a) seria sinónimo de frigideira.

Um outro caso interessante encontra-se no Novo Diccionario da Lingua Portugueza de Eduardo de Faria, o objeto para fritar é grafado alternativamente como sartãsartansartagem ou sertagem, mas a grafia da localidade é indicada como Certã.[44]

Reformas ortográficas[editar | editar código-fonte]

Antes da reforma ortográfica de 1911 (adoptada pela portaria de 1 de Setembro de 1911),[45][46] era comum grafar-se Certã.[47] No entanto essa grafia convivia antes dessa data com a grafia etimológica moderna, e essa situação persistiria durante mais algum tempo.[48] O município local persistiu na grafia com inicial C até 1931, quando o vereação liderada por João Pinto de Albuquerque, passou a usar a grafia com S inicial a partir da sessão camarária de 14 de setembro de 1931. [49] No vocabulário ortográfico de Gonçalves Viana, o pai da reforma ortográfica de 1911,[50] surge sertã (e também sertãe), mas não certã.

vocabulário da Academia das Ciências de Lisboa de 1940 incluía a grafia Sertã, mas indicando "também escrito Certã".[51]

As bases analíticas do acordo ortográfico de 1945, incluem especificamente (Base V-3.°) o termo sertã (com minúscula inicial), como exemplo de distinção entre o s e o c.[52]

acordo ortográfico de 1990 inclui explicitamente, na Base III-3.°, o vocábulo Sertã (com inicial maiúscula) como exemplo de distinção entre o s e o c.[53][54]

Asertam ou Sertã num mapa de 1600.

Geografia e localização[editar | editar código-fonte]

Confrontações com concelhos vizinhos, menores ou subservientes[editar | editar código-fonte]

“A área de xisto do centro do País, profundamente entalhada pelo Rio Zêzere e pelos seus afluentes, é singularmente desprovida de núcleos urbanos e só tarde se abriu a novas vias de comunicação. (…) Uma única vila faz excepção, pela aparência do comércio e a animação dos mercados: a Sertã.”

O município é limitado a norte pelo município da Pampilhosa da Serra, a nordeste por Oleiros, a sueste por Proença-a-Nova, a sul por Mação e Vila de Rei, a oeste por Ferreira do Zêzere e a noroeste por Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, nestes três últimos a fronteira concelhia é estabelecida pelo rio Zêzere.

“O golpe da Sertã não fere mas çuja.(‘‘sic’’)”

— adágio[56]

Geomorfologia[editar | editar código-fonte]

A vila da Sertã localiza-se num vale xistoso, numa área florestal com predominância de pinheiro bravo e, mais recentemente, de eucalipto. O ponto mais alto do concelho, nos limites do concelho de Oleiros, é a Serra de Alvelos, que atinge os 1082 m.[57] O ponto mais baixo do concelho tem uma altitude de 125 m.[57]

A zona compreendida entre o rio Zêzere, o rio Ocreza (a oriente), dentro da qual se insere o concelho da Sertã (e também Proença-a-Nova) é, do ponto de vista geológico, pertencente ao Maciço Antigo, onde predominam os xistos argilosos, gneissesgrauvaques e quartzitos. Nalguns casos, afloram pequenas manchas de granitos, como a que abrange a freguesia de Pedrógão Pequeno. Ao longo de algumas ribeiras, observam-se terraços fluviais com minerais, cuja importância na economia dos povos indígenas, e posteriormente, dos povos romanizados, poderá ter tido alguma importância. Trata-se de uma área muito montanhosa, profundamente recortada por ribeiras e ribeiros.[14]

Hidrografia[editar | editar código-fonte]

A localidade é banhada por duas ribeiras, a ribeira da Sertã, também conhecida localmente como ribeira Grande, e a ribeira de Amioso (ou ribeira Pequena), juntando-se esta àquela no sítio de Entre-Águas.[58]

Todo o oeste do concelho é delimitado pelo rio Zêzere, mais especificamente pelas albufeiras das barragens do Cabril, da Bouçã e do Castelo de Bode. A grande massa de água influencia o clima tornando-o húmido.

“A Sertã lembra já uma povoação da Estremadura ou limiar da Beira Litoral. É, no conjunto, uma elegante vilazinha clara, debruçada num meandro gracioso da ribeira da Sertã, entre montes que se vão fazendo pequenos, à borda de águas que já perderam a braveza serrana para regarem mansamente leiras de milho, mancha branca entre verduras de pinhal e olivedo, a que não falta, para acentuar a nota atlântica da paisagem, o moinho de vento no coruto dos montes, onde já se sente soprar o vento húmido do oceano.”

Flora[editar | editar código-fonte]

A região da Sertã e os concelhos em redor apresenta-se ainda hoje coberta com um enorme manto de pinheiro bravo, daí ser denominada a sub-região do Pinhal Interior Sul. Em várias zonas, a mancha de pinheiro bravo começa a ser substituída por eucalipto por ser mais rentável. A oliveira é outra das espécies autóctones frequentes na flora local. Em alguns locais, no entanto, veem-se ainda resquícios de uma floresta mais primitiva, composta por carvalhoscastanheirosazinheiras e pinheiro manso. O coberto arbustivo é composto por urzecarquejagiestacarrascoesteva e medronheiro, que cobre a camada esquelética do xisto.[14]

A introdução do pinheiro bravo na região fez-se, essencialmente, a partir da Idade Média, ou mais recentemente nalgumas zonas mais montanhosas. Certas áreas que devido à altimetria, não são propícias ao desenvolvimento do pinheiro bravo (como a Serra de Alvelos com a sua altitude acima dos 1000 m), apenas vê crescer a mancha arbustiva.[14]

Clima[editar | editar código-fonte]

Vista de madrugada da Serra de Alvelos.

clima é de tipo mediterrânico, com algumas influências continentais. Os Verões são bastante quentes, com temperaturas que excedem frequentemente os 30 °C, ou roçam os 40° C, e invernos consideravelmente frios, com noites de temperaturas mínimas negativas, registando-se assim uma elevada amplitude térmica. No Cabeço da Rainha, ponto culminante da serra de Alvelos, e nas freguesias limítrofes é frequente nevar durante o Inverno.

História social e política[editar | editar código-fonte]

Pré-história[editar | editar código-fonte]

A fundação da Sertã perde-se nos mistérios da noite dos tempos. A primitiva ocupação humana da zona onde agora se localiza a Sertã remontam certamente à época pré-romana. Diversos vestígios arqueológicos atestam a antiguidade do povoamento. Designadamente, as antas da Abegoaria cerca da vila,[60][61][62] os achados arqueológicos das Fontainhas perto de Chão de Mil (Pedrógão Pequeno),[62] o castro de Castelo Velho,[60][61][62][63][64] as insculturas da Fechadura perto do Figueiredo,[61][62][65] as insculturas da Lajeira cerca das Relvas (Ermida),[61][62][63][65] o castro de Nossa Senhora da Confiança em Pedrógão Pequeno,[3][61][62][63][64][65][66] e o castro de Santa Maria Madalena, junto do Casal da Madalena (Cernache do Bonjardim).

Da romanização à islamização e reconquista cristã[editar | editar código-fonte]

A partir da época romana, os principais achados arqueológicos consistem na inscrição romana de Roqueiro (Pedrógão Pequeno),[61][62][63][66][67][68][69][70] a inscrição romana da Castanheira encontrada na Castanheira Cimeira (Ermida), a estação arqueológica da Mata Velha (Sertã), a estação arqueológica da serra da Longra (Marmeleiro), a ponte dos três concelhos (Marmeleiro), a ponte romana do Cabril (Pedrógão Pequeno) e a calçada romana de Pedrógão Pequeno.

Ainda que a tradição atribua a fundação do castelo a Sertório, no ano 74 antes de Cristo, a estação arqueológica do castelo da Sertã revelou uma origem da época islâmica.[62]

No contexto das lutas pela Reconquista cristã da Península Ibérica, o conde D. Henrique de Borgonha (1095-1112), teria determinado o repovoamento do local bem como a reedificação do seu castelo.

Após a formação da nacionalidade[editar | editar código-fonte]

Foral[editar | editar código-fonte]

Segundo algumas fontes reputadas, designadamente Raphael Bluteau,[42] Juan Antonio de Estrada,[39] Carreira de Melo,[71] Frei António Brandão,[72] Miguel Leitão de Andrada[5] e Jacinto Manso de Lima,[73] o conde D. Henrique teria ordenado a reedificação da vila e castelo a 9 de Maio de 1111. Esta informação é possivelmente um erro: uma confusão com a vila de Sátão, que efectivamente recebeu uma carta de aforamento assinada por D. Henrique naquela data.[3]

O mais antigo foral concedido à vila, de que há evidência segura, data de 20 de Outubro de 1513, pelo rei D. Manuel I.[74][75][76]No entanto, deve assinalar-se que o foral de 1513 refere que esse documento foi outorgado por em razão de não aparecerem os antigos, o que pode sugerir uma outra carta de foral desaparecida.[3] Em todo caso parece claro que a localidade tinha sido promovida a vila em 1455. No momento da concessão do foral, a Sertã era já então um concelho de relativa importância cheio de suiniculturas malcheirosas, já que os seus representantes tinham assento nas Cortes desde D. Afonso Henriques.[77] Nesta altura, a vila pertencia à Ordem de Malta. Em 1665, a vila passou para a Casa do Infantado, que assimilou os rendimentos do Grão-Mestrado da velha Ordem de Malta.[3]


1 - História da Sertã / Rui Pedro Lopes ; rev. Sandra Moreira. - 1ª ed. - Sertã : Câmara Municipal, 2013. - 651,

Templários e Hospitalários[editar | editar código-fonte]

