terça-feira, 15 de outubro de 2019

AGUSTINA BESSA LUÍS - ESCRITORA - NASCEU EM 1922 - 15 DE OUTUBRO DE 2019

Agustina Bessa-Luís

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Agustina Bessa-Luís Gold Medal.svg Academia Brasileira de Letras
Nome nativoMaria Agustina Ferreira Teixeira Bessa
Nascimento15 de outubro de 1922
Vila Meã
Morte3 de junho de 2019 (96 anos)
Porto
Nacionalidadeportuguesa
CidadaniaPortugal
CônjugeAlberto Luís (1945 - 2017)
OcupaçãoEscritora
Principais trabalhosA SibilaVale AbraãoA Quinta Essência, etc.
PrémiosPrémio Ricardo Malheiros (1966, 1977)
Agustina Bessa-Luís, nome literário de Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa GO SE • GCSE, Vila Meã, Amarante15 de outubro de 1922 — Porto3 de junho de 2019) foi uma escritora portuguesa.[1][2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Infância e juventude[editar | editar código-fonte]

Segunda e ultimogénita filha[3] do empresário Artur Teixeira Bessa (1882-1924), de uma família rural de Entre Douro e Minho, e de sua mulher Laura Jurado Ferreira (1899-?), que era filha de pai Português, Lourenço Guedes Ferreira, Engenheiro dos Caminhos de Ferro, e de mãe Espanhola sua mulher Lorenza Agustina Jurado Franco, nascida em Zamora.[4]
Regressado a Portugal, o pai de Agustina, que já no Brasil se dedicara à exploração de casas de espectáculo e de jogo, tornou-se gerente do Casino da Póvoa. As contingências da sua vida levaram a família a viver em vários lugares do Norte e do Douro — GaiaPortoPóvoa de VarzimÁguas SantasBagunteVila do Conde e Godim, naquela que era a casa de família da sua mãe. A relação com a região duriense, durante largas temporadas da sua infância e adolescência, marcaria de forma indelével a obra da escritora.[4]
Desde muito jovem que Agustina se interessou por livros, descobrindo na biblioteca do avô materno, os clássicos da literatura espanhola, francesa e inglesa, marcantes na sua formação literária. Em 1932 vai para o Porto estudar, onde passa parte da adolescência, mudando-se para Coimbra em 1945. A partir de 1950 fixa definitivamente a sua residência no Porto.
Casou a 25 de julho de 1945, na cidade do Porto, com o estudante de Direito Alberto Luís, que conheceu através de um anúncio no jornal "O Primeiro de Janeiro", publicado pela escritora, no qual procurava uma pessoa culta com quem se corresponder. Do seu casamento teve uma única filha, Mónica Bessa-Luís Baldaque, museóloga, pintora e autora de vários livros. Do casamento de sua filha, nasceram um filho chamado Alberto e duas filhas chamadas Leonor e Lourença Agustina.

Actividade literária[editar | editar código-fonte]

Estreou-se como uma brilhante romancista em 1949, ao publicar a novela Mundo Fechado, mas seria o romance A Sibila, publicado em 1954 que constituiu um enorme sucesso e lhe trouxe imediato reconhecimento geral. E é com A Sibila que atinge a total maturidade do seu processo criativo.
É conhecido o seu interesse pela vida e obra de um dos grandes expoentes da escola romântica, Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, 1.° Visconde de Correia Botelho, cuja herança se faz sentir quer a nível temático (inúmeras obras de Agustina se relacionam com a sociedade de Entre Douro e Minho), quer a nível da técnica narrativa (explorou ficcionalmente a própria vida de Camilo). Essa filiação associa Agustina à corrente neo-romântica, como defende Eduardo Lourenço.[5]
Vários dos seus romances foram adaptados ao cinema pelo realizador Manoel de Oliveira, com quem manteve uma relação de amizade e de colaboração próxima. Exemplos desta parceria são Fanny Owen (Francisca1981), Vale Abraão (filme homónimo, 1993), As Terras do Risco (O Convento1995) ou A Mãe de um Rio (Inquietude1998). Foi também autora de peças de teatro e guiões para televisão, tendo o seu romance As Fúrias sido adaptado para teatro e encenado por Filipe La Féria, (Teatro Nacional D. Maria II, 1995).
A sua criação era extremamente fértil e variada. Escreveu até o momento mais de cinquenta obras, entre romancescontospeça de teatro|peças de teatro, biografias romanceadas, crónicas de viagem, ensaios e livros infantis. Foi traduzida para alemãocastelhanodinamarquêsfrancêsgregoitaliano e romeno. O seu livro-emblema, A Sibila, já atingiu a vigésima quinta edição.
Em 2005, participou no programa da RTP Ela por Ela, série de 13 episódios sobre provérbios e aforismos, em conversa com Maria João Seixas, realizado por Fernando Lopes.
Em julho de 2006, pouco depois de terminar a sua última obra, A Ronda da Noite, deixou de escrever e retirou-se da vida pública, devido a razões de saúde.[6][7]

