quarta-feira, 18 de março de 2020

REVOLUÇÃO DE 1848 NOS ESTADOS ALEMÃES - 18 DE MARÇO DE 2020



Revoluções de 1848 nos Estados alemães

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Germania por Philipp Veit
Revolucionários comemorando em Berlim, em 19 de março de 1848
As Revoluções de 1848 nos Estados alemães, também chamada de Revolução de Março - parte das Revoluções de 1848 que eclodiram na Europa - foram uma série de protestos coordenados e rebeliões nos Estados da Confederação Germânica, incluindo o Império Austríaco. As revoluções salientaram o pangermanismo, enfatizou o descontentamento popular com a tradicional estrutura amplamente autocrática dos 39 Estados independentes da Confederação, que havia herdado o território alemão do Sacro Império Romano-Germânico. Além disso, demonstraram o desejo popular para uma maior liberdade política, junto com políticas liberais, a liberdade de expressão, democracia e nacionalismo. Os elementos da classe média estavam preenchidos com princípios liberais, enquanto a classe trabalhadora buscou melhorias radicais em suas condições de trabalho e de vida. No entanto, a classe média e os componentes da classe trabalhadora foram divididos durante a Revolução, e no final, a aristocracia conservadora havia derrotado ambas as partes, forçando muitos liberais para o exílio.

Principais causas[editar | editar código-fonte]

A campanha nas revoluções alemãs de 1848 teve dois objetivos principais, primeiro, um sistema unificado alemão (Estado-nação) e segundo, a introdução de liberdades civis.[1]
As exigências para a reforma política incluindo a liberdade de imprensa, a auto-organização das universidades e um parlamento que represente todos os cidadãos alemães foram apenas representadas pelos monarcas de uma comunidade de Estados soberanos alemães.
O sentimento nacionalista, que foi amplamente difundido entre os estudantes da classe média educada foi estimulado pela Crise do Reno de 1840, quando parecia que a França invadiria a Renânia. O historiador Fichte e o escritor Jahn Arndt, haviam contribuído de diferentes formas para o crescimento de um sentimento nacional difuso dos alemães. Fichte levantou o temperamento nacional com suas palestras sobre um Estado alemão independente, enquanto Arndt tinha declarado o seu ódio eterno dos franceses e Jahn tinha o chamado para a criação de um órgão nacional composto de homens fortes prontos para morrer pela pátria. Todos eles viviam durante a ocupação dos Estados alemães pelo exército napoleônico, e da França que era vista como uma grande rival para os Estados alemães, que em sua composição eram espalhados e tinham sido incapazes de formar uma defesa coordenada contra Napoleão. A crise no Reno provocou uma nova onda de sentimento anti-francês e a composição de músicas patrióticas conhecidas como Rheinlied. Além disso, a declaração da Dinamarca que ocuparia parte de Schleswig-Holstein provocou uma oposição generalizada. A partir de 1840, houve um consenso entre os liberais alemães, que visavam apenas a dupla união e a liberdade de lutar.[1]
As desastrosas condições econômicas também desempenharam um papel. A epidemia de cólera espalhou a morte e o sofrimento para a Silésia. O crescimento da população e os fracassos da safra entre 1846 e 1847 causaram fome e miséria. Muitas pessoas se mudaram para a cidades, a fim de sobreviver, mas os salários eram muito baixos e as condições de vida eram terriveis.
Em 1828, a União Aduaneira Prússia-Hessian havia sido formada, que foi projetada para tornar o comércio de bens prussianos mais eficiente. A Áustria foi o único Estado que não aderiu e foi um poderoso motor para a unificação dos Estados dentro da federação. As normas estabelecidas no Zollverein para os impostos de bens e viagens eram feitas entre os Estados de frouxa legislação. Inicialmente, as área sindicais na Prússia eram poucas e pequenas, mas em 1834 haviam crescido para dentro da região do Zollverein que abrangia grande parte do que viria a ser a Alemanha. Entre outros feitos, estabeleceu os padrões de peso e moeda na Alemanha.
Estes eventos em toda a Europa em 1848 tiveram um impacto também sobre os alemães. Em fevereiro de 1848, o Rei Louis-Phillipe da França abdicou do trono, provocando revoluções em todo o continente europeu, especialmente nos Estados alemães.

