sexta-feira, 19 de junho de 2020

CREDO NICENO - PRIMEIRO CONCÍLIO DE NICEIA - (325) - 19 DE JUNHO DE 2020

Credo Niceno

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Ícone retratando Constantino e os Padres do Primeiro Concílio de Niceia (325). O texto mostrado é, no entanto, o Credo atribuido ao Primeiro Concílio de Constantinopla (381), com as alterações posteriores para uso na liturgia grega.

Credo Niceno é uma profissão de  adotada do Primeiro Concílio Ecumênico reunido na cidade de Niceia da Bitínia (atual İznikTurquia) em 325. Chama-se também o Símbolo Niceno (em latimSymbolum Nicaenum), e a Profissão de fé dos 318 Padres, referência aos 318 bispos que participaram do Primeiro Concílio de Niceia.

História[editar | editar código-fonte]

O propósito de um credo é agir como um critério de crença correta, ou ortodoxia. Os credos do cristianismo foram elaborados em momentos de conflito sobre a doutrina: a aceitação ou rejeição de um credo serviu para distinguir os crentes e negadores de uma doutrina específica ou um conjunto de doutrinas. Por essa razão, um credo foi chamado em grego σύμβολον (symbolon), que significava a metade de um objeto quebrado para que, colocada junto com a outra metade, verificasse a identidade do portador.[1] A palavra grega passou para symbolum em latim ("símbolo" em português).[2]

O Credo de Niceia foi adotada em face do arianismoÁrio, um presbítero da Igreja de Alexandria, natural da Líbia, havia declarado que, embora o Filho fosse divino, ele era um ser criado no tempo e, portanto, não co-essencial com o Pai. Isto fez com que Jesus fosse considerado inferior ao Pai, que colocou desafios soteriológicos para a doutrina da Trindade.[3][4]

O Credo Niceno explicitamente reafirma a divindade co-essencial do Filho, aplicando-lhe o termo "consubstancial". Termina com as palavras "(Cremos) no Espírito Santo" e com um anátema contra os arianos.

Relação ao Credo niceno-constantinopolitano[editar | editar código-fonte]

O mesmo nome Credo Niceno encontra-se aplicado muitas vezes a outro credo, o Credo niceno-constantinopolitano, hoje em dia mais conhecido, por ser usado na liturgia da Igreja católica e da Igreja ortodoxa e por ser considerado normativo também pela Igreja Ortodoxa Oriental, a Igreja anglicana e a maioria das denominações protestantes.[5][6][7]

Tradicionalmente, este Credo é considerado uma revisão, feita pelo Primeiro Concílio de Constantinopla em 381, do Credo Niceno de 325, motivo pelo qual é chamado niceno-constantinopolitano. Porém, desde mais de um século, se levantam dúvidas sobre esta explicação da origem do Credo niceno-constantinopolitano.[8]

Os atos do concílio de 381 não são conservados, e não existe documento com o texto do Credo niceno-constantinopolitano mais antigo dos atos do Concílio de Calcedônia de 451. No 431, o Primeiro Concílio de Éfeso citou o Credo Niceno de 325, e declarou que "é ilícito para qualquer um para apresentar, ou escrever, ou compor uma fé diversa (ἑτέραν - no sentido de "contraditório" e não de "adicional")[9] da estabelecida pelos Santos Padres reunidos com o Espírito Santo em Niceia" (ou seja, o Credo de 325).[10] A falta de menção do Credo agora chamado niceno-constantinopolitano nos escritos do intervalo entre 381 (Primeiro Concílio de Constantinopla) e 451 (Concílio de Calcedônia), particularmente nos atos deste Concílio de Éfeso, até tem inspirado a alguns a ideia de que o texto foi apresentado ao Concílio de Calcedônia para superar o problema da proibição efesino de novas formulações.[11][12]

Porém, segundo a Encyclopædia Britannica e outros estudiosos, é mais provável a autoria ou aprovação do Concílio de Constantinopla, mas sobre a base não do Credo niceno, senão de um Credo batismal local, talvez de Jerusalém, de Cesareia, de Antioquia ou de Constantinopla.[6][13][14][15][16]

