terça-feira, 5 de maio de 2020

DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA E DA CULTURA LUSÓFONA - 5 DE MAIO DE 2020,

Dia da Cultura Lusófona

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Dia da Cultura Lusófona
Distribuição da língua portuguesa no mundo.
Nome oficialDia da Língua Portuguesa e da Cultura Lusófona
Celebrado por Angola
 Brasil
Cabo Verde Cabo Verde
 Guiné-Bissau
 Moçambique
Portugal Portugal
 São Tomé e Príncipe
 Timor-Leste
TipoCultural
Data5 de maio
TradiçõesComemora a língua portuguesa e a cultura lusófona
FrequênciaAnualmente
Dia da Língua Portuguesa e da Cultura Lusófona é celebrado anualmente no dia 5 de maio. O dia foi criado em 2005 durante uma reunião em LuandaAngola dos ministros da cultura de sete países lusófonos: Angola, BrasilCabo VerdeGuiné-BissauMoçambiquePortugal e São Tomé e Príncipe.[1][2]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências


Língua portuguesa

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Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Língua portuguesa (desambiguação).
Português
Falado em:Ver geografia da língua portuguesa
Total de falantes:Nativa: 250 milhões
Total: 273 milhões
Posição:5.ª como língua nativa[1][2]
6.ª como língua nativa e segunda língua
Família:Indo-europeia
 Itálica
  Românica
   Ítalo-ocidental
    Românica ocidental
     Galo-ibérica
      Ibero-românica
       Ibero-ocidental
        Galaico-portuguesa
         Português
Escrita:Alfabeto latino
Estatuto oficial
Língua oficial de:


Várias organizações internacionais
Regulado por:
Códigos de língua
ISO 639-1:pt
ISO 639-2:por
ISO 639-3:por
Map of the portuguese language in the world.svg
  Língua materna
  Língua oficial e administrativa
  Língua cultural ou de importância secundária
  Comunidades de minorias lusófonas
língua portuguesa, também designada português, é uma língua românica flexiva ocidental originada no galego-português falado no Reino da Galiza e no norte de Portugal. Com a criação do Reino de Portugal em 1139 e a expansão para o sul como parte da Reconquista deu-se a difusão da língua pelas terras conquistadas e mais tarde, com as descobertas portuguesas, para o BrasilÁfrica e outras partes do mundo.[3] O português foi usado, naquela época, não somente nas cidades conquistadas pelos portugueses, mas também por muitos governantes locais nos seus contatos com outros estrangeiros poderosos. Especialmente nessa altura a língua portuguesa também influenciou várias línguas.[4]
Durante a Era dos Descobrimentos, marinheiros portugueses levaram o seu idioma para lugares distantes. A exploração foi seguida por tentativas de colonizar novas terras para o Império Português e, como resultado, o português dispersou-se pelo mundo. Brasil e Portugal são os dois únicos países cuja língua primária é o português. É língua oficial em antigas colônias portuguesas, nomeadamente, MoçambiqueAngolaCabo VerdeGuiné Equatorial,[5][6][7] Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, todas na África.[8] Além disso, por razões históricas, falantes do português, ou de crioulos portugueses, são encontrados também em Macau (China), Timor-Leste, em Damão e Diu e no estado de Goa (Índia), Malaca (Malásia), em enclaves na ilha das Flores (Indonésia), Batticaloa no (Sri Lanka) e nas ilhas ABC no Caribe.[9][10]
É uma das línguas oficiais da União Europeia, do Mercosul, da União de Nações Sul-Americanas, da Organização dos Estados Americanos, da União Africana e dos Países Lusófonos. Com aproximadamente 280 milhões de falantes, o português é a 5.ª língua mais falada no mundo, a 3.ª mais falada no hemisfério ocidental e a mais falada no hemisfério sul do planeta.[11] O português é conhecido como "a língua de Camões" (em homenagem a uma das mais conhecidas figuras literárias de Portugal, Luís Vaz de Camões, autor de Os Lusíadas) e "a última flor do Lácio" (expressão usada no soneto Língua Portuguesa, do escritor brasileiro Olavo Bilac).[12] Miguel de Cervantes, o célebre autor espanhol, considerava o idioma "doce e agradável".[13] Em março de 2006, o Museu da Língua Portuguesa, um museu interativo sobre o idioma, foi fundado em São PauloBrasil, a cidade com o maior número de falantes do português em todo o mundo.[14]
O Dia Internacional da Língua Portuguesa é comemorado em 5 de maio.[15] A data foi instituída em 2009, no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com o propósito de promover o sentido de comunidade e de pluralismo dos falantes do português. A comemoração propicia também a discussão de questões idiomáticas e culturais da lusofonia, promovendo a integração entre os povos desses nove países.[16]

