segunda-feira, 25 de maio de 2020

PHOENIX - SONDA ESPACIAL, NÃO TRIPULADA, POUSA EM MARTE - 2008 - 25 DE MAIO DE 2020



Phoenix (sonda espacial)

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Disambig grey.svg Nota: Para outros significados de Phoenix, veja Phoenix.
Phoenix
Phoenix landing.jpg
Phoenix pousando em Marte (ilustração da NASA)
Descrição
Duração da missãoCerca de 5 meses e 7 dias
Missão
DestinoMarte
Fim da missão10 de Novembro de 2008


Phoenix foi uma sonda espacial não-tripulada da NASA, lançada de Cabo Canaveral em 4 de agosto de 2007, com o objetivo de pesquisar por moléculas de água na região do pólo norte do planeta Marte. A sonda pousou em Marte em 25 de maio de 2008 e operou até 2 de novembro de 2008, data da última comunicação com a Terra. A NASA anunciou o fim da missão em 10 de novembro de 2008. [1]

Lançada ao espaço por um foguete Delta II, a sonda consistia em um aterrissador dotado de um braço mecânico destinado a coletar amostras de solos, para análises físico-químicas. Este aterrissador seria utilizado pela sonda Mars Surveyor 2001, mas aquela missão foi cancelada. A Phoenix transportava um conjunto de instrumentos mais atualizados com relação aos utilizados na fracassada missão Mars Polar Lander.

O objetivo da sonda era procurar água e ela pousou próximo ao pólo norte de Marte onde acredita-se existir água congelada. Pouso este realizado nas coordenadas 68,218830N 234,250778E,[2] ou seja, próximo ao polo norte do planeta. A Phoenix utilizou o seu braço robótico para cavar o solo marciano. Este solo é afetado pelas variações sazonais do clima nos pólos e pode conter componentes orgânicos necessários para a vida.

Para analisar as amostras de solo coletadas pelo braço robótico, a sonda espacial transportou um mini laboratório portátil e um aquecedor, pois o solo aquecido libera seus componentes voláteis, permitindo análise de sua composição química detalhada.

A sonda Phoenix herdou as tecnologias de imagem embutidas nas missões Pathfinder e Mars Exploration Rover. Ela também possuía uma câmera de alta definição e som estéreo no alto de uma coluna de 2 metros de altura. Esta câmera era dotada de dois "olhos" para observar as vizinhanças em alta resolução, com objetivo de localizar o melhor solo a ser escavado. Ela também foi equipada com uma câmera multi-espectral para a identificação dos minerais locais.

Além de pesquisas no solo, a Phoenix explorou a atmosfera de Marte, monitorando-a até uma altitude de vinte quilômetros, obtendo dados sobre a formação, duração e movimento das nuvens, dos nevoeiros e das tempestades de areia que caracterizam o planeta. Mediu também a temperatura e a pressão atmosférica no local de pouso.

O programa Phoenix da NASA foi coordenado pelo cientista brasileiro Ramon de Paula.[3]

Pouso[editar | editar código-fonte]

Depois de viajar por 296 dias e atravessar a atmosfera marciana a 21 mil km/h, a Phoenix pousou em segurança no local pré-determinado, próximo ao pólo norte marciano e sobre a dura camada de 'gelo' do planeta no dia 25 de maio de 2008, às 23:38 UTC, com transmissão ao vivo da sala de controle do programa pela internet.

'Gelo' em Marte[editar | editar código-fonte]

No dia 19 de junho, a NASA anunciou que pedaços de um material brilhante e claro do tamanho de dados, no buraco "Dodo-Goldilocks" cavado pela  do braço robótico da Phoenix, haviam desaparecido no curso de quatro dias marcianos, o que cientificamente implica fortemente em que sejam compostos de água congelada, que evaporou quando exposta na superfície. Apesar de gelo seco, sem água, também evaporar, na condição presente em Marte ele evaporaria muito mais rápido que o observado nas imagens. Ver abaixo, os pedaços cristalizados existentes na sombra inferior esquerda antes e à direita depois de quatro dias de exposição na superfície.