Comparação dos dois credos[editar | editar código-fonte]

O Credo Niceno termina com as palavras "(Cremos) no Espírito Santo" e com um anátema contra os arianos. Há também muitas outras diferênças. São poucos os estudiosos que acreditam que o Credo niceno-constantinopolitano seja uma amplificação do Credo de 325. Só num sentido lato o Credo posterior pode ser chamado niceno, isto é, em conformidade com a fé proclamada em Niceia.[17]

Na seguinte tabela, letras negritas indicam as partes do Credo Niceno omitidas ou movidas no Niceno-constantinopolitano, e letras cursivas as frases presentes no Niceno-constantinopolitano mas não no Niceno.[18]


Credo Niceno (325)[19]Credo niceno-constantinopolitano (381?)[19]
Πιστεύομεν εἰς ἕνα θεὸν πατέρα παντοκράτορα, πάντων ὁρατῶν τε και ἀοράτων ποιητήν.Πιστεύομεν εἰς ἕνα θεὸν πατέρα παντοκράτορα, ποιητὴν οὐρανοῦ καὶ γῆς, ὁρατῶν τε πάντων καὶ ἀοράτων·
Καὶ εἰς ἕνα κύριον Ἰησοῦν Χριστόν, τὸν υἱὸν τοῦ θεοῦ, γεννηθέντα ἐκ τοῦ πατρὸς μονογενῆ, τοὐτέστιν ἐκ τῆς οὐσίας τοῦ πατρός,καὶ εἰς ἕνα κύριον Ἰησοῦν Χριστόν, τὸν υἱὸν τοῦ θεοῦ τὸν μονογενῆ, τὸν ἐκ τοῦ Πατρὸς γεννηθέντα πρὸ πάντων τῶν αἰώνων,
θεὸν ἐκ θεοῦ, φῶς ἐκ φωτός, θεὸν ἀληθινὸν ἐκ θεοῦ ἀληθινοῦ, γεννηθέντα, οὐ ποιηθέντα, ὁμοούσιον τῷ πατρίφῶς ἐκ φωτός, θεὸν ἀληθινὸν ἐκ θεοῦ ἀληθινοῦ, γεννηθέντα οὐ ποιηθέντα, ὁμοούσιον τῷ πατρί,
δι' οὗ τὰ πάντα ἐγένετο, τά τε ἐν τῷ οὐρανῷ καὶ τὰ ἐω τῇ γῇδι' οὗ τὰ πάντα ἐγένετο,
τὸν δι' ἡμᾶς τοὺς ἀνθρώπους καὶ διὰ τὴν ἡμετέραν σωτηρίαν κατελθόντα καὶ σαρκωθέντα καὶ ἐνανθρωπήσαντα,τὸν δι' ἡμᾶς τοὺς ἀνθρώπους καὶ διὰ τὴν ἡμετέραν σωτηρίαν κατελθόντα ἐκ τῶν οὐρανῶν καὶ σαρκωθέντα ἐκ πνεύματος ἅγίου καὶ Μαρίας τῆς παρθένου καὶ ἐνανθρωπήσαντα
παθόντα, καὶ ἀναστάντα τῇ τρίτῃ ἡμέρᾳ, ἀνελθόντα εἰς τοὺς οὐρανούς,σταυρωθέντα τε ὑπὲρ ἡμῶν ἐπὶ Ποντίου Πιλάτου καὶ παθόντα καὶ ταφέντα καὶ ἀναστάντα τῇ τρίτῃ ἡμέρα κατὰ τὰς γραφάς καὶ ἀνελθόντα εἰς τοὺς οὐρανούς καὶ καθεζόμενον ἐκ δεξιῶν τοῦ πατρός
καὶ ἐρχόμενον κρῖναι ζῶντας καὶ νεκρούς.καὶ πάλιν ἐρχόμενον μετὰ δόξης κρῖναι ζῶντας καὶ νεκρούς·
οὗ τῆς βασιλείας οὐκ ἔσται τέλος.
Καὶ εἰς τὸ ἅγιον πνεῦμα.καὶ εἰς τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον, τὸ κύριον, καὶ ζῳοποιόν, τὸ ἐκ τοῦ πατρὸς ἐκπορευόμενον, τὸ σὺν πατρὶ καὶ υἱῷ συμπροσκυνούμενον καὶ συνδοξαζόμενον, τὸ ἐκλαλῆσαν διὰ τῶν προφητῶν·
Τοὺς δὲ λέγοντας· ἦν ποτε ὅτε οὐκ ἦν, καὶ πρὶν γεννηθῆναι οὐκ ἦν, καὶ ὅτι ἐξ οὐκ ὄντων ἐγένετο, ἢ ἐξ ἑτέρας ὑποστάσεως ἢ οὐσίας φάσκοντας εἶναι, ἢ κτιστόν ἢ τρεπτὸν ἢ ἀλλοιωτὸν τὸν υἱὸν τοῦ θεοῦ, ἀναθεματίζει ἡ καθολικὴ ἐκκλησία.Εἰς μίαν ἁγίαν καθολικὴν καὶ ἀποστολικὴν ἐκκλησίαν· ὁμολογοῦμεν ἓν βάπτισμα εἰς ἄφεσιν ἁμαρτιῶν· προσδοκοῦμεν ἀνάστασιν νεκρῶν, καὶ ζωὴν τοῦ μέλλοντος αἰῶνος. ἀμήν.