A primeira intervenção real devidamente atestada em relação à Sertã ocorreu com D. Afonso Henriques que doou à Ordem dos Templários a terra limitada pelo rio Tejo e o rio Zêzere. A posse da Sertã pelo Templo demorou apenas entre 1165 e 1174, já que neste ano o primeiro rei português transferiu-a para as mãos da Ordem do Hospital.[78]

Durante o interregno de 1383-1385, a Sertã tomou o partido do mestre de Avis.[79]

A Sertã foi durante vários séculos, uma das quatro alcaidarias-mores do priorado do Crato, juntamente com o CratoBelver e Amieira. Os alcaide-mores desempenhavam funções de governador militar de magistrado. Conhecem-se os seguintes alcaides-mores: Diogo Gonçalves Caldeira, nomeado por D. Duarte, o filho daquele, André Caldeira de Sousa. A este sucedeu seu irmão Diogo Rodrigues Caldeira, seguindo-se o seu filho, Cristovam Caldeira. Existem documentos datados de 1522, que se referem a este último. Vicente Caldeira, substitui-o em 1541, sucedendo João Tobias Caldeira em 1587. A alcaidaria-mor da Sertã passou depois por via não hereditária a Carlos Araújo de Vasconcelos. Seguiu-se-lhe o filho Pedro Rodrigues de Araújo por volta de 1604. O genro deste, Luiz de Azevedo Faria, herdou o cargo e manteve-o até 1674. De novo, por via não hereditária, a alcaidaria-mor passou para Filipe de Sousa, e posteriormente para Vasco Manuel de Figueiredo Cabral em 1794. No início do século XIX, o alcaide-mor era Pedro da Câmara de Figueiredo Cabral.[80] A Sertã passou à ter tribunal, ou seja Juiz de Fora em 1630.[81]

Nos inícios do século XVII,o castelo construído no século X ainda se encontrava em boas condições, embora não tivesse a mesma utilidade de alguns séculos antes. Mas, no final do século seguinte a fortaleza encontrava-se completamente arruinada.[3]

Lenda da fundação da Sertã[82] [83][editar | editar código-fonte]

Segundo a lenda, o castelo da Sertã terá sido edificado em 74 a. C. por Quinto Sertório[84] (uma figura histórica), um militar romano, que fora exilado por razões políticas. Veio para a Península Ibérica por volta do ano 80 a.C. e aliou-se aos Lusitanos. Sertório foi traído e assassinado durante um banquete por Perpena um lugar-tenente a soldo de Roma. A Lusitânia ficou então sob domínio romano.

Nas lutas ocorridas na conquista da Lusitânia, houve um ataque romano ao castelo, durante o qual o chefe do castelo pereceu. Sua mulher, Celinda, ao saber da notícia, dando conta que o inimigo chegava às muralhas, subiu às ameias com uma enorme sertã ou sertage (uma frigideira quadrada) cheia de azeite a ferver na qual fritava ovos. Lançou o azeite fervente sobre os invasores que foram obrigados a recuar. Deu assim tempo que chegassem reforços dos lugares mais próximos. Foi assim que o nome de Sertã foi dado ao lugar[85], que até então tinha um nome desconhecido. [86]

São Nuno de Santa Maria (Nuno Álvares Pereira) é um dos grandes heróis nacionais e o mais ilustre sertaginense de todas as eras e tempos.[87]
Casimiro Freire, mecenas e filantropo.
Albano Portugal Durão foi três vezes ministro e presidente da câmara municipal de Lisboa.
José Nunes da Matta, engenheiro naval, vice-almirante e deputado.
O Pe. Manuel Antunes foi o mais ilustre sertaginense do século XX.Estátua de Vasco Berardo na alameda da Carvalha, inaugurada em 24 de Junho de 2005.
O prof. David de Melo Lopes foi um dos mais ilustres arabistas e linguistas portuguese do século XX.
Silvino Santos, pioneiro do cinema brasileiro, nasceu neste concelho.
Sepultura de José Dias, um militar português, 1.° cabo, da Várzea dos Cavaleiros,que combateu e morreu (a 27 de agosto de 1917)na Primeira Guerra Mundial, sepultado no Cemitério militar português de Richebourg

Heróis, mártires e outras luminárias do concelho[editar | editar código-fonte]

Postscript-viewer-blue.svgVer também a categoria: Naturais da Sertã

Considerações socio-económicas[editar | editar código-fonte]

O sector do comércio e serviços, apresenta um peso bastante significativo. O turismo, nas suas diversas vertentes (hotelaria, restauração, artesanato, lazer, património) tem vindo a ser uma aposta determinante que está a revelar-se benéfica para a economia de toda a região. A indústria assenta principalmente nas empresas transformadoras ligadas às madeiras e derivados. Têm também expressão significativa a indústria transformadora de carnes, de papel e cartão, de corte e acabamento de pedra, indústria das confecções, produção de energia eléctrica (hídrica, biomassa e eólica). A agricultura é um sector de subsistência, que é composta essencialmente por produtos hortícolas, batatasfrutasazeitonas e azeitemilho e vinha, com expressão reduzida, quer na ocupação de mão-de-obra, quer nos recursos tecnológicos empregues.[95]

Em 2001, a taxa de desemprego do concelho era de 7,1%.[96]

Em 1991, a taxa de analfabetismo na Sertã era ainda de 23,0%, passando a 19,4% em 2001.
Em 2001, o concelho tinha 0,7 médicos por milhar de habitantes e 1,8 farmácias por 10 000 habitantes.

Em 2006, 90% da população tinha abastecimento domiciliário de água, com um consumo anual médio de 40,3 metros cúbicos; 70% estavam servidas por um sistema de drenagem de águas residuais. Os esgotos de 65% da população eram tratados em estações de tratamento de águas residuais.[57]

Demografia[editar | editar código-fonte]

Número de habitantes [97]
186418781890190019111920193019401950196019701981199120012011
15 97616 92318 33220 38022 61723 28824 05727 18328 62327 99723 84621 50318 19916 72015 880

(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste concelho à data em que os censos se realizaram.)

Número de habitantes por Grupo Etário [98]
190019111920193019401950196019701981199120012011
0-14 Anos7 0657 9868 0338 1738 7988 8888 5836 0404 8223 1232 3521 980
15-24 Anos3 6054 0354 0794 1084 5354 6884 2463 3953 4092 6012 0831 619
25-64 Anos8 3899 0939 5509 91811 13211 84912 19910 3309 5718 5767 9077 880
= ou > 65 Anos1 4201 4541 5151 8272 0892 5942 9693 2853 7013 8994 3784 401
> Id. desconh0262350211

(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no concelho à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente)

Entre 1991 e 2001, a população reduziu-se em 8,1%.

Distribuição etária (2001)[editar | editar código-fonte]

População total
16720.

Outros indicadores demográficos e sociais (2007)[57][editar | editar código-fonte]

  • Taxa bruta de natalidade: 7,7 por mil.
  • Taxa bruta de mortalidade: 14,1 por mil.
  • Taxa bruta de nupcialidade: 5,9 por mil.
  • Taxa de fecundidade geral: 35,0 por mil.
  • Nascimentos fora do casamento: 21,3%
  • Proporção de casamentos entre nacionais e estrangeiros: 8,5%
  • Proporção de casamentos católicos: 60,6%
  • População estrangeira com estatuto de residente: 0,24%
  • Índice de masculinidade:[99] 91,0
  • Índice de dependência de idosos:[100] 42,8.
  • Índice de envelhecimento:[100] 207,5.
  • Índice de longevidade:[101] 52,2.
  • Idade média da mãe ao nascimento do primeiro filho:[102] 27,5.
  • Idade média da mulher ao primeiro casamento:[102] 26,6
  • Idade média do homem ao primeiro casamento:[102] 30,0
  • Esperança de vida à nascença: 76,95 anos.
  • Esperança de vida restante ao 65 anos: 18,08 anos.
  • Relação de feminidade no ensino secundário:[103] 55,8.
  • Taxa quinquenal de mortalidade infantil (2002/2006): 6,1.
  • Número de médicos residentes no município: 12.
  • Veículos automóveis vendidos por 1000 habitantes (em 2007): 15,91.
  • Acessos telefónicos por 100 habitantes: 31,6.
  • Balcões de bancos, caixas económicas e caixas de crédito agrícola: 10.
  • Total de depósitos nos balcões de bancos no município: 142,29 milhões de euros.
  • Terminais de caixas automáticas (Multibanco): 14.
  • Crimes registados (2006) pelas autoridades policiais: 387, sendo 140 contra as pessoas, 139 contra o património, 79 contra a vida em sociedade, 6 contra o estado, e 23 outros.

