segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

ALETEIA - 23 DE FEVEREIRO DE 2020

ATUALIDADE
Pablo Cesio

Choque mundial: por bullying, menino de 9 anos clama em vídeo que quer se matar

RELIGIÃO
Redação da Aleteia

Hoje: 100 anos do falecimento de Santa Jacinta Marto, criança vidente de Fátima

ESPIRITUALIDADE
Philip Kosloski

Durma em paz com esta breve oração a São José

RELIGIÃO
Aleteia Brasil

Pe. Zezinho fala dos cristãos que criticam o Papa: “O problema não era Jesus”

ESPIRITUALIDADE
Redação da Aleteia

Uma carta da Irmã Lúcia, vidente de Fátima, sobre a grandiosidade do Santo Terço

ESPIRITUALIDADE
Philip Kosloski

Peça a Deus para trazer felicidade à sua vida com esta oração

ESTILO DE VIDA
Dolors Massot

As 7 causas que colocam em risco nossos relacionamentos e amizades

RELIGIÃO
Redação da Aleteia

As 2 coisas que devem ser mudadas na Igreja Católica

ESPIRITUALIDADE
Aleteia Brasil

Nesta quinta, 20, acontece o terço mundial Mater Fátima: saiba como participar

ESTILO DE VIDA
Cerith Gardiner

Ben Affleck: “o divórcio é o maior arrependimento da minha vida”

Oração do dia

FESTIVIDADE DO DIA

Santa Milburga

Oração para esta manhã
Meditação do dia
Oração para esta tarde
Evangelho do dia
FRASE INSPIRADORA

“ Se você tem a impressão de que já se aperfeiçoou, nunca chegará às alturas daquilo de que certamente é capaz ”

Kazuo Ishiguro
Compartilhe esta frase
Conteúdo publicitárioLearn more about RevenueStripe...
Compartilhe esta mensa

OBSERVADOR - 23 DE FEVEREIRO DE 2020

Logo Observador

Manhã de domingo

As principais notícias do dia
Bom dia!
SAÚDE
Primeiro português infetado, mais de 100 casos em Itália, mais de 2350 mortes. O Covid-19 assusta a comunidade internacional. Que vírus é este, como se pode proteger e como está a afetar o mundo.
SAÚDE
Tem 41 anos, 3 filhas e é canalizador no cruzeiro retido no Japão. Em Itália, número de infetados é atualizado ao minuto. Autoridades encerraram locais públicos e cancelaram jogos do campeonato.
SAÚDE
Dois italianos morreram e há mais de 100 infetados no país. Alguns casos não têm explicação aparente. No norte do país, há quem tenha sido aconselhado a ficar em casa.
SOCIEDADE
Duas centenas de pessoas bloquearam esta madrugada a Segunda Circular, em Lisboa, para uma homenagem não autorizada aos três homens que ali perderam a vida na passada sexta, num acidente a 300 Km/h.
EMPRESAS
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil enviou um comunicado aos associados a dar conta do falhanço das negociações com a TAP. "Recurso à greve" é uma das hipóteses em cima da mesa.
MUNDO
O senador norte-americano Bernie Sanders agradeceu aos apoiantes a vitória nas eleições primárias democratas, no sábado, no estado do Nevada, quando estavam contados 43% dos votos.
SOCIEDADE
Ficou conhecido no mundo inteiro depois de a mãe ter partilhado um vídeo com o seu sofrimento. Agora, Quaden, de apenas 9 anos, foi aplaudido por milhares, ao entrar em campo com uma equipa de râbegui
DESPORTO
No dia em que cumpriu o jogo 1000 enquanto sénior, Cristiano Ronaldo chegou às 11 partidas seguidas a marcar na Serie A, igualou mais um recorde e ajudou a Juventus na vitória em casa da SPAL (1-2).
TELEVISÃO
Filipe Sambado, Tiago Nacarato-Bárbara Tinoco, Marta Carvalho-Elisa e Throes + The Shine vão à final do Festival da Canção. Ao Observador, falaram de feminismo, diversidade e confiança para dia 7.
TELEVISÃO
As cantigas do Youtube, as baladas clássicas e as performances que deixam perguntas como "mas afinal o que é isto?". Susana Romana viu de tudo no regresso do Festival da Canção e conta como foi.
LIFESTYLE
Prefere flores estranhas e usa poucas nos seus arranjos. De ascendência japonesa, Nathan Kunigami veio para Portugal ser florista e trouxe consigo o minimalismo dentro de uma jarra (ou de uma rede).
Opinião