Phoenix Ice.jpg

Neve em Marte[editar | editar código-fonte]

Em outubro de 2008, a NASA anunciou que a sonda detectou neve na superfície marciana, proveniente de gases emitidos pelas nuvens do planeta, e testes de laboratório demonstraram interação entre minerais e água em estado líquido. A neve foi detectada por um instrumento à laser, desenhado para reunir informação sobre o comportamento da atmosfera e da superfície do planeta. As nuvens responsáveis pela formação de neve no solo, estavam cerca de 4 quilômetros acima do ponto onde a Phoenix aterrissou, e os dados coletados indicam que se evaporou antes de tocar terra.[4]

Final das comunicações[editar | editar código-fonte]

Com a chegada do outono no pólo norte de Marte os painéis solares da Phoenix passaram a receber menos energia para alimentar seus sistemas. Em 3 de dezembro de 2008 a Nasa abandonou as tentativas de restabelecer as comunicações com a sonda,[5] interrompidas desde 2 de novembro. Em 2010, com o verão novamente incidindo sobre o pólo norte de Marte (1 ano marciano = 1,88 anos terrestres, aproximadamente), foram realizadas novas tentativas de se restabelecer a comunicação com a sonda Phoenix. Apesar da sonda não ter sido projetada para resistir ao inverno de Marte havia uma certa esperança que a "sorte" pudesse fazer ela retornar ao funcionamento quando o Sol voltasse a incidir sobre seus painéis solares. Fotos obtidas através do satélite Mars Reconnaissance Orbiter mostraram algumas alterações substanciais na silhueta da sonda indicando que ela provavelmente foi danificada pelo acúmulo de gelo de gás carbônico como já havia sido antecipado pela Nasa.[6]

Instrumentos[editar | editar código-fonte]

O RA é a peça responsável pela escavação do solo e por entregar amostras de solo para serem analisadas pelos instrumentos TEGA e MECA, para análises químicas e geológicas destes solos. O RA tem 2,35 metros de comprimento e uma articulação no meio, permitindo que o braço robótico faça uma escavação de 0,5 metro de profundidade, fundo o suficiente para obter uma mistura de solo e de gelo.
O RAC é uma câmera colocada junto com o Robotic Arm (RA), um pouco acima da colher da escavadeira. O instrumento fornece imagens de perto e coloridas das vizinhanças do solo do aterrissador, indicando os solos mais promissores a serem escavados pelo braço mecânico, verificando as amostras de solos escavados antes de serem entregues aos instrumentos MECA e TEGA. Além de analisar as texturas e as camadas do solo que compõem as paredes das trincheiras, escavadas pelo braço mecânico.
A Phoenix sendo montada em Cabo Canaveral
O SSI serve de "olhos" para a sonda Phoenix, fornecendo imagens de alta resolução, estereoscópica, além de imagens panorâmicas do ártico marciano. Situado no topo da sonda a uma altura de 2 metros do solo, estes "olhos" simulam o que um ser humano observaria se lá estivesse. Esta câmera utiliza uma unidade de CCD de 1024 x 1024 pixel, está provida de vários filtros permitindo obter imagens multi-espectrais em 12 comprimentos de onda, para observar a geologia ou atmosfera do local.
O TEGA é a combinação de uma fornalha de alta temperatura com um espectrômetro de massa, para analisar o gelo e o solo de Marte.
São oito pequenas aberturas destinadas a recolher as amostras de solo. Cada abertura, quando preenchida com solo, se fecha hermeticamente e aquece seu conteúdo gradualmente a uma taxa constante. Neste processo, se monitoram as transformações de sólido para líquido e deste para gás, dos diferentes materiais que compõem a amostra.
O MARDI é uma câmera que funcionou quando da descida da sonda no pólo de Marte.
As imagens se iniciaram tão logo o escudo térmico inferior do aterrissador foi ejetado, a cerca de 8 quilômetros de altura. Foram captadas uma série de imagens de grande angular e coloridas do local de aterrissagem e de toda a superfície em volta.
MECA é a combinação de diversos instrumentos científicos incluindo um pequeno laboratório de químicaóptico e um Microscópio de força atômica, além de sondas térmicas e de condutividade elétrica.
MECA dissolve pequenas quantidades de solo em água, para determinar seu pH, além da abundância de minerais tais como os cátions de magnésio e de sódio e ânions de cloretobrometo e de sulfato, bem como o do oxigênio e dióxido de carbono dissolvido. Observando através de microscópios, o instrumento MECA examina os grãos de solos para ajudar a determinar a origem do solo e a sua mineralogia.
Destinado à medição diária do tempo de Marte.
Este instrumento opera com princípio semelhante a de um radar, onde poderosos pulsos a laser de ondas de rádio são emitidos. O equipamento dispara pulsos verticais na atmosfera, que são refletidos pelo gelo e pela poeira em suspensão. A luz refletida e o tempo decorrido serão analisados pelo equipamento, revelando informações sobre o tamanho das partículas e sua localização.

