quarta-feira, 17 de junho de 2020

PRIMEIRA TRAVESSIA AÉREA DO ATLÂNTICO SUL - (1922) - 17 DE JUNHO DE 2020



Primeira travessia aérea do Atlântico Sul

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Gago Coutinho (dir.) e Sacadura Cabral (esq.) a bordo do "Lusitânia", 1922.
Rota da primeira travessia aérea do Atlântico Sul.
Hidroavião Fairey F III-D nº 17 "Santa Cruz" (Museu de Marinha de Lisboa).
Homenagem à travessia: réplica em aço do "Santa Cruz" (Belém, Lisboa).
Monumento de Cutileiro na cidade do Mindeloilha de São VicenteCabo Verde.

primeira travessia aérea do Atlântico Sul foi concluída com sucesso pelos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 1922, no contexto das comemorações do Primeiro Centenário da Independência do Brasil.

História[editar | editar código-fonte]

A épica viagem iniciou-se em Lisboa, às 7:00h (hora GMT) de 30 de março de 1922[1], empregando um hidroavião monomotor Fairey F III-D MkII, especialmente concebido para a viagem, equipado com motor Rolls-Royce e batizado Lusitânia. Sacadura Cabral exercia as funções de piloto e Gago Coutinho as de navegador. Este último havia criado, e empregaria durante a viagem, um horizonte artificial adaptado a um sextante, a fim de medir a altura dos astros, invenção que revolucionou a navegação aérea à época[1].

A primeira etapa da viagem foi concluída, no mesmo dia, sem incidentes em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, embora tenha sido notado, por ambos, um excessivo consumo de combustível.

No dia 5 de abril, partiram rumo à Ilha de São Vicente, no Arquipélago de Cabo Verde, cobrindo 850 milhas. Lá se demoraram até 17 de abril para reparos no hidroavião - que fazia água nos flutuadores -, tendo partido das águas do porto da Praia, na Ilha de Santiago, rumo ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, em águas brasileiras, onde amararam, sem o auxílio do vento, no dia 18[1]. O mar revolto naquele ponto, entretanto, causou danos ao Lusitânia, que perdeu um dos flutuadores. Os aeronautas foram recolhidos por um Cruzador da Marinha Portuguesa, que os conduziu a Fernando de Noronha. Apesar de exaustos pelo voo de 1.700 quilômetros e pelo pouso acidentado, comemoraram o achamento, com precisão, daqueles rochedos em pleno Atlântico Sul, apenas com o recurso do método de navegação astronômica criado por Gago Coutinho[2].

Com a opinião pública portuguesa e brasileira envolvida no feito, o Governo Português enviou outro hidroavião Fairey, batizado como Pátria, a partir de Fernando de Noronha, pelo navio brasileiro Bagé, que chegou no dia 6 de maio. Tendo o hidroavião sido desembarcado, montado e revisado, a 11 de maio decolaram de Noronha. Entretanto, nova fatalidade acometeu os aeronautas, quando, tendo retornado e sobrevoando o arquipélago de São Pedro e São Paulo para reiniciar o trecho interrompido, uma pane no motor obrigou-os a amarar de emergência, tendo permanecido nove horas como náufragos, até serem resgatados por um cargueiro inglês - o Paris City, em trânsito na região[2].

Reconduzidos a Fernando de Noronha, aguardaram até 5 de junho, quando lhes foi enviado um novo Fairey F III-D (o n.° 17), batizado pela esposa do então Presidente do Brasil, Epitácio Pessoa (1919-1922), como Santa Cruz. Transportado de Portugal pelo navio Carvalho Araújo foi posto na água do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, tendo levantado voo rumo a Recife, fazendo escalas em SalvadorPorto SeguroVitória e dali para o Rio de Janeiro, então Capital Federal, onde, a 17 de junho de 1922 amarou em frente à Ilha das Enxadas, nas águas da baía de Guanabara.

Aclamados entusiasticamente como heróis em todas as cidades brasileiras onde amerisaram, os aeronautas haviam concluído com êxito não apenas a primeira travessia do Atlântico Sul, mas pela primeira vez na História da Aviação, tinha-se viajado sobre o Oceano Atlântico apenas com o auxílio da navegação astronômica a partir do aeroplano.

Embora a viagem tenha consumido setenta e nove dias, o tempo de voo foi de apenas sessenta e duas horas e vinte e seis minutos, tendo percorrido um total de 8.383 quilômetros. A viagem serviu de inspiração para os raides posteriores de Sarmento de BeiresJoão Ribeiro de Barros e de Charles Lindbergh, todas em 1927.

Características do Santa Cruz[editar | editar código-fonte]

  • Material: madeira, revestida em tela
  • Comprimento: 10,92 metros
  • Envergadura: 14,05 metros
  • Altura: 3,70 metros
  • Peso vazio: 1800 quilogramas
  • Peso equipado: 2500 quilogramas
  • Velocidade de cruzeiro: 115 quilômetros/hora

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Revista Tecnologia e Defesa, nº 11, ano 2, 1984.
  • PINTO, Rui Miguel da Costa,”Gago Coutinho simples aventureiro ou um homem de Ciência” in Filatelia Lusitana, série III, nº19, Lisboa, Federação Portuguesa de Filatelia, 2009
  • PINTO, Rui Miguel da Costa, Gago Coutinho, breve perfil biográfico, Lisboa, Academia da Marinha, 2009
  • PINTO, Rui Miguel da Costa,Gago Coutinho e as relações luso brasileiras, Espírito Santo, Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, 2009

