sexta-feira, 22 de maio de 2020

DO TEMPO DA OUTRA SENHORA - 22 DE MAIO DE 2020

Do Tempo da Outra Senhora


O Dia da Espiga (2ª edição)

Posted: 20 May 2020 07:11 AM PDT

Esta é a 2ª edição do post, cuja 1ª edição, datada de 6 de Março de 2010, foi agora ampliada com diversas referências de literatura oral: adagiário português (4), superstições populares (6) e cancioneiro popular (1). Foram igualmente adicionadas, novas fontes bibliográficas (3).

Bilhete-postal ilustrado dos anos 20 do século XIX,
reproduzindo ilustração de A. Rey Colaço.

De acordo com o calendário litúrgico cristão, na Quinta-Feira de Ascensão comemora-se a ascensão de Cristo Salvador ao Céu, após ter sido crucificado e ter ressuscitado. Esta data móvel encerra um ciclo de quarenta dias após a Páscoa. Lá diz o adágio: "Da Páscoa à Ascensão, 40 dias vão."
Na Quinta-Feira de Ascensão celebra-se igualmente o Dia da Espiga. Era tradição e igualmente superstição [2], as pessoas irem para o campo neste dia, para apanhar a espiga de trigo e outras plantas e flores silvestres. Faziam um ramo que incluía pés de trigo e/ou centeio, cevada, aveia, um ramo florido de oliveira, papoilas e margaridas.
O ramo tinha um valor simbólico. Simbolizava a fecundidade da terra e a alegria de viver. As espigas simbolizavam o pão e a abundância, as papoilas o amor e a vida, o ramo de oliveira a paz e as margaridas o ouro, a prata e o dinheiro.
Nalguns locais, o ritual da colheita da espiga era muito preciso. Na 5ª Feira de Ascensão, devia ir-se ao campo, do meio-dia para a uma hora, colher flores de oliveira, espigas de trigo e flores amarelas e brancas, tudo em número de cinco. Deviam rezar-se igualmente cinco Padres-Nossos, cinco Ave Marias e cinco Gloria Patres, para que durante o ano, houvesse sempre em casa, azeite, ouro e prata. [6]
De acordo com a tradição, o ramo devia ser pendurado dentro de casa, na parede da cozinha ou da sala, aí se conservando durante um ano, até ser substituído pelo ramo do ano seguinte. Havia a crença que o ramo funcionava como um poderoso amuleto que trazia a abundância, a alegria, a saúde e a sorte. Lá diz o adágio: "Quem tem trigo da Ascensão, todo o ano terá pão." E porquê? Porque se acredita naquilo que diz o cancioneiro popular alentejano:

"Tudo vai colher ao campo
Quinta-feira d'Ascensão,
trigo, papoila, oliveira.
p'ra que Deus dê paz e pão." [4]

"Quinta-feira de Ascensão
As flores têm virtudes,
Quis amar teu coração,
Fiz empenho mas não pude." (Évora) [3]

Estava de resto, arreigada a superstição de que era bom colher certas flores e plantas medicinais na Quinta-Feira de Ascensão, antes do nascer do Sol. [2] Existia igualmente a crença de que os ovos postos pelas galinhas, entre o meio-dia e a uma hora da Quinta-Feira de Ascensão, nunca apodrecem e têm a virtude de curar doenças e suprimir dores. [2] Acreditava-se também que o queijo feito na Quinta-Feira de Ascensão era medicamento eficaz contra as sezões. [1] Existia ainda o convencimento de que o vento que na Quinta-feira de Ascensão, soprasse à uma hora da tarde, era o que sopraria durante todo o ano. Existia finalmente a convicção de que era bom comer carne na Quinta-Feira de Ascensão, de acordo com adágio:

“Em Quinta-Feira de Ascensão,
Quem não come carne
Não tem coração;
Ou de ave de pena,
Ou de rês pequena.” [2]

A origem festiva do Dia da Espiga, coincidente com a Quinta-Feira da Ascensão, é muito anterior à era cristã. Na verdade, este dia é um sucessor claro de rituais pagãos, praticados durante séculos, por todo o mundo mediterrâneo, em que grandiosos festivais de cantares e danças, celebravam a Primavera e consagravam a natureza. Neles se exortava o eclodir da vida vegetal e animal, após a letargia dos meses frios, bem como a esperança nas novas colheitas. O Dia da Espiga era assim como que uma bênção aos primeiros frutos e marcava o início da época das colheitas.
A Igreja, à semelhança do que fez com outras ancestrais festas pagãs, cristianizou o Dia da Espiga. A data atravessa assim os tempos com uma dupla significação:
- como Quinta-feira de Ascensão, para os cristãos, assinalando, a ascensão de Jesus ao Céu, ao fim de 40 dias;
- como Dia da Espiga, traduzindo aspectos e crenças não religiosos, mas exclusivos da esfera agrícola e familiar.