Helena Matos
Algures entre chamar rei a Eusébio e sr. a Máŕio Coluna e guinchar diante de Marega, Portugal ajavardou. O PREC tornou-se no PGEC: Processo de Grunhificação em Curso. O amanhã que ia cantar é o hoje.
Paulo Trigo Pereira
O mais difícil, redigir uma lei equilibrada que compatilize a auto-determinação do doente com um adequado envolvimento médico e familiar é agora da responsabilidade dos deputados ouvindo a sociedade.
João Marques de Almeida
Vasco Pulido Valente escrevia e dizia sempre o que pensava, e sempre sem qualquer medo e sem calculismos. Nada nem ninguém o condicionava.
Miguel Pinheiro
Não quero parecer demasiado sentimental, mas a verdade é que Vasco Pulido Valente escreveu crónicas e livros de História e lutou e arriscou politicamente para nos tornar na melhor versão de nós mesmos
Alberto Gonçalves
Uma noite, após o jantar, o Vasco soltou inadvertidamente um cliché, não recordo qual. Ficou envergonhado durante cinco minutos, e deprimido outros dez. Estas lições não têm preço.
Partilhe esta edição:
no Facebook no Twitter por e-ma

DO TEMPO DA OUTRA SENHORA - 24 DE FEVEREIRO DE 2020

Do Tempo da Outra Senhora


Posted: 22 Feb 2020 08:27 AM PST

1 - Corso carnavalesco de 1919 na Praça Luís de Camões, onde ainda não existia o
passeio junto ao qual estacionam os táxis na actualidade. Na parte central ao fundo,
é visível a torre sineira da Igreja da Antiga Misericórdia, situada no local onde está
hoje sedeada a Sociedade Recreativa Popular Estremocense (Porta Nova).

