OBSERVADOR - 20 DE MARÇO DE 2020

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Coronavírus

Tudo o que tem de saber

SAÚDE

Jovem de 17 anos teve alta. Caso confirmado na PSP

António Costa anunciou medidas concretas do estado de emergência. 785 casos confirmados e 3 mortos em Portugal. Madeira está de quarentena.

SAÚDE

Estado de emergência. As medidas do Governo

O Governo anunciou esta quinta-feira um conjunto de medidas que vão ser aplicadas em todo o país na sequência da declaração do estado de emergência. Saiba o que vai mudar a partir desta sexta-feira.

SAÚDE

TAP corta todos os custos. Laborais e outros

Não renovação de contratos a prazo já afetou 100 colaboradores e há mais corte de custos. Licenças sem vencimento até 6 meses e renegociação de prazos de pagamento. Para sobreviver até chegar ajuda.

SAÚDE

Ovar. Morreu uma pessoa infetada com coronavírus

A informação foi confirmada por Salvador Malheiro, presidente da Câmara Municipal de Ovar. De acordo com o autarca, esta é a primeira vítima mortal no concelho.

SAÚDE

Número de infetados subiu 22%. São agora 785

Boletim informativo diário dá conta de que há 785 infetados em Portugal, mais 143 do que ontem. Crescimento foi de 22% metade do de ontem. Há 89 doentes hospitalizados. Sobe para 3 número de mortos.

SAÚDE

Por 100 casos em Itália, Portugal está a ter sete

Estudo da Escola Nacional de Saúde Pública aponta para cenário grave. "Estamos no mesmo caminho” que outros países, mas Portugal pode afastar-se destas “previsões assustadoras”, se evitar o contato.

SAÚDE

Itália ultrapassa China em número de mortos

Itália registou maior número de novos casos no mundo, de total de mortos, de novas mortes no dia, de casos ativos e em situação crítica. Conte diz que medidas de contenção se vão prolongar.

SAÚDE

Camiões militares transportam caixões em Bérgamo

Bérgamo, em Itália, não tem capacidade para tantos funerais. Crematório funciona 24 horas por dia, mas não chega. "Fazemos o luto sozinhos", conta filha de vítima.

SAÚDE

Higuaín escapou-se de Itália em jato privado

Apesar da quarentena obrigatória em Itália e das restrições aos voos para o exterior, Higuaín — que teve testes negativos — saiu de Turim de jato privado. Não terá sido o único da Juve a fazê-lo.

SAÚDE

"Lavem as mãos, bebam vodka, façam sauna"

No meio de tantas suspensões e cancelamentos, Liga de futebol da Bielorrússia arrancou esta quinta-feira (com o BATE Borisov a perder). Presidente do país, Alexander Lukashenko, fala numa "psicose".

SAÚDE

Varandas vai reforçar corpo médico nacional

Frederico Varandas, presidente do Sporting que esteve como militar na guerra do Afeganistão, vai reforçar corpo médico nacional enquanto o estado de emergência vigore no país. "Vamos com tudo", diz.

SAÚDE

Isabel II: "Estamos à altura do desafio"

Aos 93 anos, Isabel II faz parte do grupo mais vulnerável ao novo coronavírus. No dia em que deixou Londres para se isolar em Windsor, a rainha dirigiu uma mensagem aos ingleses.

SAÚDE

Coronavírus. Afinal, devemos ou não usar máscaras?

OMS e DGS dizem que o seu uso pode até aumentar o risco de contágio, mas, na cultura asiática, a máscara é central na responsabilidade coletiva. Será eficaz? Não há certezas.

SAÚDE

Quarentena. Risco de violência doméstica é maior

O coronavírus trouxe uma "proximidade forçada" aos casais. A APAV diz que o risco de violência doméstica pode aumentar e pede aos vizinhos estejam atentos. "Quarentena não é desculpa."

SAÚDE

Apps para exercitar a mente (e sair do Facebook)

Jogar "Pictionary" com a família durante uma videochamada no "House Party", somar até 2048 ou jogar xadrez. O telemóvel não serve só para estarmos nas redes sociais. Exercite a mente com estas apps.

