terça-feira, 23 de julho de 2019

CARLOS PAREDES - GUITARRISTA E COMPOSITOR - MORREU EM 2004 - 23 DE JULHO DE 2019

Carlos Paredes

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Carlos Paredes
Carlos paredes.jpg
Carlos Paredes
Informação geral
Nome completoCarlos Paredes
Nascimento16 de fevereiro de 1925
OrigemCoimbra
PaísPortugal Portugal
Morte23 de julho de 2004 (79 anos)
Gênero(s)Música popular portuguesaFadoMúsica clássica
Instrumento(s)Guitarra portuguesa
Período em atividade1939-1993
Afiliação(ões)Artur Paredes
Adriano Correia de Oliveira
José Afonso
Carlos Paredes ComSE (Coimbra16 de fevereiro de 1925 — Lisboa23 de julho de 2004) foi um compositor e guitarrista português.
Foi um dos principais responsáveis pela divulgação e popularidade da guitarra portuguesa, tendo sido igualmente um grande compositor. É considerado como um dos símbolos ímpares da cultura portuguesa. Para além das influências dos seus antepassados - pai, avô e tio, tendo sido o pai, Artur Paredes, o grande mestre da guitarra de Coimbra - Paredes manteve um estilo musical coimbrão, a sua guitarra era de Coimbra e a própria afinação era do Fado de Coimbra. A sua vida em Lisboa marcou-o e inspirou-lhe muitos dos seus temas e composições. Ficou conhecido como O mestre da guitarra portuguesa ou O homem dos mil dedos.

Vida[editar | editar código-fonte]

Filho do famoso compositor e guitarrista, mestre Artur Paredes, neto e bisneto de guitarristas, Gonçalo Paredes e António Paredes, começou a estudar guitarra portuguesa aos quatro anos com o seu pai, embora a mãe preferisse que o filho se dedicasse ao piano; frequenta o Liceu Passos Manuel, começando também a ter aulas de violino na Academia de Amadores de Música. Na sua última entrevista, recorda: "Em pequeno, a minha mãe, coitadita, arranjou-me duas professoras de violinopiano. Eram senhoras muito cultas a quem devo a cultura musical que tenho".
Em 1934, a família muda-se para Lisboa, o pai era funcionário do BNU e vem transferido para a capital. Abandona a aprendizagem do violino para se dedicar, sob a orientação do pai, completamente à guitarra. Carlos Paredes fala com saudades desses tempos: "Neste anos, creio que inventei muita coisa. Criei uma forma de tocar muito própria que é diferente da do meu pai e do meu avô".
Carlos Paredes inicia em 1949 uma colaboração regular num programa de Artur Paredes na Emissora Nacional e termina os estudos secundários num colégio particular. Não chega a concluir o curso liceal e inscreve-se nas aulas de canto da Juventude Musical Portuguesa, tornando-se, em 1949, funcionário administrativo do Hospital de São José.
Em 1958, é preso pela PIDE por fazer oposição a Salazar, é acusado de pertencer ao Partido Comunista Português, do qual era de facto militante, sendo libertado no final de 1959 e expulso da função pública, na sequência de julgamento. Durante este tempo andava de um lado para o outro da cela fingindo tocar música, o que levou os companheiros de prisão a pensar que estaria louco - de facto, o que ele estava a fazer, era compor músicas, na sua cabeça. Quando voltou para o local onde trabalhava no Hospital, uma das ex-colegas, Rosa Semião, recorda-se da mágoa do guitarrista devido à denúncia de que foi alvo: «Para ele foi uma traição, ter sido denunciado por um colega de trabalho do hospital. E contudo, mais tarde, ao cruzar-se com um dos homens que o denunciou, não deixou de o cumprimentar, revelando uma enorme capacidade de perdoar!»
Em 1962, é convidado pelo realizador Paulo Rocha, para compor a banda sonora do filme Os Verdes Anos: «Muitos jovens vinham de outras terras para tentarem a sorte em Lisboa. Isso tinha para mim um grande interesse humano e serviu de inspiração a muitas das minhas músicas. Eram jovens completamente marginalizados, empregadas domésticas, de lojas - Eram precisamente essas pessoas com que eu simpatizava profundamente, pela sua simplicidade». Recebeu um reconhecimento especial por “Os Verdes anos”.
Tocou com muitos artistas, incluindo Charlie HadenAdriano Correia de Oliveira e Carlos do Carmo. Escreveu muitas músicas para filmes e em 1967 gravou o seu primeiro LP "Guitarra Portuguesa".
Sepultura de Carlos Paredes no Talhão dos Artistas do Cemitério dos PrazeresLisboa
Quando os presos políticos foram libertados depois do 25 de Abril de 1974, eram vistos como heróis. No entanto, Carlos Paredes sempre recusou esse estatuto, dado pelo povo. Sobre o tempo que foi preso nunca gostou muito de comentar. Dizia «que havia pessoas, que sofreram mais do que eu!». Ele é reintegrado no quadro do Hospital de São José e percorre o país, actuando em sessões culturais, musicais e políticas em simultâneo, mantendo sempre uma vida simples, e por incrível que possa parecer, a sua profissão de arquivista de radiografias. Várias compilações de gravações de Carlos Paredes são editadas, estando desde 2003 a sua obra completa reunida numa caixa de oito CDs.
A sua paixão pela guitarra era tanta que, conta que certa vez, a sua guitarra se perdeu numa viagem de avião e ele confessou a um amigo que «pensou em se suicidar».
A 10 de Junho de 1992 foi feito Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[1]
Uma doença do sistema nervoso central, (mielopatia), impediu-o de tocar durante os últimos 11 anos da sua vida. Morreu a 23 de julho de 2004 na Fundação Lar Nossa Senhora da Saúde em Lisboa, sendo decretado Luto Nacional. Foi sepultado no Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.[carece de fontes]