Eventos que levaram às revoluções[editar | editar código-fonte]

O trabalho de base no levante de 1848 na Alemanha foi colocada muito tempo antes. O Festival de Hambach de 1832 por exemplo, reflete uma crescente inquietação em face da tributação pesada e censura política. O Festival de Hambach é particularmente notável pelo fato que resultou na origem da bandeira tricolor: preto, vermelho e ouro (que atualmente forma a bandeira da Alemanha), como um símbolo do movimento republicano e de uma união entre os povos de língua alemã.
A pressão liberal se espalhou através de muitos Estados alemães da Confederação Germânica, cada um dos quais experimentaram as revoluções de sua própria maneira. As manifestações de rua dos trabalhadores e artesãos em Paris na França em 22 de fevereiro de 1848 resultaram na abdicação do Rei Luís Filipe e na sua partida da França para a Inglaterra, foi o estímulo necessário para a revolta na Alemanha.[2] Na França, a Revolução de 1848 ficou conhecida como "Revolução de Fevereiro".
A revolução se espalhou pela Europa e começou na Alemanha com grandes manifestações em 13 de março de 1848 em VienaÁustria, que resultou na renúncia do Príncipe von Metternich como ministro-chefe do imperador Fernando I da Áustria e sua partida para a Grã-Bretanha.[2] Por causa da data destas demonstrações, as revoluções de 1848 na Alemanha são chamadas geralmente de Revolução de Março (em alemão: Märzrevolution).
Temendo o mesmo destino de Luís Filipe da França, alguns monarcas na Alemanha aceitaram algumas exigências dos revolucionários, pelo menos temporariamente. No sul e oeste, as grandes assembleias populares e manifestações em massa ocorreram. Haviam exigido liberdade de imprensa, liberdade de se reunir, constituições escritas, armamento para o povo e um parlamento para o povo alemão.
Em grande parte dos Estados alemães ocorreram manifestações populares, revoltas e um movimento por um parlamento nacional eleito que projetasse uma nova Constituição em defesa de uma Alemanha unificada.

As Revoluções[editar | editar código-fonte]