SAÚDE

EUA. 38% dos hospitalizados têm entre 20 a 54 anos

As autoridades de saúde nos EUA têm insistido com o millennials: "Fiquem em casa". Estudo sobre o novo coronavírus explica porquê: quase 40% dos pacientes em estado crítico têm menos de 54 anos

SAÚDE

Rússia tem o surto "sob controlo". Terá mesmo?

Apesar de ter fronteira com a China, a Rússia só tem 199 casos confirmados. Vladimir Putin diz que a situação está "sob controlo", mas há quem ache que os dados são falsos: "É Chernóbil outra vez".

SAÚDE

Bazuca do BCE "tem semana de atraso e não chega"

Bolsas abriram em alta, caíram mas fecharam a subir. Economista Fernando Alexandre diz que medidas do BCE vieram tarde, não serão suficientes e que Christine Lagarde vai ter de "usar o helicóptero".

SAÚDE

Cenário de crise: PIB pode cair mais de 5% em 2020

Nunca houve uma crise assim e por isso é muito difícil saber como e quando vai acabar. Recorrendo às melhores fontes internacionais, Abel Mateus traça vários cenários neste ensaio. Nenhum é optimista.

OPINIÃO

Paulo Farinha

Vai para dentro, olha que te constipas, pai

Hoje é um Dia do Pai diferente. Não há atividades na escola, não há brincadeiras na rua, não há coisas feitas ou pintadas ou coladas por elas. Para o ano vai ser melhor.

Margarida Crujo

Primeiro dia

Lembro-me a primeira vez que ouvi falar de “pandemias” na faculdade: foi precisamente numa aula com Graça Freitas. E lembro-me de as ver longe jamais prevendo que uma repentinamente nos cairia em cima

Ana Rita Bessa

O vírus

Sabemos que sairemos disto, mas sabemos também que o país, e o mundo, estará diferente e a realidade será muito difícil. A forma como atravessarmos este tempo determinará do que seremos capazes depois

Alberto Alemanno

COVID-19. Por uma Europa mais coordenada

As pandemias são um argumento para uma Europa mais coordenada. E estamos a assistir exatamente ao contrário.

Pedro Nuno Marques

Quarentena rotineira

Vá, tentem não entrar em colapso mental, sem que para isso a taxa de natalidade aumente muito. Um bocadinho chega. Saudações “coronavirianas”!

RÁDIO

SAÚDE

O que vai mudar nas nossas vidas?

O Governo anunciou novas medidas de restrição de movimentos e admite endurece-las em caso de necessidade. Como é que estas regras vão condicionar o nosso dia a dia?

OBSERVADOR

Só nos resta o “binge watching”?

Em tempos de isolamento, os artistas também ficam em casa. O que lhes vai acontecer? E nós, como lidamos com o ecrã?

SAÚDE

Como a tecnologia combate o Covid-19

Startups portuguesas juntaram-se no combate à epidemia do Covid-19, numa iniciativa que já juntou 2.500 voluntários O objetivo é desenvolver projetos que possam fazer a diferença nesta fase de crise.

SAÚDE

Quarentena. Não tem pesos? Use garrafas de água

Mesmo numa fase de isolamento é possível fazer algum exercício físico para garantir a nossa saúde física e mental. Atenção às fontes de informação: aconselhamento, só com profissionais da área.

SAÚDE

"UEFA foi corajosa e ajudou as ligas nacionais"

O advogado especialista em direito do desporto, Alexandre Mestre, analisa o adiamento das competições desportivas e os problemas jurídicos que podem surgir com a mudança dos calendários. 

DESPORTO

Covid-19 na NBA e a despedida de Tom Brady

Brooklyn Nets tem quatro jogadores infetados, incluíndo Kevin Durant, mas há quem critique a facilidade de acesso da equipa ao teste. E a saída de Tom Brady dos Patriots depois de 20 anos.