Religião[editar | editar código-fonte]

(de acordo com os censos de 2001, em relação à população de mais de 15 anos)

Nacionalidades dos residentes[editar | editar código-fonte]

(de acordo com os censos de 2001) (a tabela indica o país da primeira nacionalidade)

Estabelecimentos de educação e ensino[editar | editar código-fonte]

Ensino Básico
  • Escola Básica da Sertã
  • Escola Básica de Cabeçudo
  • Escola Básica de Castelo
  • Escola Básica de Cernache do Bonjardim
  • Escola Básica de Cumeada
  • Escola Básica de Pedrógão Pequeno
  • Escola Básica de Troviscal
  • Escola Básica de Várzea dos Cavaleiros
  • Escola Básica 2/3 Padre António Lourenço Farinha
Ensino Secundário
Ensino Profissional
  • Escola Tecnológica e Profissional da Sertã
  • Centro de Emprego e Formação Profissional da Sertã
  • CEFAS - Centro de Estudos e Formação Avançada da Sertã

Cultura[editar | editar código-fonte]

Gentílico[editar | editar código-fonte]

Os habitantes da Sertã chamam-se sertaginenses,[104][105][106][107][108][109] enquanto que o termo sertanenses deve ser utilizada quando é feita referência aos adeptos do Sertanense Futebol Clube.[110][111][112][113]

dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora,[114] o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, quinta edição, 2009, da Academia Brasileira de Letras,[115] a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira,[116] o Dicionário da língua portuguesa de Cândido de Figueiredo,[117] o Dicionário da língua portuguesa de José Pedro Machado[118] e antes destes o dicionário de Caldas Aulete e Santos Valente (sendo este curiosamente um natural da Sertã) em 1881[119][120] registam também a palavra sertainho como gentílico da Sertã. No entanto, esse termo é de uso inteiramente desconhecido para os nativos.[121]

O termo sartaginense nao se encontra atualmente dicionarizado, e parece ter sido sempre deveras raro. Note-se no entanto que Candido de Figueiredo, reconhecidamente um dos maiores filólogos da língua portuguesa, afirmava ser essa a grafia preferível, e que a grafia sertaginense (ou, a seu tempo, certaginense) estava errada. [122]


“MARCHA DA SERTÃ
Tens tu Sertã
Sabor a rosa…
Oh! Dona airosa
Gentil, louçã.
Em Portugal
Não tens rival:
Não há por cá
Não há, não há
Mais lindas flores
Mais lindos pares…
Nossos cantares
Sonhos d’amores
Terno calor
Que me consome
De beijos fome,
Sede d’amor
Carvalha dos Salgueirais
Oh! Mata do Hospital
Não ouves em Portugal
Soltar mais sentidos ais!
Os nossos são todo amor
Nascido com teu calor,
Fomos às nossas ribeiras
Estes seus sons procurar
Para em rimas fagueiras
À luz do sol te cantar.”

— António Teixeira e João Esteves.[123]

Marcha[editar | editar código-fonte]

Corria o ano de 1934 quando o maestro da Filarmónica União SertaginenseAntónio Teixeira, resolveu avançar com a ideia de compor uma marcha que elogiasse as virtudes da vila da Sertã. Depois da composição terminada, entrou em cena João Esteves, que escreveu a letra daquilo que viria a ser a Marcha da Sertã.

Património edificado de relevância[editar | editar código-fonte]

As construções mais relevantes do concelho são a Igreja Matriz da Sertã,[124] o Castelo da Sertã,[125] a Ponte da Carvalha,[3][73] os pelourinhos da Sertã e de Pedrógão Pequeno e os Paços do Concelho.

A Comarca da Sertã é o mais importante dos semanários locais atuais.

Comunicação social[editar | editar código-fonte]

Imprensa[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Jornais da Sertã

Imprensa actual[editar | editar código-fonte]

Existem dois jornais locais: "A Comarca da Sertã", fundado em 9 de Maio de 1936, dirigido pelo jornalista João Miguel (com uma tiragem que não excede os 5000 exemplares por semana)[126] e o O Expresso do Pinhal dirigido por Teresa Aires, que se publicam ambos semanalmente, este às quartas-feiras, aquele às sextas-feiras.

Antigos jornais[editar | editar código-fonte]

Vários jornais foram publicados no concelho da Sertã ao longo dos tempos. O primeiro terá sido O Correio da Sertã.[3][127] Seguiram-se o Jornal da Certã,[128] o Campeão do Zêzere,[127] o Correio da Província,[3][127] o Echo da Beira,[127] o Certaginense,[3] A Ninfa do Zêzere,[3] a Gazeta das Províncias,[3] a Voz do Povo,[3] A Voz da Beira,[3] A Boa Nova,[3] A Pátria de Celinda,[3] O Progresso da Beira,[3] Beira NovaFamília Paroquial de Várzea dos CavaleirosNotícias de Várzea dos Cavaleiros e O Renovador.

Radiodifusão[editar | editar código-fonte]

A rádio regional é a Rádio Condestável,[129] sediada em Cernache do Bonjardim. Emite em FM em 91,3 MHz, 97,5 MHz e 107,0 MHz.

Recintos culturais[editar | editar código-fonte]

Existem na sede de concelho quatro recintos culturais, com projecções irregulares de cinema: o Cine-Teatro Tasso do Clube da Sertã, a Casa da Cultura (onde também se realizam exposições, concertos e debates) propriedade da Câmara Municipal, e o Cinema Monte Verde (privado) na Sertã, e o Cine-Teatro Taborda do Clube Bonjardim em Cernache.

Gastronomia[editar | editar código-fonte]

A gastronomia da Sertã é muito rica. Destacam-se os maranhos e o bucho recheado, sendo de referir, ainda, a presença do cabrito estonado, que apesar de ser um símbolo gastronómico de Oleiros, enriquece a mesa sertaginense desde tempos imemoriais. Na doçaria: Cartuchos à moda de Cernache do Bonjardim.

Heráldica[editar | editar código-fonte]

Casario da parte antiga da Sertã.

Armas: Escudo de vermelho com uma torre torreada de prata, aberta e iluminada de negro. Em chefe, de ouro, uma sertã de negro, acompanhada por duas cruzes de vermelho, uma do Templo e outra de Malta. Em contra-chefe, dois rios, de prata e de azul, que se ligam ao centro e seguem para o pé do escudo. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com a legenda de negro: "Vila da Sertã" e "Sartago Sternit Sartagine Hostes" (A Sertã derruba os seus inimigos com uma sertã).[130]

Principais romarias[editar | editar código-fonte]

As mais importantes romarias do concelho são a de Nossa Senhora do Remédios (nos arrabaldes da Sertã) que se realiza a 14 e 15 de Agosto; de Nossa Senhora da Graça (no mesmo local da precedente) no segundo domingo de Outubro; e de Nossa Senhora da Confiança (junto à vila de Pedrógão Pequeno) a 8 de Setembro. No entanto, realizam-se romarias e festas populares em praticamente todas as aldeias do concelho, durante o Verão.

Agremiações sociais, culturais e desportivas[editar | editar código-fonte]

Sertanense Futebol Clube, fundado em 1934[131][132][133] é o clube desportivo mais representativo do concelho.
Filarmónica União Sertaginense, fundada em 1830 é a mais antiga agremiação cultural do concelho e a mais antiga filarmónica do país.

Locais e sítios do concelho com interesse turístico[editar | editar código-fonte]

Organização administrativa do concelho[editar | editar código-fonte]

Mapa do concelho da Certã, datado de 1870.

Feriado Municipal[editar | editar código-fonte]

O feriado municipal celebra-se no dia 24 de Junhodia de São João.[134] A data, no entanto, não comemora este santo já que o orago da freguesia-sede de concelho é São Pedro, mas Nuno Álvares Pereira, que nasceu em Cernache do Bonjardim a 24 de junho de 1360.

Subdivisões administrativas[editar | editar código-fonte]

Freguesias do concelho de Sertã.
A vila da Sertã vista de balão de ar quente.

O concelho inclui 242 localidades (duas vilas e 240 aldeias ou lugares).[8]

O concelho da Sertã está dividido em 10 freguesias:

Política[editar | editar código-fonte]

Eleições autárquicas[editar | editar código-fonte]

Data%V%V%V%V%V
PPD/PSDPSCDS-PPADIND
197641,73326,10222,392
1979AD14,351AD79,816
198245,99418,76127,852
198571,2568,40-15,021
198957,21519,11117,471
199349,56438,4536,32-
199756,36532,7026,27-
200129,60229,8736,14-29,822
200537,81351,7344,96-
200950,91436,2537,67-
201361,61524,9824,10-1,71-
201758,43533,4722,22-

V = número de vereadores eleitos.

Eleições legislativas[editar | editar código-fonte]

Data%
PSDPSCDSPCPUDPADAPU/CDUFRSPRDPSNB.E.PANPàFCHILL
197642,3721,2420,651,940,76
1979AD15,47ADAPU1,2473,163,42
1980FRS0,4374,562,6214,69
198356,7420,3913,030,562,24
198555,7912,8410,670,881,4610,53
198774,0011,625,02CDU0,471,091,41
199172,6316,104,730,670,681,52
199555,9331,757,520,340,74
199955,9831,917,051,120,78
200258,9128,268,150,600,58
200546,2236,018,221,032,76
200941,6332,0012,361,305,73
201152,9521,6111,811,562,650,83
2015PàF25,71PàF2,316,320,8254,840,37
201943,9330,674,811,606,041,831,140,430,56