Panorama de Marte[editar | editar código-fonte]

Local de pouso

Um panorama de 360 graus montado com imagens feitas entre os dias (sóis) 1 e 3 após o pouso em Marte. A parte superior da imagem foi esticada verticalmente num fator de 8 para mostrar detalhes da paisagem. É visível próximo do horizonte o escudo com o paraquedas de descida (uma mancha brilhante acima e à direita do limite do painel solar esquerdo, aproximadamente a 300 m de distância) e o escudo de proteção termal com sua marca de impacto no solo (duas linhas acima do centro do painel solar esquerdo, aproximadamente a 150 m de distância). No horizonte, à direita do mastro de meteorologia, é possível ver uma cratera. (Deslocar a imagem para a direita se você não estiver vendo o início do mastro).

Referência

  1.  «Nasa anuncia fim da missão da Phoenix em Marte». Terra. 10 de Novembro de 2008. Consultado em 26 de novembro de 2013
  2.  «Phoenix Sol 2 press conference, in a nutshell». The Planetary Society. 27 de maio de 2008. Consultado em 23 de junho de 2008
  3.  Nogueira, Salvador (13 de agosto de 2005). «Sonda vai a Marte, com brasileiro na chefia». DefesaNet. Consultado em 7 de outubro de 2008
  4.  O Globo, Ciência (29 de setembro de 2008). «=Sonda Phoenix detecta formação de neve em Marte». Consultado em 7 de outubro de 2008
  5.  «Nasa perde esperança de recuperar sonda Phoenix». Terra. 3 de dezembro de 2008. Consultado em 29 de maio de 2010
  6.  «Nasa abandona tentativas de contactar sonda Phoenix em Marte». Estadão. 24 de maio de 2010. Consultado em 29 de maio de 2010

DIETA DE WORMS (ASSEMBLEIA DO SACRO IMPÉRIO ROMANO GERMÂNICO) - (1521) - 25 DE MAIO DE 2020



Dieta de Worms

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Lutero na Dieta de Worms.

Dieta de Worms (em alemãoReichstag zu Worms), de 1521, foi uma dieta imperial (uma assembleia) do Sacro Império Romano Germânico realizada em Worms, que na época era uma cidade livre do império. Este tipo de assembleia era um órgão deliberativo formal e suas decisões valiam para todo o império. Seu resultado mais importante e memorável foi o Édito de Worms (em alemãoWormser Edikt), que endereçou especificamente as ideias de Martinho Lutero e os efeitos da Reforma Protestante.

A dieta se reuniu de 28 de janeiro até 26 de maio de 1521 sob a presidência do imperador Carlos V.[1]

Outras dietas imperiais foram realizadas em Worms nos anos de 829, 926, 1076, 1122, 1495 e 1545, mas, exceto quando claramente indicado, o termo "Dieta de Worms" geralmente é uma referência a esta assembleia de 1521.

Contexto[editar | editar código-fonte]

Em junho do ano anterior, 1520, o papa Leão X publicou a bula "Exsurge Domine" ("Erguei-vos, Senhor") expondo quarenta e um supostos erros encontrados nas 95 teses de Martinho Lutero e em outras obras relacionadas ao tema ou escritas por ele. Para a assembleia em 1521, o próprio Lutero foi convocado pelo imperador e, para que pudesse comparecer, o príncipe Frederico III, Eleitor da Saxônia, concedeu-lhe um salvo-conduto. Esta garantia era essencial, especialmente por causa do tratamento dispensado ao reformista Jan Hus, que foi julgado e condenado no Concílio de Constança, em 1415, apesar de ter recebido uma promessa de salvo-conduto da Igreja Católica.

O imperador Carlos V deu início aos trabalhos da Dieta de Worms em 23 de janeiro de 1521. Esperava-se de Lutero que ele abjurasse ou reafirmasse suas ideias. Quando ele apareceu diante da assembleia, em 16 de abril, Johann Eck um assistente de Richard von Greiffenklau zu Vollradspríncipe-arcebispo de Tréveris, atuou como porta-voz do imperador.

Martinho Lutero[editar | editar código-fonte]

Estátua de Martinho Lutero em Eisenach.

Os principais eventos relativos a Lutero na Dieta Worms ocorreram entre 16 e 18 de abril de 1521. Ao chegar, no dia 16, Lutero foi convocado a aparecer diante da assembleia no dia seguinte às 4 horas da tarde. Jeromee Schurff, um professor de direito canônico da Universidade de Wittenberg, seria o seu advogado.