Leia as 

JN - 20 DE MARÇO DE 2020

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	AO FIM DO DIA 19/03/2020             Helena Teixeira da Silva     Carta aos meus pais (e aos vossos pais)         Hoje é o primeiro dia do estado de emergência declarado para todo o território nacional. 19 de março de 2020 é o novo 11 de setembro de 2001. Nunca esqueceremos esta data. Saberemos sempre onde estávamos neste dia. O dia em que a nossa vida mudou para sempre. Outra vez.   Às vezes, pai, acho que sou a única pessoa que conheço com mais de 40 anos que telefona todos os dias para casa. Às vezes, várias vezes ao dia. Nos últimos dias, toneladas de vezes por dia. Às vezes, acho que sou a única pessoa que conheço com mais de 40 anos para quem o dia do pai e o dia da mãe e o dia do irmão e o dia disto e daquilo são sagrados. Gosto dos dias que celebram laços. Gosto dos pretextos que nos fazem estar juntos.     PUB     Hoje é o primeiro dia do estado de emergência nacional. Mas também é dia do pai. E hoje não vou sair a correr do jornal para tentar chegar a tempo de jantarmos juntos, sabendo de antemão que iria atrasar-me, porque me atraso sempre, e que a mãe iria ficar irritada por causa do atraso, e que depois iríamos ter de ficar ali meia hora em sentido até ficar tudo bem outra vez. Hoje é dia do pai e não me lembro de alguma vez não ter estado contigo neste dia. Telefono-te e dizes, "deixa lá, meu amor, todos os dias são dias do pai". Pois são, mas não é bem a mesma coisa não poder ir aí, pois não? Dias estranhos, estes, pai.   O estado de emergência vai durar até ao dia 3 de abril. Poderá ser renovado, nenhum de nós poderá saber ainda se será. Dali a dois dias farás 82 anos. E, pela primeira vez na vida, não tenho qualquer esperança de poder vir a estar contigo nesse dia. Tenho só esperança de conseguir resistir à tentação de ir aí a correr para te dar um beijo. Podia ir e acenar-te só da janela. Mas, da maneira que a mãe é mãe galinha, iria logo voar pelas escadas abaixo com um saco atafulhado de coisas para eu trazer. É melhor assim, é melhor não ir. O melhor para todos, às vezes, é profundamente triste.   O Governo diz que o pico do vírus será em maio, faltam ainda mais de 40 dias. Também não estarei contigo no teu dia, mãe, primeiro domingo de maio. Mas também tu, mãe coragem, és todos os meus dias e todos os meus minutos. Se este estudo estiver certo, nessa altura haverá meio milhão de pessoas infetadas. Ninguém arrisca fazer previsões e eu sou péssima a matemática, mas acho que é mais ou menos isto. Quinhentas mil pessoas, pai, achas normal? Não te assustes, há boas notícias também, a maioria dessas gripes será leve e facilmente tratada em casa. Como diz o editorial de hoje do JN, o importante, agora, é disparar coragem. E é mesmo.   Olha, acho que já percebeste, vamos perder o domingo de Páscoa, o dia mais importante do ano para nós, o dia em que limpamos o pó ao coração e recomeçamos inspirados pela fé que felizmente temos. Vamos perder a Páscoa (e aquele cabrito maravilhoso feito pela mãe), mas não podemos perder-nos uns aos outros, mesmo se agora temos de viver separados uns dos outros. Nunca a fé esteve tão perto da ciência, pai. É uma contradição tremenda, mas temos de agarrar-nos a alguma coisa. Não somos cientistas, mas podemos sempre rezar. Podes rezar por nós, pai?   Acordo a pensar nisto tudo todos os dias desde o dia 2 de março, e só me dá vontade de chorar. Estou sempre com a lágrima na primeira sala, como tu dizes, já sei. Mas depois percebo que nem é bem isso. É o medo de que saias de casa, apesar de teres jurado que não vais sair, aconteça o que acontecer. Depois de teres superado um cancro com toda a bravura há menos de um ano (sabem lá as pessoas, pai, o que é um tratamento desses em ambulatório, quando se vive no interior do país!), um tropeção numa gripe destas seria uma traição com a qual não seria capaz de lidar. É o medo de que a mãe, que continua a ser mais nova que nós os dois juntos (sabe-se lá como é que ela consegue isso, mas consegue!), se meta em aventuras tresloucadas e apanhe uma qualquer corrente de ar que a faça ter uma recaída da pneumonia. Estamos todos em risco, mas vocês os dois muito mais. Tens de ouvir o que disse o Costa esta quinta-feira.   