História

Mapa cronológico mostrando o desenvolvimento das línguas do sudoeste da Europa entre as quais o português.
Poesia medieval
portuguesa
Das que vejo
nom desejo
outra senhor se vós nom,
e desejo
tam sobejo,
mataria um leon,
senhor do meu coraçom:
fim roseta,
bela sobre toda fror,
fim roseta,
nom me meta
em tal coita voss'amor!
João de Lobeira
(c. 1270–1330)
O português teve origem no que é hoje a Galiza e o norte de Portugal, derivada do latim vulgar que foi introduzido no oeste da Península Ibérica há cerca de dois mil anos. Tem um substrato céltico-lusitano,[17] resultante da língua nativa dos povos ibéricos pré-romanos que habitavam a parte ocidental da Península (GalaicosLusitanosCélticos e Cónios). Surgiu no noroeste da Península Ibérica e desenvolveu-se na sua faixa ocidental, incluindo parte da antiga Lusitânia e da Bética romana. O romance galaico-português nasce do latim falado, trazido pelos soldados romanos, colonos e magistrados. O contato com o latim vulgar fez com que, após um período de bilinguismo, as línguas locais desaparecessem, levando ao aparecimento de novos dialetos. Assume-se que a língua iniciou o seu processo de diferenciação das outras línguas ibéricas através do contato das diferentes línguas nativas locais com o latim vulgar, o que levou ao possível desenvolvimento de diversos traços individuais ainda no período romano.[18][19][20] A língua iniciou a segunda fase do seu processo de diferenciação das outras línguas românicas depois da queda do Império Romano, durante a época das invasões bárbaras no século V quando surgiram as primeiras alterações fonéticas documentadas que se reflectiram no léxico. Começou a ser usada em documentos escritos pelo século IX, e no século XV tornara-se numa língua amadurecida, com uma literatura bastante rica.
Chegando à Península Ibérica em 218 a.C., os romanos trouxeram com eles o latim vulgar, de que todas as línguas românicas (também conhecidas como "línguas novilatinas" ou "neolatinas") descendem. Só no fim do século I a.C. os povos que viviam a sul da Lusitânia pré-romana, os cónios e os celtas, começam o seu processo de romanização. As línguas paleo-ibéricas, como a Língua lusitana ou a sul-lusitana são substituídas pelo latim.[21] A língua difundiu-se com a chegada dos soldados, colonos e mercadores, vindos das várias províncias e colónias romanas, que construíram cidades romanas normalmente perto de cidades nativas.
A partir de 409 d.C.,[22] enquanto o Império Romano entrava em colapso, a Península Ibérica era invadida por povos de origem germânica e iraniana ou eslava[23] (suevosvândalosbúriosalanosvisigodos), conhecidos pelos romanos como bárbaros que receberam terras como federados. Os bárbaros (principalmente os suevos e os visigodos) absorveram em grande escala a cultura e a língua da Península; contudo, desde que as escolas e a administração romana fecharam, a Europa entrou na Idade Média e as comunidades ficaram isoladas, o latim popular continuou a evoluir de forma diferenciada levando à formação de um proto-ibero-romance "lusitano" (ou proto-galego-português). Desde 711, com a invasão islâmica da Península, que também introduziu um pequeno contingente de saqalibas, o árabe tornou-se a língua de administração das áreas conquistadas. Contudo, a população continuou a usar as suas falas românicas, o moçárabe nas áreas sob o domínio mouro, de tal forma que, quando os mouros foram expulsos, a influência que exerceram na língua foi relativamente pequena. O seu efeito principal foi no léxico, com a introdução de cerca de mil palavras através do moçárabe-lusitano.
Em 1297, com a conclusão da reconquista, o rei D. Dinis I prossegue políticas em matéria de legislação e centralização do poder, adoptando o português como língua oficial em Portugal. O idioma se espalhou pelo mundo nos séculos XV e XVI quando Portugal estabeleceu um império colonial e comercial (1415-1999) que se estendeu do Brasil, na América, a Goa, na Ásia (ÍndiaMacau na China e Timor-Leste). Foi utilizada como língua franca exclusiva na ilha do Sri Lanka por quase 350 anos. Durante esse tempo, muitas línguas crioulas baseadas no português também apareceram em todo o mundo, especialmente na África, na Ásia e no Caribe.
Em março de 1994 foi fundado o Bosque de Portugal, na cidade sul-brasileira de Curitiba; o parque abriga o Memorial da Língua Portuguesa, que homenageia os imigrantes portugueses e os países que adotam a língua portuguesa; originalmente eram sete as nações que estavam representadas em pilares, mas com a independência de Timor-Leste, este também foi homenageado com um pilar construído em 2007.[24] Em março de 2006, fundou-se em São Paulo o Museu da Língua Portuguesa.

Distribuição geográfica

Ver artigos principais: Geografia da língua portuguesa e Lusofonia
Português europeuPortuguês europeuPortuguês europeuPortuguês de AngolaPortuguês brasileiroPortuguês cabo-verdianoPortuguês da Guiné EquatorialPortuguês da Guiné-BissauPortuguês de MacauPortuguês de MoçambiquePortuguês de São Tomé e PríncipePortuguês de Timor-LesteMapa dos países lusófonos.
Esta imagem contém hiperligações
Países que têm o português como língua oficial. Clique no mapa para ver o artigo sobre a variante falada nesse país ou território.v • d • e
O português é a língua da maioria da população de Portugal,[25] Brasil,[26] São Tomé e Príncipe (98,4%)[27] e, de acordo com o censo de 2014, é a língua habitual de 71,15% da população de Angola,[28] entretanto, cerca de 85% dos angolanos são capazes de falar português, segundo o Instituto Nacional de Estatística.[29] Apesar de apenas 10,7% da população de Moçambique ser de falantes nativos do português, o idioma é falado por cerca de 50,4% dos moçambicanos, de acordo com o censo de 2007.[30] A língua também é falada por cerca de 15% da população da Guiné-Bissau,[31][32] e por cerca de 25% da população de Timor-Leste.[33] Não existem dados disponíveis relativos a Cabo Verde, mas quase toda a população é bilíngue, sendo os cabo-verdianos monolíngues falantes do crioulo cabo-verdiano. Em Macau, apenas 0,7% da população usa o português como língua nativa e cerca de 4% dos macaenses falam esse idioma.[34][35]
Há também significativas comunidades de imigrantes falantes do português em muitos países como África do Sul,[36] Andorra (18,6%),[37] Austrália,[38] Bermudas,[39][40] Canadá (0,87% ou 274.670 pessoas segundo o censo de 2006,[41] mas entre 400.000 e 500.000 de acordo com Nancy Gomes),[42] CuraçaoFrança,[43] Guernsey (2%),[44][45] Japão,[46] Jersey (4,6%),[47] Luxemburgo (15,7%),[48] Namíbia (5%),[49][50] Paraguai (10,7% ou 636.000 pessoas),[51] Suíça (3,7%),[52] Venezuela (1 a 2% ou 254.000 a 480.000 pessoas),[53] Uruguai (15%)[54] e nos Estados Unidos (0,24% da população ou 687.126 falantes de acordo com o American Community Survey de 2007),[55] principalmente em Nova Jersey,[56] Nova York[57] e Rhode Island.[58]
Em algumas partes do que era a Índia Portuguesa, como Goa[59] e Damão e Diu,[60] o português ainda é falado, embora esteja em vias de desaparecimento.