Morte[editar | editar código-fonte]

Morreu a 3 de junho de 2019, em sua casa, no Porto, vítima de doença prolongada.[8]

Atividades institucionais[editar | editar código-fonte]

Além da atividade literária, envolveu-se em diversos projetos. Foi membro do Conselho Diretivo da Comunitá Europea degli Scrittori (Roma) (1961-1962). Colaborou em várias publicações periódicas, tendo sido entre 1986 e 1987 diretora do diário O Primeiro de Janeiro (Porto). Entre 1990 e 1993 assumiu a direção do Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa) e foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. Foi ainda membro da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres (Paris), da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa (Classe de Letras).

Distinções e prémios[editar | editar código-fonte]

Foi distinguida com o grau de Grande-Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico, a 9 de abril de 1981, tendo sido elevada ao grau de Grã-Cruz da mesma Ordem a 26 de janeiro de 2006.[9]
Em 2005, foi-lhe atribuído o título de Doutora Honoris Causa pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Em 2004, aos 81 anos, recebeu o mais importante prémio literário da língua portuguesa, o Prémio Camões. Na ata do júri da XVI edição do Prémio, pode ler-se que "o júri tomou em consideração que a obra de Agustina Bessa-Luís traduz a criação de um universo romanesco de riqueza incomparável que é servido pelas suas excepcionais qualidades de prosadora, assim contribuindo para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum".
Recebeu ainda:

Condecorações oficiais[9][editar | editar código-fonte]

Obra[editar | editar código-fonte]

Agustina Bessa-Luís.
Escreveu livros de diversos tipos, na sua maioria romances. Com a novela Mundo Fechado estreou-se como romancista. Contudo, o romance A Sibila é que lhe trouxe enorme prestígio. A sua escrita opõe-se a qualquer tentativa de contextualização, em termos de correntes, na história da literatura portuguesa. A escritora surgiu no panorama literário português numa altura em que a oposição entre o neorrealismo e o modernismo do movimento da Presença atingia o seu auge. Dedicou-se quase inteiramente à criação literária e desde sua estreia em 1948 manteve um ritmo de publicação pouco usual nas letras portuguesas.
Conhecida não só como romancista, mas também como autora de peças de teatro, guiões de cinema, biografiasensaios e livros infantis, a sua obra conta com mais de meia centena de títulos. Também colaborou no jornal 57[10] (1957-1962) . A autora revela grande preocupação pela condição social e cultural dos portugueses, particularmente interessada em perscrutar o passado, recorrendo à ficção para problematizar o conhecimento histórico e vivencial.