Numa tradução portuguesa as diferências aparecem assim:

Credo Niceno (325)Credo niceno-constantinopolitano (381?)
Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Ε em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado unigênito do Pai, isto é, da substância do Pai;E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos
Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial ao Pai;luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial ao Pai,
por quem foram feitas todas as coisas que estão no céu ou na terra.por que, foram feitas todas as coisas.
O qual por nós homens e para nossa salvação, desceu, se encarnou e se fez homem.O qual por nós homens e para a nossa salvação, desceu dos céus: se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem.
Padeceu e ressuscitou ao terceiro dia e subiu aos céusTambém por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos e padeceu e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras, e subiu aos céus, onde está assentado à direita do Pai.
Ele virá para julgar os vivos e os mortos.Ele virá novamente, em glória, para julgar os vivos e os mortos;
e o Seu reino não terá fim.
E no Espírito Santo.E no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele falou pelos profetas.
E quem quer que diga que houve um tempo em que o Filho de Deus não existia, ou que antes que fosse gerado ele não existia, ou que ele foi criado daquilo que não existia, ou que ele é de uma substância ou essência diferente (do Pai), ou que ele é uma criatura, ou sujeito à mudança ou transformação, todos os que falem assim, são anatematizados pela Igreja Católica.E na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Confessamos um só batismo para remissão dos pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos; e a vida do mundo vindouro. Amém.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1.  Liddell and Scott: σύμβολον
  2.  Online Etymology Dictionary
  3.  Zeno Hastenteufel, Infância e adolescência da Igreja (EDIPUCRS 1995), p. 65
  4.  Charles Caldwell Ryne, Teologia Básica (Editora Mundo Cristão 2003 ISBN 978-85-7325356-6), p. 65
  5.  Britannica Enciclopedia Moderna (2011 ISBN 978-1-61535516-7), p. 1885
  6. ↑ Ir para:a b Encyclopædia Britannica, "Nicene Creed: alternative title "Niceno-Constantinopolitan Creed"
  7.  Christian Denominations: Beliefs and Theology: Comparison Chart
  8.  Adolf von HarnackHistory of Dogma, vol. 1 (Wipf and Stock Publishers 1997 ISBN 978-1-57910067-4), pp. 97–98
  9.  Excursus on the Words πίστιν ἑτέραν
  10.  Cânon VII do Concílio de Éfeso, texto original com tradução latina ou inglesa
  11.  Deno John Geanakoplos, Constantinople and the West (University of Wisconsis Press 1989 ISBN 978-0-29911884-6), pp. 161–162
  12.  John Behr, The Nicene Faith (St Vladimir's Seminary Press 2004 ISBN 978-0-88141266-6), pp. 372–373
  13.  Philip Schaff, The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge, Vol. III: article Constantinopolitan Creed
  14.  Berard L. Marthaler, The Creed: The Apostolic Faith in Contemporary Theology (Twenty-Third Publications 1993 ISBN 978-0-89622537-4), p. 93
  15.  Leo Donald Davis, The First Seven Ecumenical Councils (325-787): Their History and Theology (Liturgical Press 1983 ISBN 978-0-81465616-7), pp. 123–124
  16.  E.A. Livingstone (ed.), The Concise Oxford Dictionary of the Christian Church (Oxford University Press 2013 ISBN 978-0-19107896-5), p. 393
  17.  José Antonio Alcáin Ugarte, La tradición (Universidad de Deusto 2010 ISBN 978-84-9830826-6), pp. 664–665
  18.  Cf. Creeds of Christendom.
  19. ↑ Ir para:a b Creeds of Nicaea and Constantinople compared