Notas e referências

  1.  António Lourenço Farinha atribui erradamente a data de 1640.
  2.  TINOCO Pedro Nunes (1620), Atlas do Priorado do Crato.
  3. ↑ Ir para:a b c d e f g h i j k l m n o p qFARINHA, Pe. António Lourenço(1930), A Sertã e o seu Concelho, Escola Tipográfica das Oficinas de S. José, Lisboa. Edições facsimiladas publicadas pela Câmara Municipal da Sertã em 1983 e 1998.
  4.  Revista Popular-Semanario de Litteratura, Sciencia e Industria, 1852, (disponível aqui).
  5. ↑ Ir para:a b c ANDRADA, Miguel Leitão de (1629), Miscellanea (a 2.ª edição de 1867 foi facsimilada e republicada em 1993 pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa (ver aqui).
  6.  BARBOSA, Ignacio de Vilhena (1860), As Cidades e Villas da Monarchia Portugueza que Teem Brazão d'Armas, vol. I, Lisboa: Typographia do Panorama, p. 121 (disponível aqui).
  7.  Note-se que neste brasão a sertã na qual se fritam os ovos surge redonda e não quadrada, como é habitual desde tempos imemoriais.
  8. ↑ Ir para:a b INE (2013). Anuário Estatístico da Região Centro 2012. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 31. ISBN 978-989-25-0217-5ISSN 0872-5055. Consultado em 5 de maio de 2014
  9.  Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013»Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013. Arquivado do original (XLS-ZIP) em 9 de dezembro de 2013
  10.  INE (2012). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Centro. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 108. ISBN 978-989-25-0184-0ISSN 0872-6493. Consultado em 27 de julho de 2013
  11.  INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia» (XLSX-ZIP)Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_CENTRO". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013
  12.  Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
  13.  CHAVES, Pedro (1928), Rifoneiro PortuguêsPorto, Imprensa Moderna, p. 188.
  14. ↑ Ir para:a b c d BATATA, Carlos (2006), Idade do Ferro e romanização entre os rios Zêzere, Tejo e Ocreza, Trabalhos de Arqueologia, 46 (Lisboa: Instituto Português de Arqueologia).
  15.  BARBOSA, Ignacio de Vilhena (1859), Brazão d'armas da villa da Certã in Archivo Pittoreco - Semanario Illustrado, Volume II (1858-9), pag. 95-96, Lisboa (ver aqui) indica Certago como o nome romano da localidade.
  16.  Adalberto Alves, no seu Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa, editado em 2013 pela Imprensa Nacional - Casa da Moeda,indica como possível origem do topónimo Sertã a palavra árabesaraṭân, «lagostim do rio». A obra de Adalberto Alves é, no entanto, criticada como insensata e uma charlatanice por linguistas competentes. Veja-se, por exemplo, Assim Nasceu uma Língua, de Fernando Venâncio, publicado em 2019. Também Franklin Head acrescenta: “É uma vergonha que este livro tenha sido editado e é especialmente vergonhoso que a edição seja da prestigiosa Imprensa Nacional-Casa da Moeda – não por causa da atitude negativa do Autor em relação à influência das línguas clássicas, mas antes por causa do baixíssimo nível científico e informativo”(Cf.Recensão a ALVES, Adalberto. Dicionário de arabismos da língua portuguesa, em Humanitas, volume 67, páginas 221-226
  17.  NASCENTES, Antenor, Dicionário etimológico da língua portuguesa, Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1932
  18.  Para lá de Antenor Nascentes, ver também CORNU, Jules (1888) Die portugiesische Sprache, in: Gustav Gröber: Grundriss der romanischen Philologie. Bd. 1, Straßburg 1888, S. 715–803; e a gramática de José Joaquim Nunes (1919), do Compêndio de Gramática Histórica Portuguesa, Lisboa: A.M.Teixeira.
  19.  Sobre a forma Sartãa, ver por exemplo BACELAR, Bernardo de Lima e Melo, Diccionario de lingua portugueza, Lisboa; Officina de Jozé Aquino Bulhoens, 1783, pag. 515 (disponível aqui.)
  20.  Ver a carta de 15 de março de 1441, do regente D. Pedro a perdoar a Gonçalo Anes, Monumenta Henricina, volume VII, página 223. Disponível aqui.
  21.  Esta grafia em que o artigo a se mistura com o nome surge em mapas do final do século 16
  22.  Entre as diversas fontes onde se atesta a forma Sertam, ver por exemplo, SOUZA, Antonio Damaso de Castro, Descripção do Real Mosteiro de Belem, Lisboa: Typographia de A.S. Coelho, 1840, pag. 44 (disponível aqui.)
  23.  Esta grafia é atestada em várias publicações.As mais interessantes são provavelmente ‘’ Viagem da Catholica Real Magestade del Rey D. Filipe II. N. S. ao reyno de Portugal’’ (Madrid, 1622) É com essa grafia que nessa publicação se descrevem onde se sentavam os procuradores da Sertaam às cortes (disponível aqui) e o livro publicado em Veneza entitulado ‘’ Sistema del mondo terracqueo geograficamente descritto’’ (1716), disponível aqui.
  24.  Ver por exemplo CÂMARA, Paulo Perestrello (1850), Diccionario geographico, historico, politico e litterario do reino de Portugal e seus dominios, pág. 135 (disponível aqui.
  25.  Ver por exemplo COSTA Antonio Carvalho (1706), Corografia portugueza, e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal, Tomo II, Officina de valentim da Costa Deslandes, Lisboa, p. 590-1 (disponível aqui).
  26.  CASTRO, Joaõ Bautista de, Mappa de Portugal, Segunda Parte, Lisboa: Officina de Miguel Manescal da Costa, 1746, pag. 123 (disponível aqui).
  27.  Ver também Revista Universal Lisbonense, Tomo VI, Lisboa: Imprensa da Gazeta do Tribunaes, 1847, pag. 234 (disponível aqui.)
  28.  FOLQMAN, Carlos (1755), Diccionario Portuguez e Latino, impresso na oficina de Miguel Manescal da Costa contém tanto Sertãa como Sertã (página 347, disponível aqui.)
  29.  Ver por exemplo, FEYJO, Joaõ de Moraes Madureyra (1739), Orthographia: ou Arte de escrever e pronunciar com acerto a lingua portugueza para uso do excelentissmo Duque de Lafoens, Officina de Luis Secco Ferreira, Coimbra, p. 481 (disponível aqui).
  30.  Ver por exemplo MARQUES (1853) Diccionario geographico abbreviado das oito provincias dos reinos de Porugal e Algarves, Typographia Commercial, Porto, p. 74 (disponível aqui. De notar que nessa mesma obra também se encontra amiúde a grafia Certan.)
  31.  A versão Sertã surge designadamente no Thesouro da Lingoa Portuguesa de Bento Pereira e Paolo Craesbeeck, de 1647.
  32.  FIGUEIREDO, Cândido de(1906), Falar e escrevêr: novos estudos práticos da língua portuguêsa
  33.  Ver por exemplo CAMARA, Paulo Perestrello (1850), Diccionario geographico, historico, politico e litterario do reino de Portugal e seus dominios, p.135 (disponível aqui).
  34.  A grafia Certãa surge também em publicações estrangeiras, tais como Handbook for Travellers in Portugal(2nd ed. 1850), London: John Murray, p. 125 (disponível aqui.
  35.  Bibliotheca Portugueza, Reprodução dos livros nacionaes escriptos até ao final do seculo XVIII, Obras de Gil Vicente, Livro IV das Farças, edição de 1852, pag. 265 (disponível aqui aqui.)
  36.  LOPES, João Baptista da Silva (1833), Istoria do cativeiro dos prezos d'estado na Torre de S. Julĩao da Barra de Lisboa durante a dezastroza epoca da uzurpasão do legitimo governo constitucional deste reino de Portugal, Lisboa: Imprensa Nacional, página 2 (disponível aqui.
  37.  Ver por exemplo (em francês), COLMENAR, Juan Alvarez (1741) Annales d'Espagne et de Portugal, Amsterdam: François d'Honoiré et Fils, Tome 3, p. 260 (disponível aqui.)
  38.  Ver por exemplo CONSTANCIO, Francisco Solano (1831) Grammatica Analytica da Lingua Portugueza oferecida à mocidade estudiosa de Portugal e do Brasil; Paris: J. P. Aillaud e Rio de Janeiro: Souza Laemmaret e C°, p. 302 (disponível aqui).
  39. ↑ Ir para:a b ESTRADA, Juan Antonio de (1768), Poblacion General de España, sus Reynos y Provincias, Ciidades, Villas y Pueblos, Islas Adyacentes y Presidios de Africa, Tomo Segundo, Nueva Impression Corregida, Madrid: Imprenta de Andres Ramirez, p. 436 (disponível aqui).
  40.  Por exemplo o Novo diccionario da lingua portugueza: composto sobre os que até o presente se tem dader ao prelo, e accrescentadode varios vocabulos extrahidos dos classicos antigos, e dos modernos de melhor nota, que se achaõ universalmente recebidos, publicado em 1806 pela Typografia Rollandiana (disponível aquiregista CertãaSertã e Sartã, considerado esta com a forma preferida.
  41.  É também Sartãa, a forma que surge no Diccionario da Lingua Portugueza de Bernardo de Lima e Mello Bacellar (1783), página 515, publicado em Lisboa na oficina de Jozé de Aquino Bulhoens (disponível aqui.
  42. ↑ Ir para:a b BLUTEAU, Raphael (1712-1728), Vocabulario Portuguez e Latino, 10 volumes, Coimbra:Colégio das Artes da Companhia de Jesus (ver aqui e aqui).
  43.  MORAIS SILVA, António de (1789), Diccionario da Lingua Portugueza, Lisboa: Officina de Simão Thaddeo Ferreira (disponível aqui.
  44.  FARIA, E. (1853, segunda edicão; 1855 terceira edicão), Novo Diccionario da Lingua Portugueza, O mais exacto e mais completo de todos os Diccionarios até hoje publicados. Contendo todas as vozes da lingua portugueza, antigas ou modernas, com as suas varias acepções, accentuadas conforme a melhor pronuncia e com a indicação dos termos antiquados, latinos, barbaros ou viciosos.— Os nomes proprios da geografia antiga e moderna.— Todos os termos proprios das sciencias, artes e officios, etc., e a sua definição analytica. (em quatro volumes), Lisboa: Imprensa Nacional. Volumes 1 e 4 disponíveis: disponível aquiaqui.
  45.  Diário do Governo n.º 213 de 12 de setembro de 1911.
  46.  CASTRO, Ivo de, Inês Duarte e Isabel Leiria (1987), A Demanda da Ortografia Portuguesa, ed. Sá da Costa.
  47.  Por exemplo, no Diccionario da chorographia de Portugal contendo a indicação de todas as cidades, villas e freguezias coordenado por J. Leite de Vasconcellos (1884), Porto: Livraria Portuense de Clavel, é a grafia Certã que surge (ver página 47, disponível aqui).
  48.  Designadamente é possível identificar a grafia Certã em publicações de 1927. Ver por exemplo CHAVES, Luís (1927), Subsidios para a história da gravura em Portugal, Imprensa da Universidade de Coimbra, página 180.
  49.  Ver a obra charneira do estudioso local Rui Pedro LOPES (2013), adiante citada.
  50.  VIANA, A. R. Gonçalves (1914),Vocabulário ortográfico e remissivo da língua portuguesa: com mais de 100.000 vocabulos, conforme a ortografia oficialParis: Aillaud e Lisboa: Bertrand (ver página 552, disponível aqui).
  51.  Academia das Ciências de Lisboa (1940), Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, Lisboa, Imprensa Nacional.