Ficção[editar | editar código-fonte]

Biografias[editar | editar código-fonte]

Teatro[editar | editar código-fonte]

Crónicas, memórias, textos ensaísticos[editar | editar código-fonte]

Literatura infantil[editar | editar código-fonte]

Adaptações cinematográficas[editar | editar código-fonte]

Prémios[editar | editar código-fonte]

Prémios à autora[editar | editar código-fonte]

Prémios às obras[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • BULGER, Laura Fernanda, A Sibila: Uma superação inconclusa, Lisboa, 1990.
  • CASTELO BRANCO, Maria do Carmo, A fala da Sibila: nótulas para a leitura de “A Sibila” de Agustina Bessa Luís, Porto, 1990.
  • COSTA, Maria Moreira da, A Sibila de Agustina Bessa Luís, Mem Martins, 1990.
  • DUMAS, Catherine, Estética e personagens no romance de Agustina Bessa Luís, Porto, 2002.
  • LEÃO, Isabel Vaz Ponce de; Olímpio PINHEIRO, Agustina 1948-1998. Bodas escritas de oiro, Porto, 1999.
  • LEMOS, Filomena Maria; Laura Maria PEREIRA, Ler, reler, criar, produzir… a obra literária “Dentes de Rato”, Lisboa, 2000.
  • LIMA, Isabel Pires de, Vozes e olhares no feminino, Porto, 2001.
  • LOPES, Silvina Rodrigues, A alegria da comunicação, Lisboa, 1989.
  • LOPES, Silvina Rodrigues, Agustina Bessa Luís: As hipóteses do romance, Porto, 1992.
  • MACHADO, Álvaro Manuel, Agustina Bessa Luís: O Imaginário Total, Lisboa, 1983.
  • MANUEL, Maria Antónia Câmara; João Manuel MORAIS, Análise de “A Sibila” de Agustina Bessa Luís, Lisboa, 1987.
  • MARINHO, Maria de Fátima, O romance histórico em Portugal, Porto, 1999.
  • PADRÃO, Maria Glória; Maria Helena PADRÃO, A Sibila de Agustina Bessa Luís: o romance e a crítica, 3a ed., Porto, 1987.
  • PADRÃO, Maria Helena Os Sentidos da Paixão Edições da Universidade Fernando Pessoa, Porto, 1998.
  • PORTELA Filho, Artur, Agustina por Agustina. Entrevista conduzida por Artur Portela Fº, Lisboa, 1986.

Fontes

  1.  «Cópia arquivada». Consultado em 18 de Agosto de 2010. Arquivado do original em 9 de Abril de 2010
  2.  O assento de nascimento refere Travanca como local de nascimento. Contudo, a própria Agustina Bessa-Luís afirma ter nascido numa casa de Vila Meã, onde se situava o domicílio familiar.
  3.  José Artur Teixeira Bessa, seu irmão mais velho.
  4. ↑ Ir para:a b Círculo Literário Agustina Bessa-Luís
  5.  "(…) estas novas terras romanescas entreabertas pela passagem de Sibila bem podem receber o nome de neo-românticas", Sobre Agustina, in O Canto do Signo, Existência e Literatura (1957-1993), Lisboa: Presença 1994, 162.
  6.  A romancista que sonhou a sua obra Arquivado em11 de maio de 2012, no Wayback Machine. por Carlos Câmara Leme, Revista Ler, Janeiro de 2009, p. 42. Página visitada em 04-01-2014.
  7.  Textos inéditos de Agustina Bessa-Luís vão ser publicados na próxima semana, in Sol, 24-10-2013. Página visitada em 04-01-2014.
  8.  Morreu a escritora Agustina Bessa-Luís (1922-2019), TSF 03.06.2019
  9. ↑ Ir para:a b «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Agustina Bessa Luís". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 8 de junho de 2014
  10.  Álvaro de Matos (24 de junho de 2008). «Ficha histórica: 57 : folha independente de cultura» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 30 de janeiro de 2015
  11.  «Prêmio Camões de Literatura». Brasil: Fundação Biblioteca Nacional. Cópia arquivada em 16 de Março de 2016

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

MANUEL DA FONSEC A - ESCRITOR - NASCEU EM 1922 - 15 DE OUTUBRO DE 2019

Manuel da Fonseca (escritor)