Bilhete-postal ilustrado do 2º quartel do século XIX, edição A.V.L. (Lisboa),
reproduzindo aguarela de Alfredo Moraes (1872-1971).

Actualmente poucas são as pessoas que ainda se deslocam ao campo na Quinta-Feira da Ascensão para apanhar o ramo da espiga. Mas aquelas que vão, têm dificuldade em constituir o ramo, sobretudo pela dificuldade em recolher pés de cereal, raros a partir do momento em que os nossos agricultores receberam dinheiro de Bruxelas para deixar de cultivar. Apesar de tudo, há quem consiga cumprir a tradição. E há também quem faça negócio com a tradição, colhendo e vendendo ramos de espiga na cidade. Apesar do mercantilismo deste biscate em tempo de crise, é um contributo para a preservação da tradição. Actualmente, também são poucas as pessoas que se deslocam à Igreja para participar nos deveres religiosos inerentes à data. Todavia, houve tempos em que a data, das mais festivas do ano, era repleta de cerimónias sagradas e profanas, que chegavam a implicar a paralisação laboral. Existia mesmo a crença que em Quinta-Feira de Ascensão, os passarinhos não vão aos ninhos. [1] Daí também o adágio: “No Dia da Ascensão nem os passarinhos bolem nos ninhos”, o que está de acordo com o cancioneiro popular:

“Se os passarinhos soubessem
Quando é dia d'Ascensão,
Nem subiam ao seu ninho,
Nem punham o pé no chão.” [5]

Existia igualmente a crença de que na Quinta-Feira de Ascensão, os pássaros não iam ao ninho desde o meio-dia até à uma hora, que era o período de orações nas festas da Igreja. Consta, que antigamente, finalizadas essas orações, era costume soltarem-se passarinhos do coro e das tribunas, e espargirem-se flores desfolhadas sobre os fiéis. [6]
Por vezes chove na Quinta-feira de Ascensão, o que originou a convicção de que em chovendo na tarde de Quinta-Feira de Ascensão, as nozes apodrecem e os frutos sairão pecos. [6] O adagiário, regista, de resto a crença de que “Água d'Ascensão, tira o vinho e dá o pão”, assim como “Chuvinha da Ascensão, dá palhinha e dá pão” e também “Quinta-feira da Ascensão, coalha a amêndoa e o pinhão”.

BIBLIOGRAFIA
[1] - CHAVES, Luís. Páginas Folclóricas - I : A Canção do Trabalho. Separata do vol. XXVI da "Revista Lusitana". Imprensa Portuguesa. Porto, 1927.
[2] - CONSIGLIERI PEDROSO, "Superstições Populares”, “O Positivismo: revista de Filosofia, Vol. III. Porto, 1881.
[3] – LEITE DE VASCONCELLOS, J. Leite. Cancioneiro Popular Português, vol. III. Acta Universitatis Conimbrigensis. Coimbra, 1983.
[4] – SANTOS, Vítor. Cancioneiro Alentejano - Poesia Popular. Livraria Portugal. Lisboa, 1959.
[5] - THOMAZ PIRES, A. Cantos Populares Portugueses, vol. I. Typographia Progesso. Elvas, 1902.
[6] - THOMAZ PIRES, A. Tradições Populares Transtaganas. Tipographia Moderna. Elvas, 1927.

ATENTADO DE MANCHESTER EM 2017 - 22 DE MAIO DE 2020


Atentado de Manchester em 2017

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Atentado de Manchester em 2017
Manchester Arena, local da explosão, em imagem de 2010.
LocalManchester Arena
ManchesterReino Unido
Coordenadas53° 29' 17" N 2° 14' 38" O
Data22 de maio de 2017
22h35min (UTC+1)
Tipo de ataqueAtaque suicida com explosivo
Mortes23 (incluindo o perpetrador)
Feridos800 (112 hospitalizados)
Responsável(is)Flag of the Islamic State of Iraq and the Levant2.svg Estado Islâmico[1]
Suspeito(s)Salman Ramadan Abedi[1][2]
Manchester está localizado em: Reino Unido
Manchester
Localização de Manchester no Reino Unido