Obras[editar | editar código-fonte]

Álbuns[editar | editar código-fonte]

1967 «Guitarra portuguesa»[editar | editar código-fonte]

Com acompanhamento de Fernando AlvimGuitarra Portuguesa foi registado no estúdio de Paço de Arcos da Valentim de Carvalho pelo mítico engenheiro de som Hugo Ribeiro.[2] Distanciando-se da tradição formalista da guitarra de Coimbra, explorando de modo inspirado a arte da miniatura melódica, Paredes revela-se um compositor delicado e um instrumentista fulgurante. Depois deste álbum, a guitarra nunca mais foi a mesma.
  • Variações em Ré maior
  • Porto Santo
  • Fantasia
  • Melodia N.2
  • Dança
  • Canção verdes anos
  • Divertimento
  • Romance N.1
  • Romance N.2
  • Pantomima (sem acompanhamento)
  • Melodia N.1
(Acompanhamento à viola de Fernando Alvim)

1971 «Movimento perpétuo»[editar | editar código-fonte]

Ao segundo álbum, Carlos Paredes provava que o primeiro não havia sido um acaso. Movimento Perpétuo era o som de um perfeccionista em controlo absoluto, capaz de construir delicadas filigranas de improvável sustentação, sem nunca perder de vista a economia.
  • Movimento perpétuo
  • Variações em ré menor
  • Danças portuguesas N.2
  • Variações em mi menor
  • Fantasia N.2
  • Valsa
  • Variações sob uma dança popular
  • Mudar de vida - tema
  • Mudar de vida - música de fundo
  • António Marinheiro - tema da peça
  • Canção
  • 1980 – “O oiro e o trigo” (editado na RDA)

1983 «Concerto em Frankfurt»[editar | editar código-fonte]

Canto do amanhecer
Canto de trabalho
Canto de embalar
Canto de amor
Canto de rua
Canto de rio
A montanha e a planície
Dança palaciana
Sede
Dança dos camponeses
In Memoriam
Festa da Primavera
Variações

1987 «Espelho de Sons»[editar | editar código-fonte]

Coimbra e o Mondego: Variações
- Variações sobre o Mondego, de Gonçalo Paredes
- Variações em Ré Menor, de Artur Paredes
- Variações em Lá Menor, de Artur Paredes
Os amadores: Desenho duma melodia
- Amargura
- O discurso
A canção: Melodia para um poeta
- Canção de Alcipe
O teatro: A noite
- O fantoche
Lisboa e o Tejo: Canto do amanhecer
- Serenata
- Dança palaciana
- Canto de trabalho
- Jardins de Lisboa (Verdes anos)
- Canto de rua
- Canto do rio
A dança: Prólogo - Abertura para um bailado
- Raiz (Dança melancólica)
- Dança de camponeses
A mãe e o lar: Canto de embalar
- Canto de amor
Contrastes: Sede
- Canto da primavera