Revolta de 19 de Março de 1848 em Berlim
No mesmo ano, as safras foram ruins, os preços dos alimentos subiram e o ambiente entre os trabalhadores urbanos ficou agitado.
A intelectualidade se uniu aos operários que, em 3 de março de 1848, fizeram uma manifestação nas ruas de Colônia. Duas semanas mais tarde, a insurreição irrompeu em Berlim. No dia 18 de março, a população exigiu de Frederico Guilherme IV o apoio às teses liberais e a convocação de uma assembléia nacional eleita pelo sufrágio universal. Na semana de Março de 1848, as manifestações e os comícios tornaram-se diários, os liberais exigiam uma Constituição, houve um choque entre soldados e manifestantes e logo surgiram barricadas por toda a cidade, lutando unidos contra as tropas reais burgueses, pequeno-burgueses e operários.
As revoltas foram imediatamente sufocadas pelas forças prussianas. O rei Frederico Guilherme IV procurou eximir-se da responsabilidade pelo massacre. Retirou as tropas da cidade e a ordem passou a ser controlada por uma milícia civil. A bandeira vermelha, negra e dourada - símbolo de uma Alemanha unida e liberal - triunfava nas cidades prussianas. O rei identificou-se publicamente com a causa nacional alemã e convocou uma assembléia nacional. Em 1849 foi redigida uma Constituição para a Alemanha. Os conservadores, que queriam uma Alemanha unida, sob o domínio da Prússia, mas não liberal, começaram a articular uma reação.
A burguesia tentou tomar partido da revolução de Março de 1848 para unificar os estados alemães. A revolução expandiu-se por quase todos os Estados alemães. Ao mesmo tempo que o Parlamento se ocupava de infindáveis debates, os poderosos latifundiários e os príncipes debatiam-se com a contra-revolução. No mês de Abril desse ano, Marx e Engels tinham chegado à Alemanha e foram se fixar na zona da Renânia.
Em Junho saía nesse local a "Nova Gazeta Renana", dirigida pelo teórico socialista Karl Marx, e custeada por industriais liberais. Este periódico procurou forjar uma aliança entre socialistas e liberais em prol da democracia.
Em Dresden, um reduto liberal e democrata, rebentou um movimentou popular. Em grande parte insuflado por periódicos como a "Gazeta de Dresden", que publicava artigos de Mikhail Bakunin, e "Páginas Populares", para o qual contribuía o compositor Richard Wagner, o movimento carecia de organização. A violenta batalha foi vencida pelas tropas governamentais, que estavam em maior número. Engels deixou Colônia em 10 de Maio de 1849 por Elberfeld, no Reno, cidade onde se ocupara da direção das barricadas. Bakunin foi preso e condenado à morte, mas sua pena foi comutada para prisão perpétua.
Um Parlamento foi reunido em Frankfurt em 18 de maio, abrangendo todas as tendências políticas alemãs. Adotou a supressão dos direitos feudais e aumentou as liberdades políticas. Os representantes dos Estados alemães perderam-se em discussões a respeito da unificação: havia os defensores da República (com partidários do federalismounitarismo e da democracia); outros defendiam a solução monárquica, tendo adeptos da participação da Áustria (seria a Grande Alemanha), e outros, com a exclusão da Áustria e predomínio da Prússia (seria a Pequena Alemanha). A solução encontrada, proposta pela burguesia, já em 1849, foi a de uma "monarquia federal" governada pelos Hohenzollern (dinastia prussiana), sendo a Coroa imperial da Alemanha oferecida a Frederico Guilherme IV que, pressionado pela ação dos nobres, recusou-a e não aceitou a Constituição de Frankfurt. Esta atitude foi repetida pelo governo da Áustria e dos outros Estados alemães. Embora o povo e os revolucionários quisessem ver aprovada esta Constituição, acreditando que ela poderia trazer algum progresso em termos de liberdades civis, esta também não lhes satisfez totalmente, visto que deixava o poder nas mãos dos antigos líderes. Começou assim a contra-revolução da nobreza. Em Novembro de 1848, a Assembleia Nacional de Frankfurt foi dissolvida sem oposição pela Prússia, o sufrágio universal suprimido e os privilégios da nobreza restabelecidos. Os junkers, conservadores, membros da nobreza latifundiária, retomaram pouco a pouco o controle da situação. O sonho da unificação havia fracassado. Os radicais continuaram a lutar pela obtenção de justiça social, mas foram esmagados pelo exército prussiano.
Primeiro na Áustria, depois na Prússia, a restauração conservadora acabou por triunfar em toda a Alemanha. O sonho de uma Alemanha unida e democrática estava morto. A burguesia liberal alemã fracassara.
O triunfo da Revolução de 48 e as agitações operárias atemorizavam a burguesia alemã. Ela não aprofundou a revolução nem consolidou seu poder, como fizeram os ingleses (1688) e os franceses (1789). Abandonou seus aliados da véspera, pequeno-burgueses democratas e operários, e recompôs-se com a nobreza restauradora. Nos diversos Estados, as conquistas obtidas (liberdades, diversas Constituições) foram anuladas e o poder dos governantes restaurado em sua plenitude.
Assim ocorreu em Viena, permitindo que os Habsburgo cuidassem das nacionalidades submetidas, como se deu na Hungria, onde Lajos Kossuth proclamara a independência e a República: com o apoio da Rússia, a Áustria derrotou os húngaros e os manteve integrados ao Império Austríaco. Foi então que Frederico Guilherme IV, aproveitando-se da exaltação nacionalista, tentou promover a unificação com o apoio de outros governantes, sem participação da Áustria; contudo, os dirigentes austríacos, tendo sufocado os movimentos na Itália, na Hungria e na própria Áustria, e dispondo ainda do apoio da Rússia, obrigaram o soberano prussiano a encerrar as negociações que vinha promovendo ("Recuo de Olmutz", em 1850).
Assim, também se frustraram as revoluções na Alemanha, não só pela divisão entre os revolucionários, mas principalmente pela debilidade de um capitalismo ainda nascente na Alemanha. Não obstante, o saldo das Revoluções apontou o caminho a seguir: a unificação deveria ser promovida pela Prússia, não mais pela via revolucionária (a emergência de ideologias proletárias levou a burguesia a se desvincular do proletariado), porém, sob a direção dos Hohenzollern.

