Mário Dionísio
Mário Dionísio | |
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Nome completo | Mário Dionísio de Assis Monteiro |
Pseudónimo(s) | Leandro Gil José Alfredo Chaves |
Nascimento | 16 de julho de 1916 Lisboa |
Morte | 17 de novembro de 1993 (77 anos) Lisboa |
Nacionalidade | português |
Cônjuge | Maria Letícia Clemente da Silva |
Filho(s) | Eduarda Dionísio |
Ocupação | crítico, escritor, pintor e professor |
Prémios | Grande Prémio de Ensaio (1963) SPE Prémio da Crítica (1981) CPAICL |
Magnum opus | O Dia Cinzento : E Outros Contos |
Mário Dionísio de Assis Monteiro (Lisboa, 16 de julho de 1916 — Lisboa, 17 de novembro de 1993) foi um crítico, escritor, pintor e professor português.
Personalidade multifacetada – poeta, romancista, ensaísta, crítico, pintor –, Mário Dionísio teve uma ação cívica e cultural marcante no século XX português, com particular incidência nos domínios literário e artístico.[1]
Índice
Biografia[editar | editar código-fonte]
Filho de Eurico Monteiro, comerciante, oficial miliciano da Administração Militar, e Julieta Goulart Parreira Monteiro, doméstica com o curso superior de Piano.[carece de fontes] É pai de Eduarda Dionísio.[4]
Foi professor do ensino liceal e secundário e docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,[4] depois da Revolução do 25 de Abril.
Mário Dionísio foi opositor do Estado Novo, tendo estado ligado ao Partido Comunista Português, do qual se afastou na década de 1950.[4]
A obra literária[editar | editar código-fonte]
Foi autor de uma obra literária autónoma (poesia, conto, romance); fez crítica literária e de artes plásticas; realizou conferências, interveio em debates; colaborou em diversas publicações periódicas, entre as quais Seara Nova, Vértice, Diário de Lisboa, Mundo Literário [5], Gazeta Musical e de todas as Artes e na revista Arte Opinião [6] (1978-1982). Prefaciou obras de autores como Manuel da Fonseca, Carlos de Oliveira, José Cardoso Pires e Alves Redol.
As artes plásticas: pintor e crítico[editar | editar código-fonte]
Teve uma forte ligação às artes plásticas. Além da actividade como pintor (desde 1941), foi um dos principais impulsionadores das Exposições Gerais de Artes Plásticas; integrou o júri da II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian; foi autor de inúmeros textos, de diversa ordem, das simples críticas até à publicação de referência que é A Paleta e o Mundo; etc.[7]
Enquanto artista plástico usou os pseudónimos de Leandro Gil e José Alfredo Chaves. Participou em diversas exposições colectivas, nomeadamente nas Exposições Gerais de Artes Plásticas de 1947, 48, 49, 50, 51 e 53. Realizou a sua primeira exposição individual de pintura em 1989.[7]
O neorrealismo[editar | editar código-fonte]
Mário Dionísio desempenhou um papel de relevo na teorização do neo-realismo português, "movimento literário que, nos anos de 1940 e 1950, à luz do materialismo histórico, valorizou a dimensão ideológica e social do texto literário, enquanto instrumento de intervenção e de consciencialização". No contexto das tentativas de reforma cultural encetada pelos intelectuais dessa corrente, através de palestras e outras ações culturais, "participou num esforço conjunto de aproximar a arte e o público, de que resultou, por exemplo, a obra A Paleta e o Mundo, constituída por uma série de lições sobre a arte moderna. Poeta e ficcionista empenhado, fiel ao «novo humanismo», atento à verdade do indivíduo, às suas dolorosas contradições, acolheu, na sua obra, o espírito de modernidade e as revoluções linguísticas e narrativas da arte contemporânea".[8]
Obras[editar | editar código-fonte]
Poesia[editar | editar código-fonte]
- As solicitações e emboscadas : Poemas. S. l., s,d (Coimbra : Tipografia Atlântida).[9]
- O riso dissonante : Poemas. Lisboa : Centro Bibliográfico, 1950.[10]
- Memória dum pintor desconhecido. Lisboa : Portugália, 1965. Coleção Poetas de hoje, 19.[11]
- Poesia incompleta : 1936-1965. Lisboa : Europa-América, 1966.[12]
- Le feu qui dort. Neuchâtel : Éditions de la Baconniére; Lisboa : Europa-América, 1967.[13]