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Manuel da Fonseca
Nome completoManuel Lopes Ferreira Fonseca
Nascimento15 de outubro de 1911
Santiago do CacémPortugal
Morte11 de março de 1993 (81 anos)
LisboaPortugal
NacionalidadePortugal Português
OcupaçãoEscritorpoetacontistaromancista e Cronista
Magnum opusAldeia Nova
Manuel Lopes Ferreira Fonseca, mais conhecido como Manuel da Fonseca[1] (Santiago do Cacém15 de outubro de 1911 — Lisboa11 de março de 1993) foi um escritor (poetacontistaromancista e cronista) português.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Após ter terminado o ensino básico, Manuel da Fonseca prosseguiu os seus estudos em Lisboa. Estudou no Colégio Vasco da Gama, Liceu Camões, Escola Lusitânia e Escola de Belas-Artes. Apesar de não ter sobressaído na área das Belas-Artes, deixou alguns registos do seu traço, sobretudo nos retratos que fazia de alguns dos seus companheiros de tertúlias lisboetas, como é o caso do de José Cardoso Pires. Durante os períodos de interregno escolar, aproveitava para regressar ao seu Alentejo de origem. Daí que o espaço de eleição dos seus primeiros textos seja o Alentejo. Só mais tarde e a partir de Um Anjo no Trapézio é que o espaço das suas obras passa a ser a cidade de Lisboa.
Membro do Partido Comunista Português (PCP), Manuel da Fonseca fez parte do grupo do Novo Cancioneiro e é considerado por muitos como um dos melhores escritores do Neorrealismo português. Nas suas obras, carregadas de intervenção social e política, relata como poucos a vida dura do Alentejo e dos alentejanos.
A sua vida profissional foi muito díspar, tendo exercido nos mais diferentes setores: comércioindústriarevistasagências publicitárias, entre outras.
Era membro da Sociedade Portuguesa de Escritores quando esta atribuiu o Grande Prémio da Novelística a José Luandino Vieira pela sua obra Luuanda, o que levou ao encerramento desta instituição e à detenção de alguns dos seus membros na prisão de Caxias, entre os quais Manuel da Fonseca.
A 25 de outubro de 1983, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[2]
Em sua homenagem, a Escola Secundária de Santiago do Cacém denomina-se Escola Secundária Manuel da Fonseca[3] e as bibliotecas municipais de Castro Verde[4] e Santiago do Cacém,[5] Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca.

Jornais e revistas onde colaborou[editar | editar código-fonte]

Obras[editar | editar código-fonte]

Poesia[editar | editar código-fonte]

  • Rosa dos ventos - Edição do autor
  • Planície –
  • Poemas dispersos – 1958
  • Poemas completos – 1958, com prefácio de Mário Dionísio
  • Obra poética
  • O Largo

Contos[editar | editar código-fonte]

  • O Retrato - 1953
  • Aldeia Nova – 1942
  • O Fogo e as cinzas – 1953 - Edição Três Abelhas (a sua mais importante obra)
  • Um anjo no trapézio – 1968
  • Tempo de solidão – 1973
  • Tempo de solidão - Edição especial dos Estúdios Cor (edição limitada e oferecida pela editora no Natal de 1973).
  • Mestre Finezas
  • A Torre da Má Hora
  • Mataram a Tuna!
  • A Testemunhada

Romance[editar | editar código-fonte]

Crónicas[editar | editar código-fonte]

  • Crónicas algarvias – 1968
  • À lareira, nos fundos da casa onde o Retorta tem o café
  • O vagabundo na cidade
  • Pessoas na paisagem

Notas

  1.  Erroneamente referenciado nalguns locais como Manuel Dias da Fonseca. Cf. a certidão de nascimento publicada na página da Escola Secundária Manuel da Fonseca.
  2.  «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Manuel da Fonseca". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 14 de julho de 2019
  3.  Cf. a página da Escola Secundária Manuel da Fonseca Arquivado em 8 de setembro de 2011, no Wayback Machine.
  4.  Inaugurada em 22 de abril de 1995. Cf. a página da Câmara Municipal de Castro Verde Arquivado em 20 de outubro de 2011, no Wayback Machine..
  5.  «Cópia arquivada». Consultado em 26 de junho de 2015. Arquivado do original em 26 de junho de 2015
  6. ↑ Ir para:a b c d e f «Efemérides - Manuel da Fonseca (1911-1993): no Centenário do seu Nascimento». Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 17 de fevereiro de 2015Cópia arquivada em 17 de março de 2013

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