Referências

  1. ↑ Ir para:a b Staas, Christian; Volker Ullrich. «Deutschlands sonderbarer Weg». Zeit Geschichte (em alemão) (3/2010): 22–28 Interview with historian August Winkler.
  2. ↑ Ir para:a b See the Foreword written by S. Z. Leviova to the book called The Revolution of 1848: Articles from the Neue Rheinische Zeitung by Karl Marx and Frederick Engels (International Publishers: New York, 1972) p. 7.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Davis Randers-Pehrson, Justine (1999). Germans and the Revolution of 1848-1849. Col: New German-American Studies/Neue Deutsch-Amerikanische Studien. New York: Peter Lang. ISBN 0-8204-4118-X
  • Hahs, Hans J. The 1848 Revolutions in German-speaking Europe (2001)
  • Evans, R. J. W.; Hartmut Pogge von Strandmann, ed. (2000). The Revolutions in Europe, 1848-1849: From Reform to Reaction. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-1982-0840-5
  • Hamerow, Theodore (1967). Restoration, Revolution, Reaction: Economics and Politics in Germany, 1815-1871. Princeton: Princeton University Press
  • Hewitson, Mark. "'The Old Forms are Breaking Up, … Our New Germany is Rebuilding Itself': Constitutionalism, Nationalism and the Creation of a German Polity during the Revolutions of 1848–49," English Historical Review, Oct 2010, Vol. 125 Issue 516, pp 1173–1214
  • Marx, KarlFriedrich EngelsKarl Marx and Frederick Engels: Collected Works7. [S.l.: s.n.]
  • Mattheisen, Donald J. "History as Current Events: Recent Works on the German Revolution of 1848," American Historical Review Vol. 88, No. 5 (Dec., 1983), pp. 1219–1237 in JSTOR
  • O'Boyle Lenore. "The Democratic Left in Germany, 1848," Journal of Modern History Vol. 33, No. 4 (Dec., 1961), pp. 374–383 in JSTOR
  • Palmer, Alan (1976). Bismarck. New York: Charles Scribner's Sons. ISBN 0-6841-4683-5
  • Pollock, James K.; Thomas H. Pollock (1952). Germany in Power and Eclipse. New York: D. Van Nostrand Co., Inc.
  • Robertson, Priscilla. "Students on the Barricades: Germany and Austria, 1848," Political Science Quarterly Vol. 84, No. 2 (Jun., 1969), pp. 367–379 in JSTOR
  • Robertson, Priscilla. Revolutions of 1848: A Social History (1952), pp 105–85
  • Sheehan, James J. (1990). German History, 1770-1866 (Series: Oxford History of Modern Europe). Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-1982-2120-7 pp 656–710
  • Sperber, Jonathan (2005). The European Revolutions, 1848-1851 (Series: New Approaches to European History). Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-5218-3907-6
  • Vick, Brian (2002): Defining Germany The 1848 Frankfurt Parliamentarians and National Identity (Harvard University Press ISBN 978-067400911-0).

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

JACQUES DE MOLAY - MORREU EM 1314 - Cavaleiro e Último Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários - 18 de MARÇO DE 2020