Atentado de Manchester em 2017 foi um ataque terrorista que aconteceu em 22 de maio de 2017 no Reino Unido. Uma dupla explosão aconteceu no exterior da Manchester Arena após um show da cantora pop norte-americana Ariana Grande, por um homem bomba.[3] O incidente ocorreu às 22:35 UTC+1, causando pelo menos 22 mortos e hospitalizou 112 pessoas.[4]

O incidente ocorreu após o final do concerto, parte da Dangerous Woman Tour de Grande. A estação Manchester Victoria foi evacuada e fechada, e os serviços cancelados. A cantora não sofreu ferimentos e foi noticiado pela imprensa que se encontra bem.[5] Pouco tempo depois, em seu Twitter, Grande afirmou que estava "devastada" com o ocorrido e veio a cancelar sete datas de sua turnê mundial, até o show de 5 de junho.[6]

Mais tarde, o grupo terrorista autoproclamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) se declarou responsável pelo atentado. O autor do crime foi identificado como Salman Abedi, um homem de 22 anos, que era conhecido das autoridades. Salman é natural de Manchester, filho de imigrantes líbios, nascido em uma família de "muçulmanos devotos" sem laços com movimentos extremistas.[2] Um dos motivos do atentado seria a participação britânica na guerra contra o EIIL no oriente médio.[1][7] Subsequente ao ocorrido, diversas pessoas foram presas pela polícia acusadas de envolvimento com células terroristas.[8]

Repercussão[editar | editar código-fonte]

A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou que o incidente era um "horrível atentado terrorista" e convocou uma reunião de gabinete. Já o prefeito de Manchester, Andy Burnham, disse que o ato era "maligno" e prestou solidariedade as vítimas. O prefeito de Londres, Sadiq Khan, também condenou o ataque e ordenou que a segurança na capital inglesa fosse reforçada. Os partidos políticos britânicos envolvidos na eleição de 2017 suspenderam as suas campanhas.[9][10][11][12] A rainha, Elizabeth II, igualmente mostrou seu pesar com a situação.[13]

Mensagens de condolências e solidariedade foram expressas por líderes e representantes de governos de vários países, como AlemanhaArmêniaAustráliaAzerbaijãoBélgicaCanadáChinaEspanhaEstados UnidosFilipinasFinlândiaFrançaGréciaHungriaÍndiaIrãIsraelJapãoMalásiaNoruegaPalestinaPaíses BaixosPortugalQuêniaRússiaSingapura e Suécia.[14]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c "Latest on investigation into Manchester concert bombing"
  2. ↑ Ir para:a b "Manchester attack: Salman Abedi named as bomber by police". Página acessada em 23 de maio de 2017.
  3.  «O que se sabe até agora sobre ataque suicida que matou 22 em show de Ariana Grande em Manchester». BBC Brasil. 23 de maio de 2017. Consultado em 23 de maio de 2017
  4.  «'Pareciam cenas de filme de guerra': os testemunhos da explosão que deixou ao menos 22 mortos em Manchester». BBC Brasil. 22 de maio de 2017. Consultado em 23 de maio de 2017
  5.  «"Não tenho palavras", diz Ariana Grande após atentado». UOL. 23 de maio de 2017. Consultado em 23 de maio de 2017
  6.  Peter Sblendorio (24 de maio de 2017). «Ariana Grande concerts canceled through June 5 after Manchester bombing»New York Daily News (em inglês). Mortimer Zuckermann. Consultado em 24 de maio de 2017
  7.  «Polícia identifica autor do atentado em Manchester». UOL. 23 de maio de 2017
  8.  Witte, Griff; Adam, Karla; Raghavan, Sudarsan (24 de maio de 2017). «Manchester bombing probe expands with arrests on two continents»Washington Post. Consultado em 30 de maio de 2017
  9.  «Manchester Arena attack: What we know so far»BBC News. 23 de maio de 2017. Consultado em 23 de maio de 2017
  10.  «Manchester Arena explosion: Latest updates»BBC News. 23 de maio de 2017. Consultado em 24 de maio de 2017
  11.  «Manchester Arena: children among 22 dead in explosion at Ariana Grande concert». Consultado em 23 de maio de 2017
  12.  Silvera, Ian (23 de maio de 2017). «Sadiq Khan: London stands united with Manchester after cowardly terrorist attack»International Business Times. Consultado em 23 de maio de 2017
  13.  Jenny.minard. «A message from Her Majesty The Queen to the Lord-Lieutenant of Greater Manchester»The Royal Family. Consultado em 23 de maio de 2017
  14.  Condolências recebidas:

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