Idioma oficial

  Países-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)
  Países observadores ou associados
  Países oficialmente interessados na CPLP
Guiné Equatorial fez um pedido formal de adesão plena à CPLP em junho de 2010, o que somente é concedido a países que têm o português como idioma oficial.[61][62][63] Em 2011, o português foi incluído como sua terceira língua oficial (ao lado do espanhol e do francês)[64] e, em julho de 2014, o país foi aceito como membro da CPLP.[65]
Poderá acrescentar-se a esse número a imensa diáspora de cidadãos de nações lusófonas espalhada pelo mundo, estimando-se que ascenda aos 10 milhões (4,5 milhões de portugueses, 3 milhões de brasileiros, meio milhão de cabo-verdianos, etc.) mas sobre a qual é difícil obter números reais oficiais, incluindo-se nisso a obtenção de dados porcentuais dessa diáspora que fala efetivamente a língua de Camões, uma vez que uma porção significativa será de cidadãos de países lusófonos nascidos fora de território lusófono descendentes de imigrantes, os quais não necessariamente falam o português. É necessário ter-se igualmente em conta que boa parte das diásporas nacionais já se encontra contabilizada nas populações dos países lusófonos, como por exemplo o grande número de cidadãos emigrantes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOPs) e brasileiros em Portugal, ou o grande número de cidadãos emigrantes portugueses no Brasil e nos PALOPs.[72]
A língua portuguesa está no cotidiano de 274 milhões de pessoas, que têm contato direto ou indireto legal, jurídico e socialmente com a língua portuguesa, podendo tal contato consistir do idioma no dia-a-dia, passando pela educação, pelo contato com a administração local ou internacional, pelo comércio e/ou serviços, ou até mesmo consistir do simples vislumbre de sinalética, informação municipal e publicidade em português.[carece de fontes]
Cabe notar ainda o importante aumento e a consolidação da população das várias jurisdições para números arredondados facilmente identificáveis: Portugal passa dos 10,8 milhões; o Brasil passa dos 206 milhões, Moçambique dos 25,9 milhões, Angola dos 25,8 milhões, Guiné-Bissau 1,7 milhão, Timor-Leste 1,3, Guiné Equatorial com mais de 759 mil, Macau com mais de 597 mil, Cabo Verde com mais de 553 mil e São Tomé e Príncipe passa dos 197 mil. Números recentes e reais que, individualmente e em conjunto, fortalecem as suas nações, as identidades lusófonas e a língua portuguesa no panorama internacional.
Segundo dados estatísticos oficiais e fiáveis dos respectivos governos e seus institutos nacionais de estatística, a população de cada uma das dez jurisdições é a seguinte (por ordem decrescente):



Circle frame.svg
  Brasil (81%)
  Portugal (4%)
  Angola (4%)
  Moçambique (3%)
  Outro (8%)
PaísPopulação (est. 2016)[73]IDH (2017)[74]
Brasil Brasil205 823 6650,759 (alto)
Moçambique Moçambique25 930 1500,437 (baixo)
Angola Angola25 800 0000,581 (médio)
Portugal Portugal10 833 8160,847 (muito alto)
Guiné-Bissau Guiné-Bissau1 759 1590,455 (baixo)
Timor-Leste Timor-Leste1 261 0720,625(médio)
Guiné Equatorial Guiné Equatorial759 4510,591 (médio)
Macau Macau597 4250,892 (muito alto)
Cabo Verde Cabo Verde553 4320,654 (médio)
São Tomé e Príncipe São Tomé e Príncipe197 5410,589 (médio)
Total273 515 711-

Língua estrangeira e o futuro

Placa bilíngue em MacauChina.
O ensino obrigatório do português nos currículos escolares é observado no Uruguai[75] e na Argentina.[76] Outros países onde o português é ensinado em escolas, ou onde seu ensino está sendo introduzido agora, incluem Venezuela,[77] Zâmbia,[78] República do Congo,[79] Senegal,[79] Namíbia,[79] Essuatíni,[79] Costa do Marfim[79] e África do Sul.[79]
No estado de Goa na Índia, atualmente o português é aprendido, no ensino oficial e particular. A Universidade de Goa tem um mestrado em Estudos Portugueses desde 1988.
Segundo estimativas da UNESCO, o português é um dos idiomas que mais crescem entre as línguas europeias após o inglês e o espanhol. O português é o idioma que tem o maior potencial de crescimento como língua internacional na África Austral e na América do Sul.[80] Espera-se que os países africanos falantes da língua portuguesa tenham uma população combinada de 83 milhões de pessoas até 2050. No total, os países de língua portuguesa terão por volta de 400 milhões de pessoas no mesmo ano.[80][81]
Desde 1991, quando o Brasil assinou no mercado econômico do Mercosul com outros países sul-americanos, como ArgentinaUruguai e Paraguai, tem havido um aumento no interesse pelo estudo do português nas nações da América do Sul. O peso demográfico do Brasil no continente continuará a reforçar a presença do idioma na região.[82][83]
Embora no início do século XXI, depois de Macau ter sido cedida à China, o uso de português estivesse em declínio na Ásia, está novamente se tornando uma língua relativamente popular por lá, principalmente por causa do aumento dos laços diplomáticos e financeiros chineses com os países de língua portuguesa.[84]

Visibilidade política

IV Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa em Brasília.
Existe um número crescente de pessoas que falam português, nos média e na Internet, que estão apresentando tal situação à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e outras organizações para a realização de um debate na comunidade lusófona, com o objetivo de apresentar uma petição para tornar o português uma das línguas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em outubro de 2005, durante a convenção internacional do Elos Clube Internacional da Comunidade Lusíada, realizada em Tavira (Portugal), uma petição cujo texto pode ser encontrado na Internet com o título "Petição para tornar o idioma português oficial na ONU" foi redigida e aprovada por unanimidade.[85] Rômulo Alexandre Soares, presidente da Câmara Brasil - Portugal, destaca que o posicionamento do Brasil no cenário internacional como uma das potências emergentes do século XXI, pelo tamanho de sua população, e a presença da sua variante do português em todo o mundo, fornece uma justificação legítima para a petição enviada à ONU, e assim tornar o português uma das línguas oficiais da organização.[86] Esta é actualmente uma das causas do Movimento Internacional Lusófono.[87]
Em África, o português é língua oficial em Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Moçambique e Angola.[88] Finalmente, na Ásia, encontra-se Timor-Leste uma nação lusófona.[8]