1989 «Asas Sobre o Mundo»[editar | editar código-fonte]

Asas sobre o mundo
Nas asas da saudade
Canto do amanhecer
Canto de rua
Canto de trabalho
Canto de amor
Verdes anos
Canto de embalar
Dança dos camponeses
Marionetas
Raiz
Sede
Canto de primavera
Variações sobre o Mondego
Variações sobre o Mondego N.1
Variações sobre o Mondego N.2
Canto do Tejo
Serenata no Tejo
Fado moliceiro
Desenho duma melodia
O discurso
A noite
Amargura
  • 1994 - «O Melhor dos Melhores»
  • 1996 – “Na corrente” (compilação de material inédito)

2000 «Canção para Titi: Os inéditos 1993»[editar | editar código-fonte]

Memórias
Valsa diabólica
Uma canção para minha mãe
Escadas do quebra costas
Canção para Titi
Mar Goês
Arcos do jardim
Arco de Almedina
Discurso

Álbuns em colaboração[editar | editar código-fonte]

1986 «Invenções Livres», com António Vitorino d'Almeida[editar | editar código-fonte]

Improviso 1
Improviso 2

Antologias[editar | editar código-fonte]

  • 1998 – O Melhor de Carlos Paredes: Guitarra
  • 2002 - Uma Guitarra com Gente Dentro
  • 2003 - O Mundo segundo Carlos Paredes (obra completa)
  • 2010 - A Voz da Guitarra

EPs[editar | editar código-fonte]

  • 1962 – "Variações em Si Menor / Serenata / Variações em Lá Menor / Danças"
  • 1963 – “Guitarradas sob o Tema do Filme «Verdes Anos»”

Filmes[editar | editar código-fonte]

A música de Carlos Paredes, composta com esse fim ou não, foi utilizada em diversos filmes:

Outros[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1.  «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Carlos Paredes". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 10 de dezembro de 2014
  2.  Blitz 25 anos, Edição Especial de Colecionador, Novembro 2009 n.º 41.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