Desta vez, é a sério, pai. Todas as frases feitas que se usam aí em casa ("Seja o que Deus quiser"; "O que tiver de ser, será") não valem nada agora. É preciso inventar frases. Este momento pede palavras novas, costas direitas, coragem dobrada. Consola-me um bocadinho saber que o Marquinho está aí. Ele é sensato e pouco dado a estados de alma como nós. Tem de ser ele a tomar conta da logística da casa, o que significa que tem de multiplicar os cuidados com ele também.   O pão e o jornal são bens essenciais, disseste-me no outro dia. É muito bonito ouvir alguém dizer que o jornal é um bem essencial. É mesmo. Por isso, os quiosques vão continuar abertos. Mas não podes ser tu a ir lá, nem a mãe. Tens aqui os motivos que podem levar alguém a sair de casa. E aqui tens o que deve fazer quem entrar em casa depois de sair. Isto só vale para o Marco, a única pessoa que pode entrar e sair. E. mesmo assim, o mínimo possível.   Há muita gente que não sabe o que fazer com o tempo que agora sobra, confinada que está dentro de casa. Fico um bocadinho triste com isso. O que dirá então quem dorme na rua, não é, pai? Se seguires a cultura do JN, vais ver que quem quem menos tem é quem mais dá. Os artistas, precários na sua maioria, têm-se desdobrado para levar coisas boas às pessoas. E não param de dar o exemplo com o gesto. Acho que todos devíamos fazer o mesmo: em vez de nos queixarmos do tempo que sobra, ou do espaço que não estica, devíamos usar o tempo para pensarmos no que podemos fazer uns pelos outros. E é tanto, pai! Todos temos alguma coisa que podemos fazer.   E o Porto tem mostrado tanto isso! Sei que ficas um bocadinho sentido quando digo que o Porto é a minha casa do coração. Sei que gostavas que eu gostasse daí como gosto daqui. Gosto muito daí, pai, mas nenhuma outra cidade me leva às lágrimas como esta. É um amor que nunca para de crescer. Tens acompanhado o que tem acontecido aqui? Temos o primeiro centro de rastreio, temos empresas a unirem-se para fabricar máscaras, temos vários movimentos a angariarem dinheiro, e temos a Câmara sempre, sempre presente em tudo. Sim, tinhas razão, pai às vezes a revolução também de faz sublinhando o que é bem feito. Será pacóvio, não sei, mas é um orgulho viver numa cidade que nos faz, apesar de tudo, sentir que vai tudo correr bem. O Costa disse hoje que é preciso "assegurar a máxima contenção, com o mínimo de perturbação". O Porto está a fazer isso há quase duas semanas.   Também por isso decidi, como tantos aqui na redação, continuar a trabalhar. Mas para que possa continuar, preciso que tu mantenhas a promessa de ficar em casa. Pai, não me lembro de outra altura, desde que comecei a trabalhar, em que a informação seja tão importante. É este o jornalismo em que acredito, tu sabes. O jornalismo corajoso, solidário, de confiança, que ergue o dedo e diz: presente. Lê o JN no computador, pai, vais ficar orgulhoso. E dá a mão à mãe. Tenho visto várias pessoas na rua de mão dada. Fico sempre comovida, é como se dissessem: o amor é mais forte do que tu, vírus. Também acredito nisso, que só o amor nos pode salvar.   Pensa que quanto mais separados estivermos agora, mas unidos estaremos depois. E promete-me que vamos todos sobreviver para contar a história. Não saiam de casa, por favor. E convençam todas as pessoas que conhecem a não saírem de casa. Com ou sem emergência nacional. Com ou sem recolher obrigatório.   Todo o amor do mundo. E muita coragem. Até já.     PUB       Partilhe estas