Dialetos

Ver artigo principal: Dialetos da língua portuguesa
Dialetos regionais da língua portuguesa
Mapa da extensão geográfica dos dialetos do português europeu
Dialetos do português europeu
Mapa da extensão geográfica dos dialetos do português brasileiro
Dialetos do português brasileiro
1 - Caipira
2 - Costa norte
3 - Baiano
4 - Fluminense
5 - Gaúcho
6 - Mineiro
7 - Nordestino
8 - Nortista
9 - Paulistano
10 - Sertanejo
11 - Sulista
12 - Florianopolitano
13 - Carioca
14 - Brasiliense
15 - Serra amazônica
16 - Recifense
Assim como os outros idiomas, o português sofreu uma evolução histórica, sendo influenciado por vários idiomas e dialetos, até chegar ao estágio conhecido atualmente. Deve-se considerar, porém, que o português de hoje compreende vários dialetos e subdialetos, falares e subfalares, muitas vezes bastante distintos, além de dois padrões reconhecidos internacionalmente (o português brasileiro e o português europeu). No momento atual, o português é a única língua do mundo ocidental falada por mais de cem milhões de pessoas com duas ortografias oficiais (é notado que a língua inglesa tem diferenças de ortografia pontuais mas não ortografias oficiais divergentes). Esta situação deve ser resolvida pelo Acordo Ortográfico de 1990.[89]
Foi, entretanto, concluído pela Professora Maria Regina Rocha, que através das regras do Acordo Ortográfico de 1990, foram unificados 569 vocábulos, 2.691 palavras que apresentavam diferenças entre as ortografias portuguesa/africana/asiática e brasileira assim se mantiveram após a reforma ortográfica, 1.235 passaram a ter uma grafia diferente e, assim, 3.926 vocábulos ficam com diferenças gráficas entre ambos os lados do Atlântico.[90]
A língua portuguesa tem grande variedade de dialectos, muitos deles com uma acentuada diferença lexical em relação ao português padrão seja no Brasil ou em Portugal.[91][92][93] Tais diferenças, entretanto, não prejudicam muito a inteligibilidade entre os locutores de diferentes dialectos.[94]
Os primeiros estudos sobre os dialectos do português europeu começaram a ser registados por Leite de Vasconcelos no começo do século XX.[95][96] Mesmo assim, todos os aspectos e sons de todos os dialectos de Portugal podem ser encontrados nalgum dialecto no Brasil. O português africano, em especial o português são-tomense, tem muitas semelhanças com o português do Brasil. Ao mesmo tempo, os dialetos do sul de Portugal (chamados "meridionais") apresentam muitas semelhanças com o falar brasileiro, especialmente, o uso intensivo do gerúndio (e. g. falando, escrevendo, etc.). Na Europa, os dialectos transmontano e alto-minhoto apresentam muitas semelhanças com o galego.[97] Um dialecto já quase desaparecido é o português oliventino ou português alentejano oliventino, falado em Olivença e em Táliga.[98]
Após a independência das antigas colônias africanas, o português padrão de Portugal tem sido o escolhido pelos países africanos de língua portuguesa. Logo, o português tem apenas dois dialetos de aprendizagem, o europeu e o brasileiro. Note-se que na língua portuguesa europeia há uma variedade prestigiada que deu origem à norma-padrão: a variedade de Lisboa.[99] No Brasil, a maior quantidade de falantes se encontra na região sudeste do país, essa região foi alvo de intensas migrações internas, graças ao seu poder econômico. O Distrito Federal apresenta um destaque devido ao seu dialeto próprio, pelas várias ordas de migração interna. Os dialectos europeus e americanos do português apresentam problemas de inteligibilidade mútua (dentro dos dois países), devido, sobretudo, a diferenças culturais, fonéticas, lexicais. Nenhum pode, no entanto, ser considerado como intrinsecamente melhor ou perfeito.[100]
Algumas comunidades cristãs falantes de português na ÍndiaSri LankaMalásia e Indonésia preservaram a sua língua mesmo depois de terem ficado isoladas de Portugal. A língua foi muito alterada nessas comunidades e, em muitas, nasceram crioulos de base portuguesa, alguns dos quais ainda persistem, após séculos de isolamento.[101] Também é percebível uma variedade de palavras originadas do português no tétum. Palavras de origem portuguesa entraram no léxico de várias outras línguas, como o japonês, o suaíli, o indonésio e o malaio.[102]

Léxico

Ver artigo principal: Léxico da língua portuguesa
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, com cerca de 228 500 entradas, 376 500 acepções, 415 500 sinónimos, 26 400 antónimos e 57 000 palavras arcaicas, é um exemplo da riqueza léxica da língua portuguesa. Segundo um levantamento feito pela Academia Brasileira de Letras, a língua portuguesa tem atualmente cerca de 356 mil unidades lexicais. Essas unidades estão dicionarizadas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.[104]
A maior parte do léxico do português é derivado do latim, já que o português é uma língua românica. No entanto, por causa da origem celtibera,[105][106], as migrações dos povos germânicos,[107] a ocupação moura da Península Ibérica durante a Idade Média e a participação de Portugal na Era dos Descobrimentosadotou palavras de todo o mundo. No século XIII, por exemplo, o léxico do português tinha cerca de 80% das suas palavras com origem latina e 20% com origem pré-romana, celtagermânica e árabe. Atualmente, a língua portuguesa ostenta no seu vocabulário termos provenientes de diferentes idiomas como o provençal, o holandês, o hebraico, o persa, o quíchua, o chinês, o turco, o japonês, o alemão e o russo, além de idiomas bem mais próximos, como o inglês, o francês, o espanhol e o italiano. Também houve influência de algumas línguas africanas.[108][109]
A maioria das palavras em português que podem ter sua origem rastreada até aos habitantes pré-romanos de Portugal, que incluíam os iberosgalaicoslusitanoscélticostúrdulos velhoscónios e outros, é celta,[110] existindo muito pouco léxico ibérico. No século V, a Península Ibérica (a Hispânia romana) foi conquistada pelos germânicos suevos e visigodos. Esses povos contribuíram com algumas palavras ao léxico português, principalmente nas relacionadas à guerra. Entre os séculos IX e XIII, o português adquiriu cerca de 800 palavras do árabe, devido a influência moura na Iberia. No século XV, as explorações marítimas portuguesas levaram à introdução de estrangeirismos de muitas das línguas asiáticas. Do século XVI ao XIX, por causa do papel de Portugal como intermediário no comércio de escravos no Atlântico e o estabelecimento de grandes colónias portuguesas em AngolaMoçambique e Brasil, o português sofreu várias influências de idiomas africanos e ameríndios.[108][109]