Origem do Carnaval
O período de três dias que precedem a Quaresma é conhecido por Carnaval e nele decorrem alegres brincadeiras e festas populares, que assumem múltiplas formas.
Apontado por muitos como tendo uma remota origem pré-cristã, o Carnaval assumiu importância no séc. IV d.C., quando a Igreja Católica estabeleceu a Semana Santa antecedida dos quarenta dias da Quaresma. Um período de tão longa penitência e privações, incentivaria a realização de festas populares nos três dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. Os três dias de Carnaval são conhecidos por dias gordos, especialmente a Terça-feira Gorda.
Carnavais com personalidade própria
O Carnaval é uma festa de âmbito planetário. Por esse mundo fora ocorrem Carnavais afamados como os de Veneza, Nice, Santa Cruz de Tenerife, Nova Orleães e Rio de Janeiro. Cada um deles tem a sua identidade cultural intrínseca, forjada por vezes há mais de 100 anos e consolidada pelo tempo. São Carnavais com personalidade própria, que não têm necessidade de copiar outros Carnavais. Sem sombra de dúvida que o mais famoso de todos é o Carnaval do Rio de Janeiro, considerado a maior festa do mundo, que decorre durante 5 dias e se manifesta de múltiplas formas, das quais a mais mediática é o desfile das escolas de samba no Sambódromo da Marquês de Sapucaí.
Em Portugal são inúmeros os locais onde de modos variados é comemorado o Carnaval. Deles destaco os Carnavais de Lindoso, Podence, Lazarim, Cabanas de Viriato, Guimarães, Barcelos, Torres Vedras e Loures, por terem individualidade própria e não serem decalcados de outros.
A 1ª Batalha de Flores em Estremoz
Em Estremoz, a primeira notícia conhecida e referente à realização de um corso carnavalesco, remonta a Fevereiro de 1919, na sequência do final da I Grande Guerra Mundial, travada entre 28 de Julho de 1914 e 11 de Novembro de 1918. A seguir ao horror e à destruição daquele conflito europeu e entre muitas outras coisas, alteraram-se os padrões de vida. Daí não ser de estranhar a criação de um corso carnavalesco em Estremoz. Estava-se na ante porta dos loucos anos 20 e o corso assumiu a forma de uma “Batalha de flores”. Os carros, pertencentes a lavradores e a elementos da melhor sociedade de então, iam enfeitados com flores que deles eram também lançadas sobre a assistência que se encontrava ao longo do percurso, o qual é seguido ainda hoje. Tratou-se de uma batalha amigável em que os projécteis eram flores de cores variegadas e que perfumavam o ar.
O Orfeão e a revitalização do Carnaval de Estremoz
Após a criação em 1930 do Orfeão de Estremoz "Tomaz Alcaide", este chamou a si a iniciativa de promover corsos carnavalescos designados também por “Batalhas de flores”, integradas por carros alegóricos, grupos de cavaleiros, grupos de ciclistas, grupos de foliões e ranchos folclóricos do concelho. Os corsos eram abrilhantados pelas bandas locais, Sociedade Filarmónica Luzitana e Sociedade Filarmónica Artística Estremocense, as quais tocavam música portuguesa, assegurando a animação do evento. “Cabeçudos” e “gigantones” completavam o ramalhete de animação que percorria as ruas da parte baixa da cidade, previamente engalanadas.
O primeiro corso carnavalesco organizado pelo Orfeão teve lugar em 1935 e saldou-se por um assinalável êxito, não só pela participação da população, como pelo impacto junto de forasteiros que visitaram a cidade. O sucesso reeditou-se nos anos subsequentes até 1939, ano em que em 1 de Setembro teve início a II Guerra Mundial. Após o interregno causado pelo conflito bélico, o Orfeão retomou a organização dos corsos carnavalescos em Estremoz em 1951. O auge do Carnaval de Estremoz terá acontecido nos anos 50-60 do século passado. As flores já eram de papel e os projécteis eram papelinhos, serpentinas e saquinhos com serradura. Também apareciam saquinhos com areia e dalguns carros lançavam-se tremoços ou grão-de-bico e ocorriam também as inevitáveis farinhadas e bisnagadas. A música era bem portuguesa e havia foliões que em grupo ou individualmente fizeram História: Joaquim António Chouriço, José Gancho, João Mourinha, Padre-Santo, José Manuel Figo, Francisco Chouriço, José Albano França, Joaquim Viana, António José Martins (Costeleta), Ezequiel Chouriço e António Pegado (Pendão). Não deixavam o seu crédito por mãos alheias, quer encarnassem o papel de um personagem respeitável ou pelo contrário fossem caricaturalmente exagerados. Eram a elite vanguardista e bem disposta de um Carnaval bem português: o Carnaval de Estremoz. Isto no “Tempo da Outra Senhora”. 
Abrasileiramento do Carnaval de Estremoz
Com o eclodir da Guerra Colonial em 1961, os corsos carnavalescos viriam a ser interrompidos e só seriam retomados pontualmente em 1972 e 1973, graças à iniciativa particular de um grupo de foliões estremocenses. Fruto de múltiplas condicionantes, a organização dos corsos carnavalescos só seria retomada pelo Orfeão em 1993, ano em que para além daquilo que era tradicional no Carnaval de Estremoz, alguém teve a triste ideia de acrescentar “escolas de samba”. Foi o abrasileiramento do Carnaval de Estremoz, que fez com que este se abastardasse e que por isso constituiu um atentado histórico e social à sua identidade cultural local.
Actualmente, o Carnaval de Estremoz tem o samba como música de fundo, ao som da qual os blocos de marchantes “sacodem as pulgas”, enquanto no seu imaginário é projectado um filme em que se sentem bailarinos duma escola de samba. Foram obliterados pela colonização brasileira e sentem-se como passistas no Sambódromo da Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro, quando afinal estão no Rossio Marquês de Pombal, em Estremoz. Querer transformar as ruas de Estremoz em sambódromo é como em Lisboa, querer meter o Rossio na Rua da Betesga.
O samba, expressão privilegiada da cultura popular brasileira, música e dança alegre para quem as sente no corpo e na alma porque é brasileiro, faz tanto sentido no Carnaval de Estremoz como um elefante numa loja de cristais. Quem desfila por aqui ao som da aparelhagem sonora, não consegue transmitir a alegria nem tem o poder de comunicação dos marchantes cariocas. É uma tristeza. É como se Domingo e Terça-feira Gorda se tivessem transformado em Quarta-feira de Cinzas. O Carnaval de Estremoz é um arremedo do Carnaval carioca. Daí que seja legítimo questionar:
- Quem te manda a ti sapateiro, tocar rabecão?
No corso carnavalesco de Estremoz constata-se a ausência de qualquer tipo de crítica social ou política. Para além disso e pese embora o Carnaval ser um período propício a consumos proscritos durante a Quaresma, não é pedagógica e eticamente aceitável que marchantes consumam álcool durante o desfile, já que esse consumo pode transmitir a ideia errada que para haver alegria é preciso haver consumo de álcool.     
É Carnaval, ninguém leva a mal
Curiosamente, no desfile deste ano, o locutor de serviço proclamava de vez em quando:
- O Carnaval de Estremoz tem o apoio incondicional da Câmara Municipal de Estremoz!
Da minha parte só uma resposta é possível:
- É Carnaval. Ninguém leva a mal.