- Terceira idade. Mem-Martins : Europa-América, 1982. Coleção Mário Dionísio, 10.[14]
- O mundo dos outros : histórias e vagabundagens (prefácio). Lisboa : Dom Quixote, 2000. Coleção Biblioteca de Bolso, Literatura, 13. ISBN 972-20-1879-5 [15]
- Poesia completa. Lisboa : Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2016. Coleção Plural. ISBN 978-972-27-2450-0[16]
Prosa[editar | editar código-fonte]
- O dia cinzento : contos. Coimbra : Coimbra Editora, 1954. Coleção Novos Prosadores.[17]
- Não há morte nem princípio. Mem Martins : Europa-América, 1969. Coleção Obras de Mário Dionísio, 4.[18]
- Monólogo a duas vozes : histórias. Lisboa : D. Quixote, 1986. Coleção Autores de Língua Portuguesa.[19]
- A morte é para os outros. Lisboa : O Jornal, 1988. Coleção Dias de Prosa.[20]
Memórias[editar | editar código-fonte]
- Autobiografia. Lisboa : O Jornal, 1987. Coleção Autobiografias, 3.[21]
Pintura[editar | editar código-fonte]
- Vincent Van Gogh : estudo. S.l., s.n., 1947. Coleção Os Grandes Pintores e Escultores.[22]
- A paleta e o mundo. Lisboa : Europa-América, 1956-1962, 3 vols.[23]
- Conflito e unidade da arte contemporânea. Lisboa : Iniciativas Editoriais, 1958.[24]
Casa da Achada – Centro Mário Dionísio[editar | editar código-fonte]
Em setembro de 2009 abriu ao público a Casa da Achada – Centro Mário Dionísio, fundada em Lisboa em setembro do ano anterior por mais de meia centena de familiares, amigos, ex-alunos, ex-assistentes, conhecedores e estudiosos da sua obra para a salvaguarda e divulgação do seu espólio.[25][26][27] A instituição possui ainda a biblioteca privada da mulher de Mário Dionísio, a professora Maria Letícia Clemente da Silva.[28] A Casa da Achada é dirigida pela filha do escritor, Eduarda Dionísio.[carece de fontes]
Prémios e homenagens[editar | editar código-fonte]
- Prémio das páginas culturais da imprensa regional (1964)
- Troféu "Pintor do Ano" (1989) da Antena 1[carece de fontes]
- Mário Dionísio recebeu o Grande Prémio de Ensaio (1963) atribuído em 1963 pela Sociedade Portuguesa de Escritores pela obra A Paleta e o Mundo.[29]
- Pela obra Terceira Idade Mário Dionísio recebeu o Prémio da Crítica do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários (CPAICL) (1981), ex aequo com Alexandre O'Neill[30]
- Foi homenageado na toponímia de Lisboa, através da atribuição do seu nome a uma rua da freguesia do freguesia do Lumiar, por deliberação, de 20 de julho de 2005, e edital, de 1 de agosto do mesmo ano, da Câmara Municipal de Lisboa.[2][31]. A rua Mário Dionísio foi inaugurada em 26 de outubro de 2016.[32]
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- CASA da ACHADA : Centro Mário Dionísio. Mário Dionísio (1916-1993) : correspondências : cartas, cartões, postais, telegramas e algumas obras de arte. Exposição : 1 de outubro 2016 a 17 de abril 2017. Lisboa : Casa da Achada, 2016.[33]
- DIONÍSIO, Eduarda. Para que pode servir a memória : a intervenção de Mário Dionísio no pós 25 de Abril. Lisboa : Casa da Achada, 2017.[34]
- DOURADO, Maria Inês Caneiras de Carvalho. O percurso teórico de Mário Dionísio em "A paleta e o mundo". Dissertação de mestrado em História da Arte Contemporânea apresentada, em setembro de 2012, à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.[35]
- GUERREIRO, António. «A "expulsão" de um transviado», in Jornal Público, de 2 de novembro de 2016.[36]
- GUERREIRO, António. «Mário Dionísio, um homem dividido», in Jornal Público, de 2 de novembro de 2016.[37]
- Lisboa : Biblioteca Museu República e Resistência. "Não há morte nem princípio" : a propósito da vida e obra de Mário Dionísio. Lisboa : Câmara Municipal, 1996.[38]
- LOBO, Domingos. «Mário Dionísio poeta do utopismo possível» in Seara Nova, n.º 1736, verão de 2016.[39]
- MESQUITA, Alberto; PITA, António Pedro; MASTERMAN, Morgane; ROQUE, Fátima Faria. Passageiro clandestino : Mário Dionísio 100 anos. Vila Franca de Xira : Câmara Municipal de Vila Franca de Xira : Museu do Neo-Realismo, 2016. ISBN 978-989-98502-8-6 [40]
- OLIVEIRA, Maria José. «Mário Dionísio : a obra continua viva», in Público, 26 de setembro de 2008, caderno P2, pp. 10-13.
