sábado, 28 de dezembro de 2019

MAURICE RAVEL - MORREU EM 1937 - 28 DE DEZEMBRO DE 2019

Bolero (Ravel)

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Repetidos cento e sessenta e nove vezes pela caixa, estes dois compassos em ostinato dão ao Bolero de Ravel o ritmo uniforme e invariável.
Bolero (Boléro, no título original francês) é uma obra musical de um único movimento escrita para orquestra por Maurice Ravel. Originalmente composta para um Ballet, a obra, que teve sua première em 1928, é considerada a obra mais famosa de Ravel.[1]

Índice

A Música[editar | editar código-fonte]

Composta entre Julho e Outubro de 1928 no Tempo di Bolero, moderato assai ("tempo de bolero, muito moderado"), o Bolero tem um ritmo invariável (escrito para semínima = 72, ou seja, com a duração teórica de catorze minutos e dez segundos), e uma melodia uniforme e repetitiva. Deste modo, a única sensação de mudança é dada pelos efeitos de orquestração e dinâmica, com um crescendo progressivo e uma curta modulação em mi maior próxima ao fim, mas retorna ao dó maior original faltando apenas oito compassos do final. Originalmente, na própria cópia da partitura de Ravel, a marca do metrônomo é semínima = 76, mas esta está riscada e 66 está substituindo a marcação original.[2] Ravel observa esta segunda marca na sua gravação com a Orquestra Lamoureux.[2] Mais tarde, outras edições do Bolero sugerem o 72.[3] Na primeira gravação de Piero Coppola,[4] à qual Ravel estava presente, o Bolero teve uma duração similar de 15 minutos e 40 segundos. Ravel, mais tarde comentou a um jornalista do Daily Telegraph que a obra duraria 17 minutos.[5]
Forma uma obra singular, que Ravel considerava como um simples estudo de orquestração. A sua imensa popularidade tende a secundarizar a amplitude da sua originalidade e os verdadeiros objectivos do seu autor, que passavam por um exercício de composição privilegiando a dinâmica em que se pretendia uma redefinição e reinvenção dos movimentos de dança. O próprio Ravel ficou surpreendido com a divulgação e popularidade da obra, muito devido às variações que numerosos maestros, incluindo Willem Mengelberg e Arturo Toscanini, introduziram nas suas interpretações.





Maurice Ravel

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Maurice Ravel
Nascimento7 de março de 1875
Ciboure
Morte28 de dezembro de 1937 (62 anos)
Paris
SepultamentoCemitério de Levallois-Perret
CidadaniaFrança
Alma materConservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris
Ocupaçãomaestro, coreógrafo, pianistacompositormúsico
PrêmiosPrix de Rome, Cavaleiro da Legião de Honra, Grammy Hall of Fame
Magnum opusDaphnis et ChloéBoleroGaspard de La Nuit
Movimento estéticoImpressionismo na música
Religiãoateísmo
Causa da mortedistúrbio neurológico
Disambig grey.svg Nota: "Ravel" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Ravel (desambiguação).
Joseph Maurice Ravel (Ciboure7 de março de 1875 - Paris28 de dezembro de 1937) foi um compositor e pianista francês, conhecido sobretudo pela sutileza das suas melodias instrumentais e orquestrais, entre elas, o Bolero, que considerava trivial e descreveu como "uma peça para orquestra sem música".
Começou a manifestar interesse pela música aos 7 anos. Desde então dedicou-se ao estudo do piano, mas só começou a frequentar o Conservatório de Paris aos 14. Posteriormente, em 1895, passou a estudar só e retornou ao Conservatório em 1898, quando estudou composição com Gabriel Fauré. Concorreu no Prix de Rome, mas não foi bem sucedido.
Foi influenciado significativamente por Claude Debussy, mas também por compositores anteriores, como MozartLiszt e Strauss, mas logo encontrou seu próprio estilo, que ficou, porém, marcado pelo Impressionismo.
É mundialmente conhecido pelo seu Bolero, ainda hoje a obra musical francesa mais tocada no mundo. A composição foi encomendada pela bailarina Ida Rubinstein e estreou na Ópera de Paris em 1928.
Faleceu das consequências de uma doença cerebral orgânica, PiD, agravada por um acidente de táxi ocorrido em 1932.[1][2] Durante o período que precedeu a sua morte, havia perdido parte da sua capacidade de compor devido às lesões cerebrais causadas pelo acidente. A sua inteligência sempre se manteve intacta mas o seu corpo já não respondia adequadamente, por causa de graves problemas motores.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Uma infância feliz[editar | editar código-fonte]