Classificação e línguas relacionadas

Interior do Real Gabinete Português de Leitura, fundado em 1837 no Rio de Janeiro.
O português é uma língua indo-europeia, do grupo das línguas românicas (ou latinas), as quais descendem do latim, pertencente ao ramo itálico da família indo-europeia. Comparado com as outras línguas da Península Ibérica, excluindo o galego e o mirandês, considera-se ter maiores parecenças com o sistema vocálico catalão, mas também existem algumas similitudes entre o português e os falares pirenaicos centrais. Como factor decisivo para a evolução do português considera-se frequêntemente a influência de um marcado substrato celta. Os fonemas vocálicos nasais estabelecem uma similitude com o ramo galo-românico (especialmente com o francês antigo).[111]
A língua portuguesa é, em alguns aspectos, parecida com a língua castelhana, tal como com a língua catalã ou a língua italiana, mas é muito diferente na sua sintaxe, na sua fonologia e no seu léxico. Um falante de uma das línguas precisa de alguma prática para entender um falante da outra. Além do mais, as diferenças no vocabulário podem dificultar o entendimento. Entretanto, essa situação usualmente se configura usando o vocabulário corrente da língua. Geralmente, há palavras portuguesas da mesma origem etimológica (às vezes em desuso) que as dos outros romances. Compare-se por exemplo:
Ela fecha sempre a janela antes de jantar. (em português) (língua atual)
Ella cierra siempre la ventana antes de cenar. (castelhano)
Ela cerra sempre a ventana antes de cear. (usando a mesma etimologia)
Enquanto os falantes de português têm um nível notável de compreensão do castelhano, os falantes castelhanos têm, em geral, maior dificuldade de entendimento. Isto acontece porque o português, apesar de ter sons em comum com o castelhano, também tem sons particulares. No português, por exemplo, há vogais e ditongos nasais (provavelmente herança das línguas célticas).[112][113] Além disso, no português europeu há uma profunda redução de intensidade das sílabas finais e as vogais átonas finais tendem a ser ensurdecidas ou mesmo suprimidas. Esta particularidade da variedade europeia chama-se o ‘processo de redução do vocalismo átono’.
Há muitas línguas de contato derivadas do ou influenciadas pelo português, como por exemplo o patuá macaense de Macau. No Brasil, destacam-se o lanc-patuá derivado do francês e vários quilombolas, como o cupópia do Quilombo Cafundó, de Salto de Pirapora, no estado brasileiro de São Paulo.[114]

Ortografia

Ver artigo principal: Ortografia da língua portuguesa
Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra, em Portugal.
O português padrão tem duas variantes reconhecidas internacionalmente:
  • Como em Portugal e nos restantes países do mundo lusófono à exceção do Brasil
  • Como no Brasil
Empregado por cerca de 85% dos falantes do português, o padrão brasileiro é hoje o mais falado, escrito, lido e estudado do mundo. É, ademais, amplamente estudado nos países da América do Sul, devido à grande importância econômica do Brasil no Mercosul.
As diferenças entre as variedades do português da Europa e do Brasil estão no vocabulário, na pronúncia e na sintaxe, especialmente nas variedades vernáculas, enquanto nos textos formais essas diferenças diminuem bastante. As diferenças não são maiores que entre o inglês dos Estados Unidos e do Reino Unido ou o francês da França e de Québec.[115] Ambas as variedades são, sem dúvida, dialectos da mesma língua e os falantes de ambas as variedades podem entender-se apenas com pequenas dificuldades pontuais.
Essas diferenças entre as variantes são comuns a todas as línguas naturais, ocorrendo em maior ou menor grau, dependendo do caso. Com um oceano entre Brasil e Portugal, e ao longo de quinhentos anos, a língua evoluiu de maneira diferente em ambos os países, dando origem a dois padrões de linguagem simplesmente diferentes, não existindo um padrão que seja mais correto em relação ao outro.
É importante salientar que dentro daquilo a que se convencionou chamar "português do Brasil" e "português europeu" há um grande número de variações regionais.
Um dos traços mais importantes do português brasileiro é o seu conservadorismo em relação à variante europeia, sobretudo no aspecto fonético. Um português do século XVI mais facilmente reconheceria a fala de um brasileiro do século XX como sua do que a fala de um português.[116] O exemplo mais forte disto é o vocalismo átono usado no Brasil, que corresponde ao do português da época dos descobrimentos. Assim, a linguística não só retira qualquer autoridade de qualquer variante em relação às outras, como mostra que a distância entre as variantes e entre os seus falantes não é tão grande como muitos pensam.
O que mais afastava as duas variantes não era o seu léxico ou pronúncia distintos, considerados naturais até num mesmo país, mas antes a circunstância, pouco comum nas línguas, de seguirem duas ortografias diferentes. Por exemplo, o Brasil eliminara o "c" das sequências interiores cc/cç/ct, e o "p" das sequências pc/pç/pt sempre que não eram pronunciados na forma culta da língua, um remanescente do passado latino da língua que persistia no português europeu.
Europa e África pré-Acordoacçãoactocontactodirecçãoeléctricoóptimoadopção
Brasil pré e pós-Acordoaçãoatocontatodireçãoelétricoótimoadoção
Nota: no Brasil mantêm-se quando pronunciadas, como em facçãocompactarintelectualaptidão etc.
Também ocorriam diferenças de acentuação devido a pronúncias diferentes. No Brasil, em palavras como acadêmicoanônimo e bidê usa-se o acento circunflexo por tratar-se de vogais fechadas, enquanto nos restantes países lusófonos estas vogais são abertas: académicoanónimo e bidé respectivamente. Nesses casos, o Acordo Ortográfico de 1990, assinado por todos os países membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), instituiu duplas grafias para o mundo lusófono (Base XI, 3º).

Reformas ortográficas

Ver artigo principal: Reforma ortográfica
O ex-presidente de Portugal Cavaco Silva e o ex-presidente do Brasil Lula no Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro em 2008.
Durante muitos anos, Portugal (até 1975, incluía as suas colónias) e o Brasil tomaram decisões unilateralmente e não chegaram a um acordo comum, legislando sobre a língua.[117]
Existiram pelo menos cinco acordos ortográficos: Acordo Ortográfico de 1911Acordo Ortográfico de 1943Acordo Ortográfico de 1945Acordo Ortográfico de 1971 e o Acordo Ortográfico de 1990. Todos eles estiveram envolvidos em polémicas e divergências entre os países signatários. Os mais significativos foram o Acordo Ortográfico de 1943 que esteve em vigor apenas no Brasil entre 12 de agosto de 1943 e 31 de dezembro de 2008 (com algumas alterações introduzidas pelo Acordo Ortográfico de 1971) e o Acordo Ortográfico de 1945, em vigor em Portugal e todas as colónias portuguesas da época, desde 8 de dezembro de 1945 até à entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990, que ainda não entrou em vigor em todos os países signatários.[117]