Referências

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

BATALHA DE MONTES CLAROS - (1665) - 17 DE JUNHO DE 2020



Batalha de Montes Claros

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Batalha de Montes Claros
Guerra da Restauração
Batalille de Montes Claros - azulejo XVIIe siècle Palais Fronteira, Lisbonne.jpg
DataQuarta-feira, 17 de Junho de 1665
LocalMontes Claros perto de Borba (Portugal)
DesfechoVitória dos portugueses
Beligerantes
 Portugal Espanha
Comandantes
António Luís de MenesesMarquês de Caracena
Forças
20,000 homens:(incluindo 2,000 das Ilhas Britânicas)[2]15,000 infantes
7600 cavaleiros
Baixas
700 mortos
2,000 desaparecidos
4,000 mortos
6,000 prisioneiros

Batalha de Montes Claros, foi travada em 17 de Junho de 1665, em Montes Claros, perto de Borba, entre Portugueses e Espanhóis.

História[editar | editar código-fonte]

Preparam-se os espanhóis para um ataque que tudo levasse de vencida, mas por seu lado os governantes portugueses tomaram todas as cautelas e providências indispensáveis para a defesa do reino. Calculando que a tentativa de invasão seria feita através das fronteiras do Sul, isto é pelo Alentejo, foi nessa província que se tomaram as maiores precauções. Três mil e quinhentos homens foram sem demora enviados de Trás-os-Montes, constitui

Simão de Vasconcelos e Sousa levou de Lisboa trezentos cavaleiros e dois mil infantes e Pedro Jacques de Magalhães apresentou-se com mil e quinhentos soldados de infantaria e quinhentos de cavalaria. O conjunto representava um reforço de sete mil e oitocentos homens, o que dotava António Luís de MenesesMarquês de Marialva com o comando total de vinte mil e quinhentos combatentes. O Marquês de Caracena havia planeado nada menos do que ocupar Lisboa, tomando em primeiro lugar Vila Viçosa e a seguir a cidade de Setúbal. Então pôs em movimento o seu exército, que se compunha de quinze mil infantes, sete mil e seiscentos cavaleiros e as guarnições de catorze canhões e dois morteiros. Tendo ocupado Borba que encontraram despovoada, os espanhóis atacaram Vila Viçosa que embora mal fortificada, ofereceu aos ataques do inimigo uma resistência inquebrantável.

Entretanto, o exército português avançava para socorrer a praça, mas foi resolvido pelo comando que as tropas se detivessem em Montes Claros, a aproximadamente meio caminho entre Vila Viçosa e Estremoz. O general espanhol ao saber da proximidade do exército português, deu ordens imediatas para que as forças de que dispunha marchassem ao encontro do adversário. Carregando em massa, a cavalaria espanhola abriu brechas nos terços de infantaria da primeira linha, mas foi recebida com uma chuva de metralha disparada pela artilharia comandada por D. Luís de Meneses. Os esquadrões de Castela, obrigados a recuar refizeram-se e lançaram segunda carga sobre o terço de Francisco da Silva Moura, causando a morte deste e de mais trinta soldados portugueses.

O Marquês de Marialva não estava disposto a ceder terreno ou a perder o ânimo. Sob as suas ordens, as brechas abertas pela cavalaria espanhola foram colmatadas, enquanto a artilharia não cessava de fazer fogo sobre os castelhanos. Uma segunda carga igualmente impetuosa, conseguiu no entanto levar os cavaleiros espanhóis até ao mesmo ponto onde fora detida a primeira, mas as perdas sofridas foram de tal ordem que tiveram de deter-se também, sem que a segunda linha portuguesa comandada pessoalmente pelo Marquês de Marialva, tivesse sequer sido molestada. O Conde de Schomberg esteve prestes a cair em mãos espanholas, quando um tiro abateu o cavalo que ele montava. O espanhóis que pareciam ter contado com a fúria dos primeiros ataques em massa, executados em especial pela cavalaria, viram-se em situação de perigo. Deram ainda uma terceira carga, mas o ímpeto inicial tinha-se perdido e o desânimo apoderava-se deles. Ao cabo de sete horas de luta, os atacantes começaram a debandar, e o próprio general Caracena, reconhecendo que a batalha estava perdida, fugiu para Juromenha, de onde seguiu depois a caminho de Badajoz.

Pode considerar-se que a batalha de Montes Claros determinou definitivamente a vitória de Portugal nas guerras com Castela, assinando-se três anos mais tarde entre os dois reinos a paz no Tratado de Lisboa de 1668. A batalha de Montes Claros foi a última das cinco grandes vitórias de Portugal contra os espanhóis na Guerra da Restauração, sendo as restantes: MontijoLinhas de ElvasAmeixial e Castelo Rodrigo.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Espírito Santo, Gabriel, 1935-2014

Montes Claros: 1665: a vitória decisiva, Lisboa, Tribuna da História, 2005

Commons possui uma categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre Batalha de Montes Claros
  1.  «Regimentos ingleses ao serviço da Coroa portuguesa (1662-1668)»Guerra da Restauração Blog de História Militar dedicado à Guerra da Restauração ou da Aclamação, 1641-1668
  2.  Paul, Hardacre (1960). The English Contingent in Portugal, 1662–1668, Journal of the Society for Army Historical Research, volume 38. [S.l.: s.n.] pp. 112–125

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