Jacques de Molay

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Jacques de Molay
Jacques De Molay, o último Grão-Mestre da Ordem dos Templários, em representação do século XIX. Hoje não existe nenhum retrato seu feito em vida.
Nome completoJacques de Molay
Nascimento1243/1244 ou 1249/1250
MolayFrança
Morte18 de março de 1314
ParisFrança
NacionalidadeBorgonhês (pois o território não pertencia ao Reino da França à época em que Jacques de Molay nasceu)
OcupaçãoCavaleiro e último grão-mestre da Ordem dos Templários
Jacques de Molay, por vezes também chamado Tiago de Molay,[1] (em latimIacobus Burgundus; em francêsJacques de Molay; [Pronúncia: (ʒak də molɛ) Jak Demolé]; Molay1244 — Paris18 de março de 1314) foi um nobremilitarcavaleiro e o último grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários.[2] Nascido em Molay, pertencia a uma família da pequena nobreza francesa. É hoje o patrono da Ordem DeMolay.[3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido em Molay, comuna francesa atualmente localizada no departamento de Alto SonaFrança, embora à época o vilarejo pertencesse ao Condado da Borgonha. Muito pouco se sabe sobre sua infância e adolescência; aos seus 21 anos de idade, como muitos filhos da nobreza europeia, de Molay entrou para a Ordem dos Cavaleiros Templários (organização sancionada pela Igreja Católica para proteger as estradas entre Jerusalém e Acre - importante porto no mar Mediterrâneo).
Nobres de toda a Europa enviavam os filhos para serem cavaleiros templários, e isso fez com que a Ordem passasse a ser muito rica e popular em todo o continente europeu e Oriente Médio.
Em 1298, Jacques de Molay foi nomeado grão-mestre dos templários (assumiu o cargo após a morte de seu antecessor, Teobaldo Galdino), uma posição de poder e prestígio. Mas passou por uma difícil situação: as Cruzadas não estavam atingindo seus objetivos. O anticristianismo sarraceno derrotou as Cruzadas em batalhas, capturando algumas cidades e portos vitais dos cavaleiros templários e dos hospitalários (outra ordem de cavalaria). Restou apenas um único grupo do confronto contra os sarracenos.
Os templários resolveram, então, se reorganizar e readquirir sua força. Viajaram para a ilha de Chipre, esperando que a população se levantasse em apoio à outra Cruzada. Em vez de apoio público, os cavaleiros atraíram a atenção dos poderosos senhores feudais, muito deles seus parentes, pois para se entrar na ordem teria de se pertencer à nobreza.
Em 1305, o rei da França Filipe IV, o Belo (r. 1285–1314) resolveu obter o controle dos templários para impedir a ascensão da ordem no poder da Igreja Católica. O rei era amigo de Jacques de Molay devido ao parentesco deles; o delfim Carlos, mais tarde Carlos IV (r. 1322–1328), afilhado de Jacques. Mesmo sendo seu amigo, o rei de França tentou juntar a ordem dos Templários e a dos Hospitalários, pois sentiu que as duas formavam uma grande potência econômica e sabia que a Ordem dos Templários possuía várias propriedades e outros tipos de riqueza.
Sem obter o sucesso desejado, de juntar as duas ordens e se tornar um líder absoluto, o então rei de França armou um plano para acabar com a Ordem dos Templários. Chamou o nobre francês Esquino de Floyran com a missão de denegrir a imagem dos templários e de seu grão-mestre, e como recompensa receberia terras pertencentes aos templários logo após derrubá-los. O ano de 1307 marcou o começo da perseguição aos cavaleiros. Apesar de possuir um exército com cerca de 15 000 homens, Jacques foi a França para o funeral de um membro feminino da realeza francesa e levou consigo alguns cavaleiros. Onde foram capturados na madrugada de 13 de outubro por Guilherme de Nogaret, homem de confiança do rei Filipe IV.
Durante sete anos, Jacques de Molay e os cavaleiros aprisionados na masmorra sofreram torturas e viveram em condições subumanas. Enquanto isso, Filipe IV gerenciava as forças do papa Clemente V (1305–1314) para condenar os templários e suas riquezas e propriedades foram confiscadas e dadas a proteção do rei. Mesmo após três julgamentos Jacques continuou sendo leal com seus amigos e cavaleiros, recusando-se a revelar o local das riquezas da Ordem e denunciar seus companheiros.
Em 18 de março de 1314, Jacques de Molay foi levado à Corte Especial. Como evidências, a corte dependia de confissões forjadas, supostamente assinadas pelo grão-mestre. Desmentiu as confissões, sob as leis da época a pena por desmentir era a morte.
Foi julgado pelo Papa Clemente V, e assim como Jacques de Molay o cavaleiro Guido de Auvérnia desmentiu sua confissão e ambos foram condenados. Filipe IV ordenou que ambos fossem queimados naquele mesmo dia. Durante sua morte na fogueira intimou aos seus três algozes, a comparecer diante do tribunal de Deus, amaldiçoando os descendentes do então rei de França.

Grão-mestrado[editar | editar código-fonte]