Acordo de 1990

Ver artigo principal: Acordo ortográfico de 1990
Acordo Ortográfico de 1990 foi proposto para criar uma norma ortográfica única, de que participaram na altura todos os países de língua oficial portuguesa, e em que esteve presente uma delegação não oficial de observadores da Galiza. Os signatários que ratificaram o acordo original foram Portugal (1991), Brasil (1995), Cabo Verde (1998) e São Tomé e Príncipe (2006).[89]
Variedades ortográficas
Países lusófonos à exceção do Brasil antes do OA1990Mundo lusófono pós-OA1990
direcçãodireção
óptimoótimo
Em julho de 2004 foi aprovado, em São Tomé e Príncipe, o Segundo Protocolo Modificativo, durante a Cúpula dos Chefes de Estado e de governo da CPLP. O Segundo Protocolo vem permitir que o acordo possa vigorar com a ratificação de apenas três países, sem a necessidade de aguardar que todos os demais membros da CPLP adotem o mesmo procedimento, e contemplava também a adesão de Timor-Leste, que ainda não era independente em 1990. Assim, tendo em vista que o Segundo Protocolo Modificativo foi ratificado pelo Brasil (2004), Cabo Verde (2005) e São Tomé e Príncipe (2006), e que o Acordo passaria automaticamente a vigorar um mês após a terceira ratificação necessária, tecnicamente, o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa está em vigor, na ordem jurídica internacional e nos ordenamentos jurídicos dos três Estados acima indicados, desde 1º de Janeiro de 2007.[118]
Depois de muita discussão, no dia 29 de julho de 2008, o parlamento português ratificou o Segundo Protocolo Modificativo, aprovado a 25 de julho do mesmo ano[119], estabelecendo um prazo de até seis anos para que a reforma ortográfica fosse totalmente implantada. A nova e a antiga ortografia coexistiram em Portugal[120] entre 13 de maio de 2009 e 13 de maio de 2015, data em que o Acordo Ortográfico de 1990 passou a vigorar obrigatoriamente em Portugal.[121]
No Brasil, houve a vigência desde janeiro de 2009, tendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinado legislação sobre o acordo no segundo semestre de 2008. Porém, até 2012 as duas ortografias estiveram vigentes.[122]

Gramática

Ver artigo principal: Gramática da língua portuguesa
gramática, a morfologia e a sintaxe do idioma português é semelhante à gramática das demais línguas românicas, especialmente à do espanhol, língua com a qual compartilha 89% de semelhança lexical,[123] e ainda mais à do galego. O português é um idioma relativamente sintético e flexivo.[124][125]
Substantivosadjetivospronomes e artigos são moderadamente flexionados: existem dois gêneros (masculino e feminino) e dois números (singular e plural). O caso gramatical da sua língua ancestral, o latim, foi perdido, mas os pronomes pessoais são ainda divididos em três tipos principais de formas: sujeito, objeto do verbo e objeto da preposição. A maioria dos substantivos e adjetivos pode levar muitos sufixos diminutivos ou aumentativos derivacionais e a maioria dos adjetivos podem ter sufixo derivacional "superlativo". Normalmente os adjetivos seguem o substantivo.[124][125]
Os verbos são altamente flexionados: existem três tempos (passado, presente e futuro), três modos (indicativo, subjuntivo, imperativo), três aspectos (perfectivo, imperfectivo e progressiva), duas vozes (ativa e passiva) e um infinitivo flexionado. Tempos mais que perfeitos e imperfeitos são sintéticos, totalizando 11 paradigmas de conjugação, enquanto todos os tempos progressivos e construções passivas são perifrásticos. Como em outras línguas românicas, existe também uma construção impessoal passiva, onde o agente substituído por um pronome indefinido. O português é basicamente uma língua SVO, embora a sintaxe SOV possa ocorrer com alguns poucos pronomes e a ordem das palavras geralmente não seja tão rígida quanto no inglês, por exemplo. É uma linguagem de sujeito nulo, com uma tendência de queda dos objetos de pronomes, bem como das variedades coloquiais. O português tem dois verbos de ligação.[124][125]
A língua portuguesa tem várias características gramaticais que a distinguem da maioria das outras línguas românicas, como um pretérito mais-que-perfeito sintético, verbo no futuro do subjuntivo, infinitivo flexionado e um presente perfeito com um sentido iterativo. Um recurso exclusivo do idioma português é a mesóclise, a infixação de pronomes clíticos em algumas formas verbais.[124][125]

Fonologia

Ver artigo principal: Fonologia da língua portuguesa
Plano de monotongos do Português de Lisboa.
Plano de monotongos do Português de São Paulo, Barbosa & Albano (2004):229
A língua portuguesa contém alguns sons únicos para falantes de outras línguas, tornando-se, por isso, necessário que estes lhes prestem especial atenção quando os aprendem. O português tem uma das fonologias mais ricas das línguas românicas, com vogais orais e nasais, ditongos nasais e dois ditongos nasais duplos. As vogais semifechadas /e/, /o/ e as vogais semiabertas /ɛ/, /ɔ/ são quatro fonemas separados, ao invés do espanhol, e o contraste entre elas é usado para apofonia. O português europeu também possui duas vogais centrais, uma das quais tende a ser omitida na fala como o e caduc do francês. Há, no português, um máximo de nove vogais orais e 19 consoantes, embora algumas variedades da língua tenham menos fonemas (o português brasileiro é geralmente analisado como tendo sete vogais orais). Há também cinco vogais nasais, que alguns linguistas consideram como alofones das vogais orais, dez ditongos orais e cinco ditongos nasais. No total, o português do Brasil tem 13 fonemas vogais.[126]

Vogais

Para as sete vogais do latim vulgar, o português europeu acrescentou duas vogais centrais próximas, uma das quais tende a ser elidida na fala rápida. A carga funcional destas duas vogais adicionais é muito baixa. As vogais altas /e o/ e as vogais baixas /ɛ ɔ/ são quatro fonemas distintos e eles se alternam em várias formas de apofonia. Como o catalão, o português usa qualidade da vogal para contrastar sílabas estressadas com sílabas átonas: vogais isoladas tendem a ser levantadas, e em alguns casos, centralizadas, quando átonas. Ditongos nasais ocorrem principalmente nas extremidades das palavras.[126]

Consoantes

Fonemas consonantais do português[127][128]
BilabialLabio-
dental
Dental/
Alveolar
Palato-
alveolar
PalatalVelarUvular/
Glotal
Nasalmnɲ
Oclusivapbtdkɡ
Fricativafvszʃʒʁ
Laterallʎ
Vibranteɾ