Hernâni Matos
Cronista do Jornal E, folião e tudo
(Texto publicado no jornal E nº 194, de 22-02-2018)

CRÉDITOS DAS FOTOGRAFIAS
1 - Fotografia de Mendes Lopes – Jaime dos Santos. Arquivo de Hernâni Matos.
2,3,6,7 – Fotografias de Rogério de Carvalho (1915-1988). Arquivo do Orfeão de Estremoz “Tomaz Alcaide”.
4 - Fotografia de Manuel Gato (1908-1994). Arquivo de Hernâni Matos.
5 - Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988). Arquivo de Hernâni Matos.


  Corso carnavalesco de 1935. Carro alegórico da papelaria “A Tabaqueira”.

 3 - Corso carnavalesco de 1935. Carro alegórico de temática equestre frente ao
Quiosque Maniés.


4 - Anos 30 do séc. XX. Mascarados fazendo-se transportar numa Dona-elvira
descapotável e florida, com uma matrícula digna de figurar num vetusto
relicário. Ao fundo, o edifício do RC3 com uma cerca de tabuinhas,
no mesmo local onde hoje existe uma sebe de buxo.

 
 5 - Corso carnavalesco de 1951, frente ao edifício do extinto Círculo Estremocense,
sociedade recreativa frequentada pela alta sociedade da época e cuja criação
em 1850 foi autorizada por alvará régio de D. Pedro V.

6 -Corso carnavalesco de 1954. Grupo de “cabeçudos” e “gigantones”
junto ao Jardim Municipal. 

7 - Corso carnavalesco de 1957. Carro Alegórico do Orfeão de Estremoz “Tomaz Alcaide”.

Etiquetas

Seguidores

Pesquisar neste blogue