Imagem de São Gonçalo venerada no seu convento em Amarante
Gonçalo de Amarante,
O.P., foi um eclesiástico
português. Gozando de grande devoção popular que se irradiou a partir do norte do país, é popularmente conhecido como
São Gonçalo de Amarante. Na realidade, é considerado
beato pela
Igreja Católica, pelo que a forma correta de o denominar é
Beato Gonçalo de Amarante.
[1]
Nasceu na família dos Pereira, de linhagem nobre, e terá efetuado os primeiros estudos com um sacerdote, como era praxe à época. O arcebispo da
Arquidiocese de Braga admitiu-o como seu familiar, e, sob os auspícios deste prelado, Gonçalo cursou as disciplinas eclesiásticas na escola-catedral da Sé arquiepiscopal, vindo a ser
ordenado sacerdote e nomeado pároco da freguesia de
São Paio de Vizela.
Desejoso de visitar os túmulos dos apóstolos São Pedro e São Paulo e os Lugares Santos da
Palestina, obteve licença, deixou os seus paroquianos ao cuidado de um sobrinho sacerdote, e partiu em
peregrinação primeiro a
Roma donde passou a
Jerusalém, onde se demorou 14 anos.
De regresso a Portugal, afirma-se que o seu sobrinho, além de não o aceitar e não o reconhecer como verdadeiro e legítimo pároco, escorraçou-o e conseguiu, mediante documentos falsos, provar ao então Arcebispo, D.
Silvestre Godinho, que Gonçalo falecera, obtendo a nomeação como pároco da freguesia.
Gonçalo, resignado com semelhante atitude, deixou São Paio de Vizela e partiu, pregando o Evangelho até às margens do
rio Tâmega. No local onde hoje se ergue a
Igreja e Convento de São Gonçalo, em
Amarante, de acordo com a tradição ergueu uma pequena ermida sob a invocação de
Nossa Senhora da Assunção, ali se recolhendo como eremita, consagrando o tempo à oração e à penitência, e saindo esporadicamente a pregar nos arredores.
Sentindo necessidade de encontrar um caminho mais seguro de modo a alcançar a glória eterna, Gonçalo jejuou uma
Quaresma a pão e água e suplicou fervorosamente a Nossa Senhora que lhe alcançasse do Senhor essa graça. Afirma-se que a Virgem Maria apareceu-lhe e disse-lhe que procurasse a Ordem em que iniciavam o seu Ofício com a Saudação angélica ou Ave-Maria - a
Ordem dos Pregadores ou Dominicanos.
Gonçalo dirigiu-se então ao Convento de Guimarães da
Ordem dos Pregadores, recentemente fundado por
Pedro González Telmo, apóstolo da região de Entre-Douro e Minho, o qual lhe deu o hábito e, uma vez feito o noviciado, admitiu-o à profissão religiosa. Após algum tempo deu-lhe licença para, com outro religioso, voltar ao seu eremitério de Amarante, continuando a sua vida evangélica e caritativa.
Durante o seu ministério Gonçalo operou muitas conversões, conduzindo o povo à prática de uma autêntica vida cristã, sem esquecer de os promover socialmente em muitos aspectos. Nesse particular sobressai a construção de uma ponte em granito sobre o Tâmega, angariando pessoalmente donativos em terras circunvizinhas e levando os moradores mais abastados a darem vultosas ajudas para as obras. O povo atribui-lhe muitos milagres ligados a esta construção.
Concluída a ponte, Gonçalo viveu ainda alguns anos dedicado à pregação e à vida de oração. Reza a tradição que Nossa Senhora lhe revelou o dia da sua morte para a qual se preparou com a recepção dos Sacramentos da Igreja. O seu corpo, após a celebração das exéquias por sua alma, foi sepultado na ermida, continuando a efectuar-se muitos milagres, atribuídos à sua intercessão.
Mais tarde a primitiva ermida foi substituída por uma igreja. Sobre esta, em
1540,
João III de Portugal determinou erguer o grandioso templo e convento que ainda hoje existe e que é monumento histórico da cidade de Amarante. Muito venerado em umari ceara onde ha 400 anos zela pela cidade.
Foram abertos 3 processos canónicos pleiteando a Beatificação e Canonização de Gonçalo de Amarante.
O Papa Júlio III concedeu que se lhe tributasse culto público em
24 de abril de
1551.
O último foi aberto pelo então bispo da Diocese do Porto, D.
Rodrigo Pinheiro, por comissão do Papa
Pio IV (1561). A instâncias de Sebastião I de Portugal, do Arcebispo da Diocese de Braga, da Ordem dos Pregadores, do
Cardeal D. Henrique e da população de Amarante, a sentença de Beatificação foi promulgada a 16 de setembro de 1561 pelo representante da Sé Apostólica.
Mais tarde o Papa
Clemente X, em
10 de julho de
1671, estendeu a toda a Ordem dos Pregadores e a todo o reino de Portugal a concessão de honrarem este beato, um dos mais populares do país, com Missa e Ofício litúrgicos próprios.
Em
Arriconha, sua terra natal, ergue-se uma ermida sob a sua invocação. É também o patrono da cidade de
Amarante, onde viveu e faleceu.
Amarante (Piauí) também festeja a devoção a Gonçalo de Amarante com uma dança folclórica, o
Baile de São Gonçalo. Em
Ibituruna acontece, no último fim de semana de janeiro, uma festa em honra ao beato, com a tradicional
Congada e Folia de São Gonçalo. Batalha (Piauí) também festeja São Gonçalo desde sec. XVIII entre 22 de dezembro a 1o. de janeiro. Do dia 1° ao dia 10 em Milton Brandão (PI), a comunidade São Gonçalo também festeja o seu Padroeiro São Gonçalo.
Em Caém, cidade do interior da Bahia, tem São Gonçalo como Padroeiro da cidade e sempre de 1º a 10 de Janeiro há comemorações em seu nome, no dia 09 há a Roda de São Gonçalo onde os fiéis dançam ao ritmo de músicas de louvor ao seu nome.
No dia 10 de janeiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil. Comemora-se o dia do padroeiro da cidade. A cidade festeja com eventos e missa em sua igreja matriz, batizada com o mesmo nome do santo.
Ainda em vida parece ter ganho fama de casamenteiro, e sobretudo, de santo, dizendo-se dele ter operado vários milagres; de resto, poucos anos após a sua morte há referências à igreja de Amarante sob a invocação de São Gonçalo, prova de que o seu culto cedo se propagou.
Referências