Exemplo de pronúncias diferentes

Excerto do épico nacional português Os Lusíadas, de Luís de Camões (I, 33)
OriginalIPA (Lisboa)IPA (Rio de Janeiro)IPA (São Paulo)
Sustentava contra ele Vénus bela,suʃtẽˈtavɐ ˈkõtɾɐ ˈeɫɨ ˈvɛnuʒ ˈbɛɫɐsuʃtẽˈtavɐ ˈkõtɾɐ ˈeli ˈvẽnuʒ ˈbɛlɐsustẽ̞ˈtavɐ ˈkõtɾɐ ˈeli ˈvẽnuz ˈbɛlɐ
Afeiçoada à gente Lusitana,ɐfɐjˈsuaðɐː ˈʒẽtɨ ɫuziˈtɐnɐafejsuˈadaː ˈʒẽtʃi luziˈt̃ɐ̃̃nɐafejsuˈadaː ˈʒẽtʃi luziˈt̃ɐ̃̃nɐ
Por quantas qualidades via nelapuɾ ˈkw̃ɐ̃tɐʃ kwɐɫiˈðaðɨʒ ˈviɐ ˈnɛɫɐpuʀ ˈkw̃̃ɐ̃tɐʃ kwaliˈdadʒiʒ ˈviɐ ˈnɛlɐpʊɾ ˈkw̃ɐ̃tɐs kwaliˈdadʒɪz ˈviɐ ˈnɛlɐ
Da antiga tão amada sua Romana;dãˈtiɣɐ ˈt̃ɐ̃w ɐˈmaðɐ ˈsuɐ ʁuˈmɐnɐda ̃ɐˈtʃigɐ t̃ɐw ̃ɐ̃ˈmadɐ ˈsuɐ ʁoˈm̃ɐnɐda ̃ɐˈtʃiɡɐ ˈt̃ɐw ̃̃ɐ̃ˈmadɐ ˈsuɐ ʁõˈm̃ɐnɐ
Nos fortes corações,
na grande estrela,
nuʃ ˈfɔɾtɨʃ kuɾɐˈsõjʃ
nɐ ˈgɾ̃ɐdɨ ɨʃˈtɾeɫɐ
nuʃ ˈfɔʁtʃiʃ koɾaˈsõjʃ
nɐ ˈgɾ̃ɐdʒi iʃˈtɾelɐ
nus ˈfɔɾtʃis koɾaˈsõjs
nɐ ˈgɾ̃ɐdʒi isˈtɾelɐ
Que mostraram na terra Tingitana,kɨ muʃˈtɾaɾ̃ɐw nɐ ˈtɛʁɐ tĩʒiˈtɐnɐki moʃˈtɾaɾ̃̃ɐw na ˈtɛʁɐ tʒĩʒiˈt̃ɐnɐki mosˈtɾaɾ̃̃ɐw na ˈtɛʁɐ tʒĩʒiˈt̃ɐ̃nɐ
E na língua, na qual quando imagina,i nɐ ˈɫĩɡwɐ nɐ ˈkwaɫ ˈkwɐ̃du imɐˈʒinɐi na ˈlĩgwɐ na ˈkwaw ˈkw̃ɐdu ĩmaˈʒĩnɐi na ˈlĩɡwɐ na ˈkwaw ˈkw̃ɐdu ĩmaˈʒinɐ
Com pouca corrupção crê que é a Latina.kõ ˈpokɐ kuʁupˈs̃ɐw ˈkɾe kɨˈɛ ɐ ɫɐˈtinɐkũ ˈpowkɐ koʁupˈs̃ɐw kɾe ˈki ɛ a laˈtʃĩnɐkũ ˈpokɐ koʁup(i)ˈs̃ɐw ˈkɾe ˈki ɛ a laˈtʃĩnɐ[129]

Ver também

Referências

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DIA INTERNACIONAL DA PARTEIRA ou OBSTETRIZ - 5 DE MAIO DE 2020

Obstetriz

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Mulher auxiliada por parteira dando à luz, Haguenau, 1515
Um(a) obstetriz, normalmente conhecida por parteira, representa um importante recurso para prover cuidados de saúde a gestantes, parturientes, puérperas, recém-nascidos e familiares, no sentido de promover e preservar a normalidade do processo de nascimento, atendendo às necessidades físicas, emocionais e socioculturais das mulheres. A obstetriz é uma profissional graduada no acompanhamento de gestações, partos e pós-parto de risco habitual ou baixo risco, de forma autônoma ou vinculada a equipe multiprofissional ou instituições de saúde e encaminhamento dos partos/gestações de alto risco para centros especializados, além de poder trabalhar na gerência e coordenação, ensino e pesquisa. Ela está inscrita no Conselho de Enfermagem e, atualmente, o único curso no país que forma obstetrizes está localizado na cidade de São Paulo/SP, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP).

História da Profissão[editar | editar código-fonte]

Parteira é o título mais antigo do profissional que chamamos de Obstetriz. Ao longo dos anos, baseando-se em novas filosofias, houve mudanças na denominação e na área de atuação dessas profissionais. Passando de parteira a obstetriz(1925) e finalmente a Enfermeira Obstetra (1949). Até 1832, no Brasil, a prática da profissão era exercida por mulheres possuidoras da "Carta de Examinação" expedida pelo físico-mor ou cirurgião-mor do império além de possuírem uma licença da Chancelaria. [1]
O aprendizado, normalmente, seguia caráter hereditário, ou seja, a filha de uma parteira acompanhava sua mãe no atendimento às mulheres em trabalho de parto auxiliando-a de acordo com as necessidades, possibilitando, assim, após algum tempo de prática o aprendizado para continuidade do ofício. A partir de 1832, quando as Academias Médico Cirúrgicas do Rio de Janeiro e da Bahia passam a figurar como Faculdades de Medicina vincula-se o ensino de partejar a estas instituições submetendo-as a legislação médica, até meados do século XX. Com a alteração da legislação, em 1955, as parteiras deixam de ser regulamentadas pelas legislações médicas gozando, a partir de então, de uma certa liberdade profissional. [2]
Em meados do século XX devido a crescente implantação de hospitais, e, consequentemente, a hospitalização ocorrem novas mudanças na legislação em relação a formação de enfermeiros obstetras, surgindo, assim, a especialidade da enfermagem: a Obstetrícia. Devido a Obstetrícia ter se tornado uma especialidade, ou seja, para um profissional alcançar o título de enfermeiro obstétrico este deveria primeiramente formar-se em Enfermagem e posteriormente especializar-se em Obstetrícia, culminando no declínio de recursos humanos disponíveis para o desempenho da função. Em 1999 o Ministério da Saúde homologou uma portaria a qual incentivava a especialização de profissionais da enfermagem para viabilizar o aumento de recursos humanos na área da obstetrícia. Entretanto, uma das maiores universidade pública brasileira, [USP], objetivando a inserção de profissionais altamente qualificados para suprir a demanda em curto prazo criou o curso de Graduação em Obstetrícia, em 2005.
Atualmente o Ministério da Saúde (Brasil)mantém o Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais que vem sendo implementado desde março de 2000 tendo como objetivo assegurar a melhoria do parto e do nascimento domiciliar assistido por parteiras tradicionais. Busca sensibilizar gestores e profissionais de saúde para que reconheçam as parteiras como parceiras na atenção à saúde da comunidade e desenvolvam ações para resgatar, valorizar, apoiar, qualificar e articular o seu trabalho ao do Sistema Único de Saúde (SUS) e, dessa maneira, possibilitar a preservação de seus saberes e práticas, bem como promover o encontro desses saberes com o conhecimento técnico-científico respeitando as especificidades étnicas e culturais (indígenas e quilombolas).
O Brasil, segundo Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS - 1996) ainda registra uma alta frequência de partos domiciliares nas áreas rurais (20%) contudo destes apenas 40% tiveram assistência de enfermeiras e de parteiras (cerca de 40%). O referido programa do MS já capacitou desde a sua criação cerca de 3000 parteiras e profissionais de saúde em 120 municípios do país. [3]

