Escrever uma newsletter não é propriamente uma ciência muito complicada mas, como em tudo, obedece a uma organização “logística” que difere consoante a pessoa que a esteja a fazer. No Desporto, como à exceção deste texto principal tudo obedece a determinados campos que têm de ser preenchidos, dá para ir adiantando durante os dias da semana. Ou seja, entre Pódio, Jogo em Palavras, Terceiro Tempo e Eu, a TV e um Comando, a mecânica acaba por ser sempre a mesma. Ou era. Porque se antes o complicado era escolher apenas três eventos desportivos que fossem decorrer durante a semana, durante quase dois meses o difícil mesmo foi encontrar três eventos desportivos.
A Liga de futebol da Bielorrússia deu uma ajuda, grande. Sempre a fazer um double check na classificação e nos nomes certos dos clubes de uma forma que era tudo menos intuitiva, mas uma ajuda. E pelo meio ainda houve esse advento da Liga de futebol da Nicarágua e um cheirinho da Liga de futebol do Tajiquistão. É verdade, não estava a ser fácil. Esta semana chegou a Liga de futebol da Coreia do Sul, que ainda assim tem a conexão portuguesa com José Morais, o antigo adjunto de José Mourinho que lidera o campeão em título, o Jeonbuk – que se estreou na edição deste ano com um triunfo pela margem mínima frente ao Suwon com um golo do veterano Lee-Dong Gook.
O que se viu nesse encontro inaugural da competição asiática? Jogadores de máscara no banco (técnicos também mas José Morais esqueceu-se de forma inadvertida de colocar de novo a proteção quando voltou do intervalo), uma entrada sem cumprimentos nem crianças, a festa do golo sem celebrações – ainda que com gestos feitos com a mão pelos jogadores que permitiram “desenhar” uma dedicatória aos profissionais de saúde –, garrafas de água individualizadas, os sons dos espetadores simulados de quando em vez pelas colunas do estádio, muitas tarjas espalhadas pelas bancadas vazias. Este é o retrato de uma nova realidade, na sociedade e no futebol. E que agora, já a partir deste sábado, chegará da Alemanha via Bundesliga.
Em vez de Yakhshiboev, Kadimyan, Gorbachik, Umar ou Momo Yansané, vamos escrever sobre Lewadowski, Timo Werner, Haaland, Weghorst, Sancho, Andersson ou Hennings. Os jogos serão à porta fechada, com os atletas a cumprirem um sem número de obrigatoriedades (um exemplo: todas as equipas germânicas estão há seis dias confinadas a hotéis, de onde só saem para treinar e jogar) mas estão marcados. E prometem, como o B. Dortmund-Schalke 04 (sábado, 14h30), Eintracht Frankfurt-B. Mönchengladbach (sábado, 17h30), Union Berlin-Bayern (domingo, 17h) ou o Werder Bremen-Bayer Leverkusen (segunda-feira, 19h30). Em Portugal, falta pouco.
É muito provável que em breve já estejam definidos os jogos, os dias, as horas e os estádios da 25.ª jornada e não só mas, para já, o que existe é uma data: 4 de junho, quinta-feira. Será esse o momento em que regressa a Primeira Liga, que deverá disputar em menos de oito semanas as dez jornadas em falta antes da final da Taça de Portugal entre FC Porto e Benfica. Para trás ficaram as dúvidas sobre os pontos 1 e 2 do parecer enviado pela DGS para a Federação, que mereceu críticas de alguns jogadores (Danilo, Zé Luís, Soares ou Francisco Geraldes) antes da reunião a pedido do Sindicato dos capitães de equipa com Adalberto Campos Fernandes, médico, ex-ministro e especialista em Saúde Pública que é um dos peritos da Comissão de Emergência criada pela Federação.
Para trás ficaram ainda os 12 testes positivos entre atletas e staff de cinco equipas (Benfica, Famalicão, V. Guimarães, Moreirense e Belenenses SAD) – que já eram esperados pelas autoridades nesta primeira fase de testagem, à semelhança do que aconteceu noutras ligas europeias (o alegado caso no FC Porto não foi confirmado).
Num outro plano, as eleições do FC Porto foram marcadas para os dias 6 e 7 de junho, que deverá coincidir com o primeiro fim de semana com jogos da Primeira Liga. Além de Pinto da Costa, à frente do clube azul e branco há 38 anos, concorrem à presidência José Fernando Rio e Nuno Lobo, que já revelaram algumas das propostas que irão apresentar a sufrágio. Em paralelo, o Tribunal Constitucional rejeitou o recurso dos dragões para afastar o juiz desembargador da Relação do Porto Eduardo Pires, a quem foi distribuído o processo cível relativo à divulgação de emails que terminou com o FC Porto condenado a pagar dois milhões de euros ao Benfica.
No Sporting, numa semana marcada pelos dois anos do ataque à Academia em Alcochete e pelas duas décadas do título que quebrou o maior jejum de Campeonatos do clube até então (uma barreira que poderá ser superada na presente época, caso os leões não consigam recuperar os 19 e 18 pontos de desvantagem para FC Porto e Benfica), o clube apresentou o projeto “Regresso ao Futuro, Visão Estratégia 2020-2022” que baliza os principais objetivos para os dois últimos anos de mandato de Frederico Varandas na liderança, onde se destacam pontos como a necessidade de ir à Liga dos Campeões, a duplicação da Academia, a aposta nos 89 high profiles detetados na formação ao longo das últimas duas temporadas e a transformação de Alvalade com a colocação de cadeiras verdes em todo o estádio. Esta sexta-feira, o clube anunciou também o prolongamento por mais um mês do layoff.
Nas modalidades, as atenções centraram-se na dança de cadeiras na Fórmula 1 (que tem intenção de começar o Mundial de 2020 a 4 e 5 de julho na Áustria, ainda sem certezas): Sebastian Vettel anunciou a saída da Ferrari no final da temporada, a família Sainz teve mais uma razão para festejar depois do triunfo do Carlos pai no Rali Dakar com a chegada do Carlos filho à equipa italiana a partir de 2021, Daniel Ricciardo pode mudar para a McLaren e a Renault pensa em Fernando Alonso como substituto do australiano. No meio de tudo isto, a Fórmula 1 pode ter pela primeira vez em 2021 um Mundial sem a participação de pilotos alemães, o que não acontece desde 1981.