quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

VILA DO BISPO - ALGARVE - 22 DE JANEIRO DE 2020

Vila do Bispo

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Vila do Bispo
Brasão de Vila do BispoBandeira de Vila do Bispo
Vista parcial de Vila do Bispo - 09.11.2018.jpg
Vista parcial de Vila do Bispo
Localização de Vila do Bispo
Área179,06 km²
População5 258 hab. (2011)
Densidade populacional29,4  hab./km²
N.º de freguesias4
Presidente da
câmara municipal
Adelino Soares (PS)
Fundação do município
(ou foral)
1662
Região (NUTS II)Algarve
Sub-região (NUTS III)Algarve
DistritoFaro
ProvínciaAlgarve
OragoSão Vicente
Feriado municipal22 de janeiro
Código postal8650 Vila do Bispo
Sítio oficialwww.cm-viladobispo.pt/
Municípios de Portugal Flag of Portugal.svg
Vila do Bispo é uma vila portuguesa no Distrito de Faro, região e sub-região do Algarve, com cerca de 1 000 habitantes.
É sede de um município com 179,06 km² de área[1] e 5 258 habitantes (2011),[2][3] subdividido em 4 freguesias.[4] O município é limitado a norte pelo município de Aljezur, a nordeste por Lagos e a sul e oeste tem litoral no oceano Atlântico. O litoral do município, desde a costa oeste até à praia de Burgau a leste, faz parte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.

População[editar | editar código-fonte]

Número de habitantes [5]
186418781890190019111920193019401950196019701981199120012011
3 7914 0954 2884 9125 9536 0326 0826 1676 1475 9885 4135 7005 7625 3495 258
(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste concelho à data em que os censos se realizaram.)
Número de habitantes por Grupo Etário [6]
190019111920193019401950196019701981199120012011
0-14 Anos1 5652 0471 0781 8331 7021 5201 3111 1501 138905686611
15-24 Anos8919631 6011 110993962936665727802568489
25-64 Anos2 1462 4783 0652 6862 8152 8942 9682 7602 7542 8262 8762 853
= ou > 65 Anos2784372834475876657738501 0811 2291 2191 305
> Id. desconh4020080
(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no concelho à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente)

Freguesias[editar | editar código-fonte]

Freguesias do concelho de Vila do Bispo.
O concelho de Vila do Bispo está dividido em 4 freguesias:

História[editar | editar código-fonte]

As primeiras referências conhecidas à Aldeia do Bispo surgem no século XIV num documento de D. Afonso IV, uma carta de foro, datada de 27 de Março de 1329, e, posteriormente, em 1353 noutra carta régia em que o monarca retira à igreja, Bispo e Cabido de Silves a jurisdição “... da aldeia que chamam do Bispo, que he no Cabo de Sam Vicente ...” [7] incorporando-a no termo de Silves (Portugal).
Estas duas cartas régias vêm contrariar a versão da história, tantas vezes repetida,[8] que a Aldeia do Bispo (posteriormente Vila do Bispo) terá surgido da doação da Aldeia de Santa Maria do Cabo feita por D. Manuel ao Bispo D. Fernando Coutinho.
É simplista a ideia que a Aldeia de Santa Maria do Cabo, por ter sido doada, em 1515, ao Bispo, passe depois a ser conhecida como Aldeia do Bispo. Como testemunham as cartas de 1329 e 1353 a Aldeia do Bispo existia já desde o século XIV.
Na verdade a Aldeia de Santa Maria do Cabo e a Aldeia do Bispo foram duas aldeias distintas.
A Aldeia do Bispo situou-se inicialmente mais a ocidente da atual povoação, como testemunham os escritos do Padre Luís Cardoso, no século XVIII, quando menciona a igreja matriz, referindo que a igreja estava fora da povoação a pouca distância dela, e a Aldeia de Santa Maria do Cabo, hoje extinta, situava-se nos Curraes da Granja.[9]
O bispo D. Fernando Coutinho (senhor da Aldeia do Bispo) recebeu a doação, de D. Manuel, da Aldeia de Santa Maria do Cabo e integrou-a no perímetro da Aldeia do Bispo.[10]
Deve-se provavelmente ao pirata Francis Drake o incêndio e destruição da Aldeia de Santa Maria do Cabo.[11]