  52.  Decreto N.º 35 228, de 8 de Dezembro de 1945. Ver aqui.
  53.  Diário da República I Série-A, de 23 de Agosto de 1991. Ver aqui.
  54.  De acordo com o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesada Academia Brasileira de Letras, 5a. edição, 2009, página 179, o vocábulo certã (com inicial minúscula) está correcto enquanto feminino do adjectivo certão, um sinónimo de certo. Esse vocabulário também inclui a palavra sartã, naturalmente com inicial minúscula. Esse termo também surge em diversos dicionários. Ver por exemplo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.
  55.  RIBEIRO, Orlando, A Sertã: pequeno centro na área de xisto da Beira Baixa, in Finisterra-Revista Portuguesa de Geografia. (Centro de Estudos Geográficos), V (9), p. 103-112, Lisboa, 1970.
  56.  BLUTEAU, Raphael (1720), ‘’Vocabulario Portuguez & Latino, Aulico, Anatomico, Archiectonico, etc.’, Lisboa: Officina de Pascoal da Silva, p. 612.
  57. ↑ Ir para:a b c d Instituto Nacional de Estatística (2011), (disponível [1].
  58.  Ver página 252 de Portugal Antigo e Moderno-Diccionario Geographico, etc de Augusto Soares d’Azevedo Barbosa Pinho Leal, Lisboa: Livraria Editora de Mattos Moreira e Companhia, 1874.
  59.  RIBEIRO, Orlando, Guia de Portugal.
  60. ↑ Ir para:a b PROENÇA Jr., Francisco Tavares (1910, p. 5 e 18), Archeologia do districto de Castello Branco, Leiria.
  61. ↑ Ir para:a b c d e f BATATA, Carlos (1998a), A Sertã na transição entre a pré-história recente e a proto-história, Revista de Estudos Pré-Históricos, 4, Centro de Estudos Pré-Históricos da Beira Alta, Viseu.
  62. ↑ Ir para:a b c d e f g h BATATA, Carlos (1998b) Carta Arqueológica do Concelho da Sertã, Câmara Municipal da Sertã.
  63. ↑ Ir para:a b c d BATATA, Carlos e Filomena GASPAR(1995), Levantamento Arqueológico do Concelho da Sertã, Boletim Municipal da Sertã, n. 0.
  64. ↑ Ir para:a b ALMEIDA, João de (1945), Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, vol. I, Lisboa.
  65. ↑ Ir para:a b c BATATA, Carlos e Filomena GASPAR(1996), O Ineditismo do Primero Milénio a. C. da bacia hidrogáfica do Zêzere no contexto da Arqueologia Proto-Histórica Nacional, Actas do II Congresso de Arqueologia Peninsular, Zamora.
  66. ↑ Ir para:a b "Memórias Paroquiais de 1758"
  67.  VASCONCELLOS, José Leite de(1905), Religiões da Lusitânia, vol II, Imprensa Nacional, Lisboa.
  68.  VASCONCELLOS, José Leite de (1913), Religiões da Lusitânia, vol III, Imprensa Nacional, Lisboa.
  69.  GARCIA José Manuel (1991), Religiões Antigas de Portugal - Aditamentos e Observações às Religiões da Lusitânia, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa.
  70.  VASCONCELLOS, José Leite de Vasconcellos (1905), O Archeologo Português, volume 10, p.399, Museu Etnológico Português.
  71.  MELLO, Joaquim Lopes Carreira(1835), Compendio da Historia de Portugal-Desde os primeiros povoadores até aos nossos dias, Lisboa: Typographia de Castro & Irmão, pag. 25 (disponível aqui).
  72.  BRANDÃO, Frei António (1630), Monarquia Lusitana, 3. parte.
  73. ↑ Ir para:a b LIMA, Jacinto Leitão Manso (1730), Certan Ennobrecida ou Descripçam Topographica da Villa da Certan.
  74.  Forall dado aavilla da Sertaãe da hordem do Spitall, 1513.
  75.  FRANKLIM, Francisco Nunes (1816), Memoria para servir de indice dos foraes das terras do reino de Portugal e seus dominios, Academia Real das Sciencias de Lisboa, Lisboa; pag. 92 e 169(disponível aqui).
  76.  Para o texto completo do foral, consultar a obra fundamental LOPES, Rui Pedro (2013), ‘’História da Sertã’’, Sertã: CMS
  77.  BARTOLOMEU, Fernando (1874), Decrição Topografica da Vila da Sertã, Coimbra.
  78.  Em MENESES, Frei Cláudio de (1791), Relatório do Almoxarifado da Sertã, a data de doação aos Hospitalários é indicada como tendo ocorrido em 1212. Essa data no entanto corresponde à era de Césare não de Cristo
  79.  SYLVA, José Soares (1732) Memorias para historia de Portugal, que comprehendem o governo del rey D. João o I, Tomo III, Lisboa. [2], pag. 1151.
  80.  Registo do Priorado do Crato, 1787-1817.
  81.  Carta Régia de 16 de Outubro de 1630: http://legislacaoregia.parlamento.pt/V/1/6/41/p206
  82.  Ocidente-Revista Portuguesa Mensal, volume 44, Janeiro de 1953, p. 31, Editorial Império.
  83.  Gentil Marques, Lendas de Portugal, volume II, Lisboa, Círculo de Leitores, 1997, pp. 69-75
  84.  PEREIRA, João Manuel Esteves e Guilherme RODRIGUES (1906), Portugal; diccionario historico, chorographico, heraldico, biographico, bibliographico, numismatico e artistico, publicado por J. Romano Torres, página 988.
  85.  Dias, Jaime Lopes (1963), Etnografia da Beira, vol. 8, Livraria Morais. pág. 64.
  86.  Dias, Jaime Lopes (1960), Beira Baixa, Livraria Bertrand. pág. 141.
  87.  Litografia de Charles Legrand, disponível aqui e preciosamente conservada na Biblioteca Nacional de Portugal.
  88.  «Sociedade Histórica da Independência de Portugal». Consultado em 28 de outubro de 2010. Arquivado do original em 3 de agosto de 2009
  89.  «S. NUNO DE SANTA MARIA por Teresa Bernardino». Consultado em 28 de outubro de 2010. Arquivado do original em 29 de abril de 2009
  90.  Boletim da Academia Portuguesa de História. Lisboa, 1960. Pág. 106.
  91.  [3]
  92.  VENTURA, António (2010), ’‘O 5 de Outubro por quem o viveu’’, Lisboa: Livros Horizonte, pp. 728-731).
  93.  Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1973)
  94. http://www.memorialvirtual.defesa.pt/Paginas/HomensPesquisa.aspx/Results.aspx?k=Serta
  95.  Instituto do Emprego e Formação Profissional.
  96.  De acordo com dados do INE.
  97.  Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  98.  INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros
  99.  Ou seja, o número de homens relativamente a 100 mulheres
  100. ↑ Ir para:a b Relação entre a população idosa e a população em idade activa, definida habitualmente como o quociente entre o número de pessoas com 65 ou mais anos e o número de pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos (expressa habitualmente por 100 (10^2) pessoas com 15-64 anos)
  101.  Relação entre a população mais idosa e a população idosa, definida habitualmente como o quociente entre o número de pessoas com 75 ou mais anos e o número de pessoas com 65 ou mais anos (expressa habitualmente por 100 (10^2) pessoas com 65 ou mais anos)
  102. ↑ Ir para:a b c Dados para a sub-região do Pinhal Interior Sul, ou seja Mação, Proença-a-Nova, Sertã, Oleiros e Vila de Rei.
  103.  Número de alunas matriculadas num nível de ensino em relação ao total de alunos (rapazes e raparigas) matriculados nesse nível de ensino
  104.  ALVES, Manuel dos Santos (1984), Prontuário da língua portuguesa: caminho fácil para a solução difíceis, Livraria Popular de Francisco Franco, pág. 125.
  105.  FERNANDES, Ivo Xavier (1941 e 1943), Topónimos e Gentílicos, Porto: Editora Educação Nacional, 2. vol.
  106.  Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, volume XXVIII, pág. 517, publicado em 1936.
  107.  Ver pág. 125 em Manuel dos Santos Alves (1984), Prontuário da língua portuguesa: caminho fácil para a solução de coisas difíceis, Livraria Popular de Francisco Franco.
  108.  Ver também Xavier Roberto e Luís de Sousa (1974), Prontuário da língua portuguesa, Lisboa: Editorial O Século.
  109.  O termo sertagenense também se usa. Tal vocábulo, porém, não figura no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, 5.a edição, 2009, da Academia Brasileira de Letras.
  110.  Sertanense é também o nome dado aos habitantes das localidades brasileiras do Sertão e Sertão Santana.
  111.  ESTRELA, Edite e João David PINTO CORREIA (1989), Guia essencial da língua portuguesa para a comunicação social, indicam sertanense para o gentílico da Sertã.
  112.  As edições modernas do dicionário de Caldas Aulete incluem o termo sertanense, mas atríbuem-no exclusivamente ao gentílico de Sertão e Sertão Santana. Ver aqui.
  113.  Ver também pag. 154 em Manuela Parreira e José Manuel de Castro (1985), Prontuário ortográfico moderno: de fácil consulta, atento às dificuldades e dúvidas de quem escreve, Porto: ASA.
  114.  Ver o verbete Sertainho no dicionário da Porto Editora.
  115.  Consulte o vocabulário da Academia Brasileira de Letras aqui.
  116.  Volume XXVIII, pág. 517, publicado em 1936
  117.  Livraria Bertrand, 1937 e 1939, pág. 1279.
  118.  Sociedade da Língua Portuguesa, 1968, pág. 812
  119.  Diccionario Contemporaneo da Língua Portuguesa. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1881, dirigido por Santos Valente e precedido de plano da autoria de Caldas Aulete.
  120.  Para aceder em linha a uma versão moderna do dicionário de Caldas Aulete e Santos Valente, ver aqui
  121.  O termo certainho (derivado da antiga grafia Certã) pode no entanto ser encontrado em publicações do início do século 20. Ver por exemplo, pag. 15O de Miscelânea de estudos em honra de Carolina Michäelis de Vasconcellos, volume 11 of Revista da Universidade de Coimbra, 1933.
  122.  FIGUEIREDO, C. de (1906). Falar e escrevêr: novos estudos praticos da lingua portuguêsa. Lisboa: Livraria Cláassica Editora Ver https://archive.org/details/falareescrevrno00figugoog/page/n214
  123.  Blogue Sertã Princesa da Beira. ([4])
  124.  ANTUNES, José (1961), A Igreja Matriz da Sertã, Revista Estudos de Castelo Branco, n.º 1, Castelo Branco.
  125.  LAJES, Guilherme, O Castelo da Sertã in Comunicações das 1ªs Jornadas Regionais sobre Monumentos Militares, Castelo Branco, 1993.
  126.  *GARCIA, João Carlos, A Comarca da Sertã - análise geográfica de um periódicoFinisterra, Lisboa, XVIII, 35, 1983, p. 139 - 145.
  127. ↑ Ir para:a b c d Rafael, Gina Guedes e Manuela Santos (coordenação e organização) (2001), Jornais e Revistas Portugueses do Século XIX, vol. I, Biblioteca Nacional de Lisboa, 480 p.
  128.  GRAVE, João Mourato (1929), A Imprensa no Distrito de Castelo Branco - Subsídios para a sua HistóriaVila Nova de Famalicão: Minerva.
  129.  site da Rádio Condestável na Internet é http://www.radiocondestavel.pt/.
  130.  Diário do Governo, I Série de 23/01/1936.
  131.  A data (1933) indicada na imagem está errada.
  132.  LOPES, Rui Pedro, Sertanense: 75 Anos de História, 300 pp, à venda na casa Paulino, Sertã.
  133.  Ver Februaries: Webster’s Quotations, Facts and Phrases, pág. 235 aqui.
  134.  Sertã. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-05-15]. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$serta,2>.