- REAL, Miguel. Notas sobre o lugar de Mário Dionísio no neorealismo. [41]
- SERRA, Carlos Filipe Ramos. Vergílio Ferreira – Mário Dionísio : Correspondência (1950 – 1967). Trabalho de Projeto de Mestrado em Edição de Texto apresentado, em abril de 2012, à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.[42]
Referências
- ↑ Fernando Madaíl (23 de maio de 2009). «A faceta de pintor do mestre». Diário de Notícias. Consultado em 6 de janeiro de 2017
- ↑ ab c Cf. Deliberação n.º 443/CM/2005 (Proposta n.º 443/2005), publicada no 2.º suplemento ao Boletim Municipal de Lisboa n.º 597, de 28 de julho de 2005, pp. 1776(67)-(68), consultada em 4 de fevereiro de 2019.
- ↑ ab Carlos de Cira (15 de março de 1994). «Mário Dionísio: O Homem e a Obra». O Mirante. Santarém. Consultado em 20 de janeiro de 2019
- ↑ ab c d José Jorge Letria (2016). «Mário Dionísio : (1916-1933) : O Poeta, o Pintor e o Mundo» (PDF). Sociedade Portuguesa de Autores. p. 2. Consultado em 20 de janeiro de 2019
- ↑ Helena Roldão (27 de janeiro de 2014). «Ficha histórica: Mundo literário : semanário de crítica e informação literária, científica e artística (1946-1948).» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de novembro de 2014
- ↑ Rita Correia (16 de maio de 2019). «Ficha histórica:Arte Opinião (1978-1982)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 22 de Maio de 2019
- ↑ ab FRANÇA, José Augusto (1999). «Mário Dionísio de Assis Monteiro». In: Barreto, António; Mónica, Maria Filomena (coords.). Dicionário de História de Portugal. VIII. Porto: Figueirinhas. p. 530. ISBN 972-661-165-2. OCLC 248607983
- ↑ «Mário Dionísio». Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora. 2003–2013. Consultado em 26 de agosto de 2013
- ↑ Catálogo Geral da Biblioteca Nacional consultado em 2 de fevereiro de 2019.
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- ↑ CML (2018). «Equipamentos : Casa da Achada - Centro Mário Dionísio». Câmara Municipal de Lisboa. Consultado em 20 de janeiro de 2019
- ↑ http://www.cm-lisboa.pt/equipamentos/equipamento/info/casa-da-achada-centro-mario-dionisio
- ↑ Agência Lusa (15 de fevereiro de 2016). «Obras de Vergílio Ferreira e de Mário Dionísio são mote para ciclo no CCB». Notícias ao Minuto. Consultado em 20 de janeiro de 2019
- ↑ MZG/MAG (Agência Lusa) (16 de julho de 2016). «Casa da Achada celebra hoje centenário de Mário Dionísio com festa na Mouraria». Sapo24. Consultado em 22 de janeiro de 2019
- ↑ Redacção (17 de Dezembro de 1963). «O Prémio de Ensaio». Diário de Lisboa (via Casa Comum). p. 21. Consultado em 18 de janeiro de 2019
- ↑ DGLB. «Prémio : Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários». Clicar na secção/página "6". Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. Consultado em 19 de janeiro de 2019
- ↑ ADRIANO, António. Mário Dionísio : Escritor (1916-1993). Lisboa : Câmara Municipal de Lisboa : Comissão Municipal de Toponímia, 2016, p. 12, consultado em 4 de fevereiro de 2019.
- ↑ Mário Dionísio dá nome a rua. Notícia publicada no sítio da Câmara Municipal de Lisboa, consultada em 4 de fevereiro de 2019.
- ↑ Consultado em 18 de fevereiro de 2019.
- ↑ Consultado em 4 de fevereiro de 2019.
- ↑ Consultado em 3 de fevereiro de 2019.
- ↑ Consultado em 4 de fevereiro de 2019.
- ↑ Consultado em 4 de fevereiro de 2019.
- ↑ Catálogo Geral da Biblioteca Nacional. Consultado em 3 de fevereiro de 2019.
- ↑ Versão online consultada em 3 de fevereiro de 2019.
- ↑ Catálogo Geral da Biblioteca Nacional.Consultado em 4 de fevereiro de 2019.
- ↑ Consultado em 3 de fevereiro de 2019.
- ↑ Consultado em 3 de fevereiro de 2019.
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Biografia : Mário Dionísio in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. IV, Lisboa, 1997 (via Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas)
- Busca de obras de Mário Dionísio no catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal
- Casa da Achada - Centro Mário Dionísio (Lisboa)
- Mário Dionísio : (1916-1933) : O Poeta, o Pintor e o Mundo (ver "Painéis") na Sociedade Portuguesa de Autores
- Mário Dionísio : Escritor (1916-1993) por Comissão Municipal de Toponímia (Lisboa, Outubro de 2016)