Política[editar | editar código-fonte]

Eleições autárquicas[editar | editar código-fonte]

Data%V%V%V%V
PSPPD/PSDAPU/CDUINDPSD-CDS
197644,36324,38123,001
197939,09220,36135,272
198239,6529,03-45,233
198532,13226,88135,802
198934,9229,70-49,723
199332,96232,31227,991
199724,12152,23318,191
200137,52243,04215,401
200542,00244,6933,36-
200939,60236,1321,86-19,691
201358,14333,5924,21-
201754,944PSD-CDS4,78-4,78-23,921

Eleições legislativas[editar | editar código-fonte]

Data%
PSPCPPSDCDSUDPAPU/CDUADFRSPRDPSNBEPANPàF
197642,3317,3311,516,574,04
197936,54APUADAD6,0023,6922,25
1980FRS4,0921,8226,3233,37
198344,3413,603,712,4928,84
198524,4517,143,292,7820,1324,48
198727,25CDU36,202,902,1114,358,19
199131,5743,072,3510,101,383,89
199553,1222,987,771,189,300,52
199954,7024,346,408,501,84
200251,4929,766,245,703,14
200558,2720,173,346,017,22
200938,4622,268,486,9115,56
201128,5232,9311,868,707,181,47
201539,86PàFPàF8,7212,872,3825,17

Património[editar | editar código-fonte]

Cultura[editar | editar código-fonte]

Menires do concelho de Vila do Bispo[carece de fontes][editar | editar código-fonte]

Menires de Vila do Bispo algumas decorações
O concelho de Vila do Bispo possui a mais importante concentração de menires de todo o Algarve. Com um número conhecido a rondar os cerca de 300 exemplares.[12] São constituídos na sua maioria por calcário branco, cuja alvura faz deles um elemento que se destaca na paisagem, sendo também conhecidos, no concelho, três exemplares em arenito. Com formas sub-cilíndricas, sub-cónicas, estelares ou simples pedras erectas, a grande maioria dos menires apresentam decoração.
As decorações mais usuais nos menires do concelho de Vila do Bispo são:
  • (i) conjuntos de 3 ou 4 linhas onduladas paralelas;
  • (ii) conjuntos de elipses segmentadas;
  • (iii) conjuntos de elipses não segmentadas que se estendem desde o topo do menir até à base;
  • (iv) conjuntos de semi-elipses que se organizam à volta de um cordão no topo do menir (ver foto). Desconhece-se o seu significado.
As principais áreas de distribuição de menires no concelho de Vila do Bispo são.[13]
LugaresFreguesiadirecçãomenires
Vila do BispoVila do BispoN/ NE32 menires
Altos das RaposeiraRaposeiraNE16 menires
Altos das Barradas - Serra da BorgesVila do BispoSE29 menires
Monte dos AmantesVila do BispoSW33 menires
Lagoa do Garcia - Ponte da GranjaVila do BispoW / SW17 menires
MilreiRaposeiraS33 menires
PadrãoRaposeiraS / SW30 menires
AspradantasRaposeiraSE24 menires
Figueira,Budens,B.S.MiguelBudensSW / E39 menires
Menires recolhidos em Museus + destruídos/desaparecidos--5 menires
--total =258 menires
Apesar da protecção formalmente garantida pelas entidades oficiais para alguns menires, na prática os menires de Vila do Bispo continuam expostos, no dia a dia, a todo um vandalismo que se traduz, principalmente, na sua utilização para a construção civil.