No dia 17, dois oficiais imperiais, Ulrich von Pappenheim e Caspar Sturm, foram buscar Lutero.[2] Pappenheim lembrou a Lutero que ele só deveria falar para responder aos questionamentos do oficial que presidia a sessão, Johann Eck. Ao chegar, Eck perguntou-lhe se a coleção de livros apresentada era obra de Lutero e se ele estava pronto para renunciar às suas heresias. Schurff, o advogado de Lutero, pediu que os títulos das obras fossem lidos. Era vinte e cinco livros e entre elas provavelmente estavam "95 Teses", "Resoluções Sobre as 95 Teses", "Sobre o Papado de Roma", "Discurso à Nobreza Cristã", "O Cativeiro Babilônico da Igreja" e "Sobre a Liberdade de um Cristão". Logo em seguida, Lutero foi novamente instado a responder. Ele pediu mais tempo para formular uma resposta apropriada e recebeu ordem de comparecer novamente no dia seguinte no mesmo horário.

Em 18 de abril, Lutero, depois de ter orado por um longo tempo e se consultado com amigos e mediadores, apresentou-se novamente na Dieta. Quando o oficial refez as perguntas, Lutero primeiro se desculpou por desconhecer a etiqueta apropriada para a corte. E em seguida respondeu: "São todos meus, mas, no caso da segunda questão, não são todos do mesmo tipo". Ele prosseguiu dividindo suas obras em três categorias:

  1. Obras que foram bem recebidas até pelos seus inimigos: estas ele não rejeitaria.
  2. Obras que atacavam os abusos, mentiras e infâmias do mundo cristão e do papado: estas, segundo ele, não poderiam ser rejeitadas sem que isto fosse visto como um encorajamento a estes mesmos abusos. Rejeitá-las abriria as portas para ainda mais opressão.[3] "Se eu agora renegá-las então estaria fazendo nada além de reforçar a tirania".[3]
  3. Obras que atacavam indivíduos: ele se desculpou pelo tom duro destas obras, mas não rejeitou a substância do que propôs nelas. E afirmou que se lhe fosse mostrado com base nas Escrituras que ele havia incorrido em erro ele as renegaria.

Lutero terminou sua resposta afirmando[4]:

A não ser que eu esteja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pela razão clara (pois não confio nem no papa ou em concílios por si sós, pois é bem sabido que eles frequentemente erraram e se contradisseram) sou obrigado pelas Escrituras que citei e minha consciência é prisioneira da palavra de Deus. Não posso e não irei renegar nada, pois não é nem seguro e nem correto agir contra a consciência. Que Deus me ajude. Amém.

Segundo a tradição, Lutero teria declarado "Aqui estou e não posso ser diferente" antes de concluir com um "Que Deus me ajude".[5] Porém, não há indicação nem nos transcritos da Dieta e nem nos relatos de testemunhas oculares de que ele tenha dito isto e, por isto, muitos estudiosos modernos duvidam que ele tenha dito essas palavras.

A resposta de Eck deixou claro para Lutero que ele estava agindo como um herege[6]:

Martinho, não há nenhuma das heresias em particular que tenha despedaçado o seio da igreja, que não seja derivada em sua origem das várias interpretações das Escrituras. A própria Bíblia é o arsenal no qual cada inovador se baseou para seus argumentos enganadores. Foi com textos bíblicos que Pelágio e Ário defenderam suas doutrinas. Ário, por exemplo, encontrou a negação da eternidade do Verbo — uma eternidade que você admite — neste versículo do Novo Testamento: «José não conheceu sua esposa até que ela deu à luz seu filho, o primogênito» [Mateus 1:25]; e ele disse, assim como você diz, que esta passagem o aprisionou. Quando os padres do concílio de Constança condenaram esta proposição de Jan Hus — «A igreja de Jesus Cristo é apenas a comunidade dos eleitos» — eles condenaram um erro, pois a igreja, como uma boa mãe, engloba em seus braços todos os que são chamados cristãos, todos os que foram chamados a gozar da beatitude celeste.

Diversas conferências privadas foram realizadas para determinar o destino de Lutero, mas, antes que uma decisão fosse tomada, ele fugiu.

Édito de Worms[editar | editar código-fonte]

Carlos V, o imperador do Sacro Império Romano Germânico que outorgou o Édito de Worms.
1548. Por Ticiano, atualmente no Museu do Prado, em Madrid.

O Édito de Worms, escrito com a ajuda do núncio papal na dieta, Girolamo Aleandro, foi o decreto outorgado em 26 de maio de 1521 pelo imperador Carlos V que declarou criminosos todos os que "seja por atos ou palavras, defendessem, sustentasse ou favorecessem o que foi dito por Martinho Lutero". O édito determinou ainda que Lutero fosse preso e levado até o imperador para ser punido como herege e estipulou uma generosa recompensa aos que ajudassem neste intento.