MARIA JOÃO PIRES - PIANISTA - NASCEU EM 1944 - 23 DE JULHO DE 2019

Maria João Pires

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Maria João Pires
Maria João Pires (2009)
Informação geral
Nome completoMaria João Alexandre Barbosa Pires
Nascimento23 de julho de 1944 (74 anos)
OrigemLisboa
PaísPortugal Portugal /  Suíça
Gênero(s)música clássica
Instrumento(s)Piano
Gravadora(s)Deutsche Grammophon
Maria João Alexandre Barbosa Pires DmSE • GCSE • ComIH (LisboaPena23 de Julho de 1944) é uma pianista portuguesa com dupla nacionalidade portuguesa e suíça, residente em Portugal.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filha póstuma de João Baptista Pires (MogadouroMogadouro, Carviçais, 1898 - 1 de Julho de 1944) e de sua mulher Alzira dos Santos Alexandre Barbosa (Porto, 20 de Fevereiro de 1910 - 1 de Julho de 1994) e irmã de Hugo Alexandre Barbosa Pires, Maria Regina Alexandre Barbosa Pires e Maria Helena Alexandre Barbosa Pires.
Muito cedo aprendeu a tocar piano: aos cinco anos deu o seu primeiro recital e aos sete tocou publicamente concertos de Mozart. Com nove anos recebeu o prémio da Juventude Musical Portuguesa. Entre 1953 e 1960 estuda com o Professor Campos Coelho no Conservatório de Lisboa. Prossegue os estudos musicais na Alemanha, primeiro na Musikakademie em Munique com Rosl Schmid e depois em Hanôvercom Karl Engel.
Maria João Pires torna-se reconhecida internacionalmente ao vencer o concurso internacional do bicentenário de Beethovenem 1970, que se realizou em Bruxelas.
Fez na sua carreira numerosas digressões onde interpretou obras de BachBeethovenSchumannSchubertMozartBrahmsChopin e muitos outros compositores dos períodos clássico e romântico. Maria João Pires é convidada com regularidade pelas grandes orquestras mundiais para tocar nas melhores salas de concerto, apresentando-se regularmente na Europa, Canadá, Japão, Israel e nos Estados Unidos.
Tem desenvolvido actividade tanto a nível individual (recitais, concertos, gravações) como em música de câmara: dos numerosos êxitos discográficos, destacam-se as gravações Moonlight, com sonatas de BeethovenLe Voyage Magnifique, integral dos Impromptus de Schubertnocturnos e outras obras de Chopin;[1] sonatas de Grieg e os trios de Mozart, com Augustin Dumay (violino) e Jiang Wang (violoncelo).
Foi a fundadora e dirigente do Centro de Belgais para o Estudo das Artes, em Escalos de Baixo no concelho de Castelo Branco, de cariz pedagógico, cultural e social. A pianista deixou o Centro em 2006,[2] quando se transferiu para o Brasil. Na ocasião, ela declarou à Antena 2 e ao Aguarrás, ter sofrido muito ao tentar implementar o seu projecto em Portugal.[3] As atividades do Centro de Belgais foram encerradas em 2009.[4][5]
No Brasil, adquiriu uma casa em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvadorestado da Bahia, onde passou a residir desde 2008.[6]
"A pianista Maria João Pires confirmou que está a pensar em pedir nacionalidade brasileira e, desta forma ficar com dupla nacionalidade, e não recusar a cidadania portuguesa, como teria sido anteriormente noticiado.[7] O advogado da pianista enviou uma nota à Lusa, onde desmentiu a «suposta vontade» de Maria João Pires «renunciar à nacionalidade portuguesa», devido a uma «suposta zanga» com o Governo."[8]
A 9 de Agosto de 1983 foi feita Dama da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, a 4 de Fevereiro de 1989 foi feita Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique e a 9 de Junho de 1998 foi elevada a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[9]
Foi casada com o fadista João Ferreira-Rosa, antes de casar com Ernst Ortwin Noth (Frankfurt, 4 de Dezembro de 1939), com quem teve duas filhas - Joana Benedita (n. 1967) e Maria Madalena (1968).
Distinguida com um Óscar para a música clássica - dos mais importantes prémios no mundo[10] , que recebeu em Setembro de 2015, em Londres.
Depois de viver no Brasil, Bélgica e Suíça em 2017 regressou a Belgais.
Em setembro de 2019 vai ser condecorada com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.[11]

Prémios[editar | editar código-fonte]

  • Ganhou o Prémio Pessoa em 1989.
  • Arriscou pela 2ª vez o Prémio Gramophone em 2012.

Referências

  1.  «Gramophone Recommended Recordings». Consultado em 14 de fevereiro de 2009. Arquivado do original em 9 de setembro de 2003
  2.  Belgais resiste à saída de Maria João Pires[ligação inativa], por João Pedro Oliveira. Diário de Notícias, 29 de julho de 2006.
  3.  Maria João Pires troca Belgais por nova vida no BrasilArquivado em 5 de maio de 2007, no Wayback Machine. 27 de julho de 2006, publico.clix.pt/
  4.  Belgais vai fechar por arresto de bensLusa, 15 de junho de 2009.
  5.  Belgais com dívidas e processos em tribunal. Associação fundada pela pianista Maria João Pires está afogada num mar de dívidas e prepara o encerramento da escola e do projecto educativo, que foi o pilar de Belgais. É o fim inglório de um sonho.[ligação inativa], por Leonor Veloso. Diário de Notícias, 17 junho de 2009.
  6.  Maria João Pires: Vida e arte da aplaudida pianista portuguesa que se mudou para a BahiaBahia em pauta, 5 de abril de 2010.
  7.  Maria João Pires renuncia à nacionalidade portuguesa. Por Margarida Gomes. Público, 3 de julho de 2009.
  8.  Maria João Pires confirma pedido de dupla nacionalidadePúblico, 8 de julho de 2009
  9.  «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Maria João Pires". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 5 de Janeiro de 2015
  10.  «Pianista portuguesa vence Óscar da música clássica»tvi24. 10 de setembro de 2015
  11.  «Maria João Pires vai ser distinguida com Grã Cruz da Ordem do Infante D.Henrique»

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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