Aldeias extintas no concelho de Vila do Bispo[editar | editar código-fonte]

Aldeias extintas do concelho de Vila do Bispo

Aldeia de Nossa Senhora da Graça[editar | editar código-fonte]

A aldeia de Nossa Senhora da Graça é mencionada numa carta régia de D. Fernando[14] e estava situada a sul da ermida de Guadalupe, no lugar do Alto da Senhora da Graça, onde Estácio da Veiga localizou inicialmente vestígios arqueológicos duma povoação extinta ou arrasada de origem muçulmana e posteriormente foram localizados vestígios cristãos de origem medieval.
Nas proximidades do local a existência do topónimo Zavial[15] e o ponto estratégico que representa o Alto da Senhora da Graça, onde na Ponta da Torre existem vestígios de uma atalaia, dão pistas para entender o passado.
Deixando supor que durante a reconquista cristã do território (1248) a povoação muçulmana e a azóia aí existentes tenham sido um combate difícil para os guerreiros cristãos. Era usual, na época, o pedido de protecção à Virgem para as sangrentas batalhas a serem travadas na expansão da fé cristã e do território. Após a vitória, que aconteceu sobre os monges guerreiros muçulmanos e em agradecimento à Virgem, a povoação terá começado a ser chamada de aldeia da Graça (ou de Nossa Senhora da Graça) pela graça concedida na conquista do lugar.
Julga-se que um dos motivos para a extinção da aldeia terão sido as consequências da peste negra na região (1348), uma vez que se sabe que mais de dois terços da população pereceu com a praga.

Aldeia de Santa Maria do Cabo[editar | editar código-fonte]

Localizada nos Currais da Granja/Granja/Vila do Bispo foi doada por D. Manuel , em 1515 , ao Bispo do Algarve/(Silves) D. Fernando Coutinho que a integrou no perímetro da Aldeia do Bispo, da qual era senhor.
Assente sobre vestígios arqueológicos de origem romana e muçulmana é neste local que as evidências apontam para a existência, durante o domínio muçulmano, da “Igreja do Corvo “.
Uma vez que a história da região deverá ser repensada, deverá também ser reinterpretado o documento da criação do priorado de Sagres de 1519[16] onde se afirma que o priorado foi separado “da Igreja de santa Maria d ´aldea do bispo...donde te ora eram fregueses...”.
Ora a ter existido na região uma igreja de Santa Maria da aldeia do Bispo, esta obviamente, terá sido localizada na Aldeia de Santa Maria do cabo anexada ao perímetro da Aldeia do Bispo em 1515 após a doação de D. Manuel feita ao Bispo Coutinho.
Segundo Gomes e C.T. Silva no Levantamento Arqueológico do Algarve /Concelho de Vila do Bispo, foi incendiada pelos homens de Francis Drake em 1587.

Aldeia de Terçanabal ou Vila do Infante[editar | editar código-fonte]

O documento fundamental para se localizar a Vila do Infante é a carta testamentária do Infante datada de 19 de Setembro de 1460, onde se escreve: “ ...mandei edificar uma vila no outro cabo que ante do dito cabo de Sagres está aos que vem do poente para levante que se chamava terça naball à qual pus nome vila do Infante...
Sem mencionar as polémicas dos nossos historiadores sobre o assunto, que pouco ou nada tem contribuído para o esclarecimento da matéria, em virtude de nunca terem sido tomados em conta os vestígios arqueológicos existentes na região.
É importante mencionar que a questão tem residido na interpretação no texto , da carta do Infante, da palavra ante.
A palavra ante segundo Frei Rosa Viterbo (1744/1822) no Elucidário[17] significa no português antigo: - “ diante, perante, na presença. É muito usado no século XIII e seguintes
Ora segundo as próprias palavras do Infante a sua vila situava-se “diante, perante, na presença “ do Cabo de Sagres, num lugar que se chamava terça naball,[18] ao qual pôs o nome de Vila do Infante.
Segundo a Associação de Defesa do Património Histórico e Arqueológico de Vila do Bispo que prospectou intensivamente a região, num trabalho ainda por publicar, os vestígios arqueológicos da última alcaria conhecida antes de se atingir a costa de Sagres /S. Vicente localizam-se no Catalão em Sagres, onde as palavras do texto do Infante fazem todo o sentido.
E é neste local que a Vila do Infante, deve ser localizada
De resto será difícil imaginar que um príncipe da estirpe do infante D. Henrique, tenha estabelecido inicialmente a sua vila na Fortaleza de Sagres, quando se sabe que uma fortaleza não se constrói em meses,[19] que a região do Cabo de Sagres era escassa de água, e a costa infestada pela pirataria.