Objetivos do "Novo" Profissional da Obstetrícia[editar | editar código-fonte]

Justificativa[editar | editar código-fonte]

Atualmente, segundo dados da prefeitura do município de São Paulo, no ano de 2005, o número de nascidos vivos, na cidade de São Paulo, é da ordem de 171.561 crianças. Observando a distribuição dos nascimentos dentre os locais possíveis para o parto identifica-se que 170.578 crianças nasceram em hospitais, representando 99,42% dos nascimentos. Os outros 0,58% representa os nascidos em outros estabelecimentos de saúde, em domicílio ou em outro lugar excetuando-se os hospitais. De acordo com a cultura social existente no país estes são dados satisfatórios, visto que, considera-se o ambiente hospitalar o melhor local para parir.
Entretanto, pesquisas em todo o mundo apontam grande desvantagem no tocante a assistência à mulher e ao recém-nascido, evidenciando o ônus causado pelo parto medicalizado e intervencionista, uma vez que os dados obtidos nos Estados Unidos da América e em alguns países europeus pode comprovar que o ambiente hospitalar é propício a intervenções médicas as quais desfavorecem o processo fisiológico de nascimento que não necessitam de intervenções. As intervenções devem ser feitas quando se diagnosticam distócias durante o parto.
No início do século XX a maioria dos partos eram realizados no próprio domicílio da parturiente destinando aos hospitais o atendimento das mulheres de baixa renda. Contudo, o avanço da medicina e o surgimento da tecnologia propiciaram o aumento dos partos hospitalares apoiado nos ideais médicos ao considerar o hospital o local mais seguro para o parto.
Ao longo de décadas essa filosofia foi sustentada, permitindo, desta forma, os altos índices de parto hospitalar observados atualmente não só no município de São Paulo, mas, também, em todo o país. O resultado da hospitalização culmina na utilização de técnicas invasivas e prejudiciais tanto para a mãe quanto para o bebê. No Brasil, os índices de cesariana chega a 80% em instituições privadas e a 35% em instituições públicas, contrapondo-se ao recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) que deveria variar em torno de 10% à 12%.
Questiona-se, então, o motivo de altos índices de cesarianas?
Uma das hipóteses seria: o médico dispunha de muita tecnologia considerando-a indispensável para o tratamento de uma doença ou na solução de um problema, sucumbindo a ideologia do nascimento natural, ou seja, é preferível aplicar hormônios, realizar cesarianas e fazer uso de outros procedimentos desnecessários à priorizar o processo natural de nascimento. Portanto, a importância da "reintrodução" de um profissional capaz de prestar assistência ao parto normal reside na mínima intervenção, no privilegiar o parto fisiológico objetivando sedimentar os índices propostos pela OMS, e, consequentemente, melhorar a qualidade da assistência ao parto, da satisfação materna e dos índices de morbimortalidade materna e neonatal.

Humanização do Parto[editar | editar código-fonte]

O que seria humanização do parto?
Ao considerar a gestação e o parto momentos únicos e inesquecíveis deve-se levar em consideração as vontades e desejos da parturiente, ou seja, respeitar a forma de como a mulher deseja ser assistida durante a gestação e o trabalho de parto.
Propiciar o acesso a informação e disponibilizar recursos humanos no intuito de garantir o adequado acompanhamento durante essa fase. Abolir todo e qualquer tipo de procedimento invasivo ou intervencionista promovendo a desmedicalização. Tratar as mulheres da forma que elas esperam ser tratadas proporcionado o máximo de privacidade possível.
Enfim, humanização do parto é respeitar a cultura e o meio em que esta mulher está inserida, cuidando para que ela seja o centro das atenções colocando o profissional que a assiste em uma posição periférica.

A Obstetrícia como um novo grupo de identidade[editar | editar código-fonte]

Uma nova identidade profissional surgiu com a criação do curso de Obstetrícia na USP. A nova identidade profissional prevê a diminuição do número de cesarianas no Brasil e outras intervenções que são feitas sem necessidade e, assim, aumentar o número de partos normais. O profissional formado em Obstetrícia tem como princípios a autonomia da mulher em suas escolhas, a individualização da assistência oferecida, a prática baseada em evidências científicas e pratica a humanização do parto, uma atitude que visa o parto mais saudável e a prevenção da morbimortalidade materna e perinatal. Com essa nova identidade são apresentados aspectos considerados relevantes na caracterização da assistência humanizada como o direito a presença do acompanhante durante o trabalho de parto, para ajudar no cuidado a mulher.
Essa nova identidade ainda está em formação no Brasil, mas há expectativas de muitas mudanças no meio em que se insere. Essa mudança irá transformar o grupo de gestantes com uma nova forma de pensar em como viverá seu parto, fazendo com que surja novas identidades pessoais também. Esse processo de construção de uma nova identidade é caracterizado por muita força de vontade dos futuros profissionais e ao mesmo tempo por muitas críticas que aos poucos serão amenizadas com a aceitação.

Campo de Atuação[editar | editar código-fonte]

Obstetriz é um profissional com perfil e competência para participar ativamente das transformações necessárias ao modelo assistencial e ao quadro epidemiológico da saúde materna e perinatal. São profissionais capacitados para cuidar da saúde de gestantes, parturientes, puérperas, recém-nascidos e familiares, buscando promover e preservar a normalidade do processo de nascimento, atendendo as necessidades físicas, emocionais e socioculturais das mulheres. O profissional, integrado à equipe de saúde, é capaz de atuar de forma autônoma, responsabilizando-se pela assistência na gestação e no parto normal, em instituições de saúde públicas e privadas (maternidades, centros de parto normal, casas de parto, ambulatórios, unidades básicas), instituições de ensino e domicílios.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Parteira em uma maternidade de Niodior (Senegal)

Referências

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Bibliografia[editar | editar código-fonte]

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Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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