Casa onde nasceu Ravel, em Ciboure.
Em 1875, a Terceira República Francesa de Patrice Mac-Mahon se curava das feridas causadas pela derrota na Guerra Franco-Prussiana. Contudo, respirava um ressurgimento espiritual, a França seria testemunha de um período bastante fecundo na Arte. Quatro dias após a fria estreia de Carmen de Bizet, nasceu Ravel, em 7 de março, na casa número 12 do Quai de la Nivelle, em Ciboure (Ziburu em basco), comuna dos Pirenéus Atlânticos, parte do País Basco francês. Seu pai, Joseph Ravel (1832-1908), era um renomado engenheiro civil, de ascendência suíça e saboia (Ravez). Sua mãe, Marie Delouart-Ravel (1840-1917), era de origem basca, descendente de uma antiga família espanhola (Deluarte ou Eluarte). Teve um irmão, Édouard Ravel (1878-1960), com quem manteve em toda sua vida uma forte relação afetiva.[3]
Poucos meses depois, em junho de 1875, a família Ravel se mudou para Paris. O músico não retornou ao País Basco antes dos 25 anos. Entretanto, mais tarde regressaria regularmente para residir em Saint-Jean-de-Luz, para passar as férias ou trabalhar.
A infância de Ravel foi feliz. Seus pais, atentos e cultos, frequentaram o meio artístico, fomentando os primeiros passos de seu filho que tão logo se revelou um talento musical excepcional. Começou os estudos de piano aos seis anos, sob a guia de Henry Ghys. Criança ajuizada, ainda que também caprichoso e teimoso, logo demonstrou seu talento natural para a música, ainda que, para desespero de seus pais e professores, reconheceu mais tarde ter adicionado aos seus numerosos talentos «a mais extrema preguiça.»[4] De fato, no início seu pai, para obrigá-lo a praticar o piano, tinha que lhe prometer pequenas gorjetas.[5] Em 1887 recebeu precocemente aulas de Charles René (harmoniacontraponto e composição). O clima artístico e musical prodigiosamente fértil de Paris do fim do século XIX não podia, senão, estimular o desenvolvimento do jovem.

Gabriel Fauré (1845–1924), professor de Ravel, que lhe dedicaria Jeux d’eau (1901) e o Quarteto de Cordas em Fá (1903).

Um futuro promissor[editar | editar código-fonte]

Ao ingressar no Conservatório de Paris em 1889, Ravel foi aluno de Charles de Bériot. Ali conheceu o pianista espanhol Ricardo Viñes, que acabou sendo um grande amigo e o intérprete escolhido para suas melhores obras. Os dois participariam do grupo conhecido como Les Apaches que causou agitação na estreia de Pelléas et Mélisande de Claude Debussy, em 1902. Impressionado com a música do Extremo Oriente na Exposição Universal de 1889, entusiasmado com a dos rebeldes Emmanuel Chabrier e Erik Satie, admirador de Mozart,[7] Saint-Saëns e Debussy, influenciado pela leitura de BaudelaireEdgar PoeCondillacVilliers de L’Isle-Adam e, sobretudo, de Stéphane Mallarmé, Ravel manifestou precocemente um caráter firme e um espírito musical muito independente. Suas primeiras composições provavam que eram já demonstrações de uma personalidade e uma maestria tal que seu estilo só evoluiria com o tempo: Ballade de la reine morte d’aimer (Balada da rainha morta de amor, 1894), Sérénade grotesque (Serenata grotesca, 1894), Menuet antique (1895), Habanera (1895 - para dois pianos).
Em 1897, Ravel entrou para a classe de contraponto de André Gedalge. Nesse mesmo ano, Gabriel Fauré foi também seu professor. Este julgou o compositor benevolente e o saudou como «muito bom aluno, laborioso e pontual» e sua «sinceridade que desarma».[8] Ao final de seus estudos compôs a Abertura para Shéhérazade (cuja estreia ocorreu em maio de 1899 entre os assobios do público) e a famosa Pavane pour une infante défunte (Pavana para uma infanta defunta) de título curioso,[9] que continua sendo sua obra pianística mais tocada pelos melômanos aficionados, ainda que seu autor não a tivesse em muita estima.[10]

Ravel ao piano, Éva GauthierGeorge Gershwin.

Obras principais (por ordem cronológica)[editar | editar código-fonte]

Referências

  1.  A Disease That Allowed Torrents of Creativity por SANDRA BLAKESLEE (The New York Times) em 8 de abril de 2008
  2.  Maurice Ravel's illness: a tragedy of lost creativity.por Henson RA - Br Med J (Clin Res Ed). 1988 Jun 4;296(6636):1585-8.
  3.  Marnat M, Maurice Ravel, Fayard, 1986, p. 19-22.
  4.  Jankélévitch VRavel, Seuil, 1995, p. 127.
  5.  Ravel, el hombre y su misterio, Jean Gallois, em Los Grandes Compositores, Salvat S. A. de Ediciones, Pamplona, 1984, ISBN 8471374579.
  6.  Nota: O breve Esquisse autobiographique (Esboço autobiográfico) de Maurice Ravel, ditado pelo músico ao seu aluno e amigo Roland-Manuel em outubro de 1928, apareceu pela primeira vez na Revue musicale de dezembro de 1938. Posteriormente apareceu completo nas obras de Arbie Orenstein (Lettres, écrits et entretiens, Flammarion, 1989, p. 43-47) e de Vladimir Jankélévitch (Ravel, Seuil, 1995, p. 197-204).
  7.  Citação: «Meu músico preferido? Se tenho um?… Em todo caso, considero que Mozart continua sendo o mais perfeito de todos. (…) Ele não é mais que música.» Ravel citado por Nino Franck no periódico Candide, maio de 1932.
  8.  Boletim escolar de Fauré sobre Ravel, junho de 1900.
  9.  Citação: «Ao juntar as palavras que compõem este título não pensei em outra coisa que no prazer de fazer uma aliteração…» Em: Ravel, el hombre y su misterio, Jean Gallois, Los Grandes Compositores, Salvat S. A. de Ediciones, Pamplona, 1982.
  10.  Citação: «Percebo muito bem os defeitos: a influência de Chabrier, demasiado óbvia, e a forma fartamente pobre. Creio que a notável interpretação desta obra incompleta e sem audácia contribuiu muito com seu êxito». Ravel citado na resenha musical da S.I.M., fevereiro de 1912, en : Orenstein A, Lettres, écrits et entretiens, Flammarion, 1989, p. 295.
  11.  Maurice Ravel (em inglês) no Find a Grave

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

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