Referências

  1.  Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013»Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013. Arquivado do original (XLS-ZIP) em 9 de dezembro de 2013
  2.  INE (2012). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Algarve (PDF). Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 96. ISBN 978-989-25-0183-3ISSN 0872-6493. Consultado em 27 de julho de 2013
  3.  INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia»(XLSX-ZIP)Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_ALGARVE". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013
  4.  Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
  5.  Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  6.  INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros
  7.  Cf. DOMINGUES, Garcia. História Luso Árabe. 1945, pg. 227.
  8.  Cf. LOPES, Silva. Corografia (…). 1841.
  9.  Granja, Vila do Bispo. Cf. VELHINHO, João. Repensar a História de Vila do Bispo. Loulé: 2003.
  10.  Cf. CARVALHO, Guida; VIDIGAL, Luís. Vila do Bispo e o Algarve em 1758. Loulé: ADPHAVB, 2006.
  11.  Cf. GOMES, M. V.; SILVA, C. T. Levantamento Arqueológico do Algarve: Concelho de Vila do Bispo. Faro: SEC, 1987, pg. 40.
  12.  Num inventário realizado em 2005 contabilizaram-se 258 menires no concelho de Vila do Bispo. No entanto este número deverá ser superior se tivermos em conta que, nalguns locais, apenas foram contabilizados como um menir os vários fragmentos de menir arrastados para as extremas do terreno, havendo por isso a necessidade de determinar, por meios científicos, a quantos menires pertencem os vários fragmentos.
  13.  Fonte: Menires de Vila do Bispo-Inventário /Cartografia - Associação de defesa do Património de Vila do Bispo - Loulé 2005
  14.  Cf. ANTT, Chancelaria de D. Fernando, liv 1, fl 151 - 25.06 1374, documento citado por Fernando C. C. Corrêa – A cidade e o Termo de Lagos no Período dos Reis Filipes - Lagos – Centro de Estudos Gil Eanes - 1994 - página 19 – “ Os limites iniciais do termo (de Silves) abrangiam a área compreendida entre essa povoação (Silves) e o Cabo de S. Vicente. Foram estabelecidos em 25 de Junho de 1374 por carta de D. Fernando. Nela mencionam-se as aldeias de Raposeira, Aldeia do Bispo, Conraja (Srª da Graça - o autor confessa que não conseguiu identificar o topónimo).
  15.  De Zavia ou Azóia, convento de origem muçulmana habitado por monges guerreiros
  16.  Cf. ANTT - Chancelaria de D.Manuel , livro 7 de Guadiana, fls 220/221 vs.
  17.  Cf. VITERBO, Frei Joaquim de Santa Rosa deElucidario das palavras: termos e frases que em Portugal antigamente se usaram e que hoje regularmente se ignoram: obra indispensável para entender sem erro os documentos mais raros e preciosos que entre nós se conservam, vol. 1.
  18.  Uma antiga alcaria/povoado de origem muçulmana
  19.  Zurara, em 1453 na sua crónica, refere que apenas viu em Sagres muros de boa fortaleza.

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