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Ayres, Lewis (2006). Nicaea and Its Legacy. Oxford Oxfordshire: Oxford University Press. ISBN 0198755058
  • Burn, AE (1925), The Council of Nicaea [O concílio de Niceia] (em inglês).
  • Forell, G (1965), Understanding the Nicene Creed [Entendendo o credo niceno] (em inglês).
  • Kelly, J. (1982). Early Christian Creeds. City: Longman. ISBN 0-58249219-X

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

BATALHA DO MAR DAS FILIPINAS (1944) - SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - 19 DE JUNHO DE 2020



Batalha do Mar das Filipinas

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Batalha do Mar das Filipinas
Segunda Guerra MundialGuerra do Pacífico
Japanese aircraft carrier Zuikaku and two destroyers under attack on 20 June 1944 (80-G-238025).jpg
porta-aviões Zuikaku e mais dois destroyers japoneses sendo atacados pelos americanos durante a batalha, 1944.
Data19-20 de junho de 1944
LocalMar das Filipinas
DesfechoVitória decisiva dos Estados Unidos
Beligerantes
Flag of the United States (1912-1959).svg Estados UnidosNaval Ensign of Japan.svg Império do Japão
Comandantes
Raymond SpruanceJisaburo Ozawa
Forças
7 porta-aviões
8 porta-aviões ligeiros
7 couraçados
79 navios diversos
28 submarinos
956 aviões
5 porta-aviões
4 porta-aviões ligeiros
5 couraçados
43 navios diversos
680 aviões (250 com base em terra)
Baixas
123 aviões derrubados (80 tripulações se salvaram)
1 navio de guerra danificado
109 mortos
550–645 aviões derrubados
3 porta-aviões e 2 navios petroleiros afundados
6 navios gravemente danificados
2 987 mortos
Commons
Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Batalha do Mar das Filipinas

Batalha do Mar das Filipinas foi uma batalha aeronaval que teve lugar durante a Guerra do Pacífico, na Segunda Guerra Mundial. Envolveu a Marinha Imperial Japonesa e a Marinha dos Estados Unidos, e teve como palco o Mar das Filipinas, próximo às Ilhas Marianas, entre os dias 19 e 20 de junho de 1944, durante a ocupação pelas tropas estadunidenses da ilha de Saipan para posteriormente invadir as ilhas de Guam e Tinian, as três maiores ilhas que compõem as Ilhas Marianas do Norte.

Esta batalha, que se encaixa no quadro da Operação Forager, foi finalizada por um completo desastre das forças armadas japonesas, que perderam quase a totalidade de sua aviação naval embarcada, assim como metade dos porta-aviões participantes da batalha. Tanto é que chegou ao ponto de os pilotos estadunidenses empregarem à batalha a expressão: "The Great Marianas Turkey Shoot".

Como resultado, a Marinha Imperial japonesa perdeu a parte principal de suas forças de combate em termos de aviação naval.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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