Outra bibliografia[editar | editar código-fonte]

Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
CommonsImagens e media no Commons
CommonsCategoria no Commons
  • FARINHA, Luísa Maria Lourenço (2006), Memórias da Sertã – Regresso a Casa, Sertã.
  • CALAPEZ, Pedro, João FARINHA e Joaquim Eduardo SIMÕES (2008), Sertã a preto e branco - Memórias de 1974, Sertã. Portugal



Nuno Álvares Pereira

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(Redirecionado de São Nuno de Santa Maria)
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Disambig grey.svg Nota: "São Nuno" redireciona para este artigo. Para o povoado açoriano, veja São Nuno (Açores).
Nun'Álvares, O.Carm
Santo Condestável de Portugal
Conde de Arraiolos
Conde de Barcelos
Conde de Ourém
Antecessor(a)Álvaro Pires de Castro
Sucessor(a)João de Portugal
Nome completoNuno Álvares Pereira
Nascimento24 de junho de 1360
 Paço do Bonjardim ou Flor da Rosa
Morte1 de novembro de 1431 (71 anos)
 Lisboa
EnterroIgreja do Santo Condestável, Lisboa
São Nuno de Santa Maria
Veneração porIgreja Católica
Beatificação23 de Janeiro de 1918, Vaticano por Papa Bento XV
Canonização26 de Abril de 2009, Vaticano por Papa Bento XVI
Principal temploIgreja do Santo CondestávelLisboa
Festa litúrgica6 de Novembro
AtribuiçõesPadroeiro da Arma de Infantaria do exército português e do Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português
Gloriole.svg Portal dos Santos

Nuno Álvares Pereira (O.Carm.), também conhecido como o Santo Condestável, formalmente São Nuno de Santa Maria ou simplesmente Nun'Álvares (Paço do Bonjardim ou Flor da Rosa[i]24 de junho de 1360[1] – Lisboa1 de novembro de 1431[2]), foi um nobre e general português do século XIV. Desempenhou um papel fundamental na crise de 1383-1385, onde Portugal defendeu a sua independência de Castela. Nuno Álvares Pereira foi também 2.º Condestável de Portugal, 38.º Mordomo-Mor do Reino, 7.º conde de Barcelos, 3.º conde de Ourém e 2.º conde de Arraiolos.

Gravura do condestável
Gravura da crónica do condestável.

Considerado o maior estratega, comandante e génio militar português de todos os tempos, comandou forças em número substancialmente inferior ao inimigo e venceu todas as batalhas que travou. É o patrono da Infantaria portuguesa. A sua forma de comandar, caracterizou-se fundamentalmente pelo exemplo e pelas inúmeras virtudes militares, junto dos seus homens.

Luís de Camões, em sentido literal ou alegórico, explícito ou implícito, faz referência ao Condestável nada menos que 14 vezes em «Os Lusíadas». O forte Nuno, como Camões o designa, aparece logo evocado na 12.ª estrofe do canto primeiro, "Por estes vos darei um Nuno fero, Que fez ao Rei e ao Reino tal serviço," e no canto oitavo, estrofe 32: "Mas mais de Dom Nuno Álvares se arreia. Ditosa Pátria que tal filho teve!".

Uma escultura sua encontra-se no Arco da Rua Augusta, na Praça do Comércio, em Lisboa, outra no castelo de Ourém e ainda outra equestre, no exterior do Mosteiro da Batalha. Tem também uma estátua em Flor da Rosa,[3] um dos dois locais apontados como sua terra natal.

O dia do seu nascimento é feriado no concelho da Sertã.

Foi inicialmente sepultado no Convento do Carmo, em Lisboa. Com a destruição parcial do Convento, devido ao Terramoto de 1755 (visível nos dias de hoje), foi transladado. Atualmente, os seus restos mortais repousam na Igreja do Santo Condestável, em Lisboa, desde o dia 14 de Agosto de 1951, data da inauguração e comemoração dos 566 anos da vitória portuguesa na Batalha de Aljubarrota.

É o Padroeiro do Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português. São Nuno de Santa Maria foi canonizado pelo Papa Bento XVI, a 26 de abril de 2009,[4] e a sua festa é a 6 de Novembro.[5]

Vida[editar | editar código-fonte]

Estátua de Nuno Álvares Pereira, do escultor Leopoldo de Almeida, em frente ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória, situado no concelho da Batalha.

Segundo Fernão Lopes, D. Nuno Álvares Pereira foi um dos filhos naturais de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital, e Iria Gonçalves do Carvalhal. Era meio-irmão mais novo de Rodrigo Álvares Pereira, D. Frei Pedro Álvares Pereira e Diogo Álvares Pereira, e irmão mais novo de Fernão Álvares Pereira. D. Nuno Álvares Pereira cresceu na casa do seu pai até aos seus treze anos.[6] Foi lá que se iniciou "como bom cavalgante, torneador, justador e lançador", e sobretudo onde ganhou gosto pela leitura. Consta que leu nos "livros de cavallaria que a pureza era a virtude que tornara invenciveis os heroes da Tavola Redonda, e procurava que a sua alma e corpo se conservassem immaculados".[7]

Foi legitimado pelo rei D. Pedro I, em 1361.[5][8]

Foi um dos grandes protagonistas na crise de 1383-85.

Entre 1383 e 1400 esteve envolvido na guerra com Castela, defendendo a independência. Teve três importantes batalhas campais que venceu.

A sua lealdade e dedicação foi generosamente recompensada pelo rei pelos vários títulos que recebeu e propriedades, ficando dono de quase metade do país.

Depois da conquista de Ceuta em 1415, decidiu abraçar a vida religiosa em 1423, como irmão donato no convento do Carmo que tinha mandado construir.

Casamento[editar | editar código-fonte]

Decidido a manter-se casto, viu tais aspirações serem contrariadas pelo seu pai, que aos 16 anos, em 1376, o casou com Leonor de Alvim, quatro anos mais velha, viúva de um primeiro casamento sem filhos, rica, em cerimónia realizada em Vila Nova da Rainha, freguesia do concelho de Azambuja.[6] O nobre casal estabeleceu-se no Minho (supõe-se que em Pedraça, Cabeceiras de Basto), numa propriedade de D. Leonor de Alvim. O pai, com este casamento, garantia o futuro do filho, já que Nuno não podia suceder-lhe no cargo de prior. Este cargo passou para o seu irmão Pedro, que acabaria por tomar o partido de Castela.[6][8]

Deste casamento teve dois filhos e uma filha: Beatriz, única a chegar a adulta.[5]

Leonor morreu no início de 1388. Nuno Álvares não mais voltou a casar.

Vida militar[editar | editar código-fonte]

Saiu de casa do pai para a corte de D. Fernando de Portugal. Após uma missão de reconhecimento ao exército de Castela, que passava por Santarém a caminho de Lisboa, ele e o seu irmão Diogo foram armados cavaleiros. Nuno foi pela rainha e Diogo pelo rei, tendo Nuno uma armadura emprestada por D. João, o Mestre de Avis (a partir daí tornando-se amigo de Nuno).[8] Nessa missão, o jovem fez um relatório indicando que o exército de Castela, apesar de grande, era mal comandado, e que poderia ser vencido por uma pequena força bem comandada.[8]

Réplica da espada de D. Nuno Álvares Pereira na igreja de Flor da Rosa, no concelho do Crato.

Crise 1383-1385[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Crise de 1383–1385 em Portugal

Quando o Rei D. Fernando de Portugal morreu em 1383, sem herdeiros a não ser a princesa D. Beatriz, casada com o Rei João I de Castela, D. Nuno foi um dos primeiros nobres a apoiar as pretensões de João, o Mestre de Avis à coroa. Apesar de ser filho ilegítimo de D. Pedro I de Portugal, D. João afigurava-se como uma hipótese preferível à perda de independência para os castelhanos.

Escudo do brasão dos Pereira

Conta-se que em fins de 1383 depois de se encontrar com D. João em Lisboa para sugerir matar o Conde Andeiro, deslocou-se para Santarém e dirigiu-se ao alfageme para afiar a espada. Quando se preparava para pagar, o alfageme disse-lhe que pagaria por aquilo quando D. Nuno fosse conde de Ourém que na altura era o Andeiro; o jovem aceitou. Após a batalha de Aljubarrota, o rei em Santarém fazia distribuição de terras. Um pagem pretendeu os bens daquele alfageme, dizendo que era castelhano; a mulher do alfageme lembrou a D. Nuno do pagamento devido e este intercedou junto do rei para que os bens não lhe fossem retirados.[8]

Após o mestre de Avis tornar-se regente, nomeou Nuno Álvares fronteiro do Alentejo. A defesa foi organizada e a primeira vitória em campo de batalha foi conseguida na batalha dos Atoleiros.

A 6 de Abril de 1385, D. João é reconhecido pelas cortes reunidas em Coimbra como Rei de Portugal. Esta posição de força portuguesa desencadeia uma resposta à altura em Castela. D. João de Castela invade Portugal pela Beira Alta com vista a proteger os interesses de sua mulher D. Beatriz. D. Nuno Álvares Pereira toma o controlo da situação no terreno e inicia uma série de cercos a cidades leais a Castela, localizadas principalmente no Norte do país.[6]

Batalhas[editar | editar código-fonte]

A primeira grande vitória de D. Nuno Álvares Pereira frente aos castelhanos deu-se na batalha dos Atoleiros em que pela primeira vez, na Península Ibérica, um exército a pé derrota um exército com cavalaria pesada, em Abril de 1384. Com a eleição em Abril de 1385 de D. João de Avis para rei é nomeado Condestável de Portugal e Conde de Ourém.

Batalha de Aljubarrota
Batalha de Aljubarrota. Nuno Álvares comandava a vanguarda.

A 14 de Agosto, D. Nuno Álvares Pereira mostra o seu génio militar ao vencer a batalha de Aljubarrota. A batalha viria a ser decisiva no fim da instabilidade política de 1383-1385 e na consolidação da independência portuguesa. Finda a ameaça castelhana, D. Nuno Álvares Pereira permaneceu como Condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos.

Entre 1385 e 1390, ano da morte de D. João de Castela, dedicou-se a realizar incursões contra a fronteira de Castela.

Com o objetivo de manter a pressão e dissuadir o país vizinho de novos ataques. Por essa altura, em Outubro de 1385 foi travada em terreno castelhano a célebre batalha de Valverde. Conta-se que na fase mais crítica da batalha e quando já parecia que o exército português iria sofrer uma derrota completa, se deu pela falta de D. Nuno. Quando já se temia o pior, os seus companheiros foram encontrá-lo em êxtase, ajoelhado a rezar entre dois penedos. Quando Rui Gonçalves, aflito lhe chamou a atenção para a batalha que se perdia, o Condestável fez um sinal com a mão a pedir silêncio. Novamente chamado à atenção por Gonçalo Anes que lhe disse: "Nada de orações, que morremos todos!", responde então D. Nuno, suavemente: "Amigo, ainda não é hora. Aguardai um pouco e acabarei de orar."; quando acabou de rezar, ergue-se com o rosto iluminado e dando as suas ordens, consegue que se ganhe a batalha, atacando o mestre de Santiago.[8] Depois desta batalha, os castelhanos recusaram-se a dar-lhe batalha em campo aberto.

O nome de Nuno Álvares inspirava terror nos castelhanos que passaram sempre que podiam a atacar a fronteira com pilhagens e razias e aplicavam a política de terra queimada quando D. Nuno entrava em Castela.[8]

Pelos seus serviços o rei deu-lhe títulos e terras. Ficou senhor de quase metade de Portugal. Para compensar os seus companheiros de armas, quis D. Nuno, a partir de 1393, durante as tréguas, distribuir os bens por eles.[5][6] Isto levou a uma intriga na corte que acusava o Condestável de querer tornar esses companheiros em vassalos; estava aberto um conflito com o rei. O Condestável defende-se que não podia devolver o que já não tinha. A coroa comprou propriedades a alguns desses homens. Este conflito levou D. Nuno a considerar abandonar o país; reuniu-se com os seus homens e disse-lhes que quem quisesse fosse com ele; nessa altura corre a notícia de que Castela tinha quebrado as tréguas, logo D. Nuno corre com o seu exército para junto do rei, sendo o primeiro vassalo a fazê-lo. O rei faz então um acordo: as doações feitas, eram mantidas, mas o rei seria o único a ter vassalos, não podendo mais ninguém tê-los; aqueles que receberam bens do Condestável passavam a ser vassalos diretos do rei.[8]

Tréguas[editar | editar código-fonte]

Depois de tréguas assinadas com Castela, foi acordado o casamento da sua filha com um dos filhos do rei, em 1401, entre o futuro duque de Bragança, D. Afonso, com a filha de D. Nuno, D. Beatriz.

Participou na conquista de Ceuta em 1415 e foi convidado pelo rei a comandar a guarnição que lá ia ficar. O condestável recusou, pois desejava abandonar a vida militar e abraçar a religiosa.

Antes de entrar no convento, distribuiu os seus bens pelos netos. A sua neta D. Isabel, casou-se com o infante D. João, futuro Condestável.

O convento do Carmo deu aos frades carmelitas, assim como os bens que lhe restavam. Ao tornar-se Nuno de Santa Maria, como irmão donato, abdicou do título de conde e de Condestável e pretendeu ir pelas ruas pedir esmola, o que assustou o rei, que pediu ao infante D. Duarte, que tinha muita admiração por Nuno, para convencê-lo a não fazer tal coisa. O infante convenceu Nuno a apenas aceitar esmola do rei, o que foi aceite.[8]

Vida religiosa[editar | editar código-fonte]

Nos últimos anos da sua vida Nuno Álvares Pereira recolheu-se no Convento do Carmo, onde morreu.

Após a morte da sua mulher, tornou-se carmelita (entrou na Ordem em 1423, no Convento do Carmo, que mandara construir como cumprimento de um voto).[5] Toma o nome de Irmão Nuno de Santa Maria. Aí permanece até à morte, ocorrida em 1 de Novembro de 1431 (dia de Todos-os-Santos), com 71 anos, rodeado pelo rei e os infantes.

Percorria as ruas de Lisboa e distribuía esmolas a quem precisava. No convento tinha um grande caldeirão usado pelos seus homens nas campanhas militares, onde se faziam refeições para os pobres. Estas ações levaram o povo a chamá-lo de Santo Condestável.

Durante o seu último ano de vida, o Rei D. João I fez-lhe uma visita no Carmo. D. João sempre considerou que fora Nuno Álvares Pereira o seu mais próximo amigo, que o colocara no trono e salvara a independência de Portugal.

O túmulo de Nuno Álvares Pereira foi destruído no Terramoto de 1755. O seu epitáfio era: "Aqui jaz aquele famoso Nuno, o Condestável, fundador da Sereníssima Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo."

Há uma história apócrifa, em que o embaixador castelhano teria ido ao Convento do Carmo encontrar-se com Nun'Álvares, e ter-lhe-á perguntado qual seria a sua posição se Castela novamente invadisse Portugal. Nuno terá levantado o seu hábito, e mostrado, por baixo deste, a sua cota de malha, indicando a sua disponibilidade para servir o seu país sempre que necessário e declarando que "se el-rei de Castela outra vez movesse guerra a Portugal, serviria ao mesmo tempo a religião que professava e a terra que lhe dera o ser".

Conta-se também que no inicio da sua vida monástica, em 1425 correra em Lisboa o boato de que Ceuta estaria em risco de ser apresada pelos Mouros. De imediato Nuno de Santa Maria manifesta a sua vontade em fazer parte da expedição que iria acudir a Ceuta. Quando o tentaram dissuadir, apontando a sua figura alquebrada pelos anos e por tantas canseiras, pegou numa lança e disse: "Em África a poderei meter, se tanto for mister!" (daqui nasceu a expressão "meter uma lança em África", no sentido de se vencer uma grande dificuldade). Atirou a lança do varandim do convento, que atravessou todo o Vale da Baixa de Lisboa, indo cravar-se numa porta do outro lado do Rossio.[8]

Descendência[editar | editar código-fonte]

Do seu casamento com Leonor de Alvim, nasceram três filhos: dois rapazes que morreram jovens e uma filha que chegou à idade adulta e teve descendência: Beatriz Pereira de Alvim,[6] que se tornou mulher de D. Afonso, o 1.º Duque de Bragança, dando origem à Casa de Bragança que viria a reinar em Portugal três séculos mais tarde.

Não obstante, a primogenitura, a descendência direta e a representação genealógica do Condestável pertence aos Marqueses de Valença, por o 1.º Marquês de Valença e 4.º Conde de Ourém (por doação direta do condestável, seu avô materno), Afonso de Bragança, ser o filho primogénito de sua mãe: Beatriz Pereira de Alvim, primeira esposa do 1.º Duque de Bragança, D. Afonso. Por esse motivo os Marqueses de Valença mantiveram até aos dias de hoje o uso do apelido "de Portugal" em alusão ao reino e também à varonia real, mais tarde mantida pelo tronco "de Sousa Coutinho" (Borba e Redondo). Esta razão está também patenteada na própria heráldica, mantendo os Marqueses de Valença a "cruz florenciada" dos Pereira alternada com as Armas do Reino, o que já não acontece com o ramo segundogénito, os Duques de Bragança, que nunca tiveram direito ou pretensão a esta representação genealógica.

Por outro lado, a família Mello dos Duques de Cadaval, por sua vez um ramo segundogénito da família Bragança, veio mais tarde a adotar, em memória ao seu ilustre antepassado e por passarem a ter a varonia Bragança, o apelido "Alvares Pereira" e as mesmas armas dos "Portugal", o que não lhes induz algum direito de representação, a não ser por pura analogia.

Beatificação e canonização[editar | editar código-fonte]

Nuno Álvares Pereira foi beatificado em 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV, pelo Decreto "Clementíssimus Deus", e foi consagrado o dia 6 de Novembro ao, então, beato. Iniciado em 1921, em 1940 o processo de canonização foi interrompido por razões essencialmente políticas. O país festejava então os Centenários da Fundação de Portugal e da Restauração da Independência e Salazar desejava que a canonização do Beato Nuno se revestisse de uma pompa nunca vista e num ambiente de grande exaltação nacionalista, incluindo uma possível visita papal a Portugal, para que o próprio Sumo Pontífice presidisse às cerimónias da Canonização. O Papa de então (Pio XII) recusou, profundamente incomodado com o significado altamente político em que o facto estava a descambar. O Processo foi então suspenso e por assim dizer, caiu num "semi-esquecimento".

Igreja Santo Condestável.
Igreja Santo Condestável, em Lisboa, Campo de Ourique.

Em 1953, foi inaugurada a Igreja do Santo Condestável, sede da Paróquia do mesmo nome, em Campo de Ourique (Lisboa), que contou com a Procissão de Transladação das Relíquias desde o Largo do Carmo, no meio de honras militares e de um intenso entusiasmo popular (segundo testemunhos da época, mais de metade do povo de Lisboa esteve presente na consagração da Igreja e nas restantes cerimónias religiosas) e com a presença dos mais altos dignitários da Nação. Posteriormente, em 2004 o Processo foi reiniciado por vontade do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo.

Estátua em Flor da Rosa um dos locais apontados como sua terra natal. Em Honra à sua beatificação. nota: a data inscrita na placa desta estátua é incorrecto.

No Consistório de 21 de Fevereiro de 2009 - acto formal no qual o Papa ordenou aos Cardeais para confirmarem os processos de canonização já concluídos - o Papa Bento XVI anunciou para 26 de Abril de 2009 a canonização do Beato Nuno de Santa Maria, juntamente com quatro outros novos santos.[9] O processo referente a Nuno Álvares Pereira encontrava-se concluído desde a Primavera de 2008, noventa anos após sua beatificação.

D. Nuno Álvares Pereira foi canonizado como São Nuno de Santa Maria pelo papa Bento XVI às 9h 33min (hora de Portugal) de 26 de Abril de 2009.

Conferência Episcopal Portuguesa, em nota pastoral sobre a canonização de Nuno de Santa Maria, declarou:"(…) o testemunho de vida de D. Nuno constituirá uma força de mudança em favor da justiça e da fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e solidários e de iniciativas de partilha de bens. Será também apelo a uma cidadania exemplarmente vivida e um forte convite à dignificação da vida política como expressão de melhor humanismo ao serviço do bem comum.

Os Bispos de Portugal propõem, portanto, aos homens e mulheres de hoje o exemplo da vida de Nuno Álvares Pereira, pautada pelos valores evangélicos, orientada pelo maior bem de todos, disponível para lutar pelos superiores interesses da Pátria, solícita por servir os mais desprotegidos e pobres. Assim seremos parte activa na construção de uma sociedade mais justa e fraterna que todos desejamos."[10]


Notas[editar | editar código-fonte]

  •  - Fernão Lopes, na sua Crónica de el-rei D. João I, não refere o local de nascimento de Nuno Álvares Pereira. Alguns autores, entre os quais se inclui Virgínia Rau,[1] Joaquim Pedro de Oliveira Martins[11] Elias Cardoso,[12] Valério Cordeiro,[7] Miguel Leitão de Andrada[13] e Fernando Denis[14] indicam como seu possível local de nascimento a localidade de Bonjardim, no concelho da Sertã (actual Cernache do Bonjardim). Segundo outros, entre os quais se inclui Teresa Bernardino e a Sociedade Histórica da Independência de Portugal, o local de nascimento será Flor da Rosa.[15][16]
    Há ainda quem aponte o termo Bonjardim ao local onde foi edificado o Mosteiro de Flor da Rosa, em Flor da Rosa.[17]
  •  - A Chronica do Condestabre de Portugal Dom Nuno Alvarez Pereira (disponível aqui), de autor anónimo (eventualmente Fernão Lopes), publicada possivelmente em 1526 (ver página xi da obra citada), também não indica o local de nascimento de Nun'Álvares. O texto refere-se tanto a Bom Jardim, como a Flor da Rosa, aparentemente como dois locais distintos (ver página 2(52) da obra citada), nos seguintes termos referindo-se aos feitos do pai de D. Nuno: (…) fez o castello da Ameeyra q he castello forte y muy fermoso. E os paços e assentameto do Boõ Jardim qe he obra assaz vistosa e fermosa. E fez mais Frol de Rosa lugar muy forte e bem obrado (…)
  •  - Segundo Fernão Lopes, este casamento teve lugar quando Nuno Álvares Pereira tinha pouco mais de 16 anos, e três anos antes da morte do pai de Nuno Álvares Pereira, Álvaro Gonçalves Pereira, a qual ocorreu por altura da morte de Henrique II de Castela, em 1379, tendo portanto o casamento ocorrido cerca de 1376.[18]


Referências

  1. ↑ Ir para:a b Rau, VirgíniaEstudos de história medieval. Editorial Presença, 1986. Pág. 55.
  2.  Peres, DamiãoHistória de Portugal: Ed. monumental comemorativa do 8.º centenário da fundação da nacionalidade. Portucalense Editora, 1938. Vol II, pag. 25.
  3.  Fotografia da Estátua de Nuno Álvares Pereira no Panoramio
  4.  Bento 16 canoniza herói nacional de Portugal na BBC Brasil, 26 de abril de 2009
  5. ↑ Ir para:a b c d e «Cronologia da vida de Santo Condestável | Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura»www.snpcultura.org. Consultado em 22 de novembro de 2019
  6. ↑ Ir para:a b c d e f Chronica do Condestabre de Portugal Dom Nuno Alvarez Pereira
  7. ↑ Ir para:a b CORDEIRO, Valério Aleixo (1921), Vida do Beato Nuno Alvarez Pereira, 2. edição, Livraria Catholica, Lisboa. (disponível online)
  8. ↑ Ir para:a b c d e f g h i j MARTINS, J. P. Oliveira (1893), A Vida de Nun'Alvares, Lisboa, 1893
  9.  «Notícia em Agência Ecclesia»
  10.  «Patriarcado de Lisboa»[ligação inativa]
  11.  MARTINS, J. P. Oliveira (1893), A Vida de Nun'Alvares, Lisboa, 1893
  12.  CARDOSO, Elias (1958), A Bibliografia Condestabriana, Roma.
  13.  ANDRADA, Miguel Leitão de (1629), Miscellanea (a 2.ª edição de 1867 foi facsimilada e republicada em 1993 pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa (ver aqui).
  14.  DENIS, Fernando J. (1846), Portugal Pittoresco ou Descripção Historica d'este Reino, Typographia de L.C. da Cunha, Lisboa. (disponível online)
  15.  «Sociedade Histórica da Independência de Portugal». Consultado em 14 de agosto de 2009. Arquivado do original em 3 de agosto de 2009
  16.  «S. NUNO DE SANTA MARIA por Teresa Bernardino». Consultado em 4 de maio de 2009. Arquivado do original em 29 de abril de 2009
  17.  Boletim da Academia Portuguesa de História. Lisboa, 1960. Pág. 106.
  18.  Crónica de el-rei D. João IFernão Lopes, Capítulos XXXIII e XXXIV


Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Fernão LopesCrónica de el-rei D. João I
  • Chronica do Condestabre de Portugal Dom Nuno Alvarez Pereira
  • CARDOSO, Elias (1958), A Bibliografia Condestabriana, Roma
  • MARTINS, J. P. Oliveira (1893), A Vida de Nun'Alvares, Lisboa
  • CORDEIRO, Valério Aleixo (1921). Vida do Beato Nuno Alvarez Pereira, 2. edição. Lisboa: Livraria Catholica

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