Jacques de Molay assume o grão-mestrado da ordem em 1298, não se sabendo no entanto a data exata da sua eleição. Eleito em detrimento de outra figura de peso dentro da ordem, Hugo de Pairaud, sobrinho do visitador do templo em França.
O inicio do seu mestrado é marcado pela ação a favor de uma nova cruzada, desenvolvendo uma campanha diplomática na França, CatalunhaInglaterra, nos estados da península Itálica e nos Estados Pontifícios. Esta campanha visou não só resolver problemas internos da ordem, problemas locais, como disputas entre a ordem e bispos, e também pressionar as coroas e a igreja a uma nova cruzada.
Organizou a partir da ilha de Chipre ataques contra as costas egípcias e síria para enfraquecer os mamelucos, providenciando apoio logístico e armado ao Reino Arménio da Cilícia, e também intentou uma aliança com o Canato da Pérsia, sem resultados visíveis.
Outro assunto discutido durante o seu mestrado foi a fusão entre as duas maiores ordens militares, a dos Templários e a dos Hospitalários. A Ordem do Templo com a perda de Acre começava a ser questionada quanto à razão da sua existência. As suas funções de proteger os peregrinos e de defender a Terra Santa tinham cessado quando se retiraram para a ilha de Chipre. Em maio de 1307 em Poitiers, Jacques de Molay junto do papa Clemente V apresentou uma defesa contra a fusão e ela não se realiza.

A prisão e o processo[editar | editar código-fonte]

Jacques de Molay foi sentenciado à morte, em 1314, sendo queimado na Ilha da Cidade, em Paris
Dia 13 de outubro de 1307 no Reino da França, os templários foram presos em massa por ordem de Filipe IV, o rei de França. O grão-mestre Jacques de Molay é capturado em Paris. Imediatamente após a prisão, Guilherme de Nogaret proclama publicamente nos jardins do palácio real em Paris as acusações contra a ordem.
Esta manobra régia impedira o inquérito pontifício pedido pelo próprio grão-mestre, o qual interno à Igreja, discreto e desenvolvido com base no direito canônico, emendaria a ordem das suas faltas promovendo a sua reforma interna.
A prisão, as torturas, as confissões do grão-mestre (De Molay nunca confessou as acusações como menciona anteriormente), criam um conflito diplomático com a Santa Sé, sendo o papa o único com autoridade para efetuar esta ação. Depois de uma guerra diplomática face ao processo instaurado contra a ordem entre Filipe, o Belo e Clemente V, chegam a um impasse, pois estando o grão-mestre e o preceptor da NormandiaGodofredo de Charnay sob custódia dos agentes do rei, estão no entanto protegidos pela imunidade sancionada pelo papa e absolvidos não podendo ser considerados heréticos.
Placa assinalando o lugar da execução de Jacques de Molay, na Ilha da Cidade, em Paris: Neste local, Jacques de Molay, último Grão-Mestre da Ordem dos Templários, foi queimado, em 18 de março de 1314
Em 1314, o rei pressiona para uma decisão relativa à sorte dos prisioneiros. Já num estado terminal da sua doença, com violentas hemorragias internas que o impedem de sair do leito, Clemente V ordena que uma comissão de bispos trate da questão. As suas ordens seriam a salvação dos prisioneiros ficando estes num regime de prisão perpétua sob custódia apostólica e assegurando ao rei que a temida recuperação da ordem não será efetuada. Perante a comissão, Jacques de Molay e Godofredo de Charnay proclamam a inocência de toda a ordem face às acusações dirigidas a ela, a comissão para o processo e decide consultar a vontade do papa neste assunto.
Ao ver que o processo estava ficando fora do seu controle e estando a absolvição da ordem ainda pendente, Filipe IV, o Belo, decide um golpe de mão para que a questão templária fosse terminada. Ordena o rapto de Jacques de Molay e de Godofredo de Charnay, então sob a custódia da comissão de bispos, e ordena que sejam queimados numa fogueira na Ilha da Cidade, pouco depois das vésperas, em 18 de março de 1314.
Com isso Jacques de Molay passou a ser conhecido como um símbolo de lealdade e companheirismo, pois preferiu morrer a entregar seus companheiros ou faltar com seu juramento.

Teatro e cinema[editar | editar código-fonte]

No cinema o ator francês Gerard Depardieu interpretou De Molay no filme Os Reis Malditos (2005).
No teatro, o ator brasileiro John Vaz interpretou De Molay no espetáculo Jacques de Molay: O Fim da Ordem do Templo, em turnê pelo Brasil.

Ver também[editar | editar código-fonte]

  • Pont Neuf - Ponte em Paris onde se encontra o marco do local de sua execução

Referências

  1.  Demurger 2002, p. 189.
  2.  «Jacques de Molai». Consultado em 18 de março de 2014
  3.  «Biografia de Jacques DeMolay no site da Ordem DeMolay». Consultado em 18 de março de 2017

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Commons possui uma categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre Jacques de Molay

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