Esta decisão foi ápice do conflito crescente entre Martinho Lutero e a Igreja Católica sobre as reformas propostas por ele. No campo da teologia, Lutero havia desafiado a autoridade absoluta do papa sobre a igreja ao defender que a doutrina das indulgências era errônea.[7] Lutero defendia também que a salvação se dava apenas pela fé ("sola fide"), sem referência às boas ações, esmolas, penitências ou aos sacramentos. Estes eram, segundo Lutero, "meios da graça", o que significa que eles concediam a graça a quem os realizasse, mas que o crédito todo pela ação era de Deus e não do indivíduo.[8] Finalmente, Lutero também desafiou a autoridade da igreja ao defender que todas as doutrinas e dogmas sem base nas Escrituras deveriam ser descartados ("sola scriptura").

Para proteger a autoridade do papa e da Igreja Católica e também para a manter a prática do recebimento de doações em troca de indulgências, os oficiais eclesiásticos presentes na dieta convenceram Carlos V que Lutero era uma ameaça e o persuadiram a autorizar que ele fosse condenado pelo Sacro Império Romano Germânico.

Eventos posteriores[editar | editar código-fonte]

Apesar de ter recebido promessas de que poderia voltar para casa em segurança, Lutero sabia que seria preso e punido. Para protegê-lo deste destino, o príncipe Frederico o capturou durante sua viagem de volta a Wittenberg e o escondeu no Castelo de Wartburg. Foi neste período que Lutero começou sua famosa tradução da Bíblia para o alemão. O poderoso testemunho de fé de Lutero diante da assembleia em Worms impressionou Jorge, Margrave de Brandenburgo-Ansbach, que se converteu para a nova fé antes de qualquer outro príncipe alemão e de qualquer outro membro da Casa de Hohenzollern. Além disto, Lutero passou a se corresponder com ele para discutir os mais prementes problemas da fé.

O Édito de Worms foi temporariamente suspenso na Dieta de Speyer (1526), mas foi reinstalado na Dieta de Speyer (1529).

Quando Lutero finalmente saiu de sua reclusão em Wartburg, o imperador, distraído por outros assuntos políticos, não pressionou para que ele fosse preso. No fim, por conta do crescente apoio a Lutero entre os alemães e da proteção de alguns príncipes imperiais, o Édito de Worms jamais foi aplicado na Alemanha. Porém, nos Países Baixos (uma região que abrangia os modernos estados da BélgicaHolanda e Luxemburgo), o Édito foi inicialmente aplicado contra os mais ativos defensores de Lutero. Isto se deu porque a região estava sob o comando direto do imperador Carlos V e de seu regente, Margarida da Áustria, Duquesa de Saboia (tia de Carlos). Em dezembro de 1521, Jacob Probst, prior do mosteiro agostiniano em Antuérpia, foi o primeiro clérigo defensor de Lutero a ser preso e processado sob os termos do Édito de Worms. Em fevereiro de 1522, Probst foi compelido a abjurar publicamente os ensinamentos de Lutero. Mais tarde, novas prisões foram realizadas entre os agostinianos de Antuérpia e dois monges, Johann Esch e Heinrich Voes, se recusaram a abjurar e, em 1 de julho de 1523, foram queimados vivos em Bruxelas.[9]

Referências

  1.  Chronik der Stadt Worms Internet Archive
  2.  Schaff, Philip (2015). History of the Christian Church. [S.l.]: Arkrose Press. p. 145. ISBN 1346209650
  3. ↑ Ir para:a b Oberman, Heiko, Luther: Man Between God and the Devil, New Haven: Yale University Press, 2006, ISBN 0-300-10313-1.
  4.  Brecht, MartinMartin Luther. tr. James L. Schaaf, Philadelphia: Fortress Press, 1985–93, 1:460.
  5.  Elesha Coffman. «'Hier Stehe Ich!'»ChristianityToday.com (em inglês)
  6.  Martin Luther. «Life of Luther (Luther by Martin Luther)»
  7.  Noll, Mark A. (2000) [1997]. Turning Points: Decisive Moments in the History of Christianity. Grand Rapids, MI: Baker Academic. p. 160. ISBN 978-0-8010-1159-7
  8.  Graebner, Augustus Lawrence. «Outlines of Doctrinal Theology». Saint Louis, MO: Concordia Publishing House. p. 161. Arquivado do original em 21 de janeiro de 2012
  9.  Brecht, Martin. Martin Luther. tr. James L. Schaaf, Philadelphia: Fortress Press, 